Novo primeiro-ministro guineense,
Artur Silva, de 61 anos, investido no cargo esta quarta-feira (31.01), prometeu
"para breve" o seu Governo que será integrado "por todos"
os signatários do Acordo de Conacri.
O Acordo de Conacri é um
documento proposto pela Comunidade Económica de Estados da Africa Ocidental
(CEDEAO) e rubricado, em outubro de 2016, por líderes guineenses, visando
acabar com a crise política. Dois anos depois da assinatura do acordo, a crise ainda
persiste.
A CEDEAO ameaçava aplicar sanções
se até esta quarta-feira não fosse nomeado um Governo com base no referido
acordo, assinado pelos cinco partidos com assento parlamentar, o líder do
Parlamento e o grupo dos 15 deputados expulsos do Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Vencedor das últimas eleições
legislativas, o PAIGC e outras duas formações políticas com assento
parlamentar, a União para Mudança e o Partido da Convergência Democrática,
todos subscritores do Acordo de Conacri, já anunciaram que não vão aceitar um
primeiro-ministro que não seja nomeado na base do referido acordo.
Devido à falta de entendimento
entre os signatários do Acordo do Conacri à volta da figura de Augusto Olivais
que era apontada como a consensual no âmbito daquele documento, o Presidente
guineense decidiu escolher Artur Silva como primeiro-ministro.
Eleições legislativas entre abril
e maio
Artur Silva afirmou, em poucas
palavras após a sua investidura disse que o seu mandato irá focar-se na
realização das eleições legislativas entre abril e maio, tal como prevê a lei
guineense.
"A minha principal tarefa é
a realização das eleições legislativas. Brevemente teremos um governo formado
por todos os signatários do acordo de Conacri".
Militante e dirigente do PAIGC,
Augusto Artur António da Silva, nascido em Bissau, é engenheiro de pescas
formado entre o Brasil e Inglaterra, que já desempenhou vários cargos
governamentais, nomeadamente ministro das Pescas, dos Negócios Estrangeiros, da
Educação, Juventude e Desporto.Também foi ministro da Defesa guineense.
Artur Silva desempenhou
igualmente as funções de conselheiro político e diplomático de Domingos Simões
Pereira, na altura em que aquele chefiou o Governo, saído das eleições de 2014,
mas entretanto demitido por José Mário Vaz.
Presidente da República diz ser o
"primeiro dos inconformados"
O Presidente da Guiné-Bissau,
José Mário Vaz, afirmou que é "o primeiro dos inconformados" com o
estado de coisas negativas que acontecem no país, mas também é o ultimo a
desistir do combate para as mudar.
No seu discurso de posse do novo
primeiro-ministro Artur Silva, José Mário Vaz disse ser chegada a " hora
da verdade e do trabalho" para construir uma Guiné-Bissau melhor.
"Como já tive oportunidade de referir em outras ocasiões: Sou o primeiro
dos inconformados com o atual estado das coisas negativas e serei o ultimo a
desistir deste combate", destacou o líder guineense.
Na cerimónia de posse, o
Presidente guineense apresentou Artur Silva como primeiro-ministro da sua
confiança e pediu que os cidadãos do país também confiem no novo chefe do
governo.
O Presidente disse que Artur
Silva terá como tarefa principal organizar eleições legislativas ainda este ano
e que sejam livres e transparentes.
José Mário Vaz considerou não ser
fácil governar a Guiné-Bissau, mas também afirmou que não é uma tarefa
impossível desde que se tenham "pessoas certas em lugares certos e com
políticas certas".
No discurso, o líder guineense
não se referiu à Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO)
que ameaça aplicar sanções aos dirigentes do país lusófono se estes não
alcançarem entendimento quanto à figura do primeiro-ministro até hoje.
Uma delegação de alto nível
daquela organização está em Bissau desde a manhã desta quarta-feira.
"Hoje mais do que nunca o
nosso destino está nas nossas mãos", frisou José Mário Vaz.
Agência Lusa, Braima Darame
(Bissau) | Detsche Welle
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