Relacionado com o tema CTT - que
entrega a correspondência quando quer e onde calha, que anuncia 800
despedimentos, que fecha lojas ao desbarato e deixou de ser um serviço público - o jornalista Carlos
Narciso, na sua página no Facebook, aborda o assunto do modo que a seguir
reproduzimos na totalidade e o recheia com uma imagem aterradoramente realista: não queriam os CTT, o que queriam
era um banco. São estas as negociatas apadrinhadas e aplaudidas por Passos
Coelho nos “golpes” de que talvez futuramente vejamos que colhe frutos. A prosa de Carlos Narciso, a
seguir. (PG)
Compraram os CTT mas o que
queriam era um banco. Foi esse o negócio que fizeram com Passos Coelho
Um coro de justos protestos
rodeia a anunciada decisão da administração dos CTT de encerrar 22 lojas dos
correios.
Não há autarca que se preze que não esteja indignado. O fecho das lojas dos correios não prejudica só quem quer mandar uma carta ao tio na América, prejudica as empresas que utilizam os CTT para envio de documentos ou equipamentos e prejudica, fundamentalmente, muitos milhares de reformados que recebem a pensão por vale postal, além de inúmeros desempregados e outros beneficiários do Estado. Mas se um desempregado ainda pode ir a pé até uma estação dos CTT mais longe, já um idoso tem mais dificuldades, como é bom de ver.
Quando Passos Coelho decidiu privatizar os CTT avisou alguém de que isto ia acontecer? Eu não ouvi nada. E a geringonça, agora, o que vai fazer? Reverter mais uma privatização?
Quando em 2015 os CTT “diversificaram” o negócio para a banca e criaram o Banco CTT tiveram de contratar centenas de novos funcionários porque os empregados dos correios sabem pouco de banca, naturalmente. Mas o Banco CTT ainda não deu lucro e sabe-se como os accionistas são sedentos por dinheiro… então começaram a pensar em despedir… 800 funcionários dos correios. É isso, os despedimentos nos CTT e o fecho das lojas apenas servem para equilibrar as contas por causa dos prejuízos no Banco CTT.
Antes da privatização os CTT davam lucro. Depois da privatização continuaram a dar lucro, apesar do serviço de correio ter piorado bastante. Os accionistas dos CTT não querem saber de qualidade no serviço que a empresa presta, apenas se interessam pelo lucro. Quem são eles? São a Gestmin (de Manuel Champallimaud), Wilmington Capital (especuladores financeiros, fundo de investimento), Credit Suisse (banco suíço), entre muitos outros onde também está o Goldman Sachs. Tudo gente fina.
É por causa destes negociantes globais que Loulé, Aveiro, as Termas de São Vicente, as freguesias das Olaias e do Socorro em Lisboa, Riba de Ave, Paços de Brandão, Lavradio, Galiza, Areosa e Asprela (Porto), Freamunde, Belas, Camarate, Calheta (Açores), Barrosinhas, Araucária, Alpiarça, Alferrarede, Paio Pires e Arco da Calheta (Madeira) vão ficar sem loja de correio.
Carlos Narciso | Facebook
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