O Presidente Jacob Zuma sairá
pelo seu próprio pé? É a pergunta que todos fazem. A reunião do ANC promete
continuar pela noite dentro, fazendo a ansiedade crescer nas ruas por não se
saber qual o futuro da África do Sul.
Durante a tarde, muito se
especulou em relação ao resultado da reunião
de urgência convocada para esta segunda-feira (12.02) pelo Congresso
Nacional Africano (ANC), o partido no poder na África do Sul. Chegaram a ser
difundidas notícias da demissão de Zuma. No entanto, o porta-voz da presidência
não demorou a desmenti-las.
William Gumede, professor da
Universidade Witwatersrand, explica o que pode vir a acontecer a Zuma. "O
Comité Executivo Nacional do ANC é a única estrutura do partido que pode tomar
a decisão de demitir Jacob Zuma. Mas depois, quando tiverem tomado essa
decisão, ainda terão de ir ao Parlamento e instruir os deputados do ANC a votar
a favor da saída de Zuma", diz.
E já há um prazo estipulado para
que o futuro
do chefe de Estado seja finalmente ditado. "É o dia 22 de
fevereiro, para o qual está agendada uma moção de censura contra o Presidente
Jacob Zuma", lembra o especialista.
O problema para o partido no
poder e para o vice-presidente Cyril Ramaphosa, diz William Gumede, é que a
votação foi pedida pela oposição "e o ANC não quer que Zuma saia na
sequência de uma votação patrocinada pelo partido da oposição". Por isso,
acrescenta, o que tentarão fazer é pedir uma sessão especial no Parlamento
antes da que está agendada para o dia 22.
Imunidade ou perdão presidencial?
Nos últimos dias, sucederam-se
vários encontros
entre Jacob Zuma e Cyril Ramaphosa. Segundo William Gumede, a imunidade
para Zuma pode ter sido um das condições em cima da mesa de negociações.
"Embora isso seja
difícil", frisa o professor, porque a lei sul-africana não prevê imunidade
caso existam acusações. "O outro caminho é o perdão presidencial",
diz.
Zuma está no poder desde 2009 e é
acusado de vários atos de corrupção. Em dezembro de 2017 foi substituído
por Ramaphosana liderança do ANC. Desde essa altura, a pressão para
abandonar o comando da África do Sul tem-se intensificado.
Eleições antecipadas
Do lado da oposição, a decisão é
unânime: os partidos querem eleições antecipadas. Mmusi Maimane, líder do
partido da Aliança Democrática, afirmou esta segunda-feira (12.02) que o
Parlamento deve ser dissolvido para se avançar depois para eleições
antecipadas. "É preciso garantir a eleição imediata de um novo Presidente.
E exortamos todos os sul-africanos para que saiam às ruas. Queremos garantir
que Jacob Zuma sai do poder", disse.
O líder da Aliança Democrática
criticou ainda o facto de Ramaphosa estar disposto a "negociar uma saída
fácil" para Zuma. Para Mmusi Maimane, este é um indicador de que no seio
do ANC ainda se tolera a corrupção.
No próximo dia 22, o Parlamento
da África do Sul volta a votar para mais uma moção de censura contra Jacob
Zuma, a oitava que o chefe de Estado enfrenta desde que está no poder.
Raquel Loureiro, AFP, AP |
Deutsche Welle
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