terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

África do Sul à espera de decisão do ANC sobre saída de Zuma


O Presidente Jacob Zuma sairá pelo seu próprio pé? É a pergunta que todos fazem. A reunião do ANC promete continuar pela noite dentro, fazendo a ansiedade crescer nas ruas por não se saber qual o futuro da África do Sul.

Durante a tarde, muito se especulou em relação ao resultado da reunião de urgência convocada para esta segunda-feira (12.02) pelo Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder na África do Sul. Chegaram a ser difundidas notícias da demissão de Zuma. No entanto, o porta-voz da presidência não demorou a desmenti-las.

William Gumede, professor da Universidade Witwatersrand, explica o que pode vir a acontecer a Zuma. "O Comité Executivo Nacional do ANC é a única estrutura do partido que pode tomar a decisão de demitir Jacob Zuma. Mas depois, quando tiverem tomado essa decisão, ainda terão de ir ao Parlamento e instruir os deputados do ANC a votar a favor da saída de Zuma", diz.

E já há um prazo estipulado para que o futuro do chefe de Estado seja finalmente ditado. "É o dia 22 de fevereiro, para o qual está agendada uma moção de censura contra o Presidente Jacob Zuma", lembra o especialista.

O problema para o partido no poder e para o vice-presidente Cyril Ramaphosa, diz William Gumede, é que a votação foi pedida pela oposição "e o ANC não quer que Zuma saia na sequência de uma votação patrocinada pelo partido da oposição". Por isso, acrescenta, o que tentarão fazer é pedir uma sessão especial no Parlamento antes da que está agendada para o dia 22.

Imunidade ou perdão presidencial?

Nos últimos dias, sucederam-se vários encontros entre Jacob Zuma e Cyril Ramaphosa. Segundo William Gumede, a imunidade para Zuma pode ter sido um das condições em cima da mesa de negociações.

"Embora isso seja difícil", frisa o professor, porque a lei sul-africana não prevê imunidade caso existam acusações. "O outro caminho é o perdão presidencial", diz.

Zuma está no poder desde 2009 e é acusado de vários atos de corrupção. Em dezembro de 2017 foi substituído por Ramaphosana liderança do ANC. Desde essa altura, a pressão para abandonar o comando da África do Sul tem-se intensificado.

Eleições antecipadas

Do lado da oposição, a decisão é unânime: os partidos querem eleições antecipadas. Mmusi Maimane, líder do partido da Aliança Democrática, afirmou esta segunda-feira (12.02) que o Parlamento deve ser dissolvido para se avançar depois para eleições antecipadas. "É preciso garantir a eleição imediata de um novo Presidente. E exortamos todos os sul-africanos para que saiam às ruas. Queremos garantir que Jacob Zuma sai do poder", disse.

O líder da Aliança Democrática criticou ainda o facto de Ramaphosa estar disposto a "negociar uma saída fácil" para Zuma. Para Mmusi Maimane, este é um indicador de que no seio do ANC ainda se tolera a corrupção.

No próximo dia 22, o Parlamento da África do Sul volta a votar para mais uma moção de censura contra Jacob Zuma, a oitava que o chefe de Estado enfrenta desde que está no poder.

Raquel Loureiro, AFP, AP | Deutsche Welle

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