Saul Leblon | Carta Maior |
editorial
É notório o empenho do jornalismo
motivacional de mercado para normalizar as coisas no país pela chave-mestra da
‘retomada do crescimento’.
A economia voltou a crescer, depois de gastar as unhas no fundo do poço.
Na gelatinosa fronteira entre a manipulação e a ambiguidade, a narrativa é o grande personagem desta ‘arrancada’ rastejante.
Trombetas reservadas aos feitos épicos saúdam o PIB de 1% em 2017 .
O apelo aos decibéis, porém, denuncia a existência de ruídos dissonantes.
A evolução trimestral da economia escorregou nas paredes do poço nos últimos três meses do ano passado.
Cresceu apenas 0,1% entre outubro/dezembro, comparado ao trimestre anterior.
Em grande parte, a escorregada se explica pela anemia no consumo das famílias, que pesa 64% na formação do PIB.
Passado o efeito da benzetacil na veia –liberação de R$ 44 bilhões do FGTS-- o gasto familiar empacou em pleno trimestre natalino (0,1%)
Não sem motivos.
Estes, porém, precisam ser pinçados nos porões da narrativa épica.
Não interessa expor a mecânica dessa ‘retomada’ em um Brasil finalmente resgatado das amarras do ‘lulovoluntarismo’ para as mãos sábias do mercado.
Fatos.
O PIB per capita brasileiro, segundo a FGV, despencou espantosos 8,7% desde o início dessa travessia, entre o cerco golpista desde 2014, passando pela desastrosa busca de indulgência dos mercados pelo governo Dilma, em 2015, com um ajuste ortodoxo-recessivo, até o desfecho oficial do golpe, em 2016, com o desmanche social e nacional aí instituído.
É a segunda maior queda do PIB per capita em 116 anos.
A informação está no jornal Valor Econômico, que cumpre a obrigação em espaços secundários reservados aos assuntos inconvenientes.
Para se ter uma ideia da gravidade do quadro, ele só foi pior na grande crise do final da ditadura, quando a renda per capita recuou 12,3%, entre 1981 e 1983.
Com agravantes, agora.
Há 47 milhões de brasileiros enredados entre o desemprego (12,7 milhões), a ocupação sem carteira assinada e sem direitos (11 milhões) e o limbo dos ‘conta-própria’ (23 milhões).
A dita retomada pouco se dispõe a fazer para mitigar a dinâmica perversa do acesso à riqueza incrustrada nesses números.
Na verdade, o novo padrão de crescimento, sob a égide do teto de gastos sociais e da desregulação do trabalho, tende a radicalizar o coeficiente de Gini, que em 2017 atingiu seu recorde de concentração em 30 anos,(0,549), equiparando-se ao do Lesoto (0,542) --cuja expectativa de vida está entre as mais baixas do mundo (42,3 anos).
Tudo isso é sabido nas redações.
E pode ser achado nas seções de economia, em rodapés que uivam.
Às vezes gemem de tristeza, mas pouco podem contra as manchetes histriônicas da grande retomada, ‘no melhor momento do país’.
Para os endinheirados, sem dúvida, um ciclo de fastígio se anuncia.
A plutocracia brasileira viu sua riqueza crescer 7,5% entre 2014 e 2016, enquanto o PIB nacional despencava 7,2% e a renda per capita encolhia,como se viu acima, quase 9%.
Em meio à borrasca, 71.500 privilegiados acumularam em 2016 rendimentos isentos e não tributáveis da ordem de R$ 350 bilhões --mais de 40% do total das isenções daquele ano, de R$ 844 bilhões. No caso dos super-ricos, basicamente lucros e dividendos (*).
A informação é da Receita Federal.
Uma medida de grandeza: a FAO está lançando um apelo mundial aos chefes de Estado para obter US$ 1 bilhão (R$ 3,2 bi). Com esse valor poderá reverter a fome em 26 países e resgatar da desnutrição aguda 30 milhões de pessoas.
Mas fiquemos por aqui.
Enquanto o núcleo duro da plutocracia agasalhava R$ 844 bilhões limpinhos, legalmente isentos, 4,5 milhões de famílias mais pobres eram empurradas de volta às faixas de renda D e E nos últimos dois anos. Um contraste didático com o movimento inverso observado entre 2006 e 2012, quando 5,8 milhões de lares ascenderam ao segmento generosamente identificado como o da ‘nova classe média’.
Nada disso importa às garrafais seletivas.
A grande notícia é a volta dos investimentos, determinam manchetes e colunas em assertivas chibatadas ideológicas.
De fato, eles cresceram 2% no último trimestre de 2017.
O que não impediu a sua queda (- 1,8%) na média do ano, sendo este o quarto recuo seguido do investimento brasileiro, hoje no nível mais baixo desde o início da série histórica, em 2000.
Assim por diante.
Tome-se a cobertura do desmonte da Petrobrás, um corolário da noiva mecânica de crescimento posta em marcha.
O preço do barril de petróleo dobrou nos últimos dois anos: subiu dos US$ 32, em janeiro de 2016 até encostar em quase US$ 70, em janeiro deste ano.
Petroleiras com grandes reservas, caso do pré-sal aqui, ganharam valor nas praças internacionais.`
Parece lógico?
Menos para Miriam Leitão, que sapecou na última quarta-feira de fevereiro (28/02) na primeira página de O Globo: ‘Petrobrás e Eletrobrás valem hoje R$ 240 bi a mais do que há dois anos: o que tem havido desde o fim do governo anterior é a redução do intervencionismo’, explica a colunista.
Na verdade, o que tem havido é uma vertiginosa pirâmide ideológica.
De uma pena projeta-se uma galinha.
Vende-se a galinha no mercado futuro.
O sujeito que compra propagandeia o potencial de demanda por canja -- ‘no melhor momento do país desde o fim do governo anterior’.
E a receita borbulha no circuito midiático para voltar ainda mais fervente às mesas do país.
Curto e grosso: é preciso antecipar a ‘retomada’ da demanda por canja para legitimar a matança promovida no galinheiro
Faz-se o diabo com os números: dar credibilidade às virtudes da razia é a mãe de todas as pautas.
Algum sal de apoio popular nas urnas de outubro depende dessa brisa de confiança e boa vontade, capaz de cooptar uma parte, por exemplo, dos cem milhões de brasileiros cuja participação na renda equivale à fortuna de cinco endinheirados.
A pirâmide, como se vê, contém flancos vulneráveis ao debate em campo aberto.
Daí a sofreguidão para calar a voz rouca capaz de unir esses flancos no palanque e deles extrair um outro projeto de futuro.
Dito em português claro: Lula, cuja simples presença diante de uma multidão catalisa a denuncia do saque social e nacional em marcha, não pode ser candidato.
É disso que se trata o cerco inclemente.
Não pode.
Mas se não pode –e sabe que não lhe será facultado esse direito-- por que insiste então?
A insistência inquieta o dinheiro como as fagulhas de fogo voando em campo seco.
Pior, ponderam colunistas vestidos de missionários da boa vontade.
Ao retardar a saída, esclarecem compassivos, Lula dificulta a renovação nas fileiras ‘dos que se preocupam com a questão social’.
Não é comovente ler isso em colunistas de O Globo?
A contradição central hoje --expressa aqui nas cores extremadas de uma concentração da riqueza no 1% da pirâmide, inédita no planeta -- é tratada assim, de forma vaporosa. na mídia isenta.
O conjunto reduz o divisor de águas do país – o destino de Lula-- a idiossincrasia de um sujeito prestes a ser banido, ou preso, mas que se recusa a nomear o herdeiro político.
Definitivamente é mais que isso.
Em primeiro lugar: a longa e renhida resistência de Lula tornou-se a principal referência nacional e internacional de contraposição a um golpe que, a rigor, não enfrentou oposição organizada à altura da violência institucional e social semeada.
A constatação não deve ser vista apenas como um elogio à bravura –inegável-- do ex-presidente, embora o seja também.
A verdade é que a aliança da mídia com a escória, o dinheiro e o judiciário soube usar com eficiência um aparato institucional nunca efetivamente democratizado, em uma década em meia de governos populares.
Nas comunicações, no judiciário, no sistema político, nos canais de expressão e participação da sociedade o que se fez em quase quinze anos de mandatos populares --com exceções consultivas, como no caso das Conferências Nacionais, foi reiterar a institucionalidade remanescente de ciclos anteriores, q desfavoráveis ao povo brasileiro.
Apostou-se o futuro nisso.
Num avanço incremental dentro da ordem adversa, como se das gôndolas dos supermercados pudesse fluir a organização política nova.
Como se ‘a ordem’ no capitalismo fosse um pastel de vento, passível de acomodar distintos recheios de poder.
A inédita natureza progressista da Carta Cidadã de 1988 – egressa de um período memorável de luta de rua contra a ditadura-- parecia oferecer o lacre de um pacto social compatível com avanços incrementais contra a desigualdade e a subserviência geopolítica.
Foi uma ilusão.
Antes de ser uma engrenagem econômica o capitalismo é um sistema de dominação.
Não há precedente de uma elite que tenha cedido sua hegemonia legislativa, por exemplo, a bancadas populares, em pacífica convivência com sucessivos revezes eleitorais a cada quatro anos.
O ‘mensalão’ alertou para isso.
E o golpe chegou antes que esse conto de fadas institucional pudesse sair do prefácio das boas intenções.
Se, de um lado, a ausência de resistência organizada cobra uma autocrítica grave ainda não concluída pelo PT, de outro, realça a importância da liderança- símbolo dos avanços reais registrados nos últimos anos, tanto que estão sendo revertidos.
Banir Lula da cédula para vencer a eleição é o coroamento indispensável desse desmanche.
O conjunto insufla o descrédito na política, nos partidos, em suas lideranças e na capacidade ordenadora da democracia para mediar interesses contrapostos em um capitalismo virulento, que se alicerçou aqui em 388 anos de fundações escravocratas.
Antes de evidenciar, como querem os satanólogos, a existência de diabos vermelhos, a corrupção se agiganta na fragilidade desse arcabouço político que leva a impasses recorrentes, não raro a rupturas sem freios a impedir ressurgências fardadas e autoritárias.
A militarização da questão social no Rio de Janeiro é isso editado pela Globo.
O que se busca consolidar agora, no pleito de outubro, é um giro definitivo rosca da moenda, para legitimar por um longo período algo que a sociedade rejeitou por quatro eleições presidenciais sucessivas: o repto neoliberal dos anos 90, a sepultar de vez o pacto progressista de 88.
Portanto, não é de Lula que se trata.
E tratar a ‘desistência’ dele como ‘solução’ para o inércia progressista toca apenas a película da caldeira onde o melaço brasileiro ferve e borbulha.
O que está em jogo são as provas cruciais do país no século XXI.
Queremos ser um México?
Um mercado de gente barata para o capital, o tráfico, as maquiladoras e as agencias de serviços de faxina e manutenção? Vidas ordinárias ou uma nação industrializada, soberana, assentada em direitos universais e que comanda o seu próprio destino?
Um Brasil socialmente convergente, que ouse induzir o investimento, a produtividade e o excedente para democratizar o bem comum, ou a radicalização da desigualdade que hoje condena 13 estados da federação a uma renda média inferior ao salário mínimo?
Não é retórica dizer que se joga o futuro longo no prazo curto dos próximos oito meses.
O desfecho de outubro terá consequências tão ou mais graves que aquelas impostas ao metabolismo nacional pela violência da ditadura de 1964.
A ela devemos – entre outros legados-- a eficiência de um dos mais lucrativos agronegócios do mundo, por exemplo.
Mas também a sua contrapartida dantesca: o êxodo bíblico de quase 30 milhões de pobres e miseráveis expulsos do campo para semear periferias conflagradas em cidades sem cidadania.
Engana-se quem diz – já passou.
A cicatriz nunca se fechou.
Desdobrou-se em sucessivas cepas de iniquidade.
Ilustra-o o deslocamento cada vez mais frequente de tropas de guerra pelo país –a Força Nacional-- para acudir metrópoles onde a violência escapou ao controle.
O capitalismo funciona assim, retruca-se.
Na versão atual, sob a supremacia dos mercados financeiros desregulados, funcionará cada vez mais assim.
Desenvolvimento, porém, não se mede apenas pela eficiência em gerar excedentes.
Sua dimensão mais delicada consiste em construir os pactos que proporcionarão estabilidade e legitimidade aos grandes ciclos de investimento.
Para isso a democracia precisa escrutinar a clássica bateria de perguntas que o jornalismo da ‘retomada’ prefere calar –‘investimento para quê, para quem, como e quanto?’
Delegar as respostas à lógica de mercado, abotoada aos seus impulsos cegos e individualistas, como se advoga agora é semear catástrofes para muitos, fastígio para poucos.
É disso que se trata, assinale-se de novo, o destino de Lula.
Tirá-lo de cena, substituí-lo simplesmente por alternativas que não carregam na pele a resistência ao saque que ele historicamente simboliza --e que não se corporificou, infelizmente, em uma estrutura organizada -- corresponde ao que o golpe mais deseja.
Ou seja, sancionar a rendição à lógica do ‘negociado sobre o legislado’ em todas as dimensões e rincões da vida nacional: indivíduos acuados contra o capital organizado.
É a partir dessa moldura que deveria ser avaliado o pacote de dúvidas, hesitações e anseios que ameaçam estilhaçar o campo progressista e leva-lo à derrota em outubro, sendo a ‘desistência’ de Lula –ao contrário do que se enuncia—uma alavanca dessa espiral descendente.
A discussão talvez ganhasse maior aderência à urgência da hora se reformulasse a premissa.
Se for impedido como candidato –e ainda que venha a ser preso pelo golpe-- que lugar Lula deveria ocupar na luta política hoje e amanhã --de viva voz ou por cartas e mensagens-- de modo a se capitalizar o teor de ruptura que seu prestígio mobilizará, a credibilidade fortalecida que sua história pulsará e o poder de negociação que sua representatividade, experiência e sacrifício condensarão?
Não se trata de adorna-lo de um manto honorífico.
Lula já tem lugar na história.
Trata-se, ao contrário, de revesti-lo de um mandato de desafios à altura de suas possibilidades, que são incomparáveis a de qualquer outra liderança brasileira.
Se não for Lula, quem poderá articular a agenda comum capaz de estreitar e harmonizar o diálogo e o programa do conjunto das candidaturas progressistas, e para além delas, com outros setores da sociedade, fortalecendo-as e evitando o estilhaçamento que antecede a irrelevância?
Preso ou solto, candidato ou cabo eleitoral, só Lula pode fazer isso e deveria inicia-lo ontem –antes que fique escuro demais.
Sobretudo, deveria galvanizar a organização popular capaz de defender um governo vitorioso fruto desse mutirão.
Se a pedra angular do êxito golpista foi, e é, a ausência de uma resposta popular organizada, contundente e crível de repactuação do desenvolvimento, o destino de Lula e seu cacife histórico devem estar a serviço desse salto.
Se proteger uma nação dos humores cíclicos do capitalismo é a obrigação número um de um Estado sob um governo progressista, o destino de Lula e seu trânsito devem estar a serviço da construção de um pacto crível que preencha esse requisito.
Repita-se, de viva voz ou através de cartas e mensageiros.
Se a capacidade de nuclear gigantescas massas de recursos inerentes aos grandes projetos de infraestrutura é função do Estado; se o controle de capitais para mitigar o assédio especulativo às nações tornou-se crucial; se uma reforma fiscal tornou-se a opção à iniquidade dos ‘tetos’ e ao desastre da estagnação; se o investimento em produtividade e pesquisa tornou-se um requisito de sobrevivência no mercado global; se revitalizar a planta industrial brasileira –que apesar de tudo ainda figura como a 9ª mais importante agregadora de valor manufaturado do planeta, à frente da Rússia e da Inglaterra— é a chave para se resgatar o pacto social de 88 com excedentes condizentes à universalização do bem comum, a tudo isso deveria contribuir o trânsito, a liderança, o poder de negociação e o carisma que Lula condensa.
Num mundo em que a volatilidade capitalista voltou a ser senhora, mais que nunca é urgente criar contrapartidas de poder democrático à altura da desordem semeada pelos mercados.
A sociedade brasileira terá ela mesma que redesenhar seu investimento, sua industrialização, as bases da produtividade e o futuro do emprego em meio à automação poupadora de mão de obra, impulsionada pelo salto tecnológico da inteligência artificial e dos robôs. E, por fim, mas não por último: preparar as salvaguardas de um futuro sustentável em oposição ao caos ambiental.
A alternativa à repactuação do desenvolvimento brasileiro é o arrocho.
A opção a revestir Lula de um mandato consensual para articular isso é a fragmentação historicamente atada à derrota progressista.
Isso tudo é impossível? As candidaturas já estão picadas pela mosca azul do cada um por si, meu pirão primeiro?
Quando o extraordinário acontece na vida de uma nação, as ferramentas da rotina não servem mais.
Em agosto de 2014, Carta Maior defendia que Lula deveria ser apontado desde logo como o futuro chefe da Casa Civil em uma provável segundo mandato da Presidenta Dilma (https://jornalggn.com.br/noticia/saul-leblon-ousar-e-vencer-ou-entregar-o-brasil-aos-mercados-passivamente) E sugeria que passasse a se movimentar imediatamente, já no período eleitoral, para desarmar o que se esboçava no horizonte.
A hesitação em enxergar o cerco que se fechava adiou essa decisão até março de 2016, quando a sua nomeação, finalmente anunciada, foi abortada por um vazamento telefônico ilegal autorizado por Sergio Moro, seguido da interdição da posse pelo STF.
Era a senha para a aceleração do golpe.
As lideranças progressistas não podem repetir a crônica da eutanásia anunciada. O comportamento de manada que se critica nos capitais especulativos não pode pautar o cada um por si que as desobriga de estarem conjuntamente à altura da hora grave vivida pela sociedade brasileira.
Lula já funciona de fato como líder político; deveria ser oficializado urgentemente, nessa condição, como coordenador e mediador da frente de candidaturas progressistas.
Dele, de Boulos, Haddad, Ciro e Manuela o que se espera é que surpreendam a nação, empolguem as ruas, deixem estupefatas as forças conservadoras, alçando-se juntos às tarefas cobradas pela hora.
Se não forem capazes disso, como convencer o eleitor a enxergar nas forças progressistas uma alternativa crível ao golpe e a sua ‘retomada’, calcada na radicalização da desigualdade e na alienação nacional?
As dificuldades nesse caminho só são menores que a certeza nas consequências trágicas do seu fracasso.
Não se pode brigar com o óbvio: a dispersão progressista e o descompromisso retórico darão a vitória ao golpe em outubro de 2018.
Ousar vencer ou o matadouro da irrelevância?
As forças progressistas brasileiras cederão à inércia?
Ou surpreenderão o mundo desta vez?
Como surpreenderam os socialistas, sociais-democratas, comunistas e organizações revolucionárias em Portugal, com o sucesso que agora empolga a juventude e assombra a direita europeia?
O tempo urge.
As respostas tardam.
A ver.
A economia voltou a crescer, depois de gastar as unhas no fundo do poço.
Na gelatinosa fronteira entre a manipulação e a ambiguidade, a narrativa é o grande personagem desta ‘arrancada’ rastejante.
Trombetas reservadas aos feitos épicos saúdam o PIB de 1% em 2017 .
O apelo aos decibéis, porém, denuncia a existência de ruídos dissonantes.
A evolução trimestral da economia escorregou nas paredes do poço nos últimos três meses do ano passado.
Cresceu apenas 0,1% entre outubro/dezembro, comparado ao trimestre anterior.
Em grande parte, a escorregada se explica pela anemia no consumo das famílias, que pesa 64% na formação do PIB.
Passado o efeito da benzetacil na veia –liberação de R$ 44 bilhões do FGTS-- o gasto familiar empacou em pleno trimestre natalino (0,1%)
Não sem motivos.
Estes, porém, precisam ser pinçados nos porões da narrativa épica.
Não interessa expor a mecânica dessa ‘retomada’ em um Brasil finalmente resgatado das amarras do ‘lulovoluntarismo’ para as mãos sábias do mercado.
Fatos.
O PIB per capita brasileiro, segundo a FGV, despencou espantosos 8,7% desde o início dessa travessia, entre o cerco golpista desde 2014, passando pela desastrosa busca de indulgência dos mercados pelo governo Dilma, em 2015, com um ajuste ortodoxo-recessivo, até o desfecho oficial do golpe, em 2016, com o desmanche social e nacional aí instituído.
É a segunda maior queda do PIB per capita em 116 anos.
A informação está no jornal Valor Econômico, que cumpre a obrigação em espaços secundários reservados aos assuntos inconvenientes.
Para se ter uma ideia da gravidade do quadro, ele só foi pior na grande crise do final da ditadura, quando a renda per capita recuou 12,3%, entre 1981 e 1983.
Com agravantes, agora.
Há 47 milhões de brasileiros enredados entre o desemprego (12,7 milhões), a ocupação sem carteira assinada e sem direitos (11 milhões) e o limbo dos ‘conta-própria’ (23 milhões).
A dita retomada pouco se dispõe a fazer para mitigar a dinâmica perversa do acesso à riqueza incrustrada nesses números.
Na verdade, o novo padrão de crescimento, sob a égide do teto de gastos sociais e da desregulação do trabalho, tende a radicalizar o coeficiente de Gini, que em 2017 atingiu seu recorde de concentração em 30 anos,(0,549), equiparando-se ao do Lesoto (0,542) --cuja expectativa de vida está entre as mais baixas do mundo (42,3 anos).
Tudo isso é sabido nas redações.
E pode ser achado nas seções de economia, em rodapés que uivam.
Às vezes gemem de tristeza, mas pouco podem contra as manchetes histriônicas da grande retomada, ‘no melhor momento do país’.
Para os endinheirados, sem dúvida, um ciclo de fastígio se anuncia.
A plutocracia brasileira viu sua riqueza crescer 7,5% entre 2014 e 2016, enquanto o PIB nacional despencava 7,2% e a renda per capita encolhia,como se viu acima, quase 9%.
Em meio à borrasca, 71.500 privilegiados acumularam em 2016 rendimentos isentos e não tributáveis da ordem de R$ 350 bilhões --mais de 40% do total das isenções daquele ano, de R$ 844 bilhões. No caso dos super-ricos, basicamente lucros e dividendos (*).
A informação é da Receita Federal.
Uma medida de grandeza: a FAO está lançando um apelo mundial aos chefes de Estado para obter US$ 1 bilhão (R$ 3,2 bi). Com esse valor poderá reverter a fome em 26 países e resgatar da desnutrição aguda 30 milhões de pessoas.
Mas fiquemos por aqui.
Enquanto o núcleo duro da plutocracia agasalhava R$ 844 bilhões limpinhos, legalmente isentos, 4,5 milhões de famílias mais pobres eram empurradas de volta às faixas de renda D e E nos últimos dois anos. Um contraste didático com o movimento inverso observado entre 2006 e 2012, quando 5,8 milhões de lares ascenderam ao segmento generosamente identificado como o da ‘nova classe média’.
Nada disso importa às garrafais seletivas.
A grande notícia é a volta dos investimentos, determinam manchetes e colunas em assertivas chibatadas ideológicas.
De fato, eles cresceram 2% no último trimestre de 2017.
O que não impediu a sua queda (- 1,8%) na média do ano, sendo este o quarto recuo seguido do investimento brasileiro, hoje no nível mais baixo desde o início da série histórica, em 2000.
Assim por diante.
Tome-se a cobertura do desmonte da Petrobrás, um corolário da noiva mecânica de crescimento posta em marcha.
O preço do barril de petróleo dobrou nos últimos dois anos: subiu dos US$ 32, em janeiro de 2016 até encostar em quase US$ 70, em janeiro deste ano.
Petroleiras com grandes reservas, caso do pré-sal aqui, ganharam valor nas praças internacionais.`
Parece lógico?
Menos para Miriam Leitão, que sapecou na última quarta-feira de fevereiro (28/02) na primeira página de O Globo: ‘Petrobrás e Eletrobrás valem hoje R$ 240 bi a mais do que há dois anos: o que tem havido desde o fim do governo anterior é a redução do intervencionismo’, explica a colunista.
Na verdade, o que tem havido é uma vertiginosa pirâmide ideológica.
De uma pena projeta-se uma galinha.
Vende-se a galinha no mercado futuro.
O sujeito que compra propagandeia o potencial de demanda por canja -- ‘no melhor momento do país desde o fim do governo anterior’.
E a receita borbulha no circuito midiático para voltar ainda mais fervente às mesas do país.
Curto e grosso: é preciso antecipar a ‘retomada’ da demanda por canja para legitimar a matança promovida no galinheiro
Faz-se o diabo com os números: dar credibilidade às virtudes da razia é a mãe de todas as pautas.
Algum sal de apoio popular nas urnas de outubro depende dessa brisa de confiança e boa vontade, capaz de cooptar uma parte, por exemplo, dos cem milhões de brasileiros cuja participação na renda equivale à fortuna de cinco endinheirados.
A pirâmide, como se vê, contém flancos vulneráveis ao debate em campo aberto.
Daí a sofreguidão para calar a voz rouca capaz de unir esses flancos no palanque e deles extrair um outro projeto de futuro.
Dito em português claro: Lula, cuja simples presença diante de uma multidão catalisa a denuncia do saque social e nacional em marcha, não pode ser candidato.
É disso que se trata o cerco inclemente.
Não pode.
Mas se não pode –e sabe que não lhe será facultado esse direito-- por que insiste então?
A insistência inquieta o dinheiro como as fagulhas de fogo voando em campo seco.
Pior, ponderam colunistas vestidos de missionários da boa vontade.
Ao retardar a saída, esclarecem compassivos, Lula dificulta a renovação nas fileiras ‘dos que se preocupam com a questão social’.
Não é comovente ler isso em colunistas de O Globo?
A contradição central hoje --expressa aqui nas cores extremadas de uma concentração da riqueza no 1% da pirâmide, inédita no planeta -- é tratada assim, de forma vaporosa. na mídia isenta.
O conjunto reduz o divisor de águas do país – o destino de Lula-- a idiossincrasia de um sujeito prestes a ser banido, ou preso, mas que se recusa a nomear o herdeiro político.
Definitivamente é mais que isso.
Em primeiro lugar: a longa e renhida resistência de Lula tornou-se a principal referência nacional e internacional de contraposição a um golpe que, a rigor, não enfrentou oposição organizada à altura da violência institucional e social semeada.
A constatação não deve ser vista apenas como um elogio à bravura –inegável-- do ex-presidente, embora o seja também.
A verdade é que a aliança da mídia com a escória, o dinheiro e o judiciário soube usar com eficiência um aparato institucional nunca efetivamente democratizado, em uma década em meia de governos populares.
Nas comunicações, no judiciário, no sistema político, nos canais de expressão e participação da sociedade o que se fez em quase quinze anos de mandatos populares --com exceções consultivas, como no caso das Conferências Nacionais, foi reiterar a institucionalidade remanescente de ciclos anteriores, q desfavoráveis ao povo brasileiro.
Apostou-se o futuro nisso.
Num avanço incremental dentro da ordem adversa, como se das gôndolas dos supermercados pudesse fluir a organização política nova.
Como se ‘a ordem’ no capitalismo fosse um pastel de vento, passível de acomodar distintos recheios de poder.
A inédita natureza progressista da Carta Cidadã de 1988 – egressa de um período memorável de luta de rua contra a ditadura-- parecia oferecer o lacre de um pacto social compatível com avanços incrementais contra a desigualdade e a subserviência geopolítica.
Foi uma ilusão.
Antes de ser uma engrenagem econômica o capitalismo é um sistema de dominação.
Não há precedente de uma elite que tenha cedido sua hegemonia legislativa, por exemplo, a bancadas populares, em pacífica convivência com sucessivos revezes eleitorais a cada quatro anos.
O ‘mensalão’ alertou para isso.
E o golpe chegou antes que esse conto de fadas institucional pudesse sair do prefácio das boas intenções.
Se, de um lado, a ausência de resistência organizada cobra uma autocrítica grave ainda não concluída pelo PT, de outro, realça a importância da liderança- símbolo dos avanços reais registrados nos últimos anos, tanto que estão sendo revertidos.
Banir Lula da cédula para vencer a eleição é o coroamento indispensável desse desmanche.
O conjunto insufla o descrédito na política, nos partidos, em suas lideranças e na capacidade ordenadora da democracia para mediar interesses contrapostos em um capitalismo virulento, que se alicerçou aqui em 388 anos de fundações escravocratas.
Antes de evidenciar, como querem os satanólogos, a existência de diabos vermelhos, a corrupção se agiganta na fragilidade desse arcabouço político que leva a impasses recorrentes, não raro a rupturas sem freios a impedir ressurgências fardadas e autoritárias.
A militarização da questão social no Rio de Janeiro é isso editado pela Globo.
O que se busca consolidar agora, no pleito de outubro, é um giro definitivo rosca da moenda, para legitimar por um longo período algo que a sociedade rejeitou por quatro eleições presidenciais sucessivas: o repto neoliberal dos anos 90, a sepultar de vez o pacto progressista de 88.
Portanto, não é de Lula que se trata.
E tratar a ‘desistência’ dele como ‘solução’ para o inércia progressista toca apenas a película da caldeira onde o melaço brasileiro ferve e borbulha.
O que está em jogo são as provas cruciais do país no século XXI.
Queremos ser um México?
Um mercado de gente barata para o capital, o tráfico, as maquiladoras e as agencias de serviços de faxina e manutenção? Vidas ordinárias ou uma nação industrializada, soberana, assentada em direitos universais e que comanda o seu próprio destino?
Um Brasil socialmente convergente, que ouse induzir o investimento, a produtividade e o excedente para democratizar o bem comum, ou a radicalização da desigualdade que hoje condena 13 estados da federação a uma renda média inferior ao salário mínimo?
Não é retórica dizer que se joga o futuro longo no prazo curto dos próximos oito meses.
O desfecho de outubro terá consequências tão ou mais graves que aquelas impostas ao metabolismo nacional pela violência da ditadura de 1964.
A ela devemos – entre outros legados-- a eficiência de um dos mais lucrativos agronegócios do mundo, por exemplo.
Mas também a sua contrapartida dantesca: o êxodo bíblico de quase 30 milhões de pobres e miseráveis expulsos do campo para semear periferias conflagradas em cidades sem cidadania.
Engana-se quem diz – já passou.
A cicatriz nunca se fechou.
Desdobrou-se em sucessivas cepas de iniquidade.
Ilustra-o o deslocamento cada vez mais frequente de tropas de guerra pelo país –a Força Nacional-- para acudir metrópoles onde a violência escapou ao controle.
O capitalismo funciona assim, retruca-se.
Na versão atual, sob a supremacia dos mercados financeiros desregulados, funcionará cada vez mais assim.
Desenvolvimento, porém, não se mede apenas pela eficiência em gerar excedentes.
Sua dimensão mais delicada consiste em construir os pactos que proporcionarão estabilidade e legitimidade aos grandes ciclos de investimento.
Para isso a democracia precisa escrutinar a clássica bateria de perguntas que o jornalismo da ‘retomada’ prefere calar –‘investimento para quê, para quem, como e quanto?’
Delegar as respostas à lógica de mercado, abotoada aos seus impulsos cegos e individualistas, como se advoga agora é semear catástrofes para muitos, fastígio para poucos.
É disso que se trata, assinale-se de novo, o destino de Lula.
Tirá-lo de cena, substituí-lo simplesmente por alternativas que não carregam na pele a resistência ao saque que ele historicamente simboliza --e que não se corporificou, infelizmente, em uma estrutura organizada -- corresponde ao que o golpe mais deseja.
Ou seja, sancionar a rendição à lógica do ‘negociado sobre o legislado’ em todas as dimensões e rincões da vida nacional: indivíduos acuados contra o capital organizado.
É a partir dessa moldura que deveria ser avaliado o pacote de dúvidas, hesitações e anseios que ameaçam estilhaçar o campo progressista e leva-lo à derrota em outubro, sendo a ‘desistência’ de Lula –ao contrário do que se enuncia—uma alavanca dessa espiral descendente.
A discussão talvez ganhasse maior aderência à urgência da hora se reformulasse a premissa.
Se for impedido como candidato –e ainda que venha a ser preso pelo golpe-- que lugar Lula deveria ocupar na luta política hoje e amanhã --de viva voz ou por cartas e mensagens-- de modo a se capitalizar o teor de ruptura que seu prestígio mobilizará, a credibilidade fortalecida que sua história pulsará e o poder de negociação que sua representatividade, experiência e sacrifício condensarão?
Não se trata de adorna-lo de um manto honorífico.
Lula já tem lugar na história.
Trata-se, ao contrário, de revesti-lo de um mandato de desafios à altura de suas possibilidades, que são incomparáveis a de qualquer outra liderança brasileira.
Se não for Lula, quem poderá articular a agenda comum capaz de estreitar e harmonizar o diálogo e o programa do conjunto das candidaturas progressistas, e para além delas, com outros setores da sociedade, fortalecendo-as e evitando o estilhaçamento que antecede a irrelevância?
Preso ou solto, candidato ou cabo eleitoral, só Lula pode fazer isso e deveria inicia-lo ontem –antes que fique escuro demais.
Sobretudo, deveria galvanizar a organização popular capaz de defender um governo vitorioso fruto desse mutirão.
Se a pedra angular do êxito golpista foi, e é, a ausência de uma resposta popular organizada, contundente e crível de repactuação do desenvolvimento, o destino de Lula e seu cacife histórico devem estar a serviço desse salto.
Se proteger uma nação dos humores cíclicos do capitalismo é a obrigação número um de um Estado sob um governo progressista, o destino de Lula e seu trânsito devem estar a serviço da construção de um pacto crível que preencha esse requisito.
Repita-se, de viva voz ou através de cartas e mensageiros.
Se a capacidade de nuclear gigantescas massas de recursos inerentes aos grandes projetos de infraestrutura é função do Estado; se o controle de capitais para mitigar o assédio especulativo às nações tornou-se crucial; se uma reforma fiscal tornou-se a opção à iniquidade dos ‘tetos’ e ao desastre da estagnação; se o investimento em produtividade e pesquisa tornou-se um requisito de sobrevivência no mercado global; se revitalizar a planta industrial brasileira –que apesar de tudo ainda figura como a 9ª mais importante agregadora de valor manufaturado do planeta, à frente da Rússia e da Inglaterra— é a chave para se resgatar o pacto social de 88 com excedentes condizentes à universalização do bem comum, a tudo isso deveria contribuir o trânsito, a liderança, o poder de negociação e o carisma que Lula condensa.
Num mundo em que a volatilidade capitalista voltou a ser senhora, mais que nunca é urgente criar contrapartidas de poder democrático à altura da desordem semeada pelos mercados.
A sociedade brasileira terá ela mesma que redesenhar seu investimento, sua industrialização, as bases da produtividade e o futuro do emprego em meio à automação poupadora de mão de obra, impulsionada pelo salto tecnológico da inteligência artificial e dos robôs. E, por fim, mas não por último: preparar as salvaguardas de um futuro sustentável em oposição ao caos ambiental.
A alternativa à repactuação do desenvolvimento brasileiro é o arrocho.
A opção a revestir Lula de um mandato consensual para articular isso é a fragmentação historicamente atada à derrota progressista.
Isso tudo é impossível? As candidaturas já estão picadas pela mosca azul do cada um por si, meu pirão primeiro?
Quando o extraordinário acontece na vida de uma nação, as ferramentas da rotina não servem mais.
Em agosto de 2014, Carta Maior defendia que Lula deveria ser apontado desde logo como o futuro chefe da Casa Civil em uma provável segundo mandato da Presidenta Dilma (https://jornalggn.com.br/noticia/saul-leblon-ousar-e-vencer-ou-entregar-o-brasil-aos-mercados-passivamente) E sugeria que passasse a se movimentar imediatamente, já no período eleitoral, para desarmar o que se esboçava no horizonte.
A hesitação em enxergar o cerco que se fechava adiou essa decisão até março de 2016, quando a sua nomeação, finalmente anunciada, foi abortada por um vazamento telefônico ilegal autorizado por Sergio Moro, seguido da interdição da posse pelo STF.
Era a senha para a aceleração do golpe.
As lideranças progressistas não podem repetir a crônica da eutanásia anunciada. O comportamento de manada que se critica nos capitais especulativos não pode pautar o cada um por si que as desobriga de estarem conjuntamente à altura da hora grave vivida pela sociedade brasileira.
Lula já funciona de fato como líder político; deveria ser oficializado urgentemente, nessa condição, como coordenador e mediador da frente de candidaturas progressistas.
Dele, de Boulos, Haddad, Ciro e Manuela o que se espera é que surpreendam a nação, empolguem as ruas, deixem estupefatas as forças conservadoras, alçando-se juntos às tarefas cobradas pela hora.
Se não forem capazes disso, como convencer o eleitor a enxergar nas forças progressistas uma alternativa crível ao golpe e a sua ‘retomada’, calcada na radicalização da desigualdade e na alienação nacional?
As dificuldades nesse caminho só são menores que a certeza nas consequências trágicas do seu fracasso.
Não se pode brigar com o óbvio: a dispersão progressista e o descompromisso retórico darão a vitória ao golpe em outubro de 2018.
Ousar vencer ou o matadouro da irrelevância?
As forças progressistas brasileiras cederão à inércia?
Ou surpreenderão o mundo desta vez?
Como surpreenderam os socialistas, sociais-democratas, comunistas e organizações revolucionárias em Portugal, com o sucesso que agora empolga a juventude e assombra a direita europeia?
O tempo urge.
As respostas tardam.
A ver.
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(*) Texto retificado em 06/03 às
10:46 nas informações relativas ao valor das isenções obtidas pelo seghmento de
71 mil brasileiros com renda superior a 160 salários/mês
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