Pequim, 06 abr (Lusa) - As
autoridades chinesas afirmaram hoje estarem preparadas para combater os Estados
Unidos "a qualquer preço", como resposta à possibilidade de os
Estados Unidos imporem novas taxas aduaneiras, no valor de 81,6 mil milhões de
euros, sobre produtos chineses.
"Se os Estados Unidos
persistirem neste comportamento de unilateralismo e protecionismo comercial,
ignorando a oposição da China e da comunidade internacional, a China continuará
a qualquer preço contra-atacar com força", ameaçou o Ministério do
Comércio chinês em comunicado.
A China apresentou já uma queixa
à Organização Mundial do Comércio (OMC) devido às taxas impostas por Washington
sobre importações de um conjunto de produtos chineses.
"A China pediu a abertura de
consultas com os Estados Unidos, no quadro do mecanismo de regulamento de
diferendos da OMC relativamente às taxas alfandegárias dos Estados Unidos que
visam um conjunto de produtos chineses", referiu, em comunicado, a
organização que regula o comércio mundial.
As ameaças feitas hoje por Pequim
surgem como consequência do anúncio por parte do Presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, de estar a considerar impor novas taxas, no valor de 81,6 mil
milhões de euros, sobre produtos chineses, como retaliação às tarifas anunciadas
por Pequim.
A Casa Branca anunciou, depois do
fecho dos mercados na quinta-feira, que Trump perguntou à representação dos EUA
para o comércio internacional se a imposição de mais 100 mil milhões de dólares
(81,6 mil milhões de euros) em tarifas seria apropriada e, se assim for, que se
identifiquem os produtos a serem taxados.
Este anúncio, mais um episódio da
guerra comercial entre os dois países, surge como um contra-ataque à China, que
declarou a imposição de taxas alfandegárias a produtos norte-americanos, num
valor aproximado de 50 mil milhões de dólares (41 mil milhões de euros).
Por sua vez, a medida das
autoridades de Pequim foi também uma retaliação aos Estados Unidos por terem,
no início da semana, imposto taxas aduaneiras, em igual valor. Assim, cerca de
250 produtos norte-americanos, como soja, milho, carne, sumo de laranja,
tabaco, automóveis ou certos tipos de aeronaves, entre outros, foram taxados
pela China.
A China e os Estados Unidos
envolveram-se numa disputa comercial depois de a USTR (representante de
comércio norte-americano) divulgar uma lista de importações chinesas às quais
era proposto aplicar taxas alfandegárias, como retaliação pela
"transferência forçada de tecnologia e propriedade intelectual
norte-americana".
A lista inclui 1.300 produtos de
vários setores, incluindo aeronáutica, tecnologias de informação e comunicação
ou ainda robótica e máquinas, com um valor aproximado de 50 mil milhões de
dólares.
O confronto entre as duas grandes
potências reflete a tensão entre as promessas de Trump em reduzir o défice
comercial norte-americano com a China (cerca de 375 mil milhões de euros) e as
ambições comerciais de Pequim.
MIM (JPI) // SB
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