Pré-candidato tenta seduzir o
”mercado”, corteja Trump e os EUA desbragadamente e, por ora, reina no
eleitorado reacionário
Sucesso entre jovens homens
brancos endinheirados e escolarizados do Centro-Sul, o perfil médio do
brasileiro hoje disposto a votar nele para presidente, Jair Bolsonaro era só mais um deputado até
1999.
Aí começou o segundo governo FHC
e ele perdeu a estribeira na Band. Defendeu fuzilar o presidente que
“atende o FMI para poder honrar compromissos junto à
agiotagem internacional”, o tucano responsável por uma “dívida impagável”,
merecedora de “moratória urgentemente”.
A repentina notoriedade logo o
levaria ao SBT, e a uma nova explosão: “Barbaridade é privatizar, por exemplo,
a Vale do Rio Doce como ele (FHC) fez, é privatizar as
telecomunicações, é entregar nossas reservas petrolíferas para o capital
externo”.
Aquele quarentão raivoso ficaria
espantado se descobrisse o que se tornou aos 63 anos. Certamente, proporia
paredão para si próprio. Quem sabe um haraquiri, o ritual suicida dos
guerreiros japoneses.
Na ambição de chegar ao poder na
hoje imprevisível eleição, o ex-capitão do Exército entrou numa disputa com o
PSDB de FHC sobre quem é mais neoliberal e antinacionalista, quem é mais amigo
do “mercado” e de Tio Sam. Promete privatizações por atacado, fechar
outras tantas estatais, bate continência para a bandeira dos Estados Unidos,
jura que vai “respeitar contratos”, forma cifrada de dizer que não fará
auditoria da dívida nem reestatizará empresas.
Conversão sincera aos dogmas do
Consenso de Washington, aqueles que passam vergonha na Argentina por esses
dias? Ou tentativa de iludir o establishment econômico e político
brasileiro para ser aceito?
Certo é que no “mercado” há uma
fatia razoável disposta a abraçar Bolsonaro, pois contra postulantes do campo
progressista vale tudo. Algo como uns 40% dos investidores, nas contas de um
analista do setor que passa dias e noites a examinar o cenário eleitoral. Um
drama para Geraldo Alckmin, o presidenciável do PSDB, partido
queridinho do establishment desde o governo FHC.
O ex-governador paulista não
avança nas pesquisas, e a principal razão é Bolsonaro rivalizar com ele no
eleitorado conservador. Desde abril, o deputado oscila de 15% a 20%, enquanto
Alckmin patina por volta dos 5%. O presidenciável reacionário não perde do
tucano nem em São Paulo, estado que Alckmin governava até outro dia. No máximo,
empata.
Na terça-feira 5, foi divulgado
um manifesto em Brasília, por articulação de FHC e do secretário-geral do PSDB,
o deputado mineiro Marcus Pestana, a pregar a união eleitoral de partidos
governistas. O documento e os discursos achincalham os “radicalismos” do campo
progressista e de Bolsonaro, mas o verdadeiro alvo era o extremista do PSL.
Um aceno à união de Henrique
Meirelles, do MDB, Rodrigo Maia, do DEM, Álvaro Dias, do Podemos, e por aí vai. A aflição na turma do impeachment é
tanta que, para FHC, vale até embarcar em Marina Silva, da Rede, pré-candidata
que não orbita no governismo.
Um dia depois do esvaziado
lançamento do manifesto, outra ação destinada a injetar ânimo na pré-campanha
de Alckmin. Por iniciativa de Pestana, houve uma sessão de autógrafos do
livro O Voto do Brasileiro, de Alberto Carlos Almeida. A obra reúne
uma série de dados sobre as últimas três eleições presidenciais no Brasil e de
alguns outros países, e conclui que existe um certo padrão eleitoral regional.
No caso do Brasil, esse padrão
seria determinado pelo tema econômico e pode ser visto assim: o Nordeste é
“cidadela” do PT, e São Paulo, do PSDB. Daí que, para Almeida, a tendência é
2018 repetir a polarização entre petistas e tucanos. O próprio
cientista político admite, porém, que há algo “um pouco fora do scritp” em
2018. “Bolsonaro impede” que a cidadela tucana deságue votos até aqui no PSDB.
A caricatura neoliberal e
globalizante do ex-capitão contribui para a hesitação na “cidadela” tucana. São
Paulo é reduto do “mercado” no Brasil. Em novembro passado, em entrevista à
Band, Bolsonaro saiu-se com essa: “Tem estatal que não tem de ser privatizada, tem de ser extinta. Outras estatais
têm de ser privatizadas, sim”. E ressalvou: “As estratégicas, você tem de
ver o modelo. Você não pode entregar para o capital que pagar mais”. Nestes
casos, como, por exemplo, a Eletrobras, o governo deveria ter poder de veto nas
decisões da ex-estatal.
O economista que Bolsonaro aponta
como seu “ministro da Fazenda” caso seja eleito é defensor de “privatizar
tudo”. Inclusive a joia da coroa, aquela cuja quebra do monopólio e abertura do
capital detonaram a fúria bolsonarista contra FHC no passado. “Por que não
pode vender os Correios? Por que não pode vender a Petrobras?”, disse o
neoliberal Paulo Guedes, em fevereiro, à Folha.
E Bolsonaro? “A Petrobras eu
posso considerar a privatização, mas seria uma das últimas empresas, e olhando
para qual capital seria transferida”, afirmou em outubro, em Nova York, à
agência Bloomberg, uma espécie de circuito interno de notícias da banca global.
Os planos tucano-alckmistas são
praticamente iguais. Na quarta-feira 6, o presidenciável do PSDB comentou em
Brasília: “Pretendo privatizar o máximo que puder”, exceto Banco do Brasil e
prospecção de petróleo. Ou seja, para Alckmin, a Petrobras deve furar poço e
só, nada de refinar e distribuir combustíveis. Era a visão do tucano Pedro
Parente, o patrono da greve caminhoneira recém-demitido.
O principal assessor econômico da
pré-campanha de Alckmin, Persio Arida, colaborador do Plano Real e do governo
FHC, discorda de ressalvas, igual Guedes. “Não existe nada que seja estratégico
no Brasil.” Deve ser por falta de coisas “estratégicas” no País que o leilão de
campos do pré-sal na quinta-feira 7 tenha tido participação recorde de
petroleiras estrangeiras.
A declaração de Arida foi dada em
uma entrevista do tipo “tiroteiro” contra o bolsonarismo. Em 30 de maio, ele
foi em São Paulo à agência de notícias Infomoney, outro porta-voz do “mercado”,
para rebater o que tinha sido dito ali uma semana antes por Guedes. Para
este, “Alckmin é irrelevante”, “um bom homem num Titanic chamado establishment,
que perdeu a decência e está com um problema sério”. Mais: Guedes tascava que o
tucano estará fora do segundo turno, daí o PSDB terá o dilema de apoiar
Bolsonaro ou alguém da centro-esquerda.
Arida estava particularmente
irritado com a colaboração de Guedes na difusão, pelo bolsonarismo, de que o
PSDB seria um partido social-democrata igual ao PT. “Você acha que Arminio
Fraga (outro colaborador de Alckmin) não é liberal? (...) Que eu não
sou liberal? Aliás, eu sou liberal por inteiro, não sou liberal pela metade,
porque sou liberal na economia e nos costumes.”
Tachar o PSDB de centro-esquerda
na economia é um delírio bolsonarista que parece inspirado na campanha de Donald Trump em 2016. O magnata norte-americano
posou de anti-establishment, seus apoiadores pregavam que o establishment era
meio esquerdista e que este era o motivo do sofrimento do povo norte-americano.
Uma explicação para a aparente
loucura foi proposta pela professora de filosofia e política Nancy Frasier, da
universidade nova-iorquina New School for Social Research, logo após a posse de
Trump, em janeiro de 2017. O triunfo dele teria sido antes de tudo uma derrota
do “neoliberalismo progressista”, definido como o uso político, pela alta
finança global, de causas feministas e raciais, por exemplo, para o
neoliberalismo econômico ser palatável ao eleitor. Modernidade
comportamental a serviço do grande capital.
Para Nancy, o propagador do
“neoliberalismo progressista” foi Bill Clinton, presidente por lá entre 1993 e
2000. A esposa dele, Hillary, teria encarnado o establishment neoliberalista
progressista na eleição perdida para Trump.
A tentativa bolsonarista de
carimbar Alckmin e o PSDB como establishment meio esquerdista teve a
contribuição involuntária de uma das maiores consultorias globais de risco
político. Em uma análise de agosto de 2017 sobre as perspectivas eleitorais por
aqui, a Eurasia classificou o ex-governador paulista como “a Hillary do
Brasil”, alguém fadado à derrota.
Em viagem a Washington em
fevereiro, o tucano viu-se obrigado a responder a uma pergunta de um jornalista
sobre a comparação. “Gostei muito, pois a Hillary foi a mais votada. Se fosse
no Brasil, estaria eleita.” Teatro. Alckmin está bravo até hoje. O carimbo
ajuda a minar, entre os endinheirados e no mundo político, a ideia de que pode
vencer a eleição.
Enquanto isso, Bolsonaro deita e
rola na tentativa de emular Trump. No dia da vitória do magnata, ele tuitou:
“Parabéns ao povo dos EUA pela eleição d @realDonaldTrump. Vence aquele q lutou
contra ‘tudo e todos’. Em 2018 será o Brasil no mesmo caminho”.
Após o norte-americano anunciar,
em dezembro de 2017, a polêmica decisão de reconhecer Jerusalém como capital de
Israel, Bolsonaro rasgou elogios, disse que faria o mesmo e, em um comício
disfarçado em Anápolis, cidade goiana, pediu “uma salva de palmas para Donald
Trump”.
Dois meses antes, em outubro,
Bolsonaro tinha viajado aos EUA e, em um vídeo de 48 minutos gravado ao chegar
a Miami, comentou: “O Trump serve de exemplo para mim (…) Sei da distância
minha para o Trump, mas pretendo me aproximar dele para o bem do Brasil e dos
Estados Unidos”. A equipe do deputado até tentou marcar uma reunião na Casa
Branca, mas não deu certo.
Essa viagem aos EUA, na qual
levou seus três filhos políticos a tiracolo, é o símbolo máximo da caricatura
que Bolsonaro tenta vender como nova face, a do ex-nacionalista antiliberal
convertido em globalista neoliberal. Tour de uma semana com sinais de
que o deputado, rude na mente e no trato, tem por perto apoiadores, digamos,
letrados. Foi logo após voltar dos EUA, aliás, que Bolsonaro anunciou Paulo Guedes como seu “ministro da Fazenda”.
Ao chegar a Miami, de cara
proclamou seus sentimentos pelos EUA. “Aqui, para mim, é um espelho. Nós
deveríamos ter uma política muito mais intensa com os Estados Unidos”, disse.
“Para mim, o maior parceiro econômico tem que ser os Estados Unidos.” No dia
seguinte, fez uma palestra-comício e, quando surgiu a bandeira estadunidense no
vídeo ao fundo do palco, virou-se para ela, bateu continência e gritou “USA” em
coro com a plateia brasileira em Miami.
Diante de uma cena dessas, dá
para entender melhor declarações feitas por Bolsonaro em Manaus,
em dezembro. “Hoje em dia, ouso dizer que dificilmente a Amazônia é nossa” e,
para “salvar ao menos parte da Amazônia”, é preciso buscar parcerias com países
como os EUA para a exploração dos recursos minerais. Ué? Não seria o próprio
Tio Sam, pelo poder e pela geografia, a maior ameaça à soberania
amazônica?
Bolsonaro também esteve em
Nova York, meca financista global. Tomou café da manhã no Council of the
Americas, reduto dos chefões de multinacionais. Um participante conta que o
deputado passou vergonha. De cara, deixou claro que não estava preparado para
falar sobre política econômica. E olha que o objetivo principal da viagem aos
EUA era se apresentar ao mainstream, a turma da especulação financeira.
De qualquer forma, o recado foi
dado sobre seus planos. No mesmo dia foi a um canal internacional de tevê
israelense, o I24 News e, ao ser perguntado sobre como queria ser visto pelos
investidores, respondeu: “Como um parlamentar que está fora do grande furacão
que envolve a grande maioria dos políticos, a Lava Jato, uma pessoa diferente,
liberal na economia e conservadora nos costumes”, disposta a buscar parcerias
econômicas com Israel – para onde viajou em maio de 2016 – e EUA.
Mais: disse que “o Estado
brasileiro é muito inchado” e prometeu mexer de novo na lei trabalhista, já
estuprada no governo Temer, para que “possamos ganhar a simpatia do mundo dos
negócios”.
Os compromissos bolsonaristas em
Nova York foram facilitados por um homem da selva financeira local, Gerald
Brant, diretor de um banco de investimentos em Manhattan, o Stonehaven. Brant é
filho de pai brasileiro e mãe americana, amigo da família Bolsonaro e nas horas
vagas militante de movimentos que veem comunismo por toda parte.
Perfil parecido com o de uma
dupla que preparou o terreno para a família Bolsonaro encontrar-se com
evangélicos em Boston, cidade que abriga uma das maiores comunidades brasileiras
nos EUA, umas 300 mil pessoas. Julio Morais e Dario Galvão são brasileiros que
criaram, em 2001, e hoje comandam em Boston uma ONG conservadora, o Instituto
de Administração Pública.
Bolsonaro deveria ter ido também
a um debate em uma universidade em Washington, a capital do Tio Sam, mas aí o
caldo entornou. Sua equipe havia concordado com o modelo do debate, mas
fraquejou na última hora. Achou que era arapuca.
Um professor da George Washington
University, James Green, que ensina cultura e história do Brasil, organizou uma
carta com 400 assinaturas a reclamar do convite a Bolsonaro, “um extremista de direita racista, sexista e homofóbico”,
cujo único interesse era “alcançar o reconhecimento internacional e solidificar
a viabilidade política de sua candidatura”.
O debate tinha sido organizado por
Mark Langevin, diretor do departamento de pesquisas sobre o Brasil da
universidade, um acadêmico de tendências progressistas. Segundo ele, o saldo
final da passagem de Bolsonaro pelos EUA em outubro foi pífio. A mídia de
lá deu “tratamento superficial” ao pré-candidato. E, apesar de toda bajulação
da parte de Bolsonaro, “não existe sinal de que o governo Trump tenha ajudado”
a pré-candidatura do deputado durante ou depois da viagem. “O governo Trump não
coloca o Brasil na pauta.”
Culpa do PSDB, a sigla que
partidariza o Itamaraty desde o início do governo Temer? José Serra, o primeiro
chanceler, disse logo após a posse, em 2016, que a vitória de Trump seria um
“pesadelo”. Se bem que seu sucessor, o também senador tucano Aloysio Nunes
Ferreira, esteve na segunda-feira 4 com seu homólogo norte-americano, Mike
Pompeo, e anunciou publicamente o que já era sabido há tempos pelo leitor
de CartaCapital: os dois países voltaram a negociar a cessão ao Tio Sam da
Base de Alcântara, no Maranhão.
O bolsonarismo e Alckmin não
trocam sopapos apenas para ver quem é mais neoliberal. A coisa descamba
também para o lado pessoal. Em um evento em São Paulo em 24 de maio, o tucano
disse que o rival “não sabe ouvir, não sabe dialogar, muito menos governar”,
“não sabe ouvir crítica, então desrespeita”.
O troco veio um dia depois, da
Bahia. “Os diálogos do seu Geraldo Alckmin são com o pessoal da Odebrecht. Ele está preocupadíssimo com o Paulo
Preto. Esse perfil de governar, conversar com esse tipo de gente, eu não tenho
mesmo.”
Em 15 de maio, durante uma sessão
do Congresso, o deputado Major Olímpio, chefe do PSL em São Paulo, tinha usado
o microfone para dar uma “boa notícia” ao povo, a abertura de uma investigação
contra Alckmin, por ter recebido grana indevida da empreiteira, segundo
delações. “Agora o Brasil vai saber quem é o santo da Odebrecht, o santo
Geraldo Alckmin, o santo do metrô, da CPTM, do Rodoanel, da merenda, o santo
que destruiu SP.”
Prenúncio de um tiroteio
divertido. Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal por injúria e apologia
do estupro, ações penais nascidas de uma frase de 2014 sobre Maria do Rosário,
deputada do PT gaúcho. Não estupraria a petista pois “ela não merece”.
Em abril, foi denunciado por
racismo ao Supremo pela PGR Raquel Dodge, por ter feito um ano antes, no Rio,
um discurso cheio de ofensas a quilombolas e
estrangeiros. No ano passado, foi condenado a pagar multa por insultar gays.
Quer dizer, neoliberal, sim, mas
ele e seus apoiadores querem ter o direito de ofender todas as minorias, se
insurgem contra o que chamam de “politicamente correta”, um dos motivos para se
voltarem contra a “centro-esquerda” e para botar o PSDB dentro do mesmo saco.
É outra semelhança com a campanha
de Trump contra Hillary. Em janeiro, o Estadãonoticiou que os
bolsonaristas sondaram a Cambridge Analytica, empresa que ajudou Trump na
eleição – ajudou de forma escandalosa, ao obter irregularmente no Facebook
dados particulares de 50 milhões de pessoas, conforme se soube recentemente.
O deputado do PSL negou ter havido a sondagem, mas é
coerente com seus planos. Como terá poucos segundos de tevê na campanha, aposta
tudo na web. Até aqui, tem a maior tropa de seguidores nas redes sociais
entre os pré-candidatos. Uma turma pronta para dizer que tudo o que a mídia
tradicional afirmar contra seu ídolo na campanha é mentira. Outra inspiração em
Trump.
Apesar das ofensas contra as
minorias, o bolsonarismo sondou a juíza aposentada Eliana Calmon, que é da
Bahia, para ser vice do deputado do PSL. Ela recusou, como disse ao Globo do
fim de maio, por achá-lo muito radical, e agora o ex-capitão namora o
senador-pastor Magno Malta, do PR, para vice.
Bolsonaro negou em nota ter
autorizado qualquer sondagem a Eliana em seu nome, mas a história é esquisita.
O reacionário presidenciável não tem sofisticação intelectual para pensar
sozinho que seria uma boa, para quebrar resistências eleitorais, ter como
companheira de chapa uma mulher, do Nordeste e de um partido como é a Rede.
CartaCapital apurou que o
telefonema para Eliana que deu origem à sondagem partiu da Polícia Federal.
Teria sido obra do deputado Delegado Francischini, do PSL, eleito pelo Paraná,
a terra da Operação Lava Jato? Mistério.
André Barrocal
| Carta Capital
Imagem: Alessandro Layola
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