Joaquim Jorge mostra-se indignado
com o facto de o Tribunal Constitucional ter deixado prescrever multas a
partidos e políticos.
"Não há vergonha". É
assim que Joaquim Jorge, fundador do Clube dos Pensadores, reage à notícia de
que o Tribunal Constitucional (TC) deixou passar o prazo para aplicar coimas,
estimadas em 400 mil euros, referentes a irregularidades detectadas nas contas
de 2009 dos partidos. Em causa estão multas a partidos e a 24 dirigentes financeiros.
Conforme deu conta a TSF esta semana, uma das razões para os atrasos
foi que o TC, temendo a inconstitucionalidade da lei dos financiamentos dos
partidos políticos e das campanhas, optou por, no início de 2017, suspender o
processo de aplicação das coimas até que os deputados aprovassem a nova
lei.
Com a demora das votações no
Parlamento em dezembro, e o veto de Marcelo em janeiro, a legislação
final acabaria por ser publicada apenas em abril deste ano.
“Digam lá se não é porreiro ser
militante de um partido? E fazer parte de partidos: associações de cidadãos que
pretendem obter o exercício e benefícios do poder?”, questiona Joaquim Jorge,
acrescentando que “os senhores que estão no poder ainda não perceberam que a
descredibilização é total" e que a “credibilidade da acção política está
pelas ruas da amargura e vale zero”. O biólogo vai mais longe e diz mesmo que “é
repugnante” constatar que “dizem uma coisa e fazem outra”.
Joaquim Jorge não se conforma com
o facto de que o cidadão comum que tenha uma multa ou dívida tem de pagar, caso
contrário sujeita-se a uma multa, mas o mesmo não acontece com os partidos. “Porque
é que os partidos não funcionam como todas as outras instituições que têm que
cumprir com o seu dever? Porque é que os partidos vivem num mundo à parte?”,
questiona, num artigo de opinião remetido ao Notícias ao Minuto.
O fundador do Clube dos
Pensadores critica ainda aquilo que considera ser uma “certa dependência” entre
os partidos e o Tribunal Constitucional, que é composto por 10 juízes
designados pela Assembleia da República.
“Nós precisamos de ter gente na
política livre de preconceitos e maus hábitos de pensar e de agir”, defende,
dizendo-se “cansado, farto e exausto de tanta roubalheira à descarada”. “E de
fazerem de mim totó”, acrescenta.
Joaquim Jorge conclui que
“Portugal é um país faz de conta, em tudo, até na sua democracia” e começa a
dar razão aos jovens quando estes dizem que o melhor é não votar.
“A política portuguesa não é
digna de confiança”, lamenta ainda, defendendo que “o país precisa de uma
redefinição ética, cívica e moral, acabar, de uma vez por todas, com os
privilégios e exceções dos políticos”.
Melissa Lopes | em Notícias ao
Minuto
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