Quatro agentes da polícia
moçambicana foram condenados a 24 anos de prisão e ao pagamento de uma
indemnização às famílias dos quatro jovens assassinados, em 2017, na província
de Inhambane. Defesa vai recorrer.
Os quatro agentes da Polícia da
República de Moçambique (PRM) acusados
de terem assassinado, em 2017, quatro jovens na província de Inhambane foram,
esta quarta-feira (22.08), condenados à pena máxima, ou seja, 24 anos de
prisão. Terão ainda que indemnizar as quatro famílias das vítimas num montante
de 5.5 milhões de meticais (cerca de 385 mil euros).
Na leitura da sentença, o Juíz do
Tribunal Judicial da província de Inhambane, Carlos Fernando Pedro, disse ainda
que "as duas viaturas usadas pelos réus revertem a favor do Estado
moçambicano".
Joaquim Nascimento, na altura
comandante da PRM no distrito de Maxixe, Julião Ruben, chefe das operações, e
dois agentes dos serviços de investigação criminal, Raul Luciano Samuel e José
Jaime Marquez, são os arguidos no caso.
O crime ocorreu em 2017, tendo
os quatro
polícias sido detidos já no início deste ano de 2018.
Em Tribunal, os réus confirmaram
ter levado quatro jovens, que estavam detidos sem justa causa na esquadra de
Maxixe, numa viatura sem matrícula para uma mata a 20 quilómetros da
localidade de Mavume, no distrito de Funhalouro, tendo sido este o local do
crime. Clemildo Xavier Cumbe, Horácio Ferrinho, Fernando Vilankulo e Octávio
Armando, trabalhadores de uma empresa de construção civil, foram mortos a tiro
pelos agentes da polícia.
Na altura, os réus terão pedido
sigilo profissional e orientaram os seus colegas para dizerem que os quatro
detidos tinham sido libertados, desconhecendo-se o seu paradeiro.No entanto,
duas semanas depois os corpos das quatro vítimas foram encontrados na mata,
tendo as investigações levado à detenção dos quatro polícias.
Reações
José Manuel, magistrado do
Ministério Público, afirmou à imprensa, no final da leitura da sentença,
que vai solicitar a revisão da pena atribuída ao Supremo Tribunal. "Como é
uma pena longa tem que haver um re-exame por um tribunal superior. Achamos que
o tribunal fez o seu trabalho e apenas vamos fazer o nosso", deu conta.As
famílias mostraram-se satisfeitas. Jaqueline Xavier, mãe de um dos jovens
assassinados, disse, em entrevista à DW África, que foi feita justiça, ainda
que nada traga o seu filho de volta. "Sou mãe de Clemildo Xavier, mesmo
que fossem 20 milhões eu queria meu filho vivo", disse.
Um sentimento partilhado também
pela esposa de Horácio Ferrinho: "Dinheiro não vai trazer a vida dele [de
volta]. Sou mãe de três filhos. Antes trabalhava como pedreiro, mas depois
começou a ir para a machamba com o pai e ajudava no sustento da família".
Já Elton Guimbissa, um dos
advogados dos réus, afirmou que discorda com a sentença, tendo adiantado que:
"vamos recorrer. Não estamos conformados com a decisão, o álibi acusatório
baseou-se em meras reflexões, e é isso que nos conforta para fundamentarmos a
apresentação do recurso".
Luciano da Conceição (Inhambane)
| Deutsche Welle
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