Maior partido da oposição
moçambicana diz que apoiantes e candidatos da RENAMO estão a ser perseguidos
pela PRM, que acusa de estar ao serviço da "agenda eleitoral" da
FRELIMO. Partido no poder e polícia negam acusações.
A RENAMO afirmou esta
quinta-feira (30.08) que tem vindo a acompanhar com apreensão e preocupação os
últimos desenvolvimentos políticos no país, em que é notória a perseguição e
impedimento dos militantes e candidatos do partido de realizar atividades políticas.
"Estas ações contrariam não
só o espírito de diálogo em curso para a consolidação da paz como também viola
de forma flagrante a constituição e as leis do país, que preconizam as
liberdades de reunião, de associação, de expressão e de movimentação, assim
como a liberdade de participação política em ambiente tranquilo e
democrático", sublinhou o líder interino do partido, Ossufo Momade.
Falando numa teleconferência a
partir da Gorongosa, Momade exemplificou que o cabeça de lista da RENAMO na
cidade de Maputo, Venâncio Mondlane, e outros membros do partido foram
impedidos pela polícia de realizar as suas actividades políticas nos dias 18,
22 e 28 do corrente mês nos bairros de Xipamanine, Unidade 7 e Aeroporto.
O coordenador interino da RENAMO
disse que Venâncio
Mondlane foi ainda intimado a comparecer na Procuradoria da cidade de
Maputo, a 20 de agosto, para responder num processo e quatro dias depois o
partido recebeu da Comissão Nacional de Eleições (CNE) uma deliberação que o
exclui da lista desta formação desta formação política. "Claramente, todas
estas ações têm motivações políticas com vista a prejudicar a RENAMO",
afirmou Ossufo Momade.
O coordenador interino da RENAMO
denunciou, igualmente, que o cabeça de lista do seu partido para a cidade de
Quelimane, Manuel
de Araújo, foi vítima, na semana passada, de uma suposta destituição do
cargo de Presidente do Conselho
Municipal pela Assembleia local, decisão que afirma ter sido
apadrinhada pelo Conselho de Ministros.
Escoltas só para a FRELIMO?
Ossufo Momade disse ainda que, um
pouco por todo o país, a polícia tem vindo a impedir a apresentação pública dos
cabeças de lista, bem como dos demais candidatos da RENAMO, quando a mesma
corporação é publicamente vista a escoltar e a guarnecer comícios de campanha
eleitoral do partido no poder, a FRELIMO.
Segundo o líder interino, na
ótica da RENAMO, não se percebe que o partido cujo Governo se encontra a
negociar a paz, descentralização e reintegração das forças residuais da RENAMO
nas forças de defesa e segurança use precisamente estas mesmas forças como
braço armado para impedir a participação democrática e pacífica do maior
partido da oposição nos processos eleitorais.
"Como acreditar na
sinceridade de um Governo que na mesa do diálogo promete paz, reconciliação,
descentralização e reintegração social [das forças armadas residuais da
RENAMO], mas que na prática quotidiana demonstra tamanha intolerância política
e uso abusivo das forças de defesa e segurança para impedir a participação do
seu interlocutor no processo eleitoral?", questiona.
O coordenador interino da RENAMO
pergunta ainda com quem a FRELIMO pretende competir nas eleições, se muito
antes delas não deixa ninguém fora das suas fileiras realizar contactos com
potenciais eleitores.
Ossufo Momade apela aos
militantes e candidatos da RENAMO para não se deixarem intimidar e reitera o
compromisso do seu partido em manter o diálogo político visando alcançar a paz
efetiva e a verdadeira reconciliação nacional.
FRELIMO e polícia negam acusações
O porta-voz da FRELIMO, Caifadine
Manasse, nega as acusações e afirma que o seu partido está focado nas eleições.
"Distanciamo-nos destas acusações que estão a ser feitas pela RENAMO e
continuamos mais uma vez a exortar para que a liderança da RENAMO se preocupe
um pouco mais com o assunto da paz, porque essa é que é a nossa agenda da
estabilidade", sublinha. "É preciso não criar manobras dilatórias e avançar
para processos eleitorais e não tentarmos arrasta", diz Caifadine Manasse.
O porta-voz do Comando Geral da
Polícia, Claúdio Langa, nega igualmente as acusações da RENAMO: "Todo o
tipo de manifestação de grupo de cidadaos ou partidos politicos deve ser feito
dentro do princípio da legalidade. Como policia somos apartidários."
Leonel Matias (Maputo) | Deutsche
Welle
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