A qualidade das obras executadas
por empresas chinesas em Angola deixa muito a desejar. Estradas, hospitais e
casas apresentam muitos problemas em pouco tempo de duração. Falta fiscalização
e a corrupção continua.
Com o fim da guerra em 2002,
Angola solicitou uma linha de crédito à China avaliada
em cerca de 60 mil milhões de dólares para a reconstrução nacional. Dívida que
tem sido paga com petróleo angolano.
Para a construção de
infraestruturas sociais, a mão de obra, as empresas e algum material vieram
do gigante
asiático. "A matriz chinesa é comunista e não prima pela qualidade,
mas pela satisfação das necessidades de todos. A construção obedeceu a uma
regra no sentido de construir quantidade. E quando construímos em quantidade, o
preço é baixo e a qualidade também é menor", explica David Kissadila,
especialista em políticas públicas.
As linhas
rodoviárias e ferroviárias construídas pelas empresas chinesas
em Angola,
apesar de permitirem a circulação de pessoas em bens, são de péssima qualidade,
comenta o politólogo João Locombo.
"Só demonstra que o processo
de fiscalização das obras públicas levado a cabo até então foi um processo
falhado. Isso engloba não só as habitações como as próprias estradas",
destaca.
"Temos vindo a ver a
necessidade de se reconstruir de dois em dois anos a mesma estrada em que ontem
se gastou milhões e milhões e nem sequer tem cinco anos de existência",
afirma o especialista.
Não faltam exemplos de má
construção
As centralidades do Sequele e do
Kilamba, em Luanda, apresentam problemas de infiltração de água, deficiência
das redes técnicas e fissuras. A estrada que liga Luanda ao Huambo é outro dos
exemplos do mau trabalho efetuado pelos chineses.
O Hospital Geral de Luanda teve
de ser demolido em 2010, apenas quatro anos depois da sua inauguração. Também
as linhas férreas construídas têm baixa taxa de operacionalidade.
Davida Kissadila diz que os
efeitos da má qualidade das obras já se sentem - basta ver as várias reportagens
que têm sido feitas sobre as centralidades. "Os materiais utilizados não
são de primeira linha em termos de industrialização. As reparações e as
manutenções são constantes porque o material utilizado não é de grande
qualidade. Vemos isso nas fechaduras, nos mosaicos, nas paredes", explica.
O analista aponta também a
corrupção como estando na base da fraca qualidade das obras. "Todos se
aproveitam dos negócios do Estado para se enriquecer", lembra. "Aqui
legalizou-se os 10% dos contratos das empreitadas. Quer dizer que quando uma
empresa assinava um contrato de investimento tinha a obrigação de devolver mais
10% ao Estado".
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
Na foto: Centralidade do Kilamba,
em Luanda
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