Eugénio Costa Almeida* | opinião
| Vivências
Ponto prévio que deve ser tido em conta. Na passada
quinta-feira, 23 de Agosto, não fez um ano que João Lourenço é presidente,
mas, isso sim, que foi eleito. Foram as quartas eleições legislativas
nacionais.
Num dia em que os angolanos
votaram pela mudança e que o vencedor, tem feito por cumprir as suas três
máximas e clara bandeira eleitoral: mudar, combater a corrupção e a impunidade.
Tem tentado, porque a realidade
mostra que muito ainda há por fazer, principalmente no que tange quanto à
impunidade e à corrupção.
É certo que, como o Presidente
João Lourenço afirmou, em 11 meses – ele só tomou posse – já muito
foi feito. Nem tudo, terá sido – e na maioria, nem poderia ser – bem feito. Mas
como diz o adágio latino, Roma e Pavia não se fizeram num dia…
Mas há situações em que se já
poderiam ter dad passos para levar por diante alguns dos seus pronunciamentos
eleitorais, como o combate ao desemprego. 500 mil empregos era a promessa. Mas
como ninguém acredita em milagres, sabia-se que isso poderia ser para uma
legislatura. Todavia, já alguns poderiam e deveriam ter sido criados, porque o
Governo já começa a ter condições para isso. No entanto, o que se vê, é algumas
empresas nacionais fecharem e outras continuarem sem pagar vencimentos há
longos meses. As manifestações de desagrado não mentem.
É certo que eu previa que João
Lourenço pudesse ser o nosso Gorbachev. Ele preferiu ser Deng Xiaoping.
Ambos à sua maneira, foram renovadores.
Só que Xiaoping, na linha do
seu paradigma: um país, dois sistemas, manteve o predomínio do
partido único. E se nós não temos esse mau desígnio, continuamos a ter haver
predominância de um partido maioritário, não só na Assembleia Nacional, como na
vida política, social e pública.
Ou seja, uma mudança que tarda –
e muito – a acontecer.
Ainda recentemente, os antigos
“partisan” ou militares do ELNA (FNLA) reclamavam não receberem o subsídio
de antigos combatentes. Dos FAPLA (MPLA) nunca ouvimos essa reclamação…
Houve algumas alterações
económicas; talvez as mais visíveis pelo impacto que teve junto de algumas
personalidades que mais detinham esse poder económico. Mas até que a economia
nacional tenha uma maior e efectiva diversificação, muita água ainda hão-de correr
nos nossos rios. Talvez, até o Cunene consiga manter um caudal visível da
nascente à foz.
Ainda assim, um facto já está a
ocorrer, por certo, era uma medida que não esperaríamos e não quereríamos
ver, caso fossem devidamente penalizados quem, de facto e são sabidos quem,delapidou
o erário público: o FMI vai ter de ajudar a nossa economia, com todas as
consequências que daí advirão…
Na Justiça, alguns actos continuam
a ter a marca anterior. Ainda assim, há que reconhecer algumas – talvez
substanciosas – mudanças em alguns acórdãos que, noutra época, não o seriam
como forma emitidos.
Vamos aguardar pelo aniversário efectivo da
tomada de posse do Presidente João Lourenço para, nessa altura, fazer uma
verdadeira análise do seu primeiro ano de mandato.
*Investigador do Centro de
Estudos Internacionais do ISCTE-IUL(CEI-IUL) e Pós-Doutorando da
Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto**
** Todos os textos por mim
escritos só me responsabilizam a mim e não às entidades a que estou agregado
*Eugénio Costa Almeida – Pululu - Página de um lusofónico
angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e
Doutorado em
Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais - nele
poderão aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a
actividade académica, social e associativa.
Sem comentários:
Enviar um comentário