Angola vai estar representada ao
mais alto nível no Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), em Pequim, tendo
Luanda em vista o culminar das negociações para uma nova linha de crédito
chinês de 11.000 milhões de euros, para financiar vários projetos.
A comitiva é liderada pelo
Presidente de Angola, João Lourenço, que terá, já no dia de hoje, um encontro
bilateral com o homólogo chinês, Xi Jinping, tal como anunciou, em comunicado,
o ministro das Relações Exteriores angolano, Manuel Augusto.
Na sessão de abertura do Fórum,
que decorre a 03 e 04 de setembro em Pequim, pela segunda vez em solo chinês -
a primeira ocorreu em 2006 -, João Lourenço tem na bagagem a intenção de
finalizar as conversações com as autoridades chinesas para um novo programa de
financiamento, incidindo sobre os projectos e montantes que a China poderá
conceder.
Entre eles está a negociação dos
termos para um empréstimo de 1.282 milhões de dólares (1.098 milhões de euros),
montante destinado a pagar até 85% do valor do contrato para a conceção,
construção e acabamento do novo aeroporto internacional da capital de Angola,
que está a ser construído a 30 quilómetros de Luanda por várias empresas
chinesas.
Através do banco estatal chinês,
que apoia a importação e exportação do país (Exim Bank), Angola está também a
negociar empréstimos de 690 milhões de dólares (600 milhões de euros) para a
construção da marginal da Corimba (Luanda).
Em negociações estão também os
empréstimos de 760,4 milhões de dólares (651,7 milhões de euros) para o sistema
de transporte de energia elétrica do Luachimo, e de 1.100 milhões de dólares
(942,8 milhões de euros) para a construção de uma academia naval em Kalunga,
Porto Amboim (Cuanza-Sul).
Globalmente, Angola tenta fechar
uma linha de crédito de 11.700 milhões de dólares (10.028 milhões de euros)
para projetos de infraestruturas, indicou hoje fonte oficial, através do Banco
Industrial e Comercial da China (ICBC), segundo informação do Fórum de
Cooperação China-África (FOFAC), que cita o sítio de notícias CLBrief (Breves
sobre a China e a Lusofonia).
Segundo a China-Lusophone Brief,
a recente emissão de "eurobonds", no valor de 3.000 milhões de
dólares (2.571 milhões de euros) pelo Estado angolano, confirmou que a China é
a fonte principal de "diversas facilidades de novos créditos" que as
autoridades já estão a negociar.
O Governo angolano também
solicitou à China apoio financeiro para continuar com o seu programa de
formação, preparação e reequipamento dos quadros das Forças Armadas Angolanas
(FAA), pedido enquadrado na cooperação e visão estratégia a longo prazo, para
executar os projectos virados à formação, reequipamento e construção de
recursos humanos, materiais e infraestruturas.
Entre 2003 e 2017, dados do
Governo angolano indicam que a dívida à China (dívida bilateral e com
bancos comerciais chineses) passou de 4.700 milhões de dólares para 21.500
milhões de dólares (de 4.028 milhões de euros para 18.427 milhões de euros).
A delegação angolana inclui,
entre outros, os ministros de Estado do Desenvolvimento Económico e Social,
Manuel Nunes Júnior, das Finanças, Archer Mangueira, e dos Transportes, Ricardo
de Abreu, bem como o novo secretário do Presidente da República para os
Assuntos Económicos, Alcino da Conceição.
Para Pequim, Angola é o mais
importante parceiro chinês da África lusófona, desde que, em 2002, a China começou a
desembolsar importantes fundos para a edificação de infraestruturas e projectos
públicos de reconstrução.
Dados oficiais confirmam que
Angola é, desde 2007, o maior parceiro comercial africano da China, com quem
coopera nos domínios militar, agrícola, académico, agroindustrial, infraestrutural,
petrolífero e tecnológico.
No quadro das boas relações
bilaterais, o gigante asiático absorve cerca de metade do petróleo extraído em
solo angolano, e conta com mais de 250 mil trabalhadores em Angola, sobretudo
na construção e reparação de infraestruturas, nomeadamente caminhos-de-ferro,
estradas e habitações.
A última cimeira do FOFAC
decorreu em 2015, em Joanesburgo (África do Sul), e culminou com a
disponibilização de uma ajuda ao continente africano de cerca de 60.000 milhões
de euros.
As relações entre Angola e China
datam de 1983.
JSD//PVJ | Lusa
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