O presidente da Venezuela,
Nicolás Maduro, chegou a Pequim para se encontrar com o seu homólogo chinês, Xi
Jinping, e outros importantes funcionários do gigante asiático. Entenda por que
a China ajuda o país caribenho apesar de muitos países serem contra.
De acordo com Maduro,
as relações entre China e Venezuela "são muito sólidas e robustas e
apontam para um desenvolvimento maior" — e os acordos econômicos e
memorandos de cooperação estão aí para provar as palavras do presidente venezuelano,
chegando à margem dos 30.
O analista internacional Sergio
Rodríguez Gelfenstein explicou à Sputnik
Mundo que considerar a China parceiro estratégico é muito
transcendente para a Venezuela, particularmente perante esforços
extraordinários dos EUA de prejudicar interesses de Caracas.
"Sabe-se que há um bloqueio
financeiro económico contra a Venezuela no sistema financeiro
internacional", fala o analista, acrescentando que o aumento do comércio
com a China ajuda a Venezuela a continuar resistindo à agressão, imposta pelos
EUA.
No âmbito dos acordos bilaterais,
a empresa estatal venezuelana PDVSA cederá à Corporação Nacional de Petróleo da
China (CNPC) 9,9% das ações de Sinovensa, uma empresa de produção de petróleo
bruto estabelecida entre ambos os países.
Essa não é a única companhia
mista de PDVSA e CNPC, segundo comunicado da presidência venezuelana. Além disso,
as empresas firmaram "um memorando para fortalecer a cooperação
conjunta" na esfera de exploração de gás na Venezuela.
A China já anunciou apoio para
dinamizar o setor petrolífero do país caribenho em julho, investindo 250
milhões de dólares para aumentar a produção de PDVSA, afirmou o representante
venezuelano.
Segundo Rodríguez Gelfenstein,
as relações entre ambos os países não são apenas bilaterais, mas
influenciam a América Latina em geral, já que a "China joga um papel mais
transcendente" no palco internacional, sendo "potência global".
Além da América Latina, cada vez
mais fortes estão as relações entre a China e a África, o que ficou claro
no Fórum de Cooperação China-África. Xi Jinping declarou que "a China e a
África devem se unir para forjar juntas uma comunidade" baseada nos
princípios da responsabilidade, cooperação e convivência harmoniosa.
Entre as ações prioritárias,
o líder chinês nomeou as "oito ações", que englobam o estímulo
industrial, a conectividade de infraestrutura, a facilitação comercial, o
desenvolvimento verde, a construção de capacidades, a saúde, o intercâmbio
cultural e a paz e a segurança, o que é compartido pela América Latina. Mas,
Pequim, no contexto latino-americano, vem jogando com outras cartas, pois na
região há outro influenciador potente que a vê como "quintal" —
os EUA.
Segundo o analista, Washington
está voltando a aplicar a Doutrina Monroe, que consiste no princípio da
política exterior "América para os americanos".
Agora essa Doutrina não é mais
destinada ao Reino Unido, e sim à Rússia e à China. Porém, Pequim está ciente
da sua importância no desenvolvimento económico na região latino-americana.
"O papel que pode ser
desempenhado pela China consiste em apoiar, sustentar e respeitar os princípios
do direito internacional e da Carta das Nações Unidas", destaca o
especialista.
Apesar da interação económica, a
China e a América Latina avançam em sua compreensão cultural.
Sendo países de continentes
diferentes, é bem difícil para a China e Venezuela entender
as peculiaridades da mentalidade alheia, por exemplo, cultura trabalhista,
disciplina, eficiência administrativa e governamental.
No entanto, a China está se
aproximando deste e de outras realidades em cada país da América Latina com
quem está fortalecendo relações. A compreensão de "desenvolvimento
político, da sociedade, do Estado e de seu funcionamento" beneficiará avanço
nas relações.
Sputnik | Foto: Reuters /
Handout/Miraflores Palace
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