Pequim, 07 nov (Lusa) - O antigo
secretário do Tesouro norte-americano Henry Paulson advertiu hoje para a
perspetiva de uma "cortina de ferro económica" entre a China e os
Estados Unidos, apelando a ambos que trabalhem para resolver as disputas
comerciais.
O responsável máximo pelo Tesouro
dos EUA durante a administração de George W. Bush avisou que a guerra comercial
entre Pequim e Washington está a "chegar a um ponto de não retorno",
durante um discurso na conferência Bloomberg New Economy Forum, em Singapura.
"A região [asiática] deve
hoje estar preocupada com a transformação de uma competição estratégica
saudável numa guerra fria em grande escala", disse Paulson, que era
secretário do Tesouro quando implodiu a crise financeira global, em 2008.
O Presidente norte-americano,
Donald Trump, impôs já taxas alfandegárias de até 25% sobre 250 mil milhões de
dólares de importações oriundas da China. Pequim retaliou com taxas sobre bens
importados dos EUA.
Em causa está a política de
Pequim para o setor tecnológico, nomeadamente o plano "Made in China
2025", que visa transformar as firmas estatais do país em importantes
atores globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial,
energia renovável, robótica e carros elétricos.
Os EUA consideram que aquele
plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir
o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem
tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege
da competição externa.
Bruxelas ou Tóquio partilham das
mesmas queixas.
O governo norte-americano acusa
ainda Pequim de expansionismo militar, violação de liberdades civis e
religiosas e até de interferência nas eleições norte-americanas, visando
penalizar a administração de Donald Trump.
Henry Paulson disse que pôr em
causa décadas de progresso nas relações comerciais entre a China e os Estados
Unidos acarreta grandes impactos económicos.
"Temo que partes importantes
da economia global estão a fechar-se ao comércio e investimento", disse.
"E agora vejo a perspetiva
de uma cortina de ferro económica, que irá erguer novas barreiras em cada lado
e romper com a economia mundial como a conhecemos", acrescentou.
Washington deu alguns sinais
positivos, nas últimas semanas.
Trump disse no início do mês que
teve uma "conversa muito boa" por telefone com o homólogo chinês, Xi
Jinping, sobre questões comerciais e a Coreia do Norte.
O Departamento de Estado anunciou
ainda conversações de alto nível com Pequim, sobre segurança, em Washington,
para esta sexta-feira.
Henry Paulson prevê, ainda assim,
"um longo inverno nas relações sino-norte-americanas".
JPI // SB
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