quinta-feira, 8 de novembro de 2018

O silvanomagano.pt da era dos trafulhas escolhidos pelos eleitores & outros

Na AR, Silvano a cantar loas... das boas
Anda por aí no badalo José Silvano, dirigente do PSD chegado a Rui Rio, e (pior) deputado eleito por portugueses que o julgavam honesto. A situação tem que ver com trafulhices de Silvano nas presenças in loco (não em espírito) do dito deputado na Assembleia da República, no hemiciclo, nas comissões para que é nomeado, etc. Mas ao que vem a público o Silvano é trafulha, desonesto e cobra indevidamente “massarocas” que saem dos bolsos de todos os portugueses. Não está presente na AR mas há quem “assine o ponto” por ele, vai à comissão em que está nomeado e assina o ponto mas depois nem mais lá põe o traseiro na cadeira… Credo, o que se diz do tal trafulha!

O sururu sobre Silvano é enorme e Rui Rio parece que engoliu uma rolha e lhe deu paralisia nas pernas e pés. Foge à questão sobre o trafulha e nem sequer lhe dá um chuto na máquina da caca e de outros prazeres (para os que assim preferem).

Os portugueses não devem estar surpresos com este Silvano tão magano. É que situações destas acontecem há décadas e os vigaristas (ditos deputados) passam pelos intervalos da chuva sem se molharem, impunes. 

Mas ao que parece o Ministério Público anunciou que está a iniciar investigação sobre os tais vigaristas de facto e outros que são suspeitos… No MP não disseram assim mas parece que é o que a “maleita” recomenda. É passar tudo a pente fino, como se fossem piolhos. Até porque, como em todo o lugar, parasitas é o que não falta na política, nos partidos e nas “pradarias” sustentadas pelos portugueses com impostos pesados sobre o trabalho para compensar esses tais que nada fazem e que quase comem tudo.

Fim. Cristina Figueiredo, do Expresso, no Curto, dá-nos o magano do Silvano e o que mais sobra da atualidade, do desporto, da cultura… Até parece uma loja do “chinês”. Inté! (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Ser ou não ser... uma questiúncula

Cristina Figueiredo | Expresso

Não, não é uma "questiúncula". Quando muito é um furúnculo. Um banho (de ética ou do que fosse), a anteriori, talvez o tivesse prevenido. Mas agora já é uma infecção instalada e quanto mais tempo demorar a ser atacada pela raiz mais corre o risco de alastrar. A imagem é desagradável, porventura demasiado gráfica para começar o dia. Mas é o que me ocorre quando passo mentalmente em revista o caso José Silvano, que tem dominado a "pequena política", como diria Rui Rio, dos últimos dias. A questão está precisamente aí: é que o que está em causa não é "pequeno", por mais que o presidente do PSD tarde em reconhecê-lo. Como tardou no caso que levou à demissão (ao cabo de penosos dias a tentar justificar o injustificável) de Feliciano Barreiras Duarte, nem mais que o antecessor de José Silvano na secretaria geral do PSD.

Tenho Rui Rio na conta de uma pessoa séria, rigorosa, defensora de uma cartilha de valores éticos que não devia soar a coisa de outro mundo, mas infelizmente soa, na prática política. Mas as suas boas intenções correm o sério risco de não passar disso mesmo. E a culpa, ao contrário do que sistematicamente quer fazer crer o líder social-democrata, que não raro responde com um sorriso entre o arrogante e o escarnecedor às "questíunculas" que lhe são colocadas pelos jornalistas, não pode ser atribuída aos "mensageiros" que o confrontam com as más novas. Só pode atribuí-la a si próprio, às pessoas que escolheu para trabalharem consigo e ao facto de ter conscientemente optado por se fazer eleger presidente do PSD (não só mas sobretudo) com um discurso moralizador que - estamos cansados de assistir a isso - tem demasiadas vezes um efeito boomerangue.

O Expresso noticiou, no sábado, que o deputado José Silvano tem presença registada em pelo menos duas sessões plenárias na Assembleia da República em que não pôde com efeito ter participado pois acompanhava Rio em iniciativas partidárias. ​​​​​​O próprio o reconheceu, ao ponto de, como afirmou em comunicado enviado às redações anteontem, ter pedido aos serviços parlamentares que considerassem as duas situações como faltas injustificadas. Rui Rio desvalorizou o assunto, o tal que classificou como "questiúnculas" e, ontem, reafirmou a sua confiança em Silvano. Mas, entretanto, soube-se que o Ministério Público entendeu que há no caso elementos suficientes que lhe merecem atenção para "analisar". Não quer isto dizer, obviamente, que venha a haver matéria criminal. Mas naquele velho ditado, tão usado e abusado em circunstâncias semelhantes, "à mulher de César não lhe basta sê-lo"...

Por coincidência (que "las hay"), a Visão noticiou ontem que o Ministério Público está efetivamente a investigar as moradas que alguns deputados deram nos serviços da Assembleia da República para poderem receber subsídios de deslocação. O caso, recorde-se, envolve (entre outros) Feliciano Barreiras Duarte - sim, o antecessor de José Silvano.

Todo este caso merece a atenção do editorial do Público, e colunas de Opinião no Observador e no Eco.


OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...

José Sócrates e Armando Vara queriam chamar o juiz Carlos Alexandre como testemunha no âmbito da Operação Marquês. Mas Ivo Rosa, a quem cabe agora a instrução do processo, recusou. "Seria uma situação picante: no banco das testemunhas, Carlos Alexandre. Os dois juízes do Tribunal Central de Instrução Criminal frente a frente. O primeiro a interrogar o segundo. Os dois não têm qualquer tipo de relação pessoal para além do bom dia de circunstância e têm até visões antagónicas do que é o papel do juiz de instrução", escrevem os meus colegas do Expresso Micael Pereira e Rui Gustavo, num texto que pode ser lido na íntegra aqui. A notícia também consta da edição em papel do jornal i.

Hoje é o último dia da Web Summit e o Eco elenca-lhe os oradores que não pode perder. Mas se ainda não foi desta que teve oportunidade de passar por lá ou mesmo de perceber de vez do que trata o evento mais in da capital no momento, não se preocupe: ainda haverá web summits em Lisboa por mais dez anos. A feira de tecnologia custa ao país 11 milhões por ano (é o valor que pagamos a Paddy Cosgrove, o organizador) mas, segundo números oficiais, o investimento compensa: só a edição do ano passado terá gerado um impacto económico de 300 milhões. No dia de ontem, uma nota a mostrar que o futuro pode estar já aí à esquina, mas ainda não chegou: a já célebre robô Sophia deu uma conferência de imprensa; teve muitas perguntas mas dificuldades técnicas impediram-na de dar muitas respostas. O "contratempo" com a Sophia não demove quem tem a certeza que a inteligência artificial está a abrir novos horizontes para o cibercrime. A afirmação é de James Trainor, antigo responsável do FBI pela divisão de crime informático, ao Público.

Desde segunda-feira que os ministros estão a ir à Assembleia da República, um a um, discutir o Orçamento do Estado para 2019 com os deputados. Ontem esteve lá Manuel Heitor, ministro do Ensino Superior, que anunciou ter conseguido revitalizar junto da banca a linha de crédito para estudantes e que esta estará disponível já a partir da próxima semana. Esta tarde é a vez do responsável pela Administração Interna, Eduardo Cabrita. Se as contas gerais do Estado para o próximo ano é tema que lhe interessa mas ainda não percebeu muito bem o deve e o haver da coisa, o Expresso "faz-lhe um desenho". Ou, melhor dizendo, um vídeo em 2:59 minutos.

O juiz Rui Rangel, arguido na Operação Lex, continua suspenso de funções. A decisão foi tomada esta quarta-feira pelo Conselho Superior da Magistratura, após o Supremo Tribunal de Justiça ter declarado extinta aquela medida de coação (por ter sido atingido o prazo máximo).

Ontem, o Benfica empatou com o Ajax, em casa, em jogo para a Liga dos Campeões. A equipa portuguesa saiu para o intervalo a vencer (por 1-0) mas, como se escreve na Tribuna, "uma primeira parte não faz a primavera" e o jogo terminou com um resultado que dificulta muitíssimo a continuidade do Benfica na competição - que precisa de ganhar o próximo jogo se quiser passar aos oitavos de final. A registar ainda os incidentes no estádio entre adeptos do clube holandês e a PSP que provocaram dez feridos (oito deles policias).

Hoje, o Sporting vai até Londres enfrentar o Arsenal no quarto de seis jogos da fase de grupos da Liga Europa, depois de, há duas semanas, ter vindo a Alvalade vencer (por 1-0) a equipa então ainda treinada por José Peseiro. Tiago Fernandes, o técnico que substituiu interinamente o despedido Peseiro enquanto não chega o holandês Marcel Keiser, reconhece a dificuldade do desafio, que é transmitido na SIC, a partir das 20:00.

...E LÁ FORA

No rescaldo das eleições intercalares nos EUA, Donald Trump deu uma conferência de imprensa onde voltou a travar-se de razões com vários jornalistas, entre os quais o representante da CNN (entretanto expulso, "until further notice", da Casa Branca), Jim Acosta, a quem a assessora de imprensa do Presidente tentou mesmo tirar o microfone das mãos, enquanto Trump lhe dizia: "O senhor é rude, uma pessoa terrível". A CNN coligiu 64 frases notáveis do Presidente norte-americano, numa conferência de imprensa que a estação televisiva classificou como "de outro mundo".

Algumas horas antes, no primeiro ato político após saber que os republicanos perderam a maioria dos lugares no Congresso (embora a tenham reforçado no Senado), Trump concretizou uma ameaça antiga e "despediu" (ou forçou à resignação) Jeff Sessions, o seu attorney general (ministro da Justiça), que teimava em apoiar, contra a vontade do Presidente, a investigação do conselheiro especial Robert Mueller sobre as suspeitas de interferência da Rússia nas presidenciais norte-americanas de 2016. Sessions foi substituído pelo seu até aqui chefe de gabinete Matthew Whithaker, este, sim, um crítico da investigação à Rússia.

Quem encarou de outra forma toda esta agitação mediático-política foram os mercados de capitais: Wall Street fechou o dia de ontem a valorizar mais de 2%, em reação às eleições de meio do mandato que, no entender dos investidores, põem cobro à incerteza sobre o cenário político.

Na Venezuela, quase 12% da população está subalimentada. O país de Nicolás Maduro é o que tem maior número de pessoas subalimentadas em toda a América Latina: 3,7 milhões de cidadãos, segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

No Paquistão, Asia Bibi, cristã de 47 anos, presa desde os 39 à espera da execução da pena de morte a que tinha sido condenada pelo crime de blasfémia, foi finalmente libertada. Sabe-se que embarcou num avião, rumo a um destino desconhecido.

Termina hoje em Helsínquia a cimeira do Partido Popular Europeu. Esta manhã os partidos do centro direita europeu (entre os quais PSD e CDS) vão escolher (por voto secreto) entre Manfred Weber e Alexander Stubb para candidato à presidência da Comissão Europeia (voto secreto). O resultado será conhecido pela hora de almoço, seguindo-se uma conferência de imprensa do nomeado. Ontem, Rui Rio explicou por que votará em Weber; Assunção Cristas ainda não tinha decidido, conforme conta a Susana Frexes, correspondente do Expresso e da SIC em Bruxelas.

E por falar em Comissão Europeia, é já pelas 10h que os comissários Pierre Moscovici, responsável pelos Assuntos Económicos e Financeiros, Fiscalidade e União Aduaneira, e Valdis Dombrovskis, vice-presidente, responsável pelo Euro e o Diálogo Social, Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e União dos Mercados de Capital, anunciam as previsões económicas de outono.

AS MANCHETES DOS JORNAIS E REVISTAS 

"Portugal sem meios para proteger dados pessoais" (Jornal de Notícias)
"Gás: furos em Aljubarrota e Pombal ameaçam vestígios arqueológicos" (Público)
"Carlos Alexandre não vai ser testemunha de Sócrates" (i)
"Crime Grupo que promovia jogo online ilegal movimenta 80 milhões de euros" (Diário de Notícias - edição digital)
"rede de jogo ilegal dá golpe de 80 milhões" (Correio da Manhã)
"Chineses já contactaram Bruxelas por causa da OPA à EDP" (Jornal de Negócios)
"Como quer a sua canábis?" (Visão)
"Como poupar dinheiro a comprar e vender casa" (Sábado)
"Os senhores da angústia" (A Bola)
"Luz perde pachorra" (Record)
"Águia larga vitória" (O Jogo)

O QUE ANDO A LER E A VER 

Um livro de 2012 que não perdeu atualidade, pelo contrário: "A Civilização do Espectáculo", de Mário Vargas Llosa, é sobre esta sociedade que promove (para não dizer que idolatra) o imediatismo, a frivolidade, a superficialidade. O autor traça um implacável retrato de "um mundo onde o primeiro lugar na tabela de valores vigente é ocupado pelo entretenimento e onde divertir-se, fugir ao aborrecimento, é a paixão universal". Não teria mal nenhum, acrescenta Vargas Llosa, não fosse o "converter essa propensão natural para passar uns bons momentos num valor supremo" ter outras consequências: "A banalização da cultura, a generalização da frivolidade e, no campo da informação, que prolifere o jornalismo irresponsável da bisbilhotice e do escândalo". Parece (e é) um bocadinho snob mas põe o dedo em feridas que doem a qualquer um e, por maioria de razão, aos jornalistas conscientes da responsabilidade do seu ofício.

Outro livro cativou-me às primeiras frases do primeiro capítulo: "Houve um tempo em que os políticos eram grandes oradores. No último século, essa arte decaiu espectacularmente. De entre as disciplinas mais insuspeitas, o rock & roll é uma das poucas que sobram onde um indivíduo (ou um grupo) pode ter uma grande audiência na palma da mão e controlar uma multidão de milhares de pessoas com a sua voz". Ao escrever isto, a autora, a jornalista britânica Lesley-Ann Jones, estava a pensar num nome em concreto e num momento em particular: Freddie Mercury a moldar, como se de plasticina se tratasse, a mole de milhares que enchia o estádio de Wembley na tarde de 13 de julho de 1985, durante o concerto solidário Live Aid. "Freddie Mercury, a biografia definitiva" data de 2011: já havia facebook (desde 2004), mas o twitter (2006), o whatsapp (2009) e o instagram (2010) ainda não se tinham generalizado e, sobretudo, ainda não tinham sido descobertos pelos políticos que, na falta dos outrora indispensáveis dotes oratórios, encontraram nas redes sociais improváveis mas eficientíssimos substitutos para "fazer chegar a sua mensagem" (um eufemismo para "manipular") às massas. Se fosse hoje, Lesley começaria o livro da mesma maneira? Provavelmente, não.

Nada que retire mérito, porém, ao "the one and only" Freddie Mercury (nascido Farouk Bulsara). Agarrei-me à sua biografia (que já morava há algum tempo lá em casa) no passado fim-de-semana, depois de ter ido ao cinema ver "Bohemian Rhapsody", o biopic sobre a banda britânica Queen e o seu inigualável vocalista. Os fãs saem do filme de barriga cheia, os amantes de cinema relevam os clichés, os indefectíveis do rigor histórico não perdoam a torção (que a há e não é pequena) de alguns factos. Eu, que tinha 17 anos no verão do Live Aid e continuo a achar que não voltou a haver no mundo da pop outra voz tão poderosa como a de Mercury, atenho-me à convincente recriação do quarteto por Rami Malek (um Freddie quase perfeito), Gwilym Lee (Brian May), Joseph Mazzello (John Deacon) e Ben Hardy (Roger Taylor) e ao espectáculo que foi ter os Queen de volta (no écran gigante e com o som magnífico do imax), ainda que por ilusórias duas horas e pouco. Foi "a kind of magic"... E não é essa uma das mais nobres "funções" do cinema? Ainda está nas salas mas, infelizmente, já não em imax.

Um clássico nos meus Curtos: amanhã vou ao teatro. Desta feita ao Centro Cultural de Belém para assistir à estreia de Mapa Mundi, uma peça de Joana Craveiro escrita para (e, de certa forma, pelo) o elenco da Companhia Maior. Não me canso de elogiar este bem sucedido projeto, que nasceu em 2010 e é composto exclusivamente por atores maiores de 60 anos, que sobem a palco com uma produção anual, sempre pela mão de um encenador diferente. Depois de Tiago Rodrigues, Clara Andermacht ou Mónica Calle, entre outros, chegou a vez de Joana Craveiro. Construiu um texto "a partir de memórias, impressões da realidade, e geografias várias físicas e emocionais" dos atores e assim concebeu um espetáculo que, lê-se na sinopse, "pretende celebrar as vidas ricas e profundas dos artistas da companhia". Uma justificada homenagem que faria sempre sentido mas faz ainda mais quando a estreia ocorre precisamente uma semana depois da morte, aos 82 anos, de Vítor Lopes, um dos membros fundadores e um dos seus mais talentosos (e multifacetados) artistas. Mapa Mundi terá quatro representações, de amanhã a segunda-feira.

E com esta sugestão termino. Tenha um dia bom e, não menos importante, bem informado.

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