segunda-feira, 5 de março de 2018

DEMOCRACIAS "CONSOLIDADAS"

«O relatório do Comité de Prevenção da Tortura do Conselho da Europa sobre Portugal, em particular sobre o comportamento das autoridades policiais e a atuação do Governo relativamente aos fenómenos de violência policial, de que somos o pior caso na Europa Ocidental, e os abusos praticados contra os afrodescendentes e os estrangeiros, foi divulgado numa semana que fechará com umas eleições italianas no centro das quais está o avanço do racismo. Estes dois casos relançam a discussão sobre a qualidade da democracia, da nossa e daquelas às quais, com pouquíssima seriedade intelectual, se tem chamado "democracias consolidadas". 

Desde o 11 de Setembro, assistimos à escala internacional a um processo de transição autoritária em que, a pretexto da segurança e da "guerra contra o terror", se abrem duas etapas: na 1.ª, excluem-se os outros (imigrantes, refugiados, minorias étnicas) do âmbito de reconhecimento da cidadania democrática, empurrados para o limbo do arbítrio do Estado e dos poderosos; numa 2.ª etapa, caminha-se inevitavelmente para a ampliação do arbítrio para as áreas de atividade social, política e cultural de todos aqueles que se oponham à nova ordem securitária, sujeitando-os a regras de controlo típicas das ditaduras mas sem nunca se prescindir da aparência de democracia.

Vamos a alguns exemplos europeus. Bem antes dos atentados de 2015, a França equipou-se em 2008 com legislação que permite prorrogar a detenção para lá da pena a pretexto da "perigosidade" do detido. Em Portugal, "medidas de segurança" desta natureza existiam sob a ditadura e eram geridas pela PIDE. Submetida a um estado de emergência desde 2015, que Macron decidiu "legalizar" transpondo para a lei comum muitas das normas excecionais previstas naquele, limitou-se a liberdade de informação e de manifestação e sucedem-se os abusos praticados pelos serviços de informações e pelas polícias, que afetam os suspeitos de terrorismo ou de "colaboração" ou "auxílio" em atos como tal designados, mas também ativistas sociais e políticos, jornalistas, cidadãos de todo o tipo. Em 2015, o Governo francês acionou o art. 15.º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem que permite a um Estado aderente cessar a aplicação da convenção "em caso de guerra ou de outro perigo público que ameace a vida da nação", juntando-se a um grupo de bons exemplos, como a Albânia, a Geórgia, o Reino Unido, a Ucrânia ou a Turquia de Erdogan (a qual, aliás, só o fez sete meses depois da França).

É ao abrigo deste estado de emergência tornado regra, desta normalização da exceção, que temos vindo a assistir em algumas das chamadas democracias "consolidadas" à criminalização da opinião, do humor e de manifestações artísticas. Exatamente como em qualquer ditadura. A Espanha é das recordistas de abusos neste campo — para já não falar da prisão dos independentistas catalães. O último dos exemplos é o do rapperespanhol Valtònyc, detido em 2012 pelos crimes de "apologia do terrorismo e do ódio ideológico", "incitação à violência" e "injúrias" ao rei de Espanha deduzidos das letras das suas músicas. Em 2017 foi condenado a 3,5 anos de cadeia, que, depois de recurso, acabam de ser confirmados há uma semana pelo Tribunal Supremo. Que no meio disto Rajoy tenha marchado nas ruas de Paris sob o lema de Je suis Charlie diz tudo da sinceridade dos princípios democráticos de algumas das democracias "consolidadas"...

Vive-se por todo o Ocidente um ambiente generalizado de paranóia controladora que, desjudicializando o controlo dos processos de vigilância que, por definição, deveriam ser muito restritos, viola descaradamente os direitos dos cidadãos, promove o "Estado securitário dentro do Estado", "institucionaliza o arbítrio" e torna a democracia um puro simulacro. Como diz William Bourdon (Les dérives de l'état d'urgence, 2017), pretende-se fazer crer aos cidadãos "que as liberdades estão mais bem protegidas se a elas renunciarmos". Toda esta ambiência autoritária tem sido sacudida pelo discurso político e mediático dominante para cima de Erdogan, de Putin ou de Maduro mas nunca aparece descrita para países como a França ou a Espanha, raramente os EUA. É como se a "democracia iliberal" de que há anos fala o tão elogiado Fareed Zakaria se limitasse a parceiros menores na Europa pós-comunista (Hungria, Polónia, Eslováquia...) e não se tivesse instalado no coração das democracias que se julgam "consolidadas".»

Governo timorense amplia prazo para empresas aderirem ao regime da Segurança Social

Díli, 05 mar (Lusa) - O Governo timorense aprovou hoje uma ampliação do prazo para as empresas aderirem ao regime da Segurança Social sem que sofram multas ou coimas, prevendo bonificações para as empresas que já o fizeram, anunciou o executivo.

A decisão, tomada na reunião de hoje do Conselho de Ministros, baseia-se numa recomendação da ministra da Solidariedade Social, Florentina Smith, que pretende responder assim à preocupação de várias empresas no que toca ao cumprimento dos prazos.

"Por se tratar de uma reforma política nova em Timor-Leste e consideradas as dificuldades apresentadas pelas empresas para o cumprimento atempado das suas obrigações legais, torna-se necessário aprovar um diploma legislativo que proteja as carreiras contributivas e os direitos dos trabalhadores, e simultaneamente apoie e incentive as entidades empregadoras nesta fase inicial de adesão ao regime", explica o Governo em comunicado.

Em concreto, as empresas com mais de 100 trabalhadores terão até 30 de junho deste ano para regularizar a sua situação e as entidades com 100 ou menos empregados podem fazê-lo até 30 de outubro, "beneficiando de isenção de coimas e juros de mora".

Para reconhecer as empresas que cumpriram os prazos iniciais e fizeram a sua inscrição e pagamentos, o Governo permite que escolham entre "receber uma bonificação de um ponto percentual na taxa contributiva a partir de fevereiro de 2018 por um período de dois anos" ou "suspender as respetivas inscrições atendendo ao novo prazo, sem prejuízo da contagem na carreira contributiva dos seus trabalhadores".

Até janeiro, cerca de 75 mil trabalhadores timorenses, dos quais aproximadamente 30 mil do setor privado, já se tinham registado no sistema de Segurança Social de Timor-Leste, que arrancou formalmente no ano passado.

Aida Mota, diretora da Segurança Social em Timor-Leste, explicou que até outubro, o prazo inicialmente dado, já se tinham registado cerca de 95 empresas com mais de 100 trabalhadores.

Além de 34 mil funcionários públicos, quatro mil agentes policiais e cerca de dois mil militares, estão ainda registados os contratados temporários do Estado e aproximadamente 30 mil trabalhadores do setor privado.

Os próprios funcionários da Segurança Social já começaram a registar alguns dos trabalhadores domésticos, num esforço para incluir no sistema parte do trabalho informal do país, o que abrange mais trabalhadores.

O novo regime contributivo da Segurança Social e o primeiro orçamento da Segurança Social foram aprovados no final de 2016. O regime prevê a aplicação de uma taxa global contributiva de 10% do valor da base de incidência contributiva (salário, mais 13.º mês e demais complementos permanentes mensais), sendo que 6% são pagos pela empresa e 4% pelo trabalhador.

Para os trabalhadores por conta de outrem, a grande maioria em Timor-Leste, cabe à entidade empregadora inscrever os funcionários, fazer a retenção na fonte e pagar mensalmente à Segurança Social.

Isso implica, na prática, que deve ser feita, todos os meses, uma declaração de remunerações para a Segurança Social que emite uma guia de pagamento, tendo o empregador que pagar as contribuições em dinheiro ou por transferência bancária até ao dia 20 do mês seguinte.

ASP // VM

Festival Literário de Macau cancela convites a escritores por temer que sejam barrados à entrada

Macau, China, 05 mar (Lusa) - A organização do Festival Literário de Macau cancelaram os convites a escritores por temerem que sejam barrados à entrada, mas as autoridades de segurança pública afirmaram à Lusa desconhecer a situação.

"Fomos informados oficiosamente de que não era oportuna a vinda de três escritores convidados ao território, não estando assegurada a sua entrada em Macau", afirmou o diretor de programação do festival, em contacto telefónico.

Hélder Beja referia-se ao antigo agente dos serviços secretos norte-americanos (CIA) James Church, à sino-britânica Jung Chang e à coreana-norte-americana Suki Kim.

Confrontadas com estas declarações, as autoridades de segurança pública de Macau disseram à Lusa: "Desconhecemos essa informação".

"Nestas condições, não quisemos colocar os escritores na situação de não conseguirem entrar em Macau e decidimos cancelar o convite", disse Hélder Beja.
Jung Chang é a autora de "Cisnes Selvagens-Três filhas da China", traduzido em mais de 40 idiomas, Suki Kim passou seis meses infiltrada na Coreia do Norte, e James Church é escritor de romances policiais.

Além destes três escritores, também a dissidente e ativista dos direitos humanos norte-coreana Hyeonseo Lee, que fugiu da Coreia do Norte em 1997, com 17 anos, cancelou a presença no Festival Literário de Macau--Rota das Letras, "por motivos de ordem pessoal", de acordo com um comunicado da organização, divulgado previamente.

O Festival Literário de Macau foi fundado em 2012 pelo jornal em língua portuguesa Ponto Final.

EJ // VM

Governo chinês avisa Macau para evitar sentimentos separatistas

Macau, China, 05 mar (Lusa) - O subdiretor do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau avisou que o território se deve manter vigilante para evitar sentimentos separatistas, noticiou hoje a Rádio Macau.

"Macau tem sido um bom exemplo da implementação da Lei Básica e do princípio 'Um País, Dois Sistemas' e o resultado é evidente, em especial, na prevenção de quaisquer possíveis condutas de secessão. Por isso, a promoção da independência existente em Hong Kong não ocorre em Macau. Macau merece a minha aprovação total", afirmou Chen Si Xi.

Na declaração, em chinês, transmitida pela TDM--Canal Macau, o subdiretor do Gabinete de Ligação alertou que "algumas forças externas" estão "a tentar trazer o sentimento pró-independência para Macau".

"Apesar de a situação em Macau ser relativamente calma, Macau não deve baixar a guarda e deve manter-se sempre vigilante para suprimir qualquer sentimento pró-independência, a todo o momento", acrescentou o responsável.

EJ // VM

Moçambique | A PROCISSÃO JÁ VAI NO ADRO


@Verdade | Editorial

Como já era de se esperar arrancaram, na quarta-feira (28), os trabalhos da VII Sessão Ordinária da VIII Legislatura da Assembleia da República (AR). Mas pouco importa o início dos trabalhos, até porque os moçambicanos já estão habituados que não se pode esperar grande coisa dos pseudos representantes do povo que se cravaram no Parlamento moçambicano.

Enquanto o Presidente da República, Filipe Nyusi, encontra-se ajoelhado e de mãos estendidas para o Governo Suíço, na expectativa de que aquele Governo esqueça-se das dívidas ocultas ilegais contraídas pelo Governo inconsequente e corrupto da Frelimo e volte a apoiar o Orçamento de Estado, a presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo, prossegue com o seu papel de legitimadora das vontades do partido Frelimo e do respectivo presidente.

Durante a a abertura da sessão, Macamo, com aquele seu ar característico de mera funcionária pública roboticamente preparada para dizer “sim” a tudo, pelou aos deputados das três bancadas parlamentares para que discutam a proposta de descentralização, submetido pelo Chefe do Estado com ponderação. É, indubitavelmente, irónico, ouvir tamanha estupidez e falta de bom senso. No entender da presidente da AR, a proposta do estadista moçambicano e do seu amigo Afonso Dhlakama elenca inovações na governação do país e abre perspectivas para uma paz efectiva.

É, sem dúvidas, hilariante esta visão, pois é sabido que a proposta não passa de um acordo de amigos que será forçosamente legitimada por duas bancadas que já se movimentam, qual orquestra harmónica, na Assembleia da República, para defenderem os interesses (leia-se caprichos) não explicados dos seus respectivos chefes.

Ao longo das suas intervenções, a Frelimo e a Renamo não esconderam as suas intenções no que diz respeito a aprovação do consenso conseguido em silêncio entre Nyusi e Dhlakama, numa clara união entre os beligerantes. Na verdade, esse facto mostra que há muito que as bancadas parlamentares da Frelimo e Renamo que abandonaram a sua responsabilidade de resguardar os legítimos interesses de um povo que é forçado a viver à intempérie, na mais desgrenhada miséria.

Portanto, tanto a turma dos “camaradas”, assim como a “perdiz”, vai deliberdamente ignorar os aspectos jurídicos e ambos irão aprovar a alteração da Constituição da República para acomodar o acordo que é, na verdade, um retrocesso no que diz respeito à consolidação da democracia no país.

Angola | POLÍCIA TRAVA MARCHA DE EX-FUNCIONÁRIOS DA CASA DE SEGURANÇA


Ex-funcionários da Casa de Segurança do Presidente da República realizaram hoje, em Luanda, uma marcha pacífica, pedindo o pagamento das indemnizações decidida em tribunal em 2012 e que continuam por concretizar.

A concentração, que teve início na manhã de hoje no centro de Luanda, tinha como destino a Cidade Alta, zona onde se encontra o Palácio Presidencial, contudo, o grupo acompanhado pela polícia, foi travado no Ministério da Defesa, local de acesso ao Palácio.

Em declarações antes da partida, o porta-voz do grupo, Mário Faustino, disse que o objectivo era dar a conhecer ao Presidente da República, João Lourenço, o “sofrimento e as dificuldades” por que está a passar aquele grupo de 3.800 ex-trabalhadores da Casa de Segurança do Presidente da República, no tempo em que ainda era Presidente de Angola José Eduardo dos Santos.

“Vamos fazer essa marcha até ao Palácio, mas sem vandalismo, vamos parar com palavras de ordem para que sejamos ouvidos. Nós só estamos a ir para darmos o grito de clamor junto do Presidente da República. Nós estamos cansados, já não temos a quem recorrer”, disse.

Segundo Mário Faustino, o grupo apenas iria abandonar o local com um pronunciamento de alguma autoridade.

Mário Faustino referiu que depois de o ministro de Estado e chefe da Casa de segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião, ter garantido, em Janeiro, que iria resolver a situação dos ex-trabalhadores, houve alguma esperança para o caso, que se arrasta desde 2012.

“Nós criámos essa confiança, porque era o ministro de Estado e chefe da casa de segurança. Depois disso, ele abordou isso na rádio nacional ou na imprensa pública, os colegas de algumas províncias ouviram, deslocaram-se a Luanda, tiveram que se endividar para chegar até aqui a Luanda, porque estavam confiantes de que poderiam regressar com o seu dinheiro, mas até à data presente a casa militar remeteu-se ao silêncio”, lamentou.

Mário Faustino disse que decidiram voltar a convocar a marcha, para hoje, para pedir “ajuda ao próprio Presidente da República, para rever essa situação, porque são oito anos de sofrimento que essa população vive”.

“Tenho colegas que morrem, têm famílias a padecerem, tenho colegas aqui que nem conseguiram matricular os filhos por falta de condições, tenho colegas que na casa de renda foram enxotados, foram abandonados à sua sorte”, frisou.

O caso envolve antigos trabalhadores de três empresas criadas pelo ex-Presidente José Eduardo dos Santos, a Brigada Especial de Limpeza, Brigada Especial de Construções Militares e Unidade da Guarda Presidencial.

Aqueles trabalhadores dizem que a Casa de Segurança deveria disponibilizar para estas forças indemnizações 8.296 milhões de kwanzas (33 milhões de euros), mas um novo mapa apresentado pela entidade patronal prevê apenas 312 milhões de kwanzas (1,2 milhões de euros) para o pagamento de todo o pessoal.

Lusa | em Folha 8 | Foto de arquivo DW

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ANGOLA | Isabel dos Santos: "O presidente da Sonangol é um mentiroso"


Na primeira entrevista a um jornal português, a empresária angolana admite que não esperava ser logo exonerada pelo presidente de Angola, João Lourenço. Fala das denúncias feitas pelo atual presidente da petrolífera, Carlos Saturnino, à sua gestão na Sonangol. "É um mentiroso", acusa

A empresária angolana Isabel dos Santos vai apresentar uma queixa-crime contra o presidente da Sonangol, Carlos Saturnino, pelas "afirmações e alegações difamatórias" quanto à gestão da empresa petrolífera angolana.

Em entrevista ao jornal Negócios, a ex-presidente do conselho de administração da Sonangol classificou de "normal" o facto da Procuradoria-Geral da República de Angola, ter aberto um inquérito, na sequência das denúncias à sua gestão na petrolífera.

As declarações de Isabel dos Santos surgem na sequência das acusações feitas pelo seu sucessor, Carlos Saturnino, na conferência de imprensa realizada a 28 de fevereiro sobre o estado atual da Sonangol, no âmbito dos 42 anos de existência da companhia.

Nessa conferência de imprensa, Carlos Saturnino acusou a antiga administração de ter realizado uma transferência de 38 milhões de dólares já após ter sido exonerada, denúncia que já levou a Procuradoria-Geral da República a abrir um inquérito.

"Fiquei muito dececionada com a conferência de imprensa. Estava à espera que falasse do futuro da Sonangol e dos resultados que se tinha conseguido atingir para, no fundo, perceber as soluções, mas em vez disso lançou-se num ataque direto ao antigo conselho de administração e à minha pessoa em particular. Vou apresentar uma queixa-crime. Estou neste momento a trabalhar com advogados nesse sentido e apresentarei essa queixa em função das afirmações e alegações que foram feitas. São difamatórias. Sem dúvida", disse.

Na entrevista ao económico, Isabel dos Santos diz que as acusações de Carlos Saturnino são "completamente infundadas" e disse estar "confortável" com o inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República de Angola.

"Estou completamente confortável com o procedimento em si. Acho que é bem-vindo. Agora, foi com muito espanto que acompanhei as declarações feitas na conferência de imprensa. As palavras do presidente do conselho de administração atual, Carlos Saturnino, para mim, foram chocantes. Faltaram imenso à verdade", salientou.

De acordo com a empresária angolana, as palavras de Carlos Saturnino "faltaram à verdade de forma completa e total", salientando que os factos "são simples e facilmente verificáveis". "É um mentiroso", acusou a filha do antigo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.

"Uma das afirmações era a de que poderiam existir instruções que teriam ocorrido após a minha cessão de funções como presidente da Sonangol. Isso é falso. Não houve da minha parte nem de qualquer outro membro do conselho de administração alguma que tenha sido dada após a nossa cessão de funções e não houve qualquer pagamento vindo do nosso lado. Isto é uma informação falsa e tendenciosa de Carlos Saturnino que visa apenas confundir a opinião pública e denegrir o meu bom nome", disse.

Na entrevista ao Negócios, Isabel dos Santos diz que não esperava ser logo exonerada pelo Presidente de Angola, João Lourenço, salientando que "há uma campanha política forte contra o governo anterior".

Isabel dos Santos considerou que os "ataques à sua gestão na Sonangol visam, em última instância, demonstrar que as decisões tomadas pelo Executivo anterior, liderado pelo seu pai, José Eduardo dos Santos, 'foram erradas'".

A empresária considera que as notícias menos positivas envolvendo o seu nome refletem nos seus negócios " de uma forma negativa". "O propósito dessa campanha é exatamente esse, o de atingir a minha reputação. Sou empresária, tenho vários investimentos e a minha reputação é o meu capital. Esta campanha tem o objetivo de me afetar pessoalmente e também os meus negócios", considerou.

Isabel dos Santos foi presidente do conselho de administração da Sonangol entre junho de 2016 e novembro de 2017, até ser exonerada pelo novo Presidente da República, João Lourenço, que colocou Carlos Saturnino na liderança da petrolífera.
A empresária angolana disse ainda na entrevista ao Negócios que quer continuar a investir em Portugal. "Gosto muito de Portugal, é um país que descobri relativamente tarde. Vim para cá como visitante e gostei. Tenho parceiros em quem confio e gostaria de continuar a investir em Portugal".

Na entrevista, Isabel dos Santos adiantou que "gostava que a Efacec fosse líder na mobilidade elétrica".

A empresária já fechou o capítulo do BPI, de onde saiu depois de um braço-de-ferro com o Caixabank e diz que tem uma "parceria sólida" com aquele banco em Angola.

Diário de Notícias / Lusa

Foto: REUTERS/TOBY MELVILLE/FILE PHOTO

PORTUGAL | O CDS está onde estão os votos

Paulo Tavares | Diário de Notícias | opinião

Se há algo que podemos ter como certo na política nacional é a concorrência eleitoral entre PSD e CDS, muito mais aguerrida, aliás, do que entre o PS e os seus agora parceiros e ex-opositores à esquerda. Quando uns conseguem maioria absoluta, outros arrumam-se num táxi e o movimento contrário, muito menos acentuado, também existe.

Outra garantia, bem mais recente - tem pouco mais de uma semana -, é que Rui Rio vai ter uma tarefa muito mais pesada do que seria de esperar para arrumar a casa e ter o PSD na mão. Por muitas catarses que Negrão vá fazendo nos próximos tempos com os seus pares, o ambiente continuará pesado na bancada e a eficácia na oposição não será a ideal.

Dito isto, e lembrando que mais mês menos mês entramos em pré-campanha para as legislativas do próximo ano, e que pelo caminho há o aquecimento com as europeias, pode estar a criar-se o ecossistema ideal para assistirmos a um CDS verdadeiramente concorrencial. Na entrevista que Nuno Magalhães dá hoje ao DN, a uma semana do congresso de Lamego, é curioso ler os cuidados do líder parlamentar do CDS ao tentar definir o posicionamento ideológico do partido dele. É um partido de centro-direita, mas isso de direita e esquerda já teve melhores dias, não tem problemas em dizer que é de direita, liberal, mas também conservador, e democrata-cristão. Só lhe faltou dizer que o CDS também era de centro-esquerda... Compreende-se o cuidado. O CDS sabe que está a caminho de um ciclo eleitoral decisivo, no qual pode, talvez como nunca, capitalizar votos ao centro.

Assunção Cristas e Nuno Magalhães, claro, sabem bem que não é líquido que Rui Rio consiga recuperar, em pouco mais de ano e meio, as faixas do tradicional eleitorado do PSD que Passos-que-se-lixem-as-eleições-e-fui-expoliado-do-governo-Coelho alienou nos últimos anos. Há no mercado eleitoral um significativo conjunto de votos, de eleitores que jamais votarão PS, à mercê de Cristas se Rio não os conseguir convencer das qualidades do "novo" PSD. São esses votos que acentuam pot-pourri ideológico do CDS e que justificam a aposta em temas sociais e de soberania - permitem alargar a audiência. Esperam-nos tempos interessantes...

VENTOS SEMEADOS | Revisão da matéria dada

Jorge Rocha* | opinião

Dos assuntos preteridos por outros afazeres, mas que merecem que a eles volte por serem significativos do sucedido ao longo da semana avultam três, sobre que passo a opinar sinteticamente:

- a entrevista ao antigo Procurador Geral da República Pinto Monteiro foi silenciada pelos que o detestam e temem ver alterado o estado de coisas, que ele denuncia. Mormente que o Sindicato dos Magistrados - cuja existência poucos entendem por representar os que pretendem ser órgão de soberania! - atua ilegitimamente junto de quem tutela os seus «associados» para que sejam estes a tomar de assalto a condução de todo o poder judicial e, por arrasto, o do executivo e do legislativo. Olhando-se além-fronteiras, nomeadamente para a Itália e para o Brasil, e quais foram as consequências práticas de ver juízes a quererem impor-se ao poder político, importa que os partidos se concertem para cortar cerce as cabeças de uma hidra ansiosa por alcançar a ambicionada ditadura judicial.

- a nota emitida pela Presidência da República a propósito da morte do coronel Varela Gomes confirma o que já sabíamos: é difícil a Marcelo deixar de ser quem é, ou seja, um filho e afilhado de fascistas. Chamar ditadura constitucionalizada ao salazarismo constitui uma tentativa de branquear o que não tem qualquer merecimento de perdão. E não invocar sequer a importância dos combates corajosos do antifascista agora desaparecido nos combates pela Liberdade e pela Democracia só revela a sua coincidência íntima  com o CDS, partido que contrariou o voto de pesar maioritário da Assembleia da República, mostrando-se coerente com a sua essência. Mas se Assunção Cristas e os seus comparsas julgavam, assim, enobrecer-se com a condenação da memória de Varela Gomes, bem se enganaram. Seria o coronel a ser amesquinhado se os herdeiros daqueles que sempre combateu viessem agora carpir lágrimas de crocodilo em sua intenção. Quarenta e quatro anos depois da Revolução de Abril não há que enganar: os fascistas do passado continuam a sê-lo inequivocamente no presente. E têm de ser incessantemente denunciados, neutralizados…

- a dissociação do CDS da democracia-cristã é só a concretização da mudança nele operada por Paulo Portas. Esquecida a doutrina social da Igreja, que a própria parece fadada a esquecer tendo em conta a versão assistencialista, que gostaria de imprimir à sua ação junto dos mais pobres, escusando-se de por eles se bater politicamente de acordo com o concretizado por alguns dos seus mais prestigiados «principes » (de que parece apenas restar D. Januário Torgal!), temos o partido dos herdeiros do salazarismo a assumir-se como aquilo que é: a correia de transmissão dos interesses dos novos candidatos a Donos Disto Tudo por intermédio dos grandes escritórios de advogados, onde peroram os Lobos Xavieres, os Paulos Núncios e outros que tais.

Os três temas aqui sumariamente abordados denotam a evidência do atual momento político: na luta de classes em ebulição por causa das desigualdades, que as instituições europeias continuam a considerar exageradas em relação ao padrão médio verificado no resto da União Europeia, os desfavorecidos têm poucos a apoiá-los no seu lado da barricada, porque do outro estão os juízes, os procuradores, o Presidente da República, os partidos das direitas e, sobretudo, quem a todos eles transforma em marionetas agitadas mais ou menos freneticamente na defesa da exigência a abocanhar o melhor quinhão da riqueza nacional deixando aos demais umas meras migalhas...

Publicada por jorge rocha em Ventos Semeados

PORTUGAL | Valorizar os trabalhadores, prioridade nos combates deste tempo


PCP assinala 97 anos de existência

No comício comemorativo do 97.º aniversário do PCP, Jerónimo de Sousa destacou a figura e o legado de Karl Marx, em ano de bicentenário do seu nascimento, e deu particular ênfase às propostas que o PCP tem apresentado para valorizar o trabalho e os trabalhadores.

«Comemorar 97 anos de vida do Partido é assinalar e recordar a luta do nosso povo contra o fascismo, pela liberdade, a revolução de Abril e as suas conquistas, mas também a luta em sua defesa num combate sem tréguas contra a política de direita, de recuperação capitalista e monopolista protagonizada por PS, PSD e CDS-PP», disse o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, quase no início da sua intervenção no comício que hoje teve lugar na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa.

No seu discurso, Jerónimo de Sousa fez questão de homenagear «essa figura excepcional do movimento operário internacional que é Karl Marx», cujo bicentenário do nascimento os comunistas estão a assinalar este ano sob o lema «Legado, Intervenção, Luta. Transformar o Mundo».

Tal homenagem justifica-se, entre outros motivos, pela «elaboração científica», em conjunto com Engels, de «uma nova concepção do mundo, materialista e dialéctica, apontada à efectiva libertação da Humanidade de todas as formas de exploração e opressão», disse.

«O património teórico que a prodigiosa actividade científica e revolucionária de Marx legou à Humanidade não é algo de intemporal e acabado, mas ponto de partida para novos aprofundamentos e novos desenvolvimentos no conhecimento e na resposta às realidades de um sistema assente na exploração capitalista», frisou Jerónimo de Sousa, acrescentando que tal património «resistiu à erosão do tempo e se afirmou como a mais poderosa arma de transformação social emancipadora».

Valorizar trabalho e trabalhadores: prioridade do tempo presente

Outro aspecto a que Jerónimo de Sousa deu destaque na sua intervenção são as iniciativas, que o PCP tem vindo a apresentar, «com propostas muito concretas de reposição de direitos e rendimentos injustamente usurpados».

No entanto – criticou –, estas «tardam a ser concretizadas» e «enfrentam uma inaceitável resistência por parte do PS e do seu governo». Essa «resistência» ficou «bem patente na recusa no mês passado do projecto de lei do PCP que visava a reposição do pagamento do trabalho extraordinário e o trabalho em dia feriado», disse.

Nessa resistência, «PSD e CDS marcaram presença ao lado do PS no chumbo» à proposta dos comunistas, «tal como já o haviam feito conjuntamente no passado recente inviabilizando a reposição de direitos fundamentais dos trabalhadores na legislação laboral» – «posição que evidencia o compromisso de classe de uns e outros com o grande patronato», denunciou Jerónimo de Sousa.

Lamentando que o PS não descole das «orientações que estiveram presentes nos últimos anos (…) de desregulação laboral e de liquidação dos direitos do trabalho e de rebaixamento dos salários», e que foram «aplicadas por governos do PSD e do CDS, mas também do PS», o secretário-geral do PCP defendeu que as propostas apresentadas pelo seu partido «são viáveis e correspondem a justas e sentidas aspirações dos trabalhadores».

Entre outros aspectos nelas contidos, referiu-se aos 25 dias úteis como duração mínima do período anual de férias para todos os trabalhadores; à revogação dos mecanismos de adaptabilidade individual, do banco de horas individual e de outras formas de desregulação de horários; à reposição do princípio do tratamento mais favorável e à proibição da caducidade dos contratos colectivos; ao combate à precariedade e à revogação das normas da Lei de Trabalho em Funções Públicas.

Jerónimo de Sousa garantiu o empenho e a determinação do PCP neste «combate». É que «não basta fazer crescer a economia. É preciso que ela seja colocada ao serviço de todos e da elevação da qualidade de vida de todos os portugueses que trabalham», sublinhou.

Foto: No comício comemorativo dos 97 anos do PCP, Jerónimo de Sousa afirmou que «não basta fazer crescer a economia, é preciso colocá-la ao serviço da elevação da qualidade de vida de todos os portugueses que trabalham»CréditosManuel de Almeida / Agência LUSA

FORMAR MENTIROSOS E SACANAS | Nova profissão de Passos agita debate público


Vozes pró e contra surgem nas redes sociais a comentar a contratação do ex-primeiro-ministro pelo ISCSP.

A notícia de que Passos Coelho, agora fora da política ativa, vai dar aulas no ISCSP (Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas) de Lisboa tem provocado um intenso debate nas redes sociais. Surgiram vozes criticando o estatuto docente que foi dado ao ex-líder do PSD (professor catedrático convidado) e outras defendendo-o, bem como o ISCSP (cujo reitor, Manuel Meirinho, foi eleito deputado pelo PSD nas legislativas de 2011).

Uma das vozes mais críticas foi a da historiadora Raquel Varela. No Facebook, escreveu que o ex-primeiro-ministro e ex-líder do PSD "conseguiu, pago pelos nossos impostos, destruir os serviços públicos, que já não existem com qualidade mas que continuamos a pagar". Agora "acaba a dar aulas numa universidade pública, paga por nós, onde vai ensinar a outros como continuar a destruir serviços públicos, que continuaremos a pagar, mesmo quando já não existirem. O Estado é deles. Merece o lugar de catedrático. Quem não o conseguiu parar é que deve lamentar". Portanto, "Passos foi de Massamá ao Restelo a cavalo na vida política pública."

Outro historiador, Rui Bebiano, da Universidade de Coimbra, escreveu que "nada" tem "contra a possibilidade de um ex-governante lecionar numa universidade" e isto "independentemente das suas escolhas políticas". Mas "no caso agora em apreço, sem formação, mérito ou reconhecimento não faz sentido, a não ser por nepotismo, o convite dirigido pelo ISCSP a Passos Coelho". "É uma desonra para uma escola pública, e uma afronta para quem, no sistema universitário, tanto dá ao longo da vida subindo custosamente a pulso, ou nem sequer o consegue fazer devido ao rigoroso limite de vagas".

Na polémica, Passos foi defendida por deputados do seu partido mas também por um do PS. "A experiência de um ex-primeiro-ministro, qualquer que seja, é única e valiosa" e "por isso são disputados pelas melhores universidades dos seus países", escreveu Sérgio Sousa Pinto. No caso concreto, trata-se de "testemunha privilegiada e ator de um período crítico da vida nacional - a avaliação que fazemos dele não é para aqui chamada" que "decidiu dar aulas" quando "podia ter sido cooptado pelos "donos disto tudo", como consultor, lobista ou ornamento. E assim "a pátria, chocada, vomita insultos", com "meia dúzia de pessoal menor da Academia, devidamente encartada de títulos e graus" a " inchar de indignação".

Já Nuno Garoupa, professor de Direito e de Economia, começou por considerar que o ISCSP se tornou "numa espécie do "Estoril académico" dos exilados da política. O local preferido das vítimas da austeridade. Primeiro Seguro, agora Passos. Só falta Portas e até parece um remake de 2013!"

Depois, acrescentou que "um ex-primeiro-ministro a colaborar numa universidade pública nem deveria ser notícia, muito menos objeto de enorme polémica". Explicando ainda que "anda por aí uma enorme confusão entre catedrático (professor doutorado, agregado e concursado) e [o caso de Passos] catedrático convidado (professor convidado com equiparação e salário de catedrático por decisão dos órgãos da escola)".

O DN tentou contactar o reitor do ISCSP. Em vão.

João Pedro Henriques | Diário de Notícias

P’ra trás! Arrenegamos as TV secas e o avanço do fascismo em Itália e arredores

Diretamente do produtor para o consumidor: Expresso Curto. Aproveite que ainda está quentinho. Por aqui, do PG, não avançamos nenhuma consideração, para além de confessar que os afamados Óscares foram uma seca, idem para o chamado Festival da RTP, rumo à Eurovisão, para ganharem juízo. Arreneguemos. E essa das mulheres namorarem com peixes… Algumas é o que merecem. (PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Martim Silva | Expresso

E o vencedor dos Óscares foi... o movimento Time's Up (e o filme “A Forma da Água”)

"Este foi o ano em que os homens fizeram tanta porcaria que as mulheres passaram a namorar com peixes"

Bom dia,

Há coisas mais ou menos interessantes para falar neste início de semana (como sejam a cerimónia dos Óscares da última madrugada ou - noutra escala - o Festival da Canção em Portugal). E há coisas importantes, como o resultado das eleições italianas.

Começemos pelas últimas, sem esquecer as primeiras:

ITÁLIA

No pós-guerra, os italianos já tiveram mais de 60 governos em 70 anos. Instabilidade política não é propriamente algo a que a oitava maior economia do planeta não esteja habituada. Ainda assim, as eleições legislativas de ontem trouxeram significativos dados novos. Como seja o fim acentuado do bipartidarismo tradicional. O crescimento espetacular dos populistas do 5 Estrelas. A força da extrema-direita. E a forte possibilidade de apesar do 5 Estrelas ter sido o vencedor, se formar uma aliança de direita para tomar o poder.

De uma coisa pode o leitor estar certo: o vencedor destas eleições pode não ser inteiramente claro, mas que a União Europeia é uma grande derrotada, é. Tal como são os valores europeus.

Deixo-lhe os artigos que li no ExpressoEl Pais, no Diário de Notícias e estes dois do Financial Times, AQUI e AQUI.

ÓSCARES

A sempre muito aguardada cerimónia dos Óscares decorreu na última madrugada no Kodak Theatre, em Los Angeles. Este ano ainda mais aguardada, por ser a primeira depois dos escândalos sexuais espoletados com o caso Weinstein e o surgimento do #MeToo.

Se no que ao cinema diz respeito o vencedor da noite foi o filme "A Forma da Água", com os prémios de melhor filme e melhor realizador, globalmente o grande vencedor e destaque da noite tem que ser considerado o movimento Time's Up, de combate ao assédio sobre as mulheres. Desde o monólogo de abertura de Jimmy Kimmel, com a frase marcante "este foi o ano em que os homens fizeram tanta porcaria que as mulheres passaram a namorar com peixes". Na lapela dos fatos e smokings ou nos vestidos das senhoras, o Time's Up foi praticamente omnipresente.

O Expresso esteve a noite toda acordado para relatar o que se ia passando na cerimónia e AQUI fez um resumo com textos e vídeos do melhor que se passou por lá. incluíndo o regresso de Warren Beaty e Faye Dunaway para entregar o Óscar de melhor filme... desta vez sem enganos.

Sobre "A Forma da Água", aqui se explica melhor o conceito e a ideia do filme de Guillerme Del Toro.

AQUI pode consultar a lista completa dos vencedores dos Óscares deste ano.

AQUI no Observador ver o melhor e o pior da Red Carpet.

Já tinha falado da intervenção de abertura da cerimónia, mas o discurso mais marcante foi o de Frances McDormand. Com uma expressão marcante: "Cláusula de Inclusão". Saiba AQUIAQUI o que significa.

Sobre a Time's Up, organização recém-criada (liderada entre outras por Shonda Rimes e Laura Dern) e que já angariou mais de 20 milhões de dólares e conta com 500 advogados preparados para defender mulheres perseguidas e assediadas, vale a pena ler o artigo da Vanity Fair.

FESTIVAL DA CANÇÃO

Sabe quem é Cláudia Pascoal? Pois, é a vencedora do Festival da Canção, que decorreu domingo à noite em Guimarães, e que representará Portugal este ano no Festival da Eurovisão. Que, para quem não se lembra, será no nosso país, depois da vitória de Salvador Sobral no ano passado.

A canção vencedora chama-se "O Jardim".

Aqui, na Blitz, pode saber tudo sobre o assunto. Desde a classificação do festival a um resumo de tudo o que se passou na última noite.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro,

O mau tempo e a chuva continuam a ser notícia num país que tem vivido em seca há muito tempo. A marginal que liga Cascais a Lisboa voltou a estar encerrada. No Algarve, um tornado deixou 100 pessoas sem casa e provocou danos num centro comercial de Faro. Em Castro Verde, uma mulher morreu quando o carro em que seguia foi arrastado numa ribeira. Para os próximos dias prevê-se que continue a chover. E aqui explica-se como 30 dias de chuva como o de este domingo fariam as nossas barragens regressarem ao máximo da sua capacidade.

Isabel dos Santos. A empresária e filha do antigo presidente angolano José Eduardo dos Santos dá hoje aquela que é seguramente a entrevista do dia a um jornal em Portugal. Trata-se do Jornal de Negócios.

Ontem um comboio descarrilou na linha da Beira Alta, sem feridos, e a circulação deve ser retomada hoje.

Os jovens portugueses, os millenials, foram os mais afetados pela crise da última década. E ganham agora menos 4,6%. Eis uma daquelas notícias que nos faz pensar como estamos a construir uma sociedade que tem toda uma geração amputada e limitada nas suas perspetivas de vida.

No próximo fim de semana, o CDS estará reunido em congresso. Sem aquela emoção da luta pela liderança, mas ainda assim um momento relevante na política portuguesa, agora que os partidos se posicionam para as legislativas do ano que vem. E Cristas, como se tem saído no papel de suceder a Paulo Portas? Leia isto, pode ajudá-lo a formar uma opinião.

Ontem, Marques Mendes disse ser um erro PSD e CDS irem separados às próximas eleições.

O Público faz hoje anos e o Vicente Jorge Silva voltou por um dia para dirigir o jornal que fundou.

Eis um número que o pode fazer sorrir. Ou não. Sabia que os portugueses dão em média 4744 passos por dia? E o que quer isso dizer? Leia aqui.

Não há Expresso Curto em que não destaque aqui as Dicas de Poupança do Pedro Andersson. Desta vez é para falar dos débitos diretos. Tem muitos? Provavelmente sim. Mas cuidado que pode estar a pagar mais do que devia.

Lá fora,

Na Alemanha, quase meio milhão de militantes do SPD (sociais-democratas) foram ontem chamados a votar num referendo sobre a proposta de acordo de governo com a CDU de Angela Merkel. E o resultado foi a aprovação da grande coligação, abrindo-se assim as portas ao quarto mandato seguido da chanceler à frente da maior economia europeia. Mas se é certo que na política alemã Merkel continua a mandar, cada vez mais se fala sobre a sua sucessão e o seu ocaso político.

Europa e Estados Unidos trocam acusações e ameaças de aumentar as tarifas de importação um ao outro. Uma guerra de palavras que pode não ficar por aqui.

China prepara-se para aumentar fortemente os seus gastos militares.

Morreu Tônia Carrero, uma das grandes divas brasileiras que os portugueses se habituaram há muito a ver nas novelas. Tinha 95 anos.

DESPORTO

Chegados a Março, e para mais em ano de Mundial, aproximam-se as decisões nos campeonatos. Em Portugal só não está tudo definido porque o Benfica ainda se vai aguentando. Mas em Espanha e Inglaterra ontem foi dada a estocada final. Messi fez o seu golo 600 enquanto profissional de futebol, o Barcelona derrotou o Atlético de Madrid e arrumou a discussão do título, com os colchoneros a ficarem a oito pontos. Em Inglaterra, o Manchester City vai pelo mesmo caminho e ganhou ao Chelsea com Bernardo Silva a brilhar.

De forma absolutamente surpreendente e chocante, o capitão da Fiorentina foi encontrado morto no quarto do hotel onde estagiava com a sua equipa. Terá falecido subitamente enquanto dormia.

Referência ainda para o incrível e imortal Nélson Évora, que este fim de semana conquistou mais uma importante medalha, a de bronze no triplo salto dos Mundiais de Pista Coberta. Grande Évora!

O QUE ANDO A LER

No final de janeiro, aqui num Curto, referi que tinha acabado de ver um dos filmes candidatos aos Óscares, "The Post". Ora, logo no dia a seguir comprei na Amazon as biografias de Katty Graham(a proprietária do Washington Post interpretada no filme de Spielberg por Meryl Streep) e de Ben Bradlee, o diretor do Post nos anos de fogo dos Pentagon Papers e do Watergate.

Os livros, vindos dos EUA, demoraram bastante a chegar. Por isso, só este fim de semana conclui a leitura (saltando alguns capítulos do início da sua vida, confesso) do primeiro. O livro já tem mais de 20 anos, não tem edição portuguesa e é relativamente difícil de obter. Ainda assim, recomendo-o vivamente para quem se interessa por jornalismo e política.

Os capítulos sobre o Watergate são verdadeiramente deliciosos. Pela forma como história foi feita à medida que ia sendo feito jornalismo. Pela forma como são reveladas e retratadas as difíceis relações com a Casa Branca de Nixon. E ainda pelos pormenores deliciosos, como aquele em que ficamos a saber que a dupla mais famosa da história do jornalismo, Carl Bernstein/Bob Woodward, esteve para nunca se formar: o primeiro estava a um passo do despedimento quando surgiu o Watergate, por ser caótico, pouco trabalhador e pouco cuidadoso nos gastos da empresa; o segundo tinha sido mandado embora do jornal uma primeira vez depois de terem achado que nunca seria grande jornalista. Regressou e foi o que se viu...

Por hoje é tudo, boas leituras e um excelente início de semana.

O melhor dos óscares deste ano foi recordar os do ano passado


A dupla que se enganou em 2017 regressou em 2018 para anunciar o grande vencedor deste ano. Foi menos divertido, é certo, mas Guillermo Del Toro não há de querer saber: venceu o Óscar de melhor realizador e o seu “A Forma da Água” triunfou entre os melhores filmes

É bom voltar a ver-vos outra vez”: Warren Beaty e Faye Dunaway regressaram ao Dolby Theatre, em Los Angeles, para evitar repetir o extraordinário erro do ano passado. E é sempre entusiasmante recordar esse momento embaraçoso e hilariante (até porque este ano haverá pouco -– ou mesmo nada – para nos lembrarmos daqui a um ano):

Este ano correu tudo certinho. Warren Beaty e Faye Dunaway anunciaram “A Forma da Água” como vencedor do Óscar mais importante – melhor filme – e ninguém teve necessidade de intervir para corrigir a dupla. Mas quem os escolheu teve o humor e o golpe de asa que faltou a grande parte da cerimónia. Porque o melhor deste ano acabou por ser recordar 2017.

Aquele que talvez tenha sido o momento ligeiramente emocionante da cerimónia aconteceu minutos antes da consagração do filme de Guillermo Del Toro, também vencedor do Óscar de melhor realização. Frances McDormand, que levou a estatueta de melhor atriz, conseguiu que todas as outras mulheres nomeadas se levantassem das suas cadeiras. “Vá lá Meryl [Streep], se te levantares todas se levantam”, apelou, antes de aproveitar o discurso de vitória para “dizer algumas coisas”.

“Tenho três palavras para vocês esta noite: cláusula de inclusão.” Trata-se de uma cláusula que os atores podem incluir nos contratos para garantir a igualdade de género e racial nas equipas dos filmes em que participam. A vitória de McDormand não foi propriamente uma surpresa, tinha conquistado todos os grandes prémios durante ao longo da temporada. E também dela já se esperava um discurso à margem da previsibilidade geral.

Warren Beatty e Faye Dunaway não foram os únicos regressos da noite. Jimmy Kimmel também voltou como anfitrião, apesar de ter aparecido pouco ao longo da cerimónia. No monólogo de abertura conseguiu conjugar quase na perfeição a mensagem política e social com a comédia. Não esqueceu a questão do assédio sexual e a desigualdade de género na indústria cinematográfica. “O Óscar é o homem mais adorado e respeitado de Hollywood. E há boas razões para isso. Olhem para ele: mantém as mãos onde qualquer um pode vê-las, nunca diz nada desagradável e, mais importante, não tem um pénis. É um tipo de homem como este de que esta cidade mais precisa.” E mais à frente concluiu este tópico do assédio sexual por via de uma referência à história de “A Forma da Agua”: “Vamos sempre lembrar-nos que este ano os homens falharam à grande e as mulheres tiveram de começar a namorar com peixes”.

O caso do produtor Harvey Weinstein também não foi esquecido por Kimmel. “Não podemos deixar estes comportamentos impunes. O mundo está a observar-nos. Precisamos de ser um exemplo. Se formos bem-sucedidos, se formos capazes de acabar com o assédio sexual nos locais de trabalho, as mulheres só vão ter de viver o assédio em todos os outros locais que frequentarem. Ao longo desta noite espero que se ouçam os muitos apoiantes corajosos de movimentos como #MeToo e Time’s Up.”

Mas os movimentos como #MeToo e Time’s Up, que marcaram forte presença nos Globos de Ouro e nos Bafta, por exemplo, pouco se fizeram ouvir na madrugada desta segunda-feira.

A MOTA DE ÁGUA, MÃOS A TREMER E FINALMENTE UMA VITÓRIA

Um dos momentos mais bonitos da noite acabou por ser a interpretação de Sufjan Stevens, cantou “Mistery Of Love”, de “Call me by your name”. Terá sido este o melhor minuto dos Óscares deste ano?

Com as mãos a tremer, e por isso pediu desculpa, Rachel Shenton, protagonista e argumentista de “The silent child”, cumpriu uma promessa durante a cerimónia. Ao subir ao palco para agradecer a vitória pela curta-metragem que conta a história de uma criança surda de quatro anos, Shenton recorreu à língua gestual para passar a mensagem.

“Prometi à nossa protagonista de seis anos que faria este discurso em língua gestual, as minhas mãos estão a tremer, por isso peço desculpa”, começou Shenton. “O filme é sobre uma criança que nasceu num mundo de silêncio, não é um filme exagerado ou sensacionalista, isto acontece. Milhões de crianças em todo o mundo vivem em silêncio e enfrentam barreiras de comunicação e dificuldades no acesso à educação. A surdez é uma deficiência silenciosa, não coloca em perigo a vida e não conseguimos vê-la.”

“PÕE A CHALEIRA AO LUME, LEVO UM ÓSCAR PARA CASA”

À segunda nomeação Gary Oldman conquistou o Óscar pela interpretação como Winston Churcill, em “A Hora Mais Negra”. “Obrigado à minha mulher por me acompanhar nesta jornada. Obrigado à minha mãe, que é mais velha que os Óscares e está a ver a cerimónia sentada no sofá. Põe a chaleira ao lume, levo um Óscar para casa”, disse.

Allison Janney foi distinguida como melhor atriz secundária pelo papel como mãe de Tonya Harding, em “I, Tonya”. Já Sam Rockwell foi galardoado como melhor ator secundário pelo policia problemático em “Três cartazes à beira da estrada”.

Entre as categorias técnicas, destaque para “Dunkirk”, que conquistou três estatuetas (mistura de som, edição sonora e edição). Com duas Óscares ficaram “Três cartazes à beira da estrada” (atriz principal e ator secundário) e “A hora mais negra” (ator principal e caracterização), e com apenas uma vitória “Call me by your name” (argumento adaptado), “Foge” (argumento original) e “A Linha Fantasma (guarda-roupa). “Lady Bird” e “The Post” não foram distinguidos.

UM A UM, OS VENCEDORES DESTA NOITE

Melhor filme: “A Forma da Água”
Melhor realizador: Guillermo del Toro, “A Forma da Água”
Melhor atriz: Frances McDormand, em “Três Cartazes à Beira da Estrada”
Melhor ator: Gary Oldman, em “A Hora Mais Negra”
Melhor atriz secundária: Allison Janney
Melhor ator secundário: Sam Rockwell, em “Três Cartazes à Beira da Estrada”
Melhor canção original: “Remember Me”, do filme de animação “Coco”
Melhor banda sonora: “A Forma da Água”
Melhor fotografia: “Blade Runner 2049”
Melhor argumento original: “Get Out” (Jordan Peele)
Melhor argumento adaptado: “Call Me By Your Name
Melhor curta-metragem: “The Silent Child”
Melhor efeito visual: “Blade Runner”
Melhor filme de animação: “Coco”
Melhor curta de animação: “Dear Basketball”
Melhor Filme Estrangeiro: “A Fantastic Woman” (Chile)
Melhor direção de arte: “A Forma da Água”
Melhor mistura de som: “Dunkirk”
Melhor edição sonora: “Dunkirk”
Melhor documentário: “Icarus”
Melhor guarda-roupa: “Linha Fantasma”
Melhor caracterização: Kazuhiro Tsuji, David Malinowski e Lucy Sibbick, “A Hora Mais Negra”
Melhor edição: “Dunkirk”

Marta Gonçalves | Soraia Pires | Expresso

Foto: MARK RALSTON/ GETTY IMAGES

ITÁLIA | Partido antissistema e extrema-direita lideram eleições em Itália


De acordo com os resultados parciais, o grande vencedor é o Movimento 5 Estrelas. A extrema-direita, com a Liga Norte, também ganha terreno. Nenhum partido deve conseguir a maioria para formar governo.

O Movimento 5 Estrelas, um partido antissistema, foi o mais votado em Itália. Segue na frente com quase 32% dos votos. Luigi di Maio, o líder do movimento, tem 31 anos e durante a campanha garantiu não querer coligar-se com a velha política.

O segundo vencedor da noite é Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga Norte. O partido ultranacionalista, que fez campanha contra imigrantes e muçulmanos, conseguiu 18% das votações.

A juntar a estas contas está o movimento de Sílvio Berlusconi. O Forza Itália tem cerca de 15% dos votos.

Estes resultados dão uma vantagem à coligação liderada por Berlusconi, mas que junta também o Liga Norte de Salvini e o partido Irmãos de Itália. A coligação conseguiu 37% dos votos, mas o resultados deixam Salvini como líder da direita italiana.

Se esta aliança vencer em termos parlamentares, Matteo Salvini, o homem que prometeu expulsar milhares de imigrantes ilegais, pode mesmo ficar em posição de exigir o cargo de primeiro-ministro.

Do lado dos perdedores, há um que se destaca: Matteo Renzi. O jornal La Repubblica fala de um colapso do Partido Democrático.

O antigo primeiro-ministro que se demitiu após o referendo às reformas constitucionais esteve na corrida para formar governo, mas o resultado de pouco mais de 19% dos votos não dá grande margem para uma coligação centro-esquerda.

Estes resultados parciais mostram já as dificuldades que Itália terá nas negociações para formação de governo. Nenhuma coligação ou partido conseguem uma maioria suficiente para avançar com um executivo.

A primeira reunião do Parlamento está marcada para dia 23, mas o presidente italiano, Sergio Mattarela, só deve abrir negociações formais para a formação do governo, no início de abril.

Sara de Melo Rocha | TSF

Foto: Alessandro di Meo/EPA

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