domingo, 27 de maio de 2018

VITÓRIA ESTRATÉGICA PARA TODA A HUMANIDADE!


FOI UMA PÁTRIA SOCIALISTA DE TRABALHADORES QUE, UNINDO TODO O POVO SOVIÉTICO SOB A ÉGIDE POLÍTICA DE JOSEPH STALINE E MILITAR DO MARECHAL GEORGY KONSTANTINOVICH ZHUKOV, ACOMNPANHADO DE OUTROS INSIGNES GENERAIS, DERROTARAM A BESTA NAZI!

EM SAUDAÇÃO AO 25 DE MAIO, DIA DE ÁFRICA

Martinho Júnior | Luanda

1- A memória da Vitória celebrada no dia 9 de Maio de cada ano, é um património referencial de toda a humanidade, por que sem ela muitos milhões de seres não existiriam: a barbárie nazi tê-los-ia eliminado directa ou indirectamente e em muitos casos realizar-se-iam genocídios sem precedentes, até por que durante o século XX, a começar pelo genocídio herero e namaqua no Sudoeste Africano (colónia alemã), largos episódios são testemunho dos ensaios “menores” que desembocaram nos campos de concentração onde morreram tantos soldados soviéticos, ciganos, judeus…

Para além dos largos milhões de baixas que provocaram durante 1.418 dias em que mantiveram a Frente Oriental até à derrota final na sua capital, Berlim, os nazis teriam vitimado muito mais milhões de nossos progenitores, não fosse o seu colapso total no dia 9 de Maio de 1945!

África perfilhava-se para os nazis como um potencialmente enorme campo de concentração!

A União Soviética perdeu assim mais de 17 milhões de civis e 10 milhões de militares…

O sacrifício do povo trabalhador soviético em prol da Vitória, foi portanto uma dádiva inestimável para toda a humanidade, com implicações no desafogo que permitia desde logo e no decurso dos acontecimentos, aos seus próprios aliados.

Entre as implicações directas, o esforço soviético deu oportunidade a que aliados europeus como a Grã-Bretanha deixassem de ser um alvo privilegiado (mas secundário) dos nazis e os Estados Unidos se concentrassem muito mais na resposta ao Japão, a componente oriental do Eixo nazi-fascista, cuja expansão se alargava aos arquipélagos do Pacífico e ao vasto Extremo Oriente asiático…

De facto, mais de três quartas partes de todo o potencial militar terrestre e aéreo nazi se concentrou entre o Báltico e o Mar Negro contra a União Soviética, pelo que a Grã-Bretanha era encarada pelo comando nazi como uma periferia, do outro lado do Pas de Calais e da sua Fortaleza Europa, dos seus dispositivos a ocidente, uma periferia que ficou a aguardar o seu dia para merecer um ataque de vulto, já que o grosso das divisões da Wehrmacht e de seus liados europeus (Itália, mas também mobilizações e recrutamentos importantes conseguidos entre outros na Espanha, na Polónia, na Hungria, na Áustria, na Finlândia, na Roménia, na Eslováquia, na Ucrânia…), integraram a Frente Leste.

A Grã-Bretanha funcionou por isso como um campo real, mas experimental, de testes para algumas das armas nazis produzidas ao longo da IIª Guerra Mundial…

De acordo com as crónicas, a “Grande Guerra Patriótica começou às 3h30 do dia 22 de Junho de 1941, quando a Wehrmacht Nazista invadiu a União Soviética, ao longo de uma frente estendendo-se do Báltico ao Mar Negro com 3,2 milhões de soldados alemães, organizados em 150 divisões, apoiadas por 3.350 tanques, 7.184 peças de artilharia, 600.000 camiões (caminhões-br), 2.000 aviões de guerra”…

2- As oligarquias europeias, a começar pela britânica, preocuparam-se em salvaguardar os parâmetros das “democracias” ocidentais, em função de sua estrita conveniência ainda que em tempo de guerra, moldando-os por via de manipulações e artifícios a partir de seus próprios instrumentos de poder político, económico, financeiro e institucionais.

Como a Grã-Bretanha era para os nazis um alvo secundário que esperava a sua hora para ser atacada com o poder concentrado prioritariamente utilizado na Frente Leste, a oligarquia que respondia à Coroa Britânica, com uma superestrutura ideológica a condizer, fez através do Primeiro-Ministro Winston Churchil, um conservador, um propositado exercício de contenção que à medida que a União Soviética ia derrotando a avalanche nazi, foi sendo transformado em exercício de propaganda e contrapropaganda, até se tornar numa acintosa manobra em relação ao aliado soviético, integrando o pelotão ocidental que começaria a levar a cabo o esboço da “Guerra Fria”…

Um marco da mudança e da escalada foi o desembarque na Normandia, a 6 de Julho de 1944, decidido e realizado quando o Exército Vermelho inapelavelmente já vinha derrotando os nazis desde Stalinegrado (a 2 de Fevereiro de 1943) e da batalha do Arco de Kursk (a rendição alemã foi consumada a 23 de Agosto de 1943), não deixando margem para dúvidas que tinham iniciado um “efeito boomerang” com potencialidades que, rápida e indubitavelmente, chegariam às praias do Atlântico…

O desembarque na Frente Ocidental, a 6 de Junho de 1944, foi assim feito sob a pressão do tempo, com 155.000 homens e pela primeira vez os aliados ocidentais colocaram no ocidente do continente europeu (costa do Atlântico) as suas divisões, depois da humilhante “retirada” de 338 226 efectivos de Dunquerque (de 21 de Maio a 4 de Junho de 1940).

O desembarque tinha não só o objectivo público de derrotar os nazis, em reforço dos avanços da União Soviética a leste, de forma a abreviar o inferno da guerra, mas também o objectivo de impedir que o Exército Vermelho, tomando Berlim, chegasse rapidamente às praias do Atlântico… os fundamentos e a própria designação de Organização do Tratado do Atlântico Norte, resultam deste segundo objectivo, que a seu tempo nem sequer escondeu a integração do fascismo português, periférico mas capaz de instrumentalização da conveniência da aristocracia financeira mundial em África, no âmbito da internacional fascista na África Austral, em conformidade com o Exercício Alcora, o Le Cercle e dos seus sucedâneos!

Recorde-se (“A História Russa do Dia-V, ou a História da Segunda Guerra Mundial poucas vezes Ouvida no Ocidente” –http://www.voltairenet.org/article201181.html):

“Em 1942, o Exército Vermelho continuou a sofrer derrotas e pesadas perdas, enquanto lutava quase sozinho.

Contudo, em Novembro desse ano, em Estalingrado, no Volga, o Exército Vermelho lançou uma contraofensiva, que levou a uma notável vitória e à retirada da Wehrmacht de volta às suas linhas de partida da Primavera de 1942 ... excepto para o Sexto Exército Alemão; apanhado no bolsão de Estalinegrado. Aí, 22 divisões alemãs, algumas das melhores de Hitler, foram destruídas. Estalinegrado foi o Verdun da Segunda Guerra Mundial”…

“No fim dos combates do inverno de 1943, as perdas do Eixo eram assombrosas: 100 divisões alemãs, italianas, romenas e húngaras foram destruídas ou incapacitadas”.

Quando se deu o desembarque na Normandia, os nazis já estavam militarmente derrotados, mas a competição para com as vitórias da União Soviética, levou desde logo a glorificar a iniciativa dos aliados ocidentais e a desvanecer, diminuir, desvirtuar, subverter, ou mesmo apagar, o papel soviético na vitória sobre o nazismo!...

Essa doutrina, filosofia e ideologia, foi utilizada desde o primeiro momento no âmbito da NATO e das suas operações encobertas, incluindo as das redes “stay behind”, dentro e fora do continente europeu, África Austral incluída, em reforço do “apartheid”… basta seguir a pista do Le Cercle e dos seus “homens de mão”, entre eles o general Frazier e Jaime Nogueira Pinto, autor de “Jogos Africanos”…

Quando decidiram sobre o início do artifício da “Guerra Fria”, então a propaganda e contrapropaganda ocidental tomou conta do assunto, ao sabor dos interesses das oligarquias europeias, elas próprias cada vez mais subalternizadas em relação à aristocracia financeira mundial!

3- A luta pelo domínio global realizada pela concorrente nazi-fascista por um lado contra os aliados das democracias ocidentais, contra os soviéticos por outro, foi um processo dialético radicalizado mas camaleónico, que resultou na IIª Guerra Mundial e reflectiu-se em África de múltiplas formas, mas sobretudo numa outra radicalização subsequente: a necessidade de se vencer através duma luta armada de libertação nacional, quer o colonialismo, quer o “apartheid”, resquícios das linhas de conduta nazis e fascistas, continente africano adentro!

Percebeu-o exemplarmente a Revolução Cubana e o povo cubano em grande parte descendente de escravos africanos, que preencheram resolutamente a trilha solidária da luta contra o colonialismo e o “apartheid”, conforme tenho referido na interpretação“de Argel ao Cabo da Boa Esperança”!

Se as potências do Eixo tivessem ganho a IIª Guerra Mundial, grande parte da humanidade teria sido escravizada e esse seria o caminho de África, com a Alemanha, a Itália, a França, Portugal e outros subsidiários fascistas a dividirem entre si o bolo que advinha da Conferência de Berlim!

A NATO integrou essas potências europeias e moldou-as no seu âmbito a todo o tipo de interesses de domínio imperial que hoje se assume enquanto hegemonia unipolar, garantindo a pressão dessas correntes dentro e para dentro de África, tanto mais que a avidez sobre as matérias-primas, tendo não só em conta a revolução industrial, mas também as novas tecnologias, aumentou entretanto consideravelmente!

Na África do Sul o “apartheid” teria sido ainda mais radicalizado do que foi, se os nazis e os fascistas tivessem triunfado!

Teria sido assim em África, em relação à qual chamo a atenção para o caminho percussor que foi seguido no Sudoeste Africano, com o Iº genocídio do século XX em tempo da Prússia (anos de 1904 a 1907), vitimando milhares de hereros e namaquas, algo que inspirou o nazismo para a agressão massiva, outros genocídios (incluindo o de soldados soviéticos prisioneiros) e o holocausto apenas 34 anos mais tarde (entre 1941 e 1945).

Se a besta nazi tivesse ganho, a vida humana para os africanos teria sido insuportável e jamais teria sido possível levar a cabo a luta armada de libertação nacional contra o colonialismo e o "apartheid" nos termos em que ela ocorreu, a página de história contemporânea mais brilhante de África e de vastos sectores progressistas de todo o mundo!...

Mesmo assim África debateu-se com situações como o genocídio no Ruanda e a desestabilização prolongada que tem subsistido na República Democrática do Congo, persistindo os fantasmas do Rei Leopoldo precisamente na região-chave de todo o continente: o nó de água interior decisivo, que garante espaço vital e potencialidades de toda a ordem, em dialético contraste com os maiores e mais inóspitos desertos quentes do globo: o Sahara e o Sahel, a norte, o Namibe e o Kalahári, a sul.

4- No rescaldo da IIª Guerra Mundial, a União Soviética, ciosa de sua própria libertação do jugo nazi e fascista, conjuntamente com outros países socialistas, entre eles Cuba e a Jugoslávia, assim como outros países Não-Alinhados (alguns deles africanos), deram a sua contribuição inestimável em reforço da luta armada de libertação nacional contra o colonialismo mais renitente e o “apartheid”, resquícios nazis e fascistas em África!

Apressadamente a máquina de propaganda e contrapropaganda ao dispor da aristocracia financeira mundial e suas vassalas oligarquias europeias, utilizando pactos como a NATO, quis fazer crer que tudo se reduzia à “Guerra Fria”, ela própria uma fórmula adoptada pelas “democracias ocidentais”, como se a sua própria sobrevivência não tivesse sido acima de tudo garantida pela heroicidade soviética em benefício do campo aliado na IIª Guerra Mundial!

Essa foi uma usurpação doutrinária, filosófica e ideológica que buscou os resultados práticos de sua exclusiva conveniência!

Esse oportunismo próprio do capitalismo ávido de lucro que derivou para os fundamentos do império da hegemonia unipolar, obriga África, ciosa de paz, de aprofundamento da democracia, mas sobretudo motivada para um resgate histórico que se impõe lutando contra o subdesenvolvimento, a estar cada vez mais vigilante, tendo em conta que a superestrutura ideológica de domínio do império, assim como o imenso leque de instrumentos que ele usa tirando partido dos processos da revolução industrial e das novas tecnologias, contribuem para continuar a alimentar a subversão, o caos, o terrorismo e a desagregação, continente africano adentro!

A paz na África Austral, no Congo, nos Grandes Lagos, deve acabar de vez com todos os fantasmas do Rei Leopoldo, os velhos e os novos (NATO incluída, tendo em conta a sua manifestação continente adentro após o ataque à Líbia) e uma inteligência africana renascentista, com base no entendimento antropológico na relação homem – espaço vital, deve-se impor inteligentemente em nome da lógica com sentido de vida em benefício não só de todos os povos do continente, mas também do respeito que deve ganhar consciências, em prol dos equilíbrios ambientais imprescindíveis para com a Mãe Terra!

Ao assumir um papel de vanguarda na luta pela paz e contra o subdesenvolvimento na África Austral, Central, no Golfo da Guiné e nos Grandes Lagos, assim como pela busca prioritária da paz na bacia do Congo, Angola respeita a história da humanidade e dá todos os sinais de estar interessada em lançar-se, em nome da civilização e contra a barbárie, pela sustentabilidade da vida no planeta!

Esse é também um legado soviético e socialista que propaganda, ou contrapropaganda alguma podem ofuscar e por isso fundamentamos que o 9 de Maio de 1945, o Dia da Vitória sobre o nazismo e o fascismo na Europa, o fim da IIª Guerra Mundial, é também uma Vitória estratégica incontornável para toda a humanidade!

Deveria ser esse o entendimento que os falcões sionistas deveriam ganhar com a visita de seu líder Benjamin Netanyahu, a 9 de Maio de 2018 a Moscovo e a sua presença na Praça Vermelha, assistindo ao desfile comemorativo do Dia da Vitória, 73 anos depois do fim do holocausto e quando se lança na aventura do holocausto palestiniano!

Deveria ser esse também o entendimento dos componentes da União Europeia e de outros filiados (como a Turquia), acabando de vez com uma NATO, que há muito deveria ter deixado de existir!

5- A ambiguidade e a hipocrisia dos falcões sionistas, quando por via dum “apartheid” que segue a trilha dos racistas sul-africanos, dilata as fronteiras de Israel e estilhaça em guetos, como o de Gaza, o projecto de estado que dá pelo nome de Palestina, só é possível por que seus aliados das “democracias ocidentais” subvertem o significado do próprio Dia da Vitória, numa manobra prática que sublinha os exercícios de propaganda e contrapropaganda que foram desencadeados pela aristocracia financeira mundial e suas oligarquias vassalas desde a tomada de Berlim no colapso do IIIº Reich!

Desconheço até que ponto o Presidente Putin foi capaz de transmitir uma mensagem desta natureza a Benjamin Netanyahu, mas o simples facto de tapar o Mausoléu de Lenine e encobrir a estátua de Joseph Staline durante a celebração do Dia da Vitória a que assistiu Benjamin Netanyahu, permite-me supor que ele se ficou por assuntos de natureza tácita entre as partes, malgrado o“apartheid” sionista e o papel do sionismo nas linhas de caos, de terrorismo e de desagregação que estão em evidência na evolução da situação do Médio Oriente e em África, desde a invasão iniciada pela administração do Presidente George Bush ao Iraque!

O Presidente Putin arrisca-se assim a estar afectado e vulnerável pelas manobras de propaganda, contrapropaganda e práticas (em termos de relacionamentos internacionais e diplomacia), sugeridas pela “Guerra Fria” nos termos que se têm identificado nas“democracias ocidentais”, de que o sionismo se está a aproveitar de forma oportunista e leviana, em contradição com o respeito a milhões de vítimas dos nazis e do fascismo, entre os quais milhões de cidadãos judeus!

Uma Vitória estratégica incontornável para toda a humanidade, exige do Presidente Putin uma outra qualificação sua para as obrigações e honras decorrentes das comemorações do Dia da Vitória e não se reduzir a um simples embaixador, ainda que o seja da notável capacidade militar e de inteligência da Federação Russa:

O multipolarismo e a emergência, criam obrigações de coerência, de legitimidade, de dignidade, de solidariedade e de respeito para com a própria história contemporânea da humanidade!

O Dia da Vitória será entendido em África, melhor do que hoje, quando África tiver oportunidade real para integrar o pelotão da emergência multipolar, algo que tarda e deixa imenso espaço de manobra disponível para os abutres e seus mercenários!

Martinho Júnior - Luanda, 24 de Maio de 2018

Imagens:
A disputa entre duas correntes imperialistas impôs sacrifícios incomensuráveis à União Soviética; África ficou à mercê da barbárie, que só não foi maior graças à luta de libertação armada, “De Argel ao Cabo da Boa Esperança”;
A batalha do Arco de Kursk foi uma das vitórias que possibilitaram o colapso nazi e fascista na Europa, mas não o inviabilizou em África;
A bandeira soviética foi içada no cimo dos edifícios que eram o símbolo do poder nazi, no Dia da Vitória, a 9 de Maio de 1945;
Esboço da batalha de Berlim, segundo os conceitos defensivos dos nazis, vencidos durante os meses de Abril e Maio de 1945;
O Marechal Zukhov, o comandante do vitorioso Exército Vermelho que acabou com os nazis na capital do IIIº Reich.

Angola | ESQUECER OU REMEMORAR?



Recordam-se 41 anos do “Golpe de 27 de Maio de 1977” ou “Fratricídio do 27 de Maio de 1977” entre militantes do MPLA, então MPLA-Partido dos Trabalhadores; recorda-se, rememora-se ou há quem persista em mantê-lo para que, sem coragem, de outra forma, o conservar sempre na memória do colectivo um Processo que persiste em estar na anamnese da sociedade?

Eugénio Costa Almeida (*) | Folha 8 | opinião

Há uns anos, no portal Notícias Lusófonas, por ocasião dos 30 anos desta data, escrevia sobre uma entrevista, a um jornal português, creio que o Público, sobre este tema, de um dos comandantes cubanos que, na altura, estava em Luanda – Rafael del Pino, autor de “Proa a la Libertad” (Rumo à Liberdade) – a um jornal português, onde aquele apresentava o “Golpe de 27 M” como tendo sido um “jogo de poder” entre cubanos e soviéticos (algo que parece vir-se confirmando, cada vez mais, em recentes investigações académicas).

Ora, escrevi na altura – como agora –, que aquela entrevista parecia reforçar a ideia que Agostinho Neto não teria morrido, em Moscovo, devido à doença de que padecia e que levou à mesa de operações, mas que teria sido vítima de um eventual macabro jogo de interesses soviéticos (um assunto nunca cabalmente esclarecido e que, ainda hoje, é assunto tabu, nem mesmo nos documentos desclassificados do KGB e já – alguns – transcritos por autores diversos, este assunto é tratado).

Nesse mesmo texto recordava – e mantenho – que sobre o 27M, talvez fosse altura de todos os que nele participaram se juntarem num conclave nacional, tipo Comissão de Reconciliação e de Verdade, e todos, mas TODOS, expiarem as suas culpas – aqueles que participaram no Golpe e os que purgaram no pós-golpe –, permitir às famílias fazerem o luto oficial – muitas hão que desconhecem onde estão enterrados os seus entes queridos vitimados (foram cerca de 30 mil as vítimas) nas purgas posteriores ao Golpe – e, finalmente, reconciliar a sociedade.

Há que dar oportunidade de milhares de famílias obterem as certidões de óbito dos seus familiares desaparecidos. Não basta dizer que a Guerra acabou quando na Sociedade ainda persiste uma ferida muito grave por sarar; (vários depoimentos recentes, no Folha 8, sobre este persistente assunto, assim o demonstram)!

Citando, Rafael Marques, em entrevista ao referido jornal português que entrevistava del Pino, que só quando isso acontecer haverá um processo “genuíno de reconciliação” e, finalmente, os mortos poderão “repousar na memória colectiva da sociedade, ser emocionalmente enterrados pelos seus entes queridos e justificar o perdão a mandantes e carrascos”.

Porquanto numa sociedade, onde todos os anos o espectro do 27 de Maio de 1977 renasce e sempre com cargas emocionais traumáticas e, por vezes, descompassadas, porque numa sociedade onde não haja entendimento nem reposição da verdade, reabilitação da injustiça, reconhecimento das responsabilidades individuais e colectivas, do pedido genuíno do perdão – e este deve ser feito por todos os que estiveram no processo – temos que concluir que será sempre uma sociedade castrada.

É altura de todos olharmos para Angola como um País que enterrou todos os seus dramas.

É altura do MPLA abrir-se, de vez, à comunidade e criar, internamente ou mesmo através do Governo nacional, na linha do que fez, e muito bem, a África do Sul e, mais recentemente, o Brasil, a tal Comissão de Verdade onde tudo pudesse ser transmitido à comunidade e libertar todos os fantasmas.

Recordemos que o MPLA está a caminho de uma nova direcção em Setembro, data prevista para a passagem de testemunho na liderança do MPLA entre José Eduardo dos Santos e João Lourenço – se não houver surpresas de última hora;

Se João Lourenço, que já está à frente dos destinos do País, e que – tudo o parece estar a mostrar nesse sentido – deseja ser um reformador (já que não quer ser o Gorbatchov nacional, como eu alvitrei num artigo no Africa Monitor e numa entrevista ao jornal Público) do tipo Deng Xiaoping;

Então que, se não for antes, haja – como ainda ontem alguém, com pertinência, o referir – uma Setembrina e, nessa altura, o partido se abra, de vez, à sua comunidade interna e ao País e o tema 27 Maio de 1977, passe, descansadamente, à História.

Ou seja, todos os que participaram neste processo se juntem num conclave nacional, numa Comissão de Reconciliação e de Verdade, e todos, mas TODOS, redimirem os seus erros e culpas, permitir às famílias fazerem o luto oficial e, finalmente, reconciliar a sociedade.

Quando isso acontecer Angola será mais forte, mais una, mais fraterna, mais solidária! Têm a palavra o “donos o processo 27M”!

(*) Investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL(CEI-IUL) e Pós-Doutorando da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto.

Vigília em Luanda exige a libertação dos ativistas de Malanje


A manifestação pacífica foi interrompida pela polícia, mas o movimento promete que a "luta vai continuar". Em abril, três jovens foram condenados a penas de prisão após protestos contra o governador de Malanje.

Dezenas de ativistas e cidadãos concentraram-se este sábado (26.05) no largo da Sagrada Família, no centro de Luanda, para exigir a libertação dos três ativistas de Malanje condenados em abril por subversão da ordem pública. A vigília pacífica foi interrompida pela polícia por razões não plausíveis, segundo a organização, que garantiu que a luta vai continuar. 

No mês passado, três dos seis ativistas que participaram de um protesto pela destiuição do governador de Malanje, Norberto dos Santos "Kwata Kanawa", foram detidos e, posteriormente, condenados a penas entre cinco a sete meses de prisão efetiva.

Na altura, o vice-Presidente angolano, Bornito de Sousa, desvalorizou a manifestação dos jovens e disse que a atitude não refletia "o sentimento e o caráter do povo de Malanje".

Em solidariedade, lançou-se em Luanda no mês passado uma campanha para pressionar o Governo pela libertação dos jovens ativistas. Tukid Escote, membro do movimento "Clac Cívica", mentor da iniciativa, explica que a sociedade civil não pode "deixar que situações do género aconteçam, quando simplesmente [os jovens] procuraram exercer um ato de cidadania que era protestar contra a má governação de Malanje".

Valete Eurico foi um dos participantes da vigília na capital angolana, e também disse ser solidário com os ativistas, que segundo ele foram condenados "injustamente". "Vim cá participar por causa dos manos presos injustamente na província de Malanje. Abandonei os meus afazeres e juntei-me à causa", disse.

Graciano Brinco é outro cidadão que abraçou a causa e também esteve no largo da Sagrada Família. "O objetivo aqui é exigir que o Governo  liberte os nossos manos. Viemos aqui gritar liberdade, já e agora!", afirmou Brinco.

"Ordens superiores"

A vigília começou por volta das 19h por causa do culto que decorria no interior da igreja. O ato terminaria as 22h, mas as pessoas despersaram-se mais cedo devido a intervenção da polícia.

"Vocês têm de deixar este largo livre depois de terminar a missa", alertou um agente enquanto os ativistas preparam-se para acender as velas. Apesar do aviso, as velas foram acesas e os manifestantes leram mensagens, entoaram cânticos e gritavam: "Liberdade, já e agora!". 

Momentos mais tarde, o largo encheu-se de viaturas da polícia, algumas com cães. Os agentes, então, informaram que, por ordens superiores, a manifestação deveria ser interrompida.

"Vocês viram que a polícia está aqui em peso. Nós estamos a realizar a nossa vigília pacificamente. Estamos a sair porque a polícia está com vontade de reprimir. Aqui, mesmo com a nova governação, nada mudou", desabafou à imprensa Francisco Mapanda.

"Polícia é do povo, não é do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola, partido no poder). Polícia é do povo, não é do MPLA", cantava o grupo que se dirigiu ao largo 1º de Maio, onde a manifestação se dispersaria.

Luta vai continuar

Segundo a organização do movimento, o próximo passo será a colagem de panfletos em vários cantos da cidade de Luanda. "Vamos dar rosto a esta ação durante um mês. Esta (vigilia) é a segunda ação, porque a primeira foi a manifestação espontânea. O próximo passo será a colocação de outdoors nas paragens públicas, para que as pessoas tenham acesso às informações que afetam a vida dos ativistas presos", adiantouTukid Escote.

Há escassas informações sobre o estado de saúde dos ativistas presos na cadeia da Damba, em Malanje. O estabelecimento prisional fica a mais de 50 quilómentros da sede da capital provincial e os familiares enfrentam dificuldades financeiras e, por isso, chegar ao local não é fácil.

"Não temos muitos informações sobre o estado de saúde. Os familiares têm custos económicos elevados, gastam quatro mil kwanzas por dia só no transporte, sem falar de alimentação e água", contou Escote.

Durante o ato deste sábado uma quantia em dinheiro foi arrecadada para minimizar os custos dos transportes da família dos ativitas. Há também uma petição que será entregue ao Tribunal Supremo para pressionar as autoridades pela libertação dos três jovens malanjinos.

Mais protestos contra governante local

Não só os cidadãos de Malanje estão insatisfeitos com o poder público. Os munícipes do Cazenga, um dos mais populosos de Luanda, prometem sair no próximo sábado (02.06) às ruas para exigir pela segunda vez este ano a destituição do administrador local, Tany Narciso. Em abril, algumas centenas de cidadãos já haviam pedido a exoneração do governante nomeado em 2008.

Em declarações à DW África, Pedro Matubakana, da organização da manifestação no Cazenga, ressaltou que se o governador local não atender a reivindicação dos cidadãos, "vamos realizar uma manifestação contra o Governo da província de Luanda".

Em recentes declarações a um canal de televisão em Angola, o administrador Tany Narciso disse que "Cazenga é um bom lugar para se viver" e que "há muitos espaços verdes" na circunscrição. Mas Pedro Matubakana descorda.

"Eu acho que o camarada tem estado a confundir zonas verdes e água verde. Tem água verde por tudo que é canto. No bairro Cortume, por exemplo, aquilo está intransitável. Estamos a falar sobre uma zona sem vias de acesso", denuncia.

Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche Welle

Angola | … E A POLÍCIA DE JLO REPRIME “MANIF” SOBRE O 27 DE MAIO!


Duas dezenas de jovens activistas manifestaram-se hoje na Praça da Independência, centro de Luanda, exigindo respostas para o massacre de milhares de angolanos, em 27 de Maio de 1977, protesto travado poucos minutos depois pela polícia. A democracia, a liberdade e as leis “made in MPLA” impostas por João Lourenço (lembram-se quem é?) a isso obrigam.

O protesto aconteceu cerca das 12:30, quando os activistas angolanos surgiram, a correr, para ocupar a Praça da Independência, com cartazes e palavras de ordem sobre o 41.º aniversário dos acontecimentos do 27 de Maio.

“Vamos entrar, vamos entrar no largo”, gritaram os activistas, enquanto ocorriam na direcção do interior da praça, já sob vigilância policial.

Em poucos minutos, dezenas de agentes da Polícia Nacional, incluindo equipas cinotécnicas, acorreram ao local, retirando os activistas, não sendo conhecidas detenções até ao momento.

O forte aparato policial no local manteve-se durante vários minutos, sem incidentes visíveis.

A manifestação de hoje foi anteriormente explicada por Manuel “Nito Alves”, um dos organizadores, do auto designado Movimento Revolucionário de Angola, como uma “homenagem a todos aqueles que perderam as suas vidas em sacrifício da verdade, da liberdade e em nome do país”.

Estes jovens activistas, conhecidos como “révus”, reclamam o dia de hoje como de “Reflexão e Tolerância Nacional” e, além do esclarecimento de tudo o que se passou em 1977, reivindicam igualmente a construção de um memorial às vítimas.

A manifestação foi convocada para um dia sensível em Angola, já que se cumprem hoje 41 anos sobre o 27 de Maio de 1977 (segundo se crê, no calendário do MPLA o mês de Maio não tem nenhum dia 27…), descrito como uma tentativa de golpe de Estado por “fraccionistas” do próprio MPLA, então já no poder do país recém-independente, contra o Presidente Agostinho Neto e o “bureau político” do partido.

Esta foi a primeira manifestação evocativa dos acontecimentos do 27 de Maio, desde que João Lourenço assumiu o cargo de Presidente da República de Angola.

Segundo vários relatos, vários milhares terão morrido naquele dia e seguintes, em 1977, na resposta do regime angolano, nomeadamente os dirigentes Nito Alves, então ministro da Administração Interna, José Van-Dúnem, e a sua mulher, Sita Valles.

A Amnistia Internacional estimou em cerca de 30 mil as vítimas mortais na repressão que se seguiu contra os “fraccionistas” ou “Nitistas”, como eram conhecidos então. No entanto, diversos historiados admitem que esse montante mossa chegar às 80 mil.


Está no ADN do MPLA

Os acontecimentos de 27 de Maio de 1977 em Angola, que provocaram milhares de mortos, foi um “contra-golpe” resultado de uma provocação, longa e pacientemente planeada, tendo como responsável máximo Agostinho Neto, que temia perder o poder. Esta é uma das principais conclusões do livro “Purga em Angola (O 27 de Maio de 1977)”, da autoria dos historiadores portugueses (já falecidos) Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus.

Há 41 anos, Nito Alves, então ministro da Administração Interna sob a presidência de Agostinho Neto, liderou uma manifestação para protestar contra o rumo que o MPLA estava a tomar. Segundo o livro “havia que evitar que os ‘nitistas’ chegassem ao Congresso, anunciado para finais de 1977” porque “existia o sério risco de conquistarem os principais lugares de direcção”.

“A preocupação de Neto e dos seus era, pois, o poder. E pelo poder fariam tudo”, acrescenta. Exactamente o que fez José Eduardo dos Santos durante 38 anos. Exactamente o que está a fazer hoje João Lourenço.

Dalila Mateus afirma que as informações constantes no livro não serão “a verdade completa” sobre o 27 de Maio, mas serão, “certamente, a verdade possível, que não estará muito longe da realidade”.

Por seu lado, Álvaro Mateus afirma que o objectivo é recordar “um passado sombrio, na esperança de que não se volte a repetir”.

Na versão oficial, através de uma declaração do Bureau Político do MPLA, divulgada a 12 de Julho de 1977, o 27 de Maio foi uma “tentativa de golpe de Estado” por parte de “fraccionistas” do movimento, cujos principais “cérebros” foram Nito Alves e José Van-Dúnem, versão que seria alterada mais tarde para “acontecimentos do 27 de Maio”.

Nito Alves e José Van-Dúnem tinham sido formalmente acusados de fraccionismo em Outubro de 1976. Os visados propuseram a criação de uma comissão de inquérito, que foi liderada pelo ex-Presidente angolano e ainda presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, para averiguar se havia ou não fraccionismo no seio do partido.

As conclusões desta comissão nunca chegaram a ser divulgadas publicamente mas, segundo alguns sobreviventes, revelariam que não existia fraccionismo no seio do MPLA.

De acordo com o livro, o próprio José Eduardo dos Santos e o primeiro-ministro de então, Lopo do Nascimento, seriam também alvos a abater pela cúpula do MPLA. O ex-Presidente terá sido salvo pelo comissário provincial do Lubango, Belarmino Van-Dúnem.

Os apoiantes de Nito Alves consideravam que o golpe já estava a ser feito por uma ala maoísta do partido, liderada pelo secretário administrativo do movimento, Lúcio Lara, e que terá instrumentalizado os principais centros de decisão do partido e os media, em especial o Pravda (Jornal de Angola), pelo que consideraram que a manifestação convocada por Nito Alves foi “um contra-golpe”.

Os autores do livro chegam à mesma conclusão depois de cruzarem a informação recolhida, desde entrevistas a sobreviventes, ex-elementos da polícia política (DISA) e antigos responsáveis do MPLA, a notícias ou arquivos da PIDE e do Ministério dos Negócios Estrangeiros português.

De acordo com o estudo, “a purga no MPLA atingiu enormes proporções” e é citado um livro laudatório de Agostinho Neto em que se assinala que “o número de militantes do MPLA, depois das depurações, baixara de 110.000 para 32.000”.

Em relação ao número de mortos, os autores optam pela versão dos 30.000, justificando que “no meio-termo estará a virtude”, depois de analisarem dados tão díspares que vão dos 15.000 aos 80.000.

O livro tenta reconstruir os acontecimentos antes, durante e pós 27 de Maio de 1977 e dá conta de testemunhos que referem os horrores a que os chamados fraccionistas foram submetidos, desde prisões arbitrárias, a tortura, condenações sem julgamento ou execuções sumárias.

O apontado líder do alegado golpe de Estado terá sido fuzilado, mas o seu corpo nunca foi encontrado, tal como o dos seus mais directos apoiantes como José Van-Dúnem e mulher, Sita Valles, que foi dirigente da UEC, ligada ao Partido Comunista Português, do qual se desvinculou mais tarde, e foi expulsa do MPLA.

Em Abril de 1992, o governo do MPLA reconhece que foram “julgados, condenados e executados” os principais “mentores e autores da intentona fraccionista”, que classificou como “uma acção militar de grande envergadura” que tinha por objectivo “a tomada do poder pela força e a destituição do presidente (Agostinho) Neto”.

Segundo os autores do livro, “as principais responsabilidades” do 27 de Maio “recaem por inteiro sobre Agostinho Neto” que “não se preocupou com o apuramento da verdade, dispensou os tribunais, admitiu que fizessem justiça por suas próprias mãos”.

O então Presidente da República “acabaria por se revelar o chefe duma facção e não o árbitro, o unificador. Dominado pela arrogância, pela inflexibilidade e pela cegueira, foi incapaz de temperar a justiça com a piedade”, referem.

Quanto à herança do 27 de Maio, o livro conclui que “Angola perdeu muitos dos seus melhores quadros: combatentes experimentados em mil batalhas, mulheres combativas, jovens militantes, intelectuais e estudantes universitários”.

“Os vencedores do 27 de Maio parece terem conseguido o milagre de fazer desaparecer os que sonhavam com um futuro melhor, mais igualitário e mais fraterno para os angolanos”, dizem, acrescentando que se “impôs no país um clima de medo e de violência” porque falar do 27 de Maio se tornou “um tabu”.

Destacando que este é um livro “para gente boa”, Álvaro Mateus cita uma frase de Martin Luther King: “O que mais nos preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem carácter, nem dos sem moral. O que mais nos preocupa é o silêncio dos bons”.»

Folha 8 com Lusa | Foto: Repressão da polícia aos manifestantes/em Deutsche Welle

Eutanásia à portuguesa | A minha morte e a dos outros


José Soeiro | Expresso | opinião

Não sou dos que possa dizer, serenamente, que lido bem com a morte. Há para mim, no fim da existência física - da nossa e da de quem amamos – qualquer coisa de angustiante. Por mais natural que seja – e é. Por mais que conviva diariamente com pessoas que já morreram – que conversam comigo através do que escreveram e nos deixaram, ou que me aparecem nos sonhos e me fazem acordar com a sensação de que estive mesmo com elas, ou de quem me lembro durante o dia por um motivo ou outro.

A forma como ando a aprender a lidar com a morte interessa pouco para o que escreverei a seguir. O apego à vida não é uma ideia abstrata. A própria vida, a nossa em primeiro lugar, não é uma ideia abstrata. Na próxima terça-feira serei chamado a pronunciar-me, tal como todas as deputadas e todos os deputados sobre os projetos que preveem a despenalização da morte assistida. Votarei a favor. Por quatro razões.

A primeira é que defendo a dignidade da vida como bem essencial e não tenho sobre os meus concidadãos a arrogância de achar que sei mais sobre a dignidade da sua vida do que os próprios sabem sobre o que de mais precioso têm. O direito à vida não passa, para mim, pela imposição autoritária e sem critério de uma obrigação de viver em qualquer circunstância. Não me vejo, por ser deputado, como dono da consciência dos outros.

A segunda razão é que as propostas em cima da mesa são cuidadas, sensatas e muitíssimo prudentes. Por isso, quanto mais me atiram à cara os argumentos baseados no medo e na mentira, mais convicto fico de que o medo e a mentira não podem levar a melhor. De que falo? De agitarem fantasmas segundo os quais se poderia estar a abrir a porta à eugenia, ou segundo os quais doentes crónicos, pessoas com demência ou doentes psiquiátricos podiam estar a ser “empurrados” para a morte assistida por razões mercantilistas. Sejamos muito claros: nas leis propostas, uma demência, uma doença crónica ou uma doença psiquiátrica não são condições suficientes para a antecipação da morte, muito menos ser-se velho e socialmente vulnerável. Nos projetos, a eutanásia por motivos fúteis, ou de doentes mentais, é considerada um crime. O que se pretende despenalizar é a morte assistida sempre que haja a combinação de quatro coisas: um diagnóstico de doença incurável e fatal ou lesão definitiva; um prognóstico de que essa doença é incurável e fatal; um estado clínico de sofrimento duradouro e insuportável; um estado de consciência que demonstre a plena lucidez e capacidade da pessoa entender o alcance do pedido. É sobre isto, e apenas sobre isto, que serei, como os outros deputados, chamado a votar.

A terceira razão é que, além do respeito que me merecem os outros, que não são menos capazes do que eu para decidir sobre si naquelas circunstâncias, parece-me ridículo, absurdo e cruel atribuir 3 anos de prisão, como a lei prevê, a um médico ou a um familiar que responda positivamente a um derradeiro pedido de quem ama ou de quem cuida, naquelas circunstâncias. Não falo no abstrato. Como quase toda a gente, já assisti ao processo final de pessoas próximas. Já me disseram que gostavam de poder pôr fim a tanto sofrimento – e francamente, achei cruéis e inúteis aqueles dias a mais em estado de pura aflição. Já convivi com casos de amigos que, doentes, preferiram ir para outro país no fim da sua vida vida pelo facto de em Portugal ser crime antecipar a morte. O que fazer, pois, perante um pedido de ajuda reiterado nestas circunstâncias? O leitor (e a leitora) sabe de antemão o que faria? Mesmo? E é capaz de julgar? Mesmo?

Esta, como outras, não é a causa de um partido, atravessa convicções várias, religiosas e políticas. Mas nesta como noutras questões tem havido sempre dois campos. Os que privilegiam a autonomia e a autodeterminação e consideram que a vida é uma realidade concreta. E os que utilizam sempre os mesmos argumentos, segundo os quais reconhecer às pessoas capacidade de decidir é desistir sobre o apoio que deviam ter (um argumento falso, usado até à náusea na questão do aborto para impedir a escolha e que agora ressurge, até, lamentavelmente, pela mão de quem os rejeitou naquela altura); e segundo os quais sobre a vida de cada um não é a cada um que cabe decidir, mas ao Estado ou à Igreja. Não aceito, agora como no passado, ser cúmplice desses argumentos. Sei em que campo estou: quero uma sociedade capaz de respeitar e de reconhecer a escolha mais difícil de todas, sem imposições, sem obrigar as pessoas a esconder-se, sem somar mais perseguição ao sofrimento, sem a crueldade da arrogância.

Portugal | É preciso revogar o contrato de prospeção de petróleo com a Australis


A nossa região, Alcobaça, está escolhida, para fazer furos de prospecção de petróleo e gás natural, desde há longo tempo; sucedem-se as tentativas; e as companhias petrolíferas; antes a texana Mohave, que parece ter falido; agora a Australis Oil & Gas; que explora por fracking petróleo no Texas; a quem o nosso governo, generosamente ofereceu as concessões, deixadas vagas pela Mohave, na nossa Estremadura; até parece, que nos querem transformar num novo Texas! Uma coboyada!

Octavio Serrano*

Restos de uma visão terceiro-mundista da nossa economia; do tempo, em que, com os preços do petróleo nos píncaros, a visão estreita de alguns dos nossos governantes, cegos pela imaginação da vinda de petrodólares, que inundassem o país de “prosperidade”, assinavam contratos leoninos, sem acautelar os reais interesses do país e das populações; felizmente, que nunca cá encontraram nada de jeito; pois com excepção da Grã-Bretanha e Noruega, países que acautelaram devidamente os seus interesses, o maná do petróleo, só serviu em muitos países, para encher os cofres das companhias que os exploraram, e para desenvolver oligarquias nacionais corruptas e ostentosas; para os povos, restos de banquete e miséria.

A Australis Oil & Gas, ao abrigo do contrato que lho permite, pretende fazer mais um furo de prospecção, na zona de Alcobaça; ali entre Aljubarrota e Boavista; numa linha de água que desagua directamente nos campos da Maiorga; um furo, em si não será muito preocupante, apesar da possibilidade de suceder um acidente ambiental localizado; o que é preocupante será a possibilidade de serem detectadas reservas de petróleo ou gaz de interesse comercial; o que é inquietante, é que essa exploração venha a ser feita em zonas de grande sensibilidade ecológica, económica e ambiental. E que os tais contratos, firmados pelo Estado Português, não prevejam de modo nenhum, quaisquer compensações por danos causados, com as prospecções que se efectuem, nem na exploração petrolífera que eventualmente, se viesse a efectuar!

O maior risco estará na alta probabilidade de contaminação com produtos tóxicos, das águas do lençol freático de toda a zona a oeste da Serra dos Candeeiros; pois ela é intercomunicante; toda a gente conhece a importância desta reserva de água; tanto para consumo humano, como agrícola, como industrial; não posso olvidar, para comparação, o desastre económico e ambiental, que aconteceu nas Termas da Piedade; desde há dezenas de anos, e graças à incúria na permissão de exploração de produções suinícolas, nos arredores das termas, que as suas águas, insubstituíveis, ficaram contaminadas e improprias para consumo; estão por contabilizar os prejuízos que tal desastre ambiental, proporcionou à região. Mas este exemplo, pode muito bem ser extrapolado, para o que pode eventualmente suceder, em caso de se permitir a prospecção e exploração petrolifera nesta sensível zona do país; tal, poderá muito bem, destruir uma economia fundamental, sustentável e inclusiva, ligada à agricultura na nossa região.

E isto a troco de nada; pois os reduzidos royalties, prometidos nos contratos que o nosso Estado assinou, são tão míseros que não chegam para pagar aos advogados, para possíveis demandas, quanto mais os incalculáveis prejuízos derivados das quebras de produção agrícola, que certamente se verificariam em toda esta zona do país. Nessa altura, certamente, os grandes responsáveis assobiarão para o lado!

Mas a nós, que estamos cá, não nos é permitido fingir que nada está a acontecer! Vejo com satisfação, que a Junta de Aljubarrota está deveras preocupada; que se movimenta; mas não basta, aprovar moções de repudio; os poderes não ligam a moções; ligam a multidões; a manifestações; a votações; a eventos que apareçam nas televisões; é necessário que as juntas de Alcobaça e Concelhos limítrofes se juntem; que os Municípios da região se mexam; e que informem e dinamizem as populações, para que estas se oponham; e que o façam em bloco; por certo, o nosso governo será sensível a isso; e por certo vencerá a inercia que o afecta, assinando a rescisão do contrato com a Australis, antes que seja tarde demais!

Octavio Serrano-Pagina de Analise Politica | em Facebook | Foto Jornal de Leiria

Ler em Jornal de Leiria

Portugal | Segurar e melhorar o SNS

Manuel Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

António Arnaut bateu-se literalmente até ao fim da sua vida pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). Nos últimos anos pressentiu que o sistema tinha sido deliberadamente desequilibrado a favor de prestadores privados e que a provisão pública, de acesso universal e tendencialmente gratuita, estava em perigo. Sem hesitações esteve na primeira linha dos que denunciaram esse descarrilamento. Arnaut tinha razão em estar preocupado.

A Direita opôs-se ao SNS desde sempre - o PSD e o CDS votaram contra a sua aprovação - com o pretexto de que assentava numa filosofia coletivista que transformaria todos os profissionais de saúde em funcionários. Nunca teve coragem para assumir abertamente o objetivo de privatizar o sistema de saúde, mas jamais se eximiu a, de forma reptícia, trabalhar nesse sentido, contando em várias ocasiões com a conivência de responsáveis do partido de António Arnaut.

Em todas as oportunidades foram reduzindo o financiamento, incapacitaram serviços e lançaram suspeição sobre o empenho dos seus trabalhadores. Depois, constatando que o serviço não dá as respostas necessárias, fomentaram o protesto e subcontrataram no privado os serviços que o público deixou de ter capacidade de prestar. Ao mesmo tempo o setor privado avançou estratégias de atração de profissionais descontentes com as insuficiências e as cada vez piores condições de trabalho no SNS. Por vezes, a acumulação de dívidas a subcontratados foi instrumental. Periodicamente gritaram, aqui-d"el-rei que a dívida do SNS aumentou muito. No final constata-se que ocorreu uma enorme transferência de recursos públicos para o setor privado, propiciando-lhe elevados lucros.

Sempre existiram, e hoje ainda mais, fortes razões para que a saúde não seja uma indústria privada ou um negócio. Quais são elas?

A relação médico-paciente (e também a de outros profissionais, como os enfermeiros) caracteriza-se por uma vincada assimetria. O médico sabe sempre muito mais acerca da doença do paciente, e da forma de a curar, do que o paciente que a ele se dirige. Se a relação fosse puramente comercial, isto é, se o médico e outros profissionais do setor tivessem como objetivo obter uma vantagem monetária poderiam usar a assimetria da relação a seu favor, contra os interesses materiais do paciente ou até contra a sua saúde. Por isso mesmo, a relação nunca foi pensada como uma relação meramente comercial.

Em regra, um médico vive do seu trabalho. É justo ter um estatuto e um reconhecimento social de relevo, mas o seu objetivo não é, ou não deve ser, enriquecer. O seu objetivo é cuidar bem do paciente. Por isso, o médico e outros profissionais de saúde têm, desde tempos imemoriais, uma deontologia profissional. Essa deontologia coloca-lhes exigências e impõe-lhes tarefas que também chocam com a mercantilização do seu trabalho.

O que hoje está em causa com a privatização da saúde não é um regresso ao tempo em que a medicina era sobretudo uma profissão liberal. Estamos agora na era da industrialização da saúde, em que os profissionais se convertem em assalariados de empresas, deixando de estar sujeitos aos ditames da sua consciência e da deontologia profissional. As organizações para quem trabalham são empresas capitalistas que têm como objetivo remunerar, o mais possível, os capitais dos seus proprietários. Existe um enorme potencial de descoincidência de motivações e interesses entre os compromissos deontológicos dos profissionais da saúde e o objetivo de lucro das empresas. E o drama que o país está a viver é que os pressupostos gestionários do privado se estão a impor também no setor público. O diminuto tempo para consultas, a subcontratação de médicos, enfermeiros e outros técnicos, a destruição de condições para a constituição e estabilização de equipas multidisciplinares, a falta de capacitação de trabalhadores com funções auxiliares, bem como as baixas remunerações de muitos profissionais são alguns dos problemas que se acumulam no SNS.

Sem dúvida que no SNS público também existem conflitos de interesses. Mas há uma grande diferença entre o SNS e a indústria da saúde. O SNS não é um negócio orientado para extrair dividendos financeiros de situações de carência e aflição.

*Investigador e professor universitário

Artista sul-africana Esther Mahlangu cria mural em Évora


A figura frágil pode enganar, mas a artista Esther Mahlangu, de uma tribo sul-africana, é uma trabalhadora incansável que, depois de colaborar com museus e pintar automóveis de marcas internacionais, assina agora um mural em Évora.

"Não posso esquecer Évora. Há muitos lugares no meu coração e vou juntar este também", diz à agência Lusa a artista, de 82 anos, na língua da comunidade Ndebele, a que pertence, mas fazendo-se entender com a ajuda de um intérprete.

Esther Mahlangu está na cidade há algumas semanas, a convite do Festival Evora Africa, iniciado na sexta-feira e promovido pela Casa Cadaval, Palácio de Cadaval e Power Nation, levando a Évora, até 25 de agosto, a "festa da cultura africana", com exposições, música, conferências e performances.

A pintura mural criada pela artista está no Palácio de Cadaval, a poucos metros do templo romano da cidade que é Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

"Ficaram inspirados pelo meu trabalho, foi por isso que me chamaram para vir cá. Também me sinto inspirada e adoro estar em Portugal", conta, acrescentando que só pinta porque "faz parte da cultura" a que pertence e é o seu "dia-a-dia, nada mais".

Pintada numa estrutura, a obra atrai de imediato os olhares e ocupa uma das paredes do pátio do palácio, zona aberta a visitas e onde também funciona um restaurante.

As cores, como o amarelo, rosa e azul, e as figuras geométricas assinadas por Esther, umas maiores e mais centrais, outras mais pequenas, contrastam com o branco caiado nas paredes em volta.

Sentada numa cadeira no pátio e embrulhada numa manta de riscas também coloridas, presa com um alfinete, a artista, vestida com colares e pulseiras, nos braços e nas pernas, de missangas ou de bronze e ouro, tradicionais da sua tribo, até parece pequena e frágil, mas é a grande divulgadora pelo mundo do património artístico dos Ndebele.

"A Esther foi um marco muito especial" dentro da comunidade Ndebele, no norte de Pretória, "porque tem uma contemporaneidade bastante extraordinária" e o seu trabalho "marcou diferentemente as outras pinturas da sua tribo", diz à Lusa Alexandra de Cadaval, diretora do Evora Africa.

Nesta tribo, conta Alexandra de Cadaval, o património artístico é transmitido de mãe para filha e, quando uma jovem chega à puberdade, aprende os padrões de missangas Ndebele e as pinturas decorativas nas casas, executadas só pelas mulheres.

"Quem a descobriu, há 35 anos, foi o curador [do festival] André Magnin. Foi à procura dela nas aldeias e descobriu, vendo a casa dela, que ela realmente tinha uma visão diferente", pela sua "maneira de pintar e utilização de cores", refere.

Com penas de galinhas de como pincéis, Mahlangu transportou para telas, pratos e potes a sua arte, desenhada à mão livre, sem medições prévias, e foi através de uma exposição no Centro Georges Pompidou, em Paris (França), em 1989, que o mundo a descobriu.

"A partir daí, foi convidada mundialmente para fazer trabalhos", afirma Alexandra de Cadaval, orgulhosa do mural do palácio, que deve ser "o maior a nível mundial" da autoria da artista, que pintou ainda zonas do restaurante e peças de barro do centro oleiro de S. Pedro do Corval para serem vendidas na loja do festival: "A Esther não para de trabalhar".

A artista, que começou a pintar com 10 anos, ensinada pela avó e pela mãe, alude, com ar divertido e risos pelo meio, aos automóveis pintados para a BMW e para a Fiat, ao avião para a British Airways e aos países que já visitou e onde expôs, tudo graças à sua arte.

"Nem sequer pensei nisso, de viajar por todo o mundo através do meu trabalho", reconhece, confessando ser "apenas uma pessoa com um sonho", o de "construir uma escola de artes" na sua aldeia, para poder ensinar a arte Ndebele "a rapazes e raparigas" e manter "viva" a tradição.

Mesmo longe, a sua comunidade está sempre por perto, graças às novas tecnologias. Alexandra de Cadaval confirma-o. Neste período passado em Évora, a artista falou, "todos os dias" com a sua gente, graças ao WhatsApp.

"Ela é uma princesa" na tribo "e é ela que mantém a comunidade toda, portanto, todos os dias, é aqui uma alegria porque toda a gente da aldeia quer falar com ela", relata Alexandra, frisando: "Graças a Deus que existe o WhatsApp para ela poder falar com toda a gente".

Lusa | em Notícias ao Minuto | Foto Lusa

Portugal | "Uma das prioridades do OE2019 será o regresso dos jovens que partiram"


António Costa encerrou o 22º Congresso do Partido Socialista com vários agradecimentos, palavras de futuro e uma novidade: a proposta de reeleição de Ana Cataria Mendes como Secretária Geral Adjunta.

O secretário-geral do PS anunciou hoje que o Orçamento do Estado para 2019 vai ter como prioridade o apoio ao regresso dos portugueses que emigraram no período de crise económico-financeira entre 2010 e 2015.

ste anúncio foi feito por António Costa no discurso de encerramento do 22º Congresso Nacional do PS, na Batalha, distrito de Leiria, com o ministro das Finanças, Mário Centeno, sentado na primeira fila a ouvir esta intervenção.

António Costa recordou o fluxo de emigração no período entre 2010 e 2015, que "só teve paralelo com a emigração dos anos de 1960", anunciando que o governo vai tomar medidas para inverter a situação.

"Entre 2010 e 2015 tivemos um afluxo emigratório como não tínhamos desde a década de 60 e temos de criar condições únicas e extraordinárias para os que partiram e pretendam voltar a Portugal tenham condições para regressar ao país. Quero aqui dizer claramente: Para o PS, uma das principais prioridades do Orçamento do Estado para 2019 vai ser adotar um programa que fomente o regresso dos jovens que partiram, sem vontade de partir e que têm de dispor da liberdade de poderem voltar a viver entre nós", declarou, recebendo uma prolongada ovação dos delegados socialistas.

O secretário-geral do PS acentuou que essa será uma das principais prioridades do seu executivo no que respeita ao próximo Orçamento do Estado.

António Costa dedicou grande parte do seu discurso de encerramento às políticas que tenciona adotar a prazo para a inserção das gerações entre os 20 e os 30 anos no mercado de trabalho.

Vencer na Madeira e na Europa

Depois de relembrar o passado e deixar uma palavra de confiança às futuras gerações socialistas, António Costa, garantiu que quer ganhar as eleições europeias e as eleições legislativas, mas não só.

"Chegou a hora de termos a ambição de Governar a Região Autónoma da Madeira, provando que também ali somos capazes de uma excelente governação. O PS/Madeira pode contar com todos os socialistas do país nessa luta e quero dizer ao Paulo Cafôfo, que nos honra ter aceite ser o nosso candidato a presidente do Governo Regional, que vai ser ele a ganhar as eleições em nome do PS", declarou, recebendo, de imediato, uma prolongada salva de palmas.

Sobre as eleições para o Parlamento Europeu, referiu que a ambição é aumentar a dimensão do triunfo por curta margem que o PS registou no ato eleitoral de 2014, então com este partido sob a liderança de António José Seguro.

Estas não foram as única surpresas de António Costa, que propôs a reeleição de Ana Cataria Mendes como secretária-geral adjunta do partido. 

"Tal como fiz há dois anos atrás, continuo a entender que é absolutamente essencial compatibilizar a ação que temos na governação, autarquias, regiões, com a vitalidade e autonomia do PS. Mais uma vez, vou utilizar a figura da secretária-geral adjunta, irei propor à Comissão Nacional a reeleição da nossa camarada Ana Catarina Mendes", disse Costa.

O cargo de secretário-geral adjunto foi criado em 2016, depois de o PS assumir a liderança do Governo.

Uma palavra para os jovens socialistas

Perante o 22º Congresso Nacional do PS, no que respeita à geração dos mais jovens socialistas, António Costa apenas se referiu especificamente a Ana Catarina Mendes para dizer que irá propor que esta deputada continue a desempenhar as funções de secretária-geral adjunta.

António Costa também não se posicionou no debate ideológico que envolveu, entre outros, o atual secretário de Estado Pedro Nuno Santos e o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.

Mas, implicitamente, o secretário-geral do PS referiu-se a todos, independentemente das posições que cada um assumiu ao longo dos trabalhos de sábado, quando deixou um voto de confiança nesta nova geração, apesar de prevenir que não estava a pensar já em meter os papéis para a reforma.

"É muito gratificante ver que podemos olhar para o nosso futuro com uma enorme tranquilidade e satisfação. Temos uma nova geração com um enorme potencial, com uma enorme qualidade política, técnica e preparação profissional. Eles vão seguir com a bandeira do PS em punho e levá-la para a frente ao longo deste século", afirmou.

Estas palavras foram interrompidas por uma prolongada ovação, com o secretário-geral do PS a acrescentar, somente, que as indicações que deixa a nova geração são para si, pessoalmente, "motivo de grande orgulho e satisfação".

Tiago Manuel Simões em Notícias ao Minuto com Lusa

Portugal | CRISTAS, UM ANJO NEGRO DO POPULISMO


Assunção Cristas, uma populista perigosa - ainda não completamente fora da sua carapaça - nos seus métodos de comunicar, tirados a papel químico de todos os da sua área política na Europa e no mundo que optam pela arte de vigarizar os que vão atrás das suas ladainhas de engano e que após eleitos e nos poderes põem em prática exatamente o contrário.


Mário Motta, Lisboa

Cristas foi ministra no governo de Passos Coelho e o que fez em prol dos mais carenciados? Nada, antes pelo contrário. O que fez a favor das famílias que devido à crise perderam as suas casas? Nada, mas fez o contrário.  Foi a arquiteta de leis que facilitam o despejo de casas de família, de pessoas idosas e/ou com crianças a cargo. A lei Cristas ainda hoje faz vítimas e a nova legislação está em movimento para estancar a injustiça dessa sua lei. Aprovada pelo CDS/PP e pelo PSD.

Cristas representa a continuidade das políticas que facilitam aos mais ricos serem cada vez mais ricos tirando aos pobres - que ficam cada vez mais pobres. Não o diz, mas foi o que pôs em prática quando no anterior governo foi ministra de Passos/Portas. É o que fará se acaso fosse novamente governante. Não foi por acaso que ascendeu a "maioral" do CDS/PP, preferida de Paulo Portas.

Assistimos na atualidade a uma Cristas aparentemente diferente, na caça ao voto, utilizando um populismo desbragado que visa enganar os incautos, os que já esqueceram as práticas governativas que por autoria dela puseram muitos portugueses à míngua e sem casas. Contribuindo para despedaçar famílias que faliram completamente com a austeridade e leis desumanas impostas. A miséria foi aquilo que Assunção Cristas escolheu por destino de, pelo menos, milhares de portugueses.

E é agora que ela vem criticar as iniciativas do governo do PS e da maioria parlamentar que o apoia por desconstruir as diretivas de desumanidade decididas quando foi ministra. E é ela que tudo faz para ser foco da comunicação social por dá cá aquela palha, usando o populismo como principal tom de toque em palavras e semblantes que até levam a acreditar que ela é um anjo da guarda puro, mavioso e de ampla bondade, quando na realidade é um anjo negro que se se apanhasse no poder governativo voltaria a miserabilizar os portugueses por via do esbulho que reverteria para os mais ricos.

Vimos Cristas constantemente a abraçar os temas mais primordiais e diversos com fraseologia digna de qualquer aldrabão que por palavras pretende cativar eleitores, que enganará sempre em prol dos que representam uma minoria que tem por fito explorar selvaticamente os que para eles trabalham, privando-os economicamente de direitos constitucionais inalienáveis, como, por exemplo, o direito à habitação, à educação, à saúde...

Cristas agora diz-se a favor de tudo isso e muito mais, como populista que se preza. Se acaso pudesse voltaria a ser o anjo negro de muitas famílias, de muitos portugueses. Importa que se saiba. Importa que tenhamos presente o que fez de mal aos portugueses com o pretexto da "crise". Curiosamente uma "crise" em que os ricos ficaram muitos mais ricos. Em que os cortes orçamentais levaram ao abandalhamento superior da prevenção de fogos, assim como de serviços de saúde e muitos outros.

Tem sido contra esse depauperamento que o atual governo e a atual maioria parlamentar se têm debatido com algum sucesso, ao contrário do que Cristas/CDS e até alguns passistas no PSD argumentam. Mais Cristas não, ela é um Anjo Negro do populismo mascarado de democrata.

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