domingo, 27 de maio de 2018

Portugal | É preciso revogar o contrato de prospeção de petróleo com a Australis


A nossa região, Alcobaça, está escolhida, para fazer furos de prospecção de petróleo e gás natural, desde há longo tempo; sucedem-se as tentativas; e as companhias petrolíferas; antes a texana Mohave, que parece ter falido; agora a Australis Oil & Gas; que explora por fracking petróleo no Texas; a quem o nosso governo, generosamente ofereceu as concessões, deixadas vagas pela Mohave, na nossa Estremadura; até parece, que nos querem transformar num novo Texas! Uma coboyada!

Octavio Serrano*

Restos de uma visão terceiro-mundista da nossa economia; do tempo, em que, com os preços do petróleo nos píncaros, a visão estreita de alguns dos nossos governantes, cegos pela imaginação da vinda de petrodólares, que inundassem o país de “prosperidade”, assinavam contratos leoninos, sem acautelar os reais interesses do país e das populações; felizmente, que nunca cá encontraram nada de jeito; pois com excepção da Grã-Bretanha e Noruega, países que acautelaram devidamente os seus interesses, o maná do petróleo, só serviu em muitos países, para encher os cofres das companhias que os exploraram, e para desenvolver oligarquias nacionais corruptas e ostentosas; para os povos, restos de banquete e miséria.

A Australis Oil & Gas, ao abrigo do contrato que lho permite, pretende fazer mais um furo de prospecção, na zona de Alcobaça; ali entre Aljubarrota e Boavista; numa linha de água que desagua directamente nos campos da Maiorga; um furo, em si não será muito preocupante, apesar da possibilidade de suceder um acidente ambiental localizado; o que é preocupante será a possibilidade de serem detectadas reservas de petróleo ou gaz de interesse comercial; o que é inquietante, é que essa exploração venha a ser feita em zonas de grande sensibilidade ecológica, económica e ambiental. E que os tais contratos, firmados pelo Estado Português, não prevejam de modo nenhum, quaisquer compensações por danos causados, com as prospecções que se efectuem, nem na exploração petrolífera que eventualmente, se viesse a efectuar!

O maior risco estará na alta probabilidade de contaminação com produtos tóxicos, das águas do lençol freático de toda a zona a oeste da Serra dos Candeeiros; pois ela é intercomunicante; toda a gente conhece a importância desta reserva de água; tanto para consumo humano, como agrícola, como industrial; não posso olvidar, para comparação, o desastre económico e ambiental, que aconteceu nas Termas da Piedade; desde há dezenas de anos, e graças à incúria na permissão de exploração de produções suinícolas, nos arredores das termas, que as suas águas, insubstituíveis, ficaram contaminadas e improprias para consumo; estão por contabilizar os prejuízos que tal desastre ambiental, proporcionou à região. Mas este exemplo, pode muito bem ser extrapolado, para o que pode eventualmente suceder, em caso de se permitir a prospecção e exploração petrolifera nesta sensível zona do país; tal, poderá muito bem, destruir uma economia fundamental, sustentável e inclusiva, ligada à agricultura na nossa região.

E isto a troco de nada; pois os reduzidos royalties, prometidos nos contratos que o nosso Estado assinou, são tão míseros que não chegam para pagar aos advogados, para possíveis demandas, quanto mais os incalculáveis prejuízos derivados das quebras de produção agrícola, que certamente se verificariam em toda esta zona do país. Nessa altura, certamente, os grandes responsáveis assobiarão para o lado!

Mas a nós, que estamos cá, não nos é permitido fingir que nada está a acontecer! Vejo com satisfação, que a Junta de Aljubarrota está deveras preocupada; que se movimenta; mas não basta, aprovar moções de repudio; os poderes não ligam a moções; ligam a multidões; a manifestações; a votações; a eventos que apareçam nas televisões; é necessário que as juntas de Alcobaça e Concelhos limítrofes se juntem; que os Municípios da região se mexam; e que informem e dinamizem as populações, para que estas se oponham; e que o façam em bloco; por certo, o nosso governo será sensível a isso; e por certo vencerá a inercia que o afecta, assinando a rescisão do contrato com a Australis, antes que seja tarde demais!

Octavio Serrano-Pagina de Analise Politica | em Facebook | Foto Jornal de Leiria

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