sexta-feira, 3 de agosto de 2018

AFRICOM procura reforçar ciberdefesa em África


Generais de vários países africanos estão reunidos na ilha cabo-verdiana do Sal para debater novas estratégias de segurança no continente. Cooperação e partilha de boas práticas e informações entre países é crucial.

Ao todo participam no encontro na ilha do Sal 150 pessoas, entre militares e especialistas em segurança cibernética. Provenientes de mais de 40 países africanos, europeus e dos Estados Unidos da América (EUA), estes responsáveis participam no 13º Simpósio "Africa Endeavor 2018", projetado para ajudar no desenvolvimento de práticas de comunicação multinacional para a manutenção da paz, resposta a catástrofes e missões contra o terrorismo. Uma iniciativa do Ministério da Defesa de Cabo Verde e do Comando dos EUA para África (AFRICOM).

Para alcançar o objetivo deste encontro, que passa por reforçar a ciberdefesa em África, os países africanos têm de cooperar mais entre si, explica o almirante português António Gameiro Marques, em entrevista à Rádio Cabo Verde. "Se todos colaborarmos através da partilha de boas práticas, da partilha de informações, da entreajuda, no sentido da propagação de fragilidades ou vulnerabilidades que um encontre e depois divulgue aos outros, o conjunto será mais forte. Quanto mais bem preparados estivermos mais protegidos estaremos", diz.

Até sexta-feira (02.09), os cerca de 60 generais vão discutir questões relacionadas com a segurança cibernética e ciberdefesa, operações contra organizações extremistas violentas, operações marítimas de combate ao tráfico ilícito e operações de manutenção da paz. Temas que, como explica José Tavares, coordenador adjunto do evento, estão "relacionados com as comunicações, desde comando de controlo, computadores e sistemas de informações - conhecido por "C4I - Command, Control, Communications, Computers and Intelligence".

Parceria de qualidade

O objetivo do evento é  aumentar as capacidades de comando, controlo e comunicação das nações africanas, encorajando táticas, treino e procedimentos interoperáveis, e criar documentos normativos que suportem o apoio nesta matéria às forças da União Africana e às Forças de Alerta Africanas envolvidas em missões de assistência humanitária, desastres e manutenções de paz.

Em maio deste ano, aquando da visita comandante-adjunto da AFRICOM à cidade da Praia, para apresentar esta edição do "Africa Endeavor", este responsável salientou a importância da realização do evento para todas as partes.

"Tudo o que fazemos em África é com e pelos nossos parceiros africanos. O nosso objetivo não é fazer coisas sozinhos, mas sim em parceria e Cabo Verde é uma das nações marítimas mais sofisticadas no mundo, por isso temos uma parceria de qualidade", referiu.  Na mesma ocasião, Laskaris afirmou que a AFRICOM não tem interesse em mudar-se para Cabo Verde, uma questão que havia sido falada, e que "provavelmente" iria manter a sua sede na Alemanha.

A sessão de encerramento do "África Endeavor", marcada para sexta-feira (02.08), vai contar com as presenças dos ministros da Defesa de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Simultaneamente, decorre na ilha do Sal, uma exposição em que diversas empresas tecnológicas mundiais apresentam equipamentos de ponta no capítulo das tecnologias de informação e comunicação.

Realidade cabo-verdiana

Cabo Verde aproveitou o encontro no Sal para partilhar a sua Estratégia Nacional de Segurança Cibernética. Segundo Paulo Costa, do Gabinete de Estudos e Estratégia da Agência Nacional das Comunicações (ANAC), a estratégia do país engloba várias ações, "desde orientar o cidadão comum - como se comportar perante ameaças cibernéticas -, até questões muito mais estratégicas de nível militar e de segurança interna".

"Hoje em dia, como se sabe, além dos domínios tradicionais como terra, ar e o mar o domínio do espaço cibernético é cada vez mais importante na estratégia militar", acrescenta Paulo Costa.

Nélio dos Santos | Deutsche Welle

Guiné-Bissau | CEDEAO LEVANTOU AS SANÇÕES? … OH CEDEAO!

Abdulai Keita* | opinião

1 – A CEDEAO tem um contingente militar do tamanho de um batalhão instalado na Guiné-Bissau desde o mês de Maio de 2012, a ECOMIB. Que alimenta mensalmente com muito dinheiro para manter o pouco restante de estabilidade das instituições neste país.

2 – Ajudou e contribuiu muito para acabar com a atual situação de crise provocada deliberadamente sem razão nenhuma pelo nosso atual S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV; fazendo assinar o Acordo de Conakry e sua Adenda de Lomé, agora em curso de implementação.

3 – Antes disto, demorou muito a vir ao público (15.02.2017), para vir esclarecer que foi o nome de Sr. AUGUSTO OLIVAIS, o escolhido consensualmente em Conakry no dia 14 de Outubro de 2016 para ser logo nomeado no posto do Primeiro-Ministro.

4 – Depois, demorou e levou ainda muito mais tempo para impor as sanções aos SABOTADORES do processo de implementação deste Acordo, tal como previsto pelos compromissos assumidos por todos no ato da sua assinatura.

5 – Impôs as sanções então finalmente, mesmo se muito tarde demais (04.02.2018), mas este teve logo os seus dois sucessos mantidos até aqui. Bem patentes. Nomeadamente, (i) impediu a formação da equipe do 4º Governo ilegal nesta IX Legislatura que devia ser dirigido pelo So Artur Silva então já nomeado Primeiro-Ministro (o 6º desta mesma Legislatura; 30.01.2018) de modo provocativo e ilegalmente (demitido à força, 16.04.2018), e; (ii) permitiu a nomeação do atual Primeiro-Ministro (o 7º), o Sr. Aristides Gomes e a criação do seu elenco (25.04.2018).

6 – A CEDEAO agora veio levantar muito cedo demais estas sanções (hoje, 31.07.2018; se essa info que agora circula na blogosfera se vir confirmar de ser certa), sem ter em conta o processo em curso no terreno, nem antes, nem após a imposição destas suas próprias sanções e, nem as sanções anteriores impostas pela ONU a principalmente alguns membros das Chefias militares no caso 12 de Abril de 2012. E tudo sabendo que esta mais uma ronda da confusão ainda em curso na Guiné-Bissau, a monitorização da qual foi-lhe encarregue pela ONU com o beneplácito da UA (e consentimento da CPLP), já aí se encontra instalada desnecessariamente desde o dia 12 de Agosto de 2015.

7 – CONCLUINDO 1. Sendo agora assim (portanto, se tudo se vir confirmar tal como noticiada), constata-se. A CEDEAO tem em todo isso, uma atitude e comportamento políticos, neste preciso momento e em outros, tal como antes descrito, muito ilógicos e descabidos. Descabidos, em relação as suas seis (6) Convenções principalmente (não serão nomeadas aqui uma por uma para não alongar demais este texto), nas quais os seus próprios princípios ético-morais, políticos, jurídicos e procedimentais de funcionamento se baseiam.

Mas nem só isso. Ilógicos e descabidos também, porque sobretudo, muito prejudiciais a sua própria posição política em como Organização Sub-Regional, a sua imagem e capacidade de performance das suas ações interventivas, a seus interesses político-diplomáticos em geral, na ONU e em matéria da gestão e resolução de conflitos na Sub-Região, e muito particularmente à aplicação eficiente dos seus parcos meios financeiros na Guiné-Bissau em tais operações. Pensa-se neste ponto (excluindo por ex. o caso do Mali) as suas despesas para com o financiamento da sua missão da ECOMIB antes evocada.

8 – CONCLUSÃO 2. Do resto, confirmando ser certa uma decisão desta, da CEDEAO, esta virá colocar mais uma vez, mais um peso, no já muito desafiador desafio colocado com um particular destaque desde o dia 12 de Agosto de 2015 à frente de todos os VERDADEIROS DEMOCRATAS BISSAU-GUINEENSES; para que cada um pegue ainda mais afincadamente “tesso” na luta pela implantação definitiva e duradoura de um REGIME DA DEMOCRACIA PARLAMENTAR REPRESENTATIVA E DE ESTADO DE DIREITO neste país, devendo ser preformante, de excelência, funcionando com perfeição, para se preservar e perpetuar sempre, no estado de um regime muito bem-sucedido. Para se virar a página de se contentar a viver numa democracia de abatimentos, de mediocridade, de porcaria e tudo mais.

Obrigado.

Por uma Guiné-Bissau de Homem Novo (Mulheres e Homens), íntegro, idôneo e, pensador com a sua própria cabeça. Incorruptível!
Boa sorte a todos nós bissau-guineenses (Mulheres e Homens).
Que reine o bom senso.
Que a tranquilidade, paz e estabilidade governativa venha e se instale em definitivo neste nosso querido país do POVO BOM.
Amizade.

A. Keita

Há guineenses na Líbia que querem regressar a casa


Setenta e dois guineenses que vivem na Líbia querem voltar para o país "o mais breve possível". Temem o agudizar da tensão política naquele território com o aproximar das eleições gerais marcadas para dezembro.

Contactadas pela Lusa, fontes da associação de emigrantes da Guiné-Bissau na Líbia disseram que as 72 pessoas manifestaram a sua determinação de regressar ao país, perante uma equipa da Secretaria de Estado das Comunidades guineenses que visitou Tripoli na semana passada, para se inteirar das condições em que se encontram.

O secretário de Estado das Comunidades guineenses, Queba Banjai, acredita que possam existir na Líbia "centenas de guineenses, candidatos à emigração clandestina" através do Mediterrâneo, mas que "provavelmente estariam interessados em voltar" ao país.

Com ajuda da Organização Internacional das Migrações (OIM) e a Embaixada da Líbia em Bissau, uma missão de três técnicos do Governo guineense visitou alguns campos de refugiados em Tripoli, tendo encontrado as 72 pessoas dispostas a voltar assim que forem criadas as condições para o efeito, precisou à Lusa fonte da associação de emigrantes.

Entre os guineenses que querem voltar figuram duas mulheres e duas crianças.  Alguns guineenses preferem ficar na Líbia por terem "trabalho estável", precisou outra fonte da associação dos emigrantes da Guiné-Bissau.

A missão do Governo de Bissau não conseguiu visitar os cinco campos de refugiados, como estava previsto, devido à insegurança que se sente em Tripoli.

"Com o aproximar das eleições gerais, marcadas para 10 de dezembro, muitos guineenses querem voltar para casa, porque temem que a insegurança aumente", declarou fonte da associação de emigrantes da Guiné-Bissau.

Agência Lusa | Deutsche Welle

Foto: Campo de refugiados em Tripoli

Obiang anuncia nova prisão. Pena de morte e centenas de opositores encarcerados mantêm-se


Na Guiné Equatorial prevalece o regime do ditador Obiang, que constrói nova prisão mas mantém centenas de opositores encarcerados. Diz Obiang que a nova prisão obedece aos padrões exigidos pelos Direitos Humanos, como se essa fosse a solução para respeitar esses direitos e liberdades políticas, a democracia, a abolição da pena de morte, etc. Obiang mantém na realidade o regime opressor e ditatorial que vence eleições por via do medo e de fraudes eleitorais. O mesmo regime de antes mas com uma simulada “primavera democrática” se as populações não se lhe opuserem. (PG)

Guiné Equatorial apresenta nova prisão mais alinhada com os direitos humanos

As autoridades da Guiné Equatorial construíram uma nova prisão, apresentada como uma resposta às frequentes críticas sobre desrespeito pelos direitos humanos neste país, liderado há quase quarenta anos pelo Presidente, Teodoro Obiang Nguema.

Governo colocou em prática uma das exigências da Comissão de Direitos Humanos no tratamento de prisioneiros. Essa prisão é principalmente um centro de reeducação, porque ao cumprirem a sua sentença, temos a oportunidade de os formar", disse na terça-feira à noite, na televisão estatal (TVGE), Alfonso Nsue Mokuy, terceiro vice-primeiro-ministro, encarregado dos direitos humanos.

O Governo da Guiné Equatorial é acusado por várias organizações da sociedade civil de constantes violações dos direitos humanos e perseguição a políticos da oposição, apesar das autoridades equato-guineenses as negarem.

A oposição também denuncia os abusos sofridos pelos seus ativistas presos. O principal partido opositor, Citizens for Innovation (CI) denunciou recentemente, e pela segunda vez em 2018, a morte de um de seus ativistas "como resultado de tortura".

O novo centro de detenção inclui uma biblioteca, uma sala de informática ou um centro de treinamento vocacional, de acordo com a reportagem da televisão nacional da Guiné Equatorial.

Inaugurado na sexta-feira, o novo prédio tem capacidade para receber 500 presos e foi construída por uma empresa israelita em Oveng Asem (centro), cidade natal do presidente, Teodoro Obiang Nguema, no poder desde 1979.

A prisão custou 40 mil milhões de FCFA (cerca de 70 milhões de euros), segundo o relatório.

"Os fundos utilizados aqui poderiam ser usados para construir uma escola, um hospital ou uma universidade, mas preferimos construir esta prisão para que os nossos detratores saibam que o Governo da Guiné Equatorial quer tratar bem os prisioneiros", disse o Presidente da Guiné Equatorial, na sexta-feira.

A embaixadora dos Estados Unidos em Malabo, Julie Furuta-Toy, também se pronunciou sobre a nova prisão: "Este é um passo em frente para o país", disse a diplomata norte-americana à TVGE.

Desde maio, dois opositores e um magistrado morreram na prisão ou na esquadra da Guiné Equatorial.

Teodoro Obiang Nguema anunciou no início de julho uma "amnistia total" para presos políticos e opositores, mas apenas um prisioneiro foi libertado desde então.

No final da mesa de diálogo nacional, que reuniu em julho o executivo, membros da oposição e da sociedade civil, o Governo comprometeu-se a proibir a tortura nas esquadras e "prisões de cidadãos sem mandado judicial".

Os dois únicos partidos da oposição presentes no diálogo recusaram-se a assinar o documento final, devido à falta de aplicação do decreto de amnistia.

A Guiné Equatorial, país com cerca de um milhão de habitantes, é dirigida há quase 40 anos por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que detém o recorde de longevidade no poder em África.

Teodoro Obiang foi reeleito em 2016 com mais de 90% dos votos para um quinto mandato de sete anos.

A Guiné Equatorial faz parte dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), assim como Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Lusa | em Diário de Notícias

São Tomé | Primeiro-ministro mentiu


É a conclusão a que chega Juvenal Rodrigues, jornalista são-tomense e Presidente da Associação dos Jornalistas de São Tomé e Príncipe. “Primeiro-ministro Patrice Trovoada mentiu”.

Para o Presidente da Associação dos Jornalistas de São Tomé e Príncipe, o tempo encarregou-se de confirmar a mentira dita pelo primeiro-ministro Patrice Trovoada no mês de Setembro do ano 2016.

«Há alguns jornalistas que vejo aí, e que gostam de falar de liberdade de imprensa e são jornalistas cuja opinião muitas vezes choca com o governo.. … Nós estamos a fazer um trabalho de recolha de armas. Como é que um jornalista recebe na presidência da República para seu uso pessoal uma arma de guerra. É jornalista? É independente? O quê que ele é? É mercenário? é jornalista? é o quê?», afirmou Patrice Trovoada em declaração a Rádio e Televisão do Governo, no mês de Setembro de 2016.

Logo a seguir a transmissão da entrevista do  primeiro-ministro, a Associação dos Jornalistas foi a Procuradoria Geral da República, e solicitou ao Procurador Geral para investigar e esclarecer a grave acusação. «Até hoje, aquela instituição não se pronunciou sobre o pedido, apesar da insistência feita. Assim sendo, só há uma conclusão:o chefe do governo mentiu, difamou, o que também é crime! Patrice Trovoada não tinha necessidade de fazê-lo, porque tem todos os meios para apurar a veracidade de uma informação dessa natureza, antes de fazer qualquer declaração pública. E nem veio publicamente desculpar-se pelo erro intencional», pontuou Juvenal Rodrigues, Presidente da AJS.

Na denúncia feita em Setembro de 2016, o Primeiro Ministro, acrescentou que «não vou citar o nome. Portanto é preciso fazer-se um trabalho com um jornalista que recebe uma arma da presidência da República, para quê? Não vale a pena citar o nome. São práticas que me deixam duvidoso sobre a independência de muitos jornalistas».

O Presidente da Associação dos Jornalistas de São Tomé e Príncipe, retomou o apelo para que o ministério público esclareça a denúncia feita por Patrice Trovoada contra os jornalistas em Setembro de 2016,  na mesma altura em que o Primeiro Ministro, voltou a chamar os seus jornalistas da Rádio e Televisão do Governo no mês de junho de 2018, para denunciar outra alegada acção armada desta vez contra a Águia.

«Quando se ouve e se vê as declarações oficiais sobre a alegada “tentativa” (?) de assassinato de uma “Águia” com um tiro na cabeça com o objectivo de subverter a ordem constitucional a poucos meses das eleições, convém recordar que em 2016, o senhor primeiro-ministro, Patrice Trovoada, acusou publicamente numa das suas “conversas em família” transmitidas pelos medias estatais que certos jornalistas receberam “arma de guerra” da Presidência da República». referiu o Presidente da AJS.

Para a Associação dos Jornalistas de São Tomé e Príncipe, a mentira tem pernas curtas.

Abel Veiga | Téla Nón

Angola | "Justiça lenta" no caso dos 5 mil milhões do Fundo Soberano


"Novela" em torno do Fundo Soberano de Angola continua. Para jurista Rui Verde, José Filomeno dos Santos e Jean-Claude Bastos de Morais continuarão a ser protegidos enquanto "sistema jurídico-legal não for desmanchado".

A gestão do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) tinha sido entregue pelo antigo Presidente José Eduardo dos Santos ao próprio filho José Filomeno dos Santos (Zénu). Entretanto, o Presidente João Lourenço afastou José Filomeno dos Santos do cargo e a justiça angolana tem estado a investigar a sua gestão, seguindo o rasto do dinheiro. Dois dos 5 mil milhões de dólares já foram recuperados pelos novos gestores do Fundo. Mas restam ainda 3 mil milhões no estrangeiro, que o Governo angolano pretende recuperar.

Esta semana soube-se que os 3 mil milhões de dólares que a Quantum Global geria em representação do Fundo Soberano de Angola foram desbloqueados por ordem da justiça britânica.  A informação consta de um comunicado da Quantum Global, no qual o fundador da empresa, o suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais, amigo pessoal de Zénu, e que está também a ser investigado pela justiça angolana no âmbito deste processo, refere que o juiz de um tribunal inglês retirou "a ordem de congelamento na sua totalidade" daqueles investimentos do FSDEA.

Em entrevista à DW África, Rui Verde, professor e especialista em política angolana, explica que o "problema essencial" deste caso prende-se com o facto de existirem contratos assinados pelo antigo Presidente de Angola que "legitimam a entrega" destes montantes. Para este analista, "a justiça angolana está a ser muito lenta", pois "não confronta ninguém com o vigor legal". 

DW África: Como interpreta a recente notícia do descongelamento dos 3 mil milhões de dólares a favor da Quantum Global?

Rui Verde (RV): Quer dizer o seguinte: numa primeira fase, em abril deste ano, a justiça britânica tinha congelado a pedido do Fundo Soberano de Angola, da nova direção nomeada por João Lourenço, esses 3 mil milhões, debaixo da gestão do Jean- Claude Bastos de Morais e a justiça britânica tinha feito esse congelamento. Depois, o Jean-Claude e a Quantum reagiram e fizeram o que se pode chamar de recurso a essa primeira decisão, e então veio um tribunal inglês descongelar o que tinha sido congelado em abril [de 2018].

DW África: Quer isso dizer que uma grande parte do Fundo Soberano de Angola está ainda e continuará em Inglaterra?

RV: Aparentemente havia 5 mil milhões, o Governo angolano diz que já recuperou 2 mil milhões e 3 mil milhões estão com Jean-Claude Bastos de Morais. Se estão em Inglaterra ou noutras jurisdições não é claro, porque também corre um processo semelhante nas ilhas Maurícias. O que a jurisdição inglesa permite é emitir ordens mundiais de congelamento, digamos assim, e é por isso que ela é utilizada com frequência. Mas em resumo, 3 mil milhões de dólares do Fundo Soberano voltam a estar nas mãos do Jean-Claude Bastos de Morais.

DW África: Como é possível tanto dinheiro ser entregue ao filho do então ex-Presidente, ou neste caso, a um colega de juventude, ao suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais?

RV: Este é o problema essencial e é o que esta decisão inglesa agora reflete. Os contratos que legitimam essa entrega existem, ou seja, não foi uma entrega por baixo da mesa, e esse é o grande problema, porque quem é que deu origem e autorização a esses contratos? Foi o antigo Presidente José Eduardo dos Santos. Portanto, agora o que temos aqui é um novelo formal que o antigo Presidente criou e que o novo Presidente João Lourenço terá dificuldade em desfazer nos tribunais.

DW África: A justiça angolana estará preparada para desfazer este imbróglio, para investigar e recuperar o dinheiro que é do povo angolano?

RV: Não está e esse é um dos grandes problemas. Quando há estes grandes casos noutros países, como nos Estados Unidos, ou em Portugal, a justiça atua segundo aquilo que se pode chamar um modelo "big bang”, vai utilizando a lei, mas vai diretamente à pessoa, e ao mesmo tempo gera uma série de mecanismos. Geralmente aplica prisão preventiva, congela bens ou faz uma acusação, portanto, a pessoa é imediatamente confrontada com o peso do Estado. O que se está a passar em Angola é que há muitos discursos, há muitas notícias nos jornais, mas a justiça angolana está a ser muito lenta, não confronta ninguém com o vigor legal. Ou não quer ou não está preparada para, de facto, ir ao cerne das questões.

DW África: Correm notícias de que José Filomeno dos Santos, o antigo presidente do conselho da administração do Fundo Soberano, e também Jean- Claude Bastos de Morais, estão a ser investigados em Angola. O que é que isso significa?

RV: O que a Procuradoria-Geral da República angolana anunciou é que corre uma investigação contra eles em Angola, mas eles estão em liberdade. Foi-lhes tirado o passaporte, portanto não podem sair de Angola.

DW África: E esses indivíduos estão a ser protegidos por alguma parte do aparelho de Estado de Angola?

RV: Eles estão a ser protegidos por toda a legislação e por todos os contratos que o pai, o Presidente José Eduardo dos Santos, fez. Essa é a grande proteção deles e enquanto esse sistema jurídico-legal não for desmanchado, eles terão sempre uma proteção. Se essa proteção agora se está a estender também a forças já descontentes no atual regime, é possível. Neste momento, assiste-se obviamente a um confronto, por um lado entre João Lourenço, e por outro lado entre os filhos do Presidente, quer seja a Isabel dos Santos, quer seja o José Filomeno dos Santos. Isso é claro, mas na realidade quem está no fim da linha é o antigo Presidente, foi ele que assinou os papéis.

DW África: José Eduardo dos Santos ainda é Presidente do partido no poder em Angola, o MPLA, mas deixará de sê-lo no dia 8 de setembro, ao que tudo indica...

RV: Se chegamos a setembro nesta situação, até pode eleger João Lourenço como presidente do MPLA, mas obviamente é um presidente fragilizado.

António Cascais | Deutsche Welle

Moçambique | Cada vez mais no fundo do pântano


@Verdade | Editorial

Diz o dito popular que “a mentira tem perna curta” e para o caso de Moçambique parece ter perna muito menor do que se imagina. O Presidente da República, Filipe Nyusi, andou a cantar aos quatro ventos que o país estava a iniciar a fase “pós-crise”, garantindo que a economia nacional está em franca recuperação. Porém, a realidade o desmente de forma vergonhosa, passando-o o atestado de maior mentiroso de todos os tempos.

Uma prova disso é o facto de os bancos comerciais, na sua maioria que obtiveram lucros bilionários inéditos com a crise financeira do país e as dívidas ilegais, deixaram de comprar Títulos do Tesouro que têm sido usados pelo Governo para financiar o Orçamento de Estado cada vez mais deficitário desde a descoberta das dívidas da Proindicus e MAM. Hoje parece que ninguém tem dúvidas de que andamos a ser enganados, pois é cada vez mais evidente que Nyusi, para além de tentar tampar o sol com a peneira, andou a lançar areia para os olhos dos moçambicanos menos atentos com o seu discurso demagógico segundo o qual moçambicanos deviam passar a viver só com o que dispõem internamente.

Essa suposta “brilhante” ideia surge no seguimento da suspensão do Programa financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do apoio directo ao Orçamento de Estado pelos Parceiros de Cooperação, que condicionaram a retomada do apoio ao esclarecimento das dívidas contraídas ilegalmente. Presentemente, Moçambique é um dos países mais infames no mercado financeiro internacional, devido aos calotes que deu aos seus credores. Internamente, os bancos comerciais que operam no nosso país também não escaparam, razão pela qual já não confiam no Governo da Frelimo.

A cada dia que passa fica mais claro que o país continua a afundar-se na lama, não se vislumbrando dias melhores para os moçambicanos. Nem o tal futuro prometido pela Frelimo vislumbra-se a curto ou médio prazo. Os moçambicanos vão continuar a assistir subidas galopantes dos bens de primeira necessidade, para além de cortes de orçamento em áreas essenciais, como a saúde e educação.

Diante dessa situação deveras preocupantes, o Chefe de Estado viaja pelo país sem agenda definida. Se não está a lançar a “primeira pedra” de empreendimentos privados ou a inaugurar isto e aquilo, Nyusi está encenando as suas favoritas peças teatrais, interrogando o bando de incompetentes que lhes foi confiado alguns serviços nos governos distritais e provinciais.

Timor-Leste | Deixem Xanana em paz, deixem o revolucionário seguir o sonho adiado!


Já não é primeira nem a oitava vez que Xanana Gusmão ameaça abandonar a política e os governos que tem chefiado desde o golpe de estado em 2005/6, isso porque tem um importante projeto da sua vida privada, humanitário e empresarial, que vem adiando consecutivamente para servir Timor-Leste e os timorenses na governação eximia e transparente como diamantes translúcidos e reluzentes.

Ninguém deve ficar desiludido ou criticar Xanana por ele ao fim de décadas de luta armada e política não participar nas duras atividades governativas que o arrastam pela pobreza e frustração de não poder ser o agricultor que há décadas sonha, nem de não se afirmar como empresário agrícola de uma vasta plantação de abóboras, sempre em miscigenação com a terra que o viu nascer, que ajudou a libertar e que o há-de “comer” em sepultura digna de herói nacional que todos venerarão em mausoléu digno e merecido situado exatamente no centro do aboboral.

Nascido em Manatuto em 1944, Xanana conta presentemente 74 anos de idade. Desde pequenino que tem um projeto que contribuirá para combater a deficiente alimentação dos timorenses, a vasta plantação de abóboras de que há tantas décadas afirma querer dedicar-se.

Como se sabe, a abóbora provém de plantas da família Cucurbitaceae, e é nativa da América do Sul, possuindo Timor-Leste as condições climatéricas ideais para a fazer singrar em vasta plantação no país.

Como disse e questionou um Nobel eclesiástico timorense, muito dedicado às criancinhas: “Que raio, mas não pode um idolatrado herói nacional seguir o seu sonho de criança e plantar abóboras que alimentarão todos os timorenses. Principalmente os mais carenciados. Os do interior, aqueles que os sucessivos governos, desde a independência, têm votado quase ao abandono ou lhes dão umas migalhas enquanto comem o miolo?”

Na realidade a abóbora é extremamente nutritiva e considerada o ex-libris da alimentação saudável. A abóbora possui características antioxidantes e no caso do beta-caroteno este é convertido parcialmente em vitamina A no organismo. Ora é exatamente o que os timorenses precisam e Xanana Gusmão quer proporcionar-lhes.

Afinal, até na agricultura Xanana se mantém um revolucionário, perdulário que só pensa nos outros, nos mais necessitados de apoio social e alimentar que desde o período colonialista estão praticamente abandonados à sua sorte. Ou ao seu azar. O que podemos conjeturar é que a idolatria da heroicidade de Xanana Gusmão vai certamente tocar num pico muito mais elevado se lhe permitirem dedicar-se em pleno ao sonho que é a vasta plantação de abóboras.

Na atualidade Xanana, convocado para integrar o VIII governo, chefiado por Taur Matan Ruak, teve de simular uma discórdia para pretextar o abandono do cargo ministerial para que Taur o destinara. E isso tudo porquê? Para finalmente o deixarem em paz nos seus já 74 anos, feitos em Junho passado, e assim dar forma e conteúdo ao seu sonho, ao seu projeto empresarial e humanitário de tornar realidade uma vasta plantação para produção de abóboras.

Deixem Xanana Gusmão em paz. Deixem-no seguir o seu sonho: a vasta plantação de abóboras!

MM=AV | TA | em Timor Agora

Efeméride | Há 50 anos Salazar caía da cadeira. Macau soube um mês depois


Faz hoje 50 anos que António de Oliveira Salazar caiu de uma cadeira na sua casa de férias no Estoril. Um momento que marcou o início do fim do Estado Novo. Em Macau só soube do ocorrido em Setembro e chegou a celebrar-se uma missa onde os crentes pediram as rápidas melhoras do presidente do Conselho. O incidente não aligeirou a força do regime no território, onde censura persistiu até depois de 1974.

Homem de hábitos e regras escrupulosamente seguidas, António de Oliveira Salazar passava habitualmente férias no Forte de Santo António do Estoril. Há 50 anos, no dia 3 de Agosto, aconteceu o que ninguém esperava: o presidente do Conselho de Ministros, que havia instaurado o Estado Novo em 1933, caía de uma cadeira de lona. O episódio marcou o início do fim não só da sua carreira política e revestiu-se de simbolismo. O regime fascista entrava no derradeiro declínio.

Em Macau, as notícias chegavam a conta-gotas e estavam dependentes da vontade da censura. Por isso, só em Setembro o jornal Gazeta Macaense, dirigido por Damião Rodrigues, deu a notícia da queda de Salazar publicando o seu boletim clínico na primeira página. Aquando da publicação do terceiro boletim, Salazar tinha uma “função renal normal” e mostrava “sinais de franca recuperação motora e sensorial”.

Como era um diário “visado pela censura”, o Gazeta Macaense publicava, três edições depois, o sexto boletim clínico de António de Oliveira Salazar na íntegra, acompanhado de um telegrama que havia sido enviado pelo governador Nobre de Carvalho ao Ministério do Ultramar. Neste lia-se que na sessão da Câmara Municipal das Ilhas se tinha falado do nome de Salazar, tendo sido apresentados “desejos ardentes dum completo e rápido estabelecimento”. Nessa mesma reunião decidiu-se pela realização de uma missa no dia seguinte, “pelas nove horas” e “pela evolução favorável do convalescente”.

As imagens da missa voltaram a fazer manchete do Gazeta Macaense na sua edição de 20 de Setembro de 1968 com o título “Macau reza por Salazar”.

“Promovido pelo Leal Senado da Câmara de Macau, realizou-se ontem na Igreja de São Domingos uma missa pelo pronto restabelecimento do presidente do conselho, o professor doutor António Oliveira Salazar. Uma grande multidão, gentes de todas as camadas sociais, desde as mais altas individualidades até aos mais humildes funcionários, bem como o numeroso público, português, chinês e de outras nacionalidades, encheu o vasto templo assistindo à missa celebrada pelo reverendo padre José Barcelos Mendes”, pode ler-se.

CIDADÃO DE MACAU

Dois anos antes, no dia 24 de Maio de 1966, Salazar foi proclamado, por unanimidade, “cidadão honorário da cidade de Macau”, e “quatro dias depois o seu retrato tinha sido descerrado nos Paços do Conselho”, escreveu o jornal.

Além de umas breves notícias do matutino, que incluíam a reprodução de telegramas, sem assinatura de qualquer jornalista, pouco se escreveu sobre o incidente que levaria ao fim do regime e à substituição de Salazar por Marcello Caetano na presidência do Conselho de Ministros.

De acordo com António Cambeta, que à época tinha deixado a Marinha e trabalhava numa empresa chinesa, pouco se falava do assunto no seio das comunidades portuguesa e macaense. “Poucas notícias foram dadas sobre o assunto”, garantiu ao HM. “Não houve diferenças nenhumas, mesmo depois do 25 de Abril de 1974. A censura continuou até depois dessa data, continuou a existir a polícia secreta e a polícia judiciária. E se perguntar a outros portugueses que na altura já residiam cá, vão dizer-lhe exactamente a mesma coisa.” No que diz respeito à comunidade chinesa, esta “não fazia ideia do que se passava”, uma vez que “os chineses nunca ligaram à política portuguesa”, adiantou António Cambeta.

João Guedes, jornalista e autor de vários livros sobre a história de Macau, garantiu que “o impacto desse acontecimento foi nulo” e só existiu “no coração dos defensores do salazarismo, que estavam todos no poder aqui”. “De resto não houve alterações visíveis nenhumas. As coisas sabiam-se mais tarde e a censura só deixava sair as coisas na altura que o Governo entendia que deveriam sair, nem que fosse um ano depois. Não se notou nenhuma diferença, a censura perdurou até ao 25 de Abril, sem alterações.”

A última notícia do estado de saúde de Salazar, vinda da “Lusitânia”, dava conta de que “o presidente do Conselho estava gravemente doente”. Novamente com grande destaque na primeira página, lia-se que “o professor Salazar foi esta manhã observado pelo neurologista americano, doutor Huston Merritt, especialista do Instituto Neurológico de Nova Iorque, que se deslocou propositadamente a Lisboa a fim de tratar o presidente do Conselho, após o oferecimento do Governo dos Estados Unidos para enviar a Portugal o especialista que os neuro-cirurgiões portugueses julgassem mais indicado para observar o ilustre enfermo”. 

MARCELLO, O “ALUNO EXCEPCIONAL”

A 27 de Setembro de 1968 tornou-se inevitável o afastamento de Salazar do poder, uma vez que o acidente provocou-lhe graves danos cerebrais que viriam a culminar na sua morte, em 1970. Marcello Caetano tomou posse nesse dia, mas, segundo declarações ao Diário de Notícias do historiador Filipe Ribeiro de Meneses, autor de “Salazar – Biografia Política”, “Salazar não tinha a mais pequena intenção de largar o poder”.

A Gazeta Macaense publicou a notícia da substituição e uma breve biografia de Marcello Caetano cheia de elogios. Num texto sem assinatura, o último presidente do Conselho de Ministros foi descrito como um “aluno excepcional que sempre se impôs à admiração dos mestres e condiscípulos pela lucidez da sua inteligência e apego ao trabalho, que lhe valeram elevadas classificações”.

Licenciado em Direito “com raro brilho”, em 1931, Marcello Caetano publicou o Manual de Direito Administrativo em 1937. Tal como o seu antecessor, era um nome bastante considerado na classe jurídica portuguesa.

Jorge Fão, hoje dirigente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau, recorda-se que, em Macau, aceitou-se bem a chegada de Marcello Caetano como o novo dirigente do Executivo da metrópole. “As comunidades portuguesa e macaense reagiram bem à entrada do Marcello Caetano no Governo, porque o Salazar tinha a fama de ser um ditador. O Marcello Caetano, para nós, tinha uma outra imagem, não era tão ditador como o outro. A comunidade aceitou-o de bom grado, mas passados uns anos as pessoas fartaram-se dele, porque em Portugal continuou a existir um partido único.”

Depois do invernoso acidente de mobiliário que alerou a história de Portugal, seguiu-se a “Primavera Marcelista”, que trouxe uma muito ligeira aragem à Assembleia Nacional, hoje Assembleia da República. O parlamento passou a ter, depois de 1969, deputados da ala liberal, que lutavam por uma abertura do regime à democracia.

Contudo, em Macau, nenhuma mudança se fez notar com essa abertura. “Havia uma maior liberdade em Portugal mas em Macau sentiu-se muito pouco essa liberdade. Mesmo depois do 25 de Abril a liberdade era relativa. No caso da chegada de Marcello Caetano, para nós significou exactamente a mesma coisa. Continuava a existir o partido único e o governador era o homem máximo, ditava todas as regras e ninguém ia contra o governador”, recorda Jorge Fão.

O presidente da APOMAC destaca, no entanto, a influência que o novo presidente do Conselho tinha na área do Direito, mesmo a quilómetros de distância. “O Marcello Caetano tinha uma certa vantagem, era muito bom em Direito. Nós [na Função Pública] tínhamos de estudar certos manuais de Direito e ele era um homem de cabeça. Ainda hoje se cita o manual de Direito Administrativo de Marcello Caetano”, frisou.

Na mesma entrevista que concedeu ao Diário de Notícias, o autor da biografia de Salazar lembrou que o tratamento depois da queda da cadeira demorou a chegar, pois poucos tiveram noção das consequências. O ex-dirigente do Estado Novo nunca havia perdido a consciência. “Houve naturalmente alguma consternação depois da queda, mas só alguns dias mais tarde foi Salazar visto pelo seu médico, e isso em função de uma consulta previamente marcada – e o Dr. Eduardo Coelho nada notou de anormal.”

Filipe Ribeiro de Meneses adiantou ainda que, a 3 de Setembro, o ditador ainda presidiu à reunião do Conselho de Ministros. “Segundo Franco Nogueira, Salazar estava claramente afectado nessa reunião, durante a qual pouco falou. Esta deterioração é aliás bem visível no diário de Salazar – a escrita deteriorou-se muito nestes dias de Setembro. Mas ninguém ousou sugerir que o ditador precisava de cuidados médicos”, referiu o historiador.

Andreia Sofia Silva – Diana do Mar | Hoje Macau

Gigantes da nossa praça e do mundo


Bom dia. Boa praia e muito lazer com lazeira qb. Boas festas aos animais com que se cruzam nas ruas e por onde estiverem, dêem-lhes água. Muita. Bebam-na também.

Nesta sexta-feira, 3 de Agosto, fazem exatamente 50 anos que o salazarismo fascista caiu da cadeira [há teses que dizem que não caiu da cadeira, só que estava em pé e caiu. Pronto]. Mesmo assim, depois de ficar um grande e inútil repolho - até para o fascismo - Salazar “despachava” as coisas do Estado. Ia até junto da cama, no Hospital da Cruz Vermelha, junto à Estrada de Benfica, em Lisboa. Iam lá uns basbaques igualmente fascistas, fazer de conta que lhe levavam “coisas” a “despacho”, quando já era primeiro-ministro Marcelo Caetano. Ridículo, era o que mostrava aquele regime putrefacto, que Marcelo queria manter só com ligeiras “aberturas”. Do regime saiu a merda que foi substituída pelo cagalhão – dizia, com razão, o povo. Adiante. O resto leia no Expresso porque interessa para se documentar historicamente e saber das 'passas do Algarve' por que os portugueses passaram durante quase 50 anos. Sacana do Santa Comba, o Botas, o fascista, tramou-nos as vidas. Pior seria sem acontecer o 25 de Abril de 1974. Basta, por agora.

No Curto de hoje, 3 de Agosto, Ricardo Marques “cola” a lavra. Inclui “coisas grandes”, navio gigante, Arnaldo de Matos (o gigante educador do…) e provável cambalacho que quer caçar acerca do prédio em Alfama para Ricardo Robles… Era bom, não na Câmara mas onde devia, que também fosse deslindar o caso dos submarinos e dos Pandur de Paulo Portas & Associados. E outros. Isso, investiga, Arnaldo. Estamos a ficar velhotes mas também acontece com o vinho e quase sempre ele é bom. Força na bengala.

Mais escreve Ricardo, o Marques, do Curto do Expresso. Deixamos para si o resto que interessa. Bom dia. Cuide-se. O calor mata. Beba muita água. Pois. (MM | PG)

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Arnaldo e os gigantes

Ricardo Marques | Expresso

Bom dia,

Quantas vezes já se interrogou acerca da verdadeira natureza da relação entre a política, o mar e a nobre arte de navegar? Lembra-se das águas agitadas da política nacional? Do remar contra a maré? Das boas marés e dos ventos contrários? Chegar a bom porto? Dos líderes à deriva? E dos motins e das ondas... de choque? Tempestades e travessias? Como esquecer os peixes miúdos, os de águas profundas e até os chernes…

Pois bem, este é o dia em que tudo vai fazer sentido. É uma daquelas coincidências só possíveis em dias de muito calor - tanto que nem o mais improvável dos acontecimentos parece espantar os homens.

No mesmo dia em que chega a Sines o segundo maior cargueiro do mundo, eis que um peso pesado da política emerge das profundezas atraído pela luz da mais recente polémica imobiliária.

O Madrid Maersk, um monstro com 400 metros de comprimentos e onde cabem 20.586 contentores TEUS, atracou esta madrugada em Sines. A paragem será breve e o enorme porta-contentores deverá zarpar durante a tarde rumo ao Norte da Europa. Pode acompanhar a viagem em tempo real através deste viciante site , que também tem informação sobre tudo o que mexe nos sete mares deste planeta.

Em terra, há um outro gigante em movimento. Arnaldo Matos, o peso mais pesado da política nacional, líder do MRPP e verdadeiro porta-contentores marxista à deriva nas tumultuosas águas do capitalismo global, chega esta manhã à Câmara Municipal de Lisboa, com dois advogados e um arquiteto, para consultar toda a documentação sobre o processo Ricardo Robles. É o próprio Arnaldo Matos a garantir que os três acompanhantes estarão, e cito, "sob a minha direção" - dele, entenda-se.

Correndo o risco de me repetir, pode acompanhar tudo em tempo real através desta viciante conta do Twitter , que também tem informação sobre tudo o que mexe nos sete mares desta nossa política (é quase sempre sobre o mesmo, mas…)

Não se admire muito se ouvir falar do Madrid Maersk e do Matos (Arnaldo). Mas não se admire mesmo nada se as conversas mudarem de repente para outro gigante - o da maçã. É verdade, a Applevale, desde ontem, muito dinheiro. Não digo quanto porque uma das discussões do dia vai ser acerca do termo certo a utilizar. Haverá quem diga que é a primeira empresa americana a valer em bolsa um triliãode dólares e não faltará quem jure que o valor é um bilião. De qualquer modo, são muitos zeros, é muito dinheiro, mas não é um feito inédito.

Mas já ninguém se lembra da Petrochina? A sério? Pode ler aqui, à boleia de mais um artigo sobre a Apple, um pequeno parágrafo onde se recorda como esta petrolífera chinesa se tornou a primeira empresa a atingir o bilião ou trilião em bolsa. Por fim, como estamos a falar de ondas, espreite este gráfico e veja a onda que faz uma empresa de software a crescer. Ou este trabalho do New York Times, que ajuda a perceber quantas companhias gigantes são precisas para chegar ao valor da empresa que começou numa garagem.

Esta é a escala do mundo. Olhar para uma maçã trincada e pensar no prédio de um político português é como estar na Nazaré a ver as ondas e a pensar no mar calmo do Algarve.

Só o enorme cargueiro, que o horizonte faz pequeno, é o mesmo.

OUTRAS NOTÍCIAS

Vamos então aos restantes temas quentes da atualidade.

O calor, como é óbvio. Alertas e avisos vermelhos até domingo, reportagens na praia, recordes de temperatura (Alvega, em Abrantes, foi a recordista ontem). Vai ser mais um dia quente e até a CNN está interessada no que se passa em Portugal. A cadeia de televisão norte-americana tinha ontem à noite em destaque um especial sobre a onda de calor e no artigo principal estava a fotografia de um miúdo com a camisola do Sporting de Braga a molhar a cara…

Há minutos, a página da Autoridade Nacional de Protecção Civil registava 2 incêndios florestais ativos.

[A propósito, permita-me um desabafo. Ontem ao fim da tarde estive uma hora parado no trânsito, na CREL, umas centenas de metros antes do Túnel de Montemor, no sentido Estádio-Alverca. Via-se ao longe uma coluna de fumo negro e, creio, não terei sido o único a pensar que se tratava de um incêndio florestal. Ia pegar no telefone quando passou um carro de bombeiros e juro que quase ouvi o ‘obrigado’ dos senhores da empresa de reparação de vidros automóveis. De qualquer modo, ao olhar para os condutores parados ao meu lado debaixo de um calor infernal, notei que estávamos todos preocupados, aborrecidos, chateados e capazes de qualquer coisa para sairmos dali. E foi a pensar nisso, que estava a ter um dia mesmo mau, que, quando finalmente a fila andou, passei devagar por um tipo de colete à beira de um carro completamente queimado.]

Sem deixar arrefecer as brasas, soube-se ontem que Bruno de Carvalho está fora da corrida eleitoral para a presidência do Sporting. O sócio presidente- deposto foi suspenso durante um ano e, como tal, está impedido de concorrer. Podia ser simples, mas com Bruno de Carvalho nunca é. “Quem não deve não teme. Não matei ninguém ou roubei alguém. Só tentei defender o Sporting. O processo é todo ilegal”, disse. A novela segue.

Já o Benfica quer saber, entre muitas outras coisas, de que clube são os dirigentes da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga.

As verdadeiras noticias de desporto estão mais abaixo.

Antes, porém, deixo-lhe aqui um pequeno bloco a que decidi chamar “Novas de terras mais frescas”. Às 16h00 de ontem, quando me ocorreu a ideia, estavam:

- 3 graus em Santiago, no Chile. Graças ao La Tercera pode ver em câmara lenta a ruptura de um tendão de Aquiles;

- 11 graus em Buenos Aires, Argentina. Indivíduos encapuzados invadiram a sala onde estreou o filme sobre Santiago Maldonado. Se o nome não lhe diz nada, aproveite para reler o artigo que publicámos há uns mesesna revista E;

- 12 graus em São Francisco, nos EUA. Ou, como refere um estudo recente, a cidade que está no top das cidades que tem as ruas mais sujas do planeta;

- 12 graus em Auckland, Nova Zelândia, onde mora uma senhora chamada Melissa Cole que quer cobrir o mundo de crochet ;

- 15 graus em Assunção, Paraguai, e a grande discussão por lá é sobre a possível adjudicação da atividade tributária a uma empresa privada.

Adiante.

Está farto de ouvir dizer que passamos os dias no Facebook? E que tal ir ao Facebook - real, não virtual - sem sair da página do Expresso? Uma reportagem da Maria João Bourbon em Menlo Park, Sillicon Valley, in the USA.

Se está de férias e num dos destinos identificados neste artigo – que identifica os destinos de férias preferidos dos portugueses - então é uma boa oportunidade para ver chover no molhado. Caso contrário, sonhar um pouco até ajuda a passar o tempo...

Esta é para guardar na agenda e ver depois das férias: dia 11 de setembro há manifestação de taxistas em Lisboa.

O Presidente da República entra oficialmente de férias. Antes, promulgou a lei-quadro da descentralização, mas com avisos, e vetou a lei que impõe o direito de preferência dos arrendatários sobre os imóveis, sobre a qual pediu duas clarificações aos deputados. Claro que as férias presidenciais são relativas e, por isso, Marcelo Rebelo de Sousa estará hoje no XXV Acampamento Nacional da Associação dos Escoteiros de Portugal, em Barosa. Segue-se Cantanhede, para uma visita de fim de tarde à Expofacic. Depois toma o volante nas mãos e ruma aos concelhos atingidos pelos incêndios do ano passado.

Também pela zona de Leiria andará Assunção Cristas. A líder do CDS tem visita marcada para as 11h30 ao Comando Distrital de Operações de Socorro de Leiria.

Mais uma notícia local, isto se ainda se lembrar da senhora do crochet… Em Ribeira da Pena, Vila Real começa a 20ª edição da Feira do Linho.

Aceleramos agora pelo resto da autoestrada informativa, dentro dos limites de velocidade, sem paragens nem grande preocupação com a geografia.

Começamos por uma entrevista à mãe de Osama bin-Laden, para ler no The Guardian.

O PCP e o CDS querem ouvir o Governo a propósito da nova estrutura acionista do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal. Esse mesmo, o SIRESP que o Estado queria controlar, e que agora a Altice controla de forma maioritária. O SIRESP, o tal sistema que falhouquando era mais preciso e que ninguém garante que não falhe outra vez.

Depois dos diretos televisivos e antes dos filmes de Hollywood, fica a informação de que as autoridades tailandesas vão construir um museu para preservar a história do resgate dos miúdos que ficaram presosnuma gruta.

O The New York Times mostra-lhe em quatro minutos e 22 segundos o que se passou nas eleições do Zimbabué: da tranquilidade aos confrontos. O secretário-geral da ONU está preocupado com a escalada de violência no país, que já provocou a morte de seis pessoas.

Termina hoje a discussão sobre a nova Constituição de Cuba.

Alf, o extraterrestre peludo que se pelava por um belo gato no prato, está de volta à TV. O mundo mudoubastante desde o último episódio…

… e mais ainda desde que alguém, sabemos agora um pouco melhor quem, escolheu construir o estranho monumento de Stonehenge.

Aproveite, fique mais um pouco no passado e conheça o trabalho de Jordi Bru, o fotógrafo que ressuscita batalhas célebres. É um génio do photoshop e não dará por mal empregues os minutos necessáriospara a ler a sua história. Mas principalmente para ver as suas imagens.

A Islândia quer garantir que os estrangeiros não compram terrenos no país. E os suecos estão tristes porque alguém, não se sabe ainda quem, rouboutrês preciosos artefactos de ouro, verdadeiros tesouros nacionais, de uma catedral.

E se de repente a polícia entrasse em sua casa e o prendesse enquanto falava em direto na rádio sobre os direitos humanos na China? Soaria mais ou menos assim — em mandarim, mas com legendas.

Um dos assuntos do dia, e que já vem de ontem, será a discussão sobre a decisão do Papa Francisco acerca da pena de morte. A Igreja passa a considerar inadmissível aquilo que, até agora, considerava aceitável, em determinadas circunstâncias.

Termina a greve de cinco dias dos trabalhadores dos Registos e Notariado.

O funeral da fadista Celeste Rodrigues realiza-se hoje, pelas 13h00, do Pátio da Galé, na Praça do Comércio, em direção ao Talhão dos Artistas, no cemitério dos Prazeres.

Agora o desporto.

O Rio Ave está fora da Liga Europa. A equipa de Vila do Conde empatou ontem, em casa, 4-4 com os polacos do Jagiellonia Bialystok. Na primeira mão, na Polónia, a equipa portuguesa tinha perdido por 1-0.

A 2.ª etapa da Volta a Portugal - 203,6 quilómetros entre Beja e Portalegre - sai para a estrada às 12h30. Rafael Reis, da CAJA RURAL / SEGUROS RGA, segue de amarelo.

Durante a etapa, começa na Macedónia o jogo dos quartos de final da divisão B do Campeonato da Europa de Basquetebol de sub-18. Portugal joga às 13h15 com a Bélgica.

Acabei de reparar que não tenho qualquer notícia sobre Donald Trump. Com o único objetivo de não melindrar os leitores regulares desta newsletter, habituados às aventuras de Donald, aqui ficam duas ou três ligações. A primeira sobre uma estranha teoria da conspiração, outra sobre a ingerência russa e mais uma sobre política de ambiente e os automóveis.

Manchetes:

Correio da Manhã: "INEM leva 106 milhões dos seguros"
Jornal de Notícias: "Produtores pagos para desistir do negócio do leite"
Público: "Estado tem 200 obras de arte do ex-BPN fechadas num cofre"
i: "Em nove meses, governo só conseguiu fazer um terço do cadastro das terras"

O QUE ANDO A LER

Não tenho livros. Lamento. Mas, ao mesmo tempo que o desafio a ver quem consegue ser o primeiro a ter nas mãos um exemplar do novo Hemingway, atrevo-me a sugerir algo que pode ler na praia, enquanto os miúdos brincam na areia.

Imaginemos uma situação absolutamente banal: está atrasado para um compromisso, tem os seus filhos no carro e ainda precisa de apanhar uma encomenda numa loja. Imaginemos que estaciona o carro à porta da loja, sai, recolhe a encomenda e volta para o carro, onde os miúdos, claro, estão à sua espera.

O que há de extraordinário nesta história? Bom, se acontecer nos Estados Unidos da América é muito provável que passe longos meses em tribunal a tentar provar que não é um mau pai. É por aí que começa este longo artigo que deve ler com toda a atenção.

Quando acabar, espreite as reações que chegaram de pais e mães um pouco por todo o mundo.

Hoje é dia internacional da cerveja. Amanhã é sábado e há Expresso nas bancas. Até lá, tem toda a informação na página do Expresso e mais alguma às seis da tarde, com o Expresso Diário.

Tenha uma fresca sexta-feira de calor.

Portugal | Aviso vermelho volta a ser prolongado. Agora até à tarde de domingo


O aviso vermelho, o mais grave, foi prolongado em 11 distritos de Portugal continental até ao início da tarde de domingo por causa da persistência de valores elevados da temperatura máxima, segundo o Instituto do Mar e da Atmosfera.

Com temperaturas acima dos 40 graus previstas para hoje, os distritos de Lisboa, Setúbal, Bragança, Évora, Guarda, Vila Real, Santarém, Beja, Castelo Branco, Portalegre e Braga vão estar em aviso vermelho até às 14:59 de domingo.

Os restantes distritos de Portugal continental estão sob aviso laranja, o segundo mais grave.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), esta persistência de valores elevados das temperaturas máximas, que na quinta-feira bateram recordes históricos, deve-se a um anticiclone que transporta ar quente do norte de África e faz com que as noites sejam tropicais.

Na quinta-feira, oito locais do continente bateram recordes de temperatura máxima no centro e sul do país. O IPMA registou estes valores históricos nas estações de Castelo Branco (42,2 graus celsius), Odemira (41,9), Nelas (41,3), Anadia (43,8), Coruche (44,9), Setúbal (42,6), Alvalade (43,8) e Zambujeira do Mar (41,1).

Para hoje, o IPMA prevê tempo excecionalmente quente, com céu geralmente limpo, aumentando temporariamente de nebulosidade nas regiões do interior durante a tarde, com condições favoráveis à ocorrência de trovoada.

A previsão aponta para temperaturas máximas acima dos 30º e a ultrapassar os 40º em muitos locais. Os termómetros vão subir até aos 44º em Santarém, 43º em Setúbal, Évora, Beja e Castelo Branco, 42º em Lisboa e Portalegre, 41º em Braga e 40º em Vila Real e Sines. Já as mínimas não vão baixar dos 18º (Leiria).

Nos Açores, o IPMA prevê períodos de céu muito nublado com boas abertas, aguaceiros, mais prováveis na madrugada e manhã, e temperaturas máximas a subirem até aos 27º em Santa Cruz das Flores, e 26º em Angra do Heroismo, Ponta Delgada e Horta.

Para a Madeira está previsto céu com períodos de muita nebulosidade, tornando-se geralmente pouco nublado a partir da tarde, com os termómetros a subirem até os 26º no Funchal e 27º em Porto Santo.

Lusa | em Notícias ao Minuto

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