sábado, 25 de agosto de 2018

Futebol | A cocaína do povo


O futebol português vive de celebrar uma cultura de sectarismo, fanatismo e violência. Os comportamentos mais fomentados entre os adeptos são encontrar apenas qualidades no seu próprio clube e defeitos nos outros, apoiar os seus mesmo quando não merecem e desculpar a violência quando parte do lado respectivo, ao mesmo tempo não tolerando qualquer comportamento deste género vindo do outro lado. Um adepto que veja um penalti bem marcado contra o seu clube é um traidor, outro que elabore teorias de conspiração envolvendo clubes adversários em qualquer cartão amarelo contra a sua seita merece ser ouvido com respeito.

O futebol português, hoje em dia, nada tem que ver com desporto, no sentido de celebrar virtudes como a capacidade de reconhecer as qualidades dos adversários, de premiar o esforço mesmo quando inglório ou de reconhecer que os árbitros devem ser respeitados mesmo quando não concordamos. É hoje claramente um problema social grave, o que infelizmente era de esperar  muito, em particular desde o Euro 2004.

O que se pode fazer sem limitar liberdades fundamentais é muito pouco. Proibir programas televisivos que não fazem mais do que promover valores anti-desportivos de facciosismo, parcialidade e intolerância seria, há que reconhecê-lo, um atentado à liberdade de expressão. «Proibir claques» seria outro atentado, à liberdade de associação (para além de não ser exequível). Todavia, toda a cultura futebolística é um perigo para a democracia, a médio e longo prazo, como se viu esta semana. Não por acaso, o político mais xenófobo da democracia (André Ventura) veio do submundo do «comentário futebolístico», assim como o mais tacanhamente provinciano e bairrista (Rui Moreira).

O que fazer, então? Cortar subsídios públicos a grandes empresas que representam a maior indústria do entretenimento em Portugal seria ineficaz. Seria melhor proibir a entrada de crianças em estádios de futebol, e para isso há bons argumentos: nenhuma sociedade saudavelmente democrática progride com os valores que o futebolismo actual promove.

Noutra frente, e à semelhança do que se fez noutras paragens, a proibição de frequentar estádios de futebol deve ser vulgarizada como modo de afastar em massa os piores «adeptos» dos estádios de futebol.

Finalmente, seria uma medida de prevenção do agravamento da situação (e de higiene) que os políticos deixassem de procurar do modo infantil que o fazem os estádios de futebol, as respectivas bandeirinhas e cachecóis, os futebolistas populares e os dirigentes das seitas. Ao continuarem a «ir à bola» ostensivamente e ao usarem-na para se promoverem, os políticos estão a contribuir para alimentar um monstro.

Ricardo Alves | Esquerda Republicana, em Maio de 2018

A CP na “cristas” da onda


O partido de Cristas quer debater a ferrovia e surfar na crista da onda do descontentamento contra a CP, esquecendo que o seu correligionário Manuel Queiró foi presidente desta empresa pública.

AbrilAbril | editorial

A conferência de líderes deverá reunir na próxima semana com o objectivo de discutir um requerimento do CDS-PP que pretende antecipar a reunião da Comissão Permanente da Assembleia da República.

O partido de Cristas quer debater a situação da ferrovia e surfar na crista da onda do descontentamento contra o funcionamento da CP, uma empresa pública que anda nas bocas do mundo pelos piores motivos: o mau serviço serviço prestado que, perigosamente, tende a tornar-se uma imagem de marca. Por outro lado, o CDS-PP procura também tirar partido das dificuldades de vária ordem que assolam o PSD.

Voltando à CP, nomeadamente aos cortes nos horários dos comboios e ao encerramento de estações e bilheteiras, importa sublinhar que, só nos últimos 30 anos, e estamos a falar de 30 mas podíamos falar dos últimos 40, a responsabilidade da gestão desta empresa pública esteve entregue, em 80% daquele período a gestores do PSD, PS e CDS-PP e, desses, 60% são da responsabilidade dos partidos da direita.

É público que a despesa operacional da CP está em queda desde 2009, em resultado sobretudo das medidas impostas pelo segundo governo de José Sócrates e pelo governo do PSD e do CDS-PP que se lhe seguiu.

Aliás, as comissões de trabalhadores das várias empresas do sector ainda recentemente denunciaram, num documento enviado à Assembleia da Republica, o crónico desinvestimento na ferrovia e a consequente degradação da capacidade de manutenção e reparação e da própria infra-estrutura.

No caso do material circulante, dão como exemplo o facto de as composições da Linha de Cascais terem 60 anos sem que estejam a ser feitas as necessárias diligências para a sua substituição.

Pena que esta súbita preocupação com a ferrovia que atormenta o CDS-PP não se tenha dado no início da década quando Assunção Cristas e Adolfo Mesquita Nunes estavam no governo e o seu correligionário, Manuel Queiró, era presidente da CP.

Porventura, teriam contribuído para evitar o descarrilamento da empresa, coisa que não fizeram!

Foto: Assunção Cristas Foto: Tiago Petinga / Agência Lusa

NASCE UM NOVO SEMANÁRIO: O LADO OCULTO

Hoje, 24 de Agosto, nasceu um novo semanário em Portugal.  É O Lado Oculto e o seu número zero pode ser apreciado aqui.  

O novo semanário apresenta-se como "Um antídoto para a propaganda global" e é dirigido pelo experiente jornalista José Goulão. 

Trata-se de uma publicação independente, não submetida aos monopólios mediáticos da (des)informação.  Por isso mesmo precisa ser apoiada pelos seus leitores.  

Assinar O Lado Oculto (apenas 16 euros/ano) é um dever de lucidez.

Resistir. info

Hoje às 19:00 horas: Benfica X Sporting defrontam-se no Inferno da Luz


Mesmo sem dois 'predadores', o dérbi continua eterno à Luz de um país

Benfica e Sporting medem forças pelas 19 horas, num duelo relativo à 3.ª jornada da Liga portuguesa.

Sem Jonas e sem Bas Dost. O dérbi da Lisboa, menina e moça não vai contar com os dois maiores goleadores da temporada anterior. Se a ausência do avançado brasileiro já não consta uma novidade no boletim clínico das águias, visto que o artilheiro da Luz ainda não foi hipótese para Rui Vitória, o afastamento do ponta-de-lança holandês foi uma incógnita até esta sexta-feira, dia em que o treinador dos leões confessou em conferência de imprensa que o gigante de 1,96m não ia fazer parte do leque de trunfos da armada leonina.

Os dois emblemas da Segunda Circular chegam à terceira jornada do campeonato, após duas vitórias alcançadas nas rondas inaugurais. O Benfica derrubou o Vitória SC (3-2) e o Boavista, no Bessa (2-0), já o Sporting ultrapassou o Moreirense (3-1), fora, e o Vitória FC, no seu reduto (2-1).

Se o leão chega ao dérbi eterno apenas com o 'balanço' do campeonato, já as águias vêm de um 'voo' internacional, diante do PAOK, sabendo que a seguir a este quente duelo nacional há deslocação 'milionária' até Salónica. E se um dérbi nem a 'feijões' se perde, na próxima terça-feira, o Benfica joga grande parte da época no possível acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões.

O dérbi eterno deste sábado joga-se pela 303.ª vez, sendo que os encarnados contabilizam 130 vitórias, os verdes e brancos registam 108 triunfos e a igualdade estabeleceu-se em 64 ocasiões.

Rui Vitória

Impacto de um dérbi à 3.ª jornada: Um dérbi à 3.ª jornada é como se fosse noutra jornada qualquer. Olhamos para este jogo de uma forma natural. Se me perguntarem se seria o mais aconselhável? Se calhar não seria. Mas o sorteio assim o ditou e estamos prontos para o jogo. É fundamental que se arranjem as melhores condições para representarmos o futebol português internacionalmente nas melhores condições. E isto não tem a ver com o dérbi. Falo de nós, falo do Braga que fez um jogo numa quinta-feira e viajou para os Açores no dia seguinte. Acho que devemos pensar de forma superior. Se calhar, deveria ser o futebol português a dizer que não deveríamos jogar certos jogos em determinadas alturas para estarmos preparados para representar o nosso país. 

Primeiro dérbi sem Jorge Jesus: Eu olho para as equipas e vejo o que elas têm de valor. O Sporting tem um belíssimo treinador, de quem sou amigo, com quem me dou bem. Tem uma equipa boa, é um clube de enorme expressão. Preocupe-me com isso e com os meus jogadores e equipa. 

Jonas: O Jonas não está disponível amanhã para o jogo. Sobre se o Benfica depende ou não do Jonas... As grandes equipas têm sempre associadas grandes jogadores e grandes goleadores. Basta olharmos, por exemplo, para o Real Madrid. A minha equipa tem trabalhado bem e tem tido dinâmicas boas, mesmo sem o Jonas. Não podemos negar a importância do jogador, mas não podemos estar a falar de um jogador que não está. Vejo isto no sentido coletivo. 

José Peseiro

Jogo: Para quem é jogador de futebol é sempre um responsabilidade jogar um dérbi desta dimensão. Uma vitória num jogo destes vale mais do que três pontos, sabemos que o nível deste jogo é muito alto. Sabemos o quanto é difícil ganhar na Luz, ou ganhar o Benfica. Nos últimos cinco jogos com o Benfica empatou três e perdeu dois. Por isso mesmo, sabemos a nossa responsabilidade. Temos ambição e com muita vontade de vencer na Luz. 

Preparação: Temos de estar preparados e estamos. Temos de estar focados e estamos. Temos de fazer um bom jogo para vencer uma equipa que é forte, num estádio que é difícil.

Ausência de Bas Dost e possível ausência de Jonas: Desde terça-feira que sabíamos que o Bas Dost não deveria jogar. A partir daí, tivemos de preparar a equipa sem ele. Temos uma equipa, temos um plantel em quem eu acredito totalmente. Jonas? Isso não é do Sporting é do Benfica. 

Estratégia para anular Pizzi? É evidente que temos uma estratégia para o jogo, tal com o Benfica também terá. Não vou falar sobre isso. Quer o Sporting, quer o Benfica têm grandes jogadores. Não se resume a individualidades. 

Último onze Benfica: Vlachodimos; André Almeida, Rúben Dias, Jardel e Grimaldo; Gedson, Fejsa e Pizzi; Zivkovic, Cervi e Facundo Ferreyra.

Último onze do Sporting: Salin; Ristovski, Coates, Mathieu, Jefferson; Misic, Battaglia e Bruno Fernandes; Acuña, Nani e Bas Dost.

Maior vitória (Liga)

Benfica: Boavista (2-0)
Sporting: Moreirense (1-3)

Derrota mais pesada (Liga)

Benfica: Sem derrotas.
Sporting: Sem derrotas.

Forma nos últimos jogos

Benfica: V-V
Sporting: V-V

Lesionados

Benfica: Jonas, Krovinovic, Ebuehi, Castillo e Corchia
Sporting: Bas Dost

Castigados

Nada a assinalar para ambas as equipas. 

Ricardo Santos Fernandes | Notícias ao Minuto

Portugal | Fim de semana está aí. Saiba o que pode ver à borla em Lisboa e no Porto


Agosto não tem sido nada tímido quando falamos de ofertas culturais. Eis mais um fim de semana que chega, um que vale bem a pena aproveitar.

Como já é tradição, o Notícias ao Minuto esteve à procura de sugestões de borlas culturais, na Grande Lisboa e no Grande Porto, para o fim de semana que agora chega.

Antes de começarmos, não se esqueça de que os domingos pela manhã nos trazem-nos muitos museus e monumentos pelo país fora que abrem a porta a visitas gratuitas. É de aproveitar!

Saiba então o que pode esperar destes dias 24, 25 e 26 de agosto.

Grande Lisboa

Há Lisboa na Rua

Está de regresso o Lisboa na Rua. Há espectáculos de música, cinema, teatro e dança, de entrada livre, em jardins e praças da capital. A agenda é diversa e recheada de momentos a não perder. Espreite o cartaz completo aqui.

Somersby Out Jazz continua

Já foi novidade mas, a cada ano que passa, é cada vez mais tradição. E uma que vale muito bem a pena manter. O Out Jazz junta música ao vivo em fins de tarde nos espaços verdes mais nobres de Lisboa. Em agosto é no Jardim da Estrela que se tem feito a festa do Somersby Out Jazz.

Quando e Onde
Domingo, 26 de agosto, a partir das 17h - Jardim da Estrela
Quem

LJazz Ensemble (tributo a Wayner Shorter) | JOHNNY

Cinema e muito mais no Pólo Cultural Gaivotas

O Pólo Cultural Gaivotas é um centro cultural lisboeta que conta com animação bem variada. Há música, cinema, performances e muito mais para aproveitar este verão. Clique aqui para espreitar a programação cultural diversificada.

Odeon Hotel na Fnac Chiado

Odeon Hotel é um projeto de fotografia de Daniel Costa Neves que está em exposição na Fnac do Chiado, no coração da capital. Trata-se de um trabalho artístico para conhecer até 2 de setembro. Clique aqui para conhecer melhor este projeto.

Cinema ao ar livre no Centro Cultural de Belém

Às sextas-feiras, o CCB, espaço emblemático da capital, tem contado com cinema ao ar livre, de entrada gratuita. Esta sexta-feira a arquitetura está em destaque. Clique aqui  para descobrir o que pode esperar.

Cinema ao ar livre na Fábrica da Pólvora

Verão e cinema combinam na perfeição.Este sábado, 25 de agosto, à noite há comédia para ver ao ar livre na Fábrica da Pólvora, em Barcarena. 'Épouse-moi Mon Pote' - 'Preciso Casar Contigo Pá!', uma comédia realizada e protagonizada por Tarek Boudali para ver a partir das 22h. Saiba tudo aqui.

Grande Porto

Jogos tradicionais para toda a família

O Maia Shopping conta com um curioso evento para toda a família. Nestes dias 24, 25 e 26 de agosto a mini feira de jogos tradicionais vai estar de volta ao centro comercial. São jogos antigos para os mais crescidos redescobrirem e os mais novos descobrirem.

Dominguinhos no MAR Shopping

O MAR Shopping continua a dar-nos domingos para toda a família, a pensar nos mais pequenos. Os Dominguinhos continuam a 'todo o gás'. Este domingo, 26 de agosto, pelas 11h da manhã, há Hora do Conto a pensar neste mês de praia para encantar a pequenada. É gratuito mas é necessária a inscrição. Clique aqui

Portobello... Porto Belo

Todos os sábados,o histórico e mundialmente conhecido mercado londrino de Portobello tem uma versão a pensar no 'relax' na Invicta. Eis o Porto Bello, que conta com bancas variadas. As compras terão de ser pagas com o esforço da carteira, o passeio nem por isso.
Onde
Praça Carlos Alberto

Quando
Todos os sábados, entre as 10h e as 19h

Verão na Casa da Música

A Casa da Música, espaço privilegiado não apenas na Invicta mas em todo o país, também não esquece o verão. Até 11 de setembro há um programa variado que incluiu algumas oportunidades que não são de desaproveitar. Saiba tudo clicando aqui.

Rui Maio ao vivo no mercado

O Mercado do Bom Sucesso mantém a tradição de nos dar concertos que são boa oportunidade de ouvir música ao vivo e ficar a conhecer novos projetos. Este sábado, a música está por conta de Rui Maio, com concerto marcado para as 22h.

Centro Português de Fotografia

Entre fotografia contemporânea e histórica, há sempre exposições para espreitar no Centro Português de Fotografia. Localiza-se na Cadeia da Relação do Porto, a cadeia oitocentista onde, por exemplo, Camilo Castelo Branco esteve detido. Salvo exceções com uma ou outra exposição, a entrada é gratuita. Clique aqui para descobrir as exposições que estão patentes este mês de agosto.

Onde       Largo Amor de Perdição - Porto

Quando       
De terça a sexta das 10h às 18h, sábados, domingos e feriados das 15h às 19h. Encerra à segunda-feira

Bom fim de semana e boas ofertas culturais!

Notícias ao Minuto

Primeiro-ministro de Timor-Leste espera aprovação de OGE em meados de Setembro


Díli, 23 ago (Lusa) - O primeiro-ministro timorense disse hoje que o seu executivo está a trabalhar para garantir estabilidade nas contas públicas e que espera que o Orçamento Geral do Estado para 2018 seja aprovado no parlamento em meados de setembro.

"Estamos a esforçar-nos para que tudo corra bem e o dinheiro saia a tempo. Para já não quero especular. Estamos a cumprir a agenda e nos finais da primeira quinzena de setembro o Orçamento estará pronto para ser enviado para o senhor Presidente", disse hoje Taur Matan Ruak.

O chefe do Governo falava aos jornalistas depois da sua reunião semanal com o Presidente, Francisco Guterres Lu-Olo, com quem analisou, entre outros aspetos, o debate sobre o Orçamento Geral do Estado para 2018, que decorre no parlamento.

"O debate na generalidade começa no dia 27 de agosto", explicou Taur Matan Ruak.

Ruak respondeu assim quando questionado pela Lusa sobre se o Estado terá dinheiro suficiente para o mês de setembro, já que procedeu a um levantamento extraordinário de 140 milhões de dólares para os meses de julho e agosto.

Recorde-se que Timor-Leste está a viver em sistema de duodécimos desde 01 de janeiro e o VIII Governo teve que solicitar ao parlamento um levantamento extraordinário de 140 milhões de dólares (cerca de 121 milhões de euros) do Fundo Petrolífero para reforçar os cofres do Estado, que estava no início de julho sem dinheiro.

A situação está a ter um grande impacto na governação, com dívidas importantes a acumularem-se, incluindo no importante setor do fornecimento de energia elétrica, com risco de um 'blackout' este mês devido à falta de diesel na principal central do país.

Fonte do Governo confirmou à Lusa que o executivo pagou na última semana cerca de sete milhões de uma dívida de "entre 25 e 30 milhões", permitindo à central continuar a funcionar.

"Para já não há 'blackout'", disse à Lusa Taur Matan Ruak.

"Quero pessoalmente agradecer à empresa Eto, na pessoa de Nilton Gusmão, que fez um esforço grande para assegurar o fornecimento de combustível" disse.

Questionado sobre a preocupação de cidadãos e empresários com a situação do país, especialmente a nível da economia, Matan Ruak mostrou-se otimista.

"O nosso esforço é estabilizar e avançar com o Orçamento Geral de Estado de 2018. E logo a seguir com o de 2019. É um esforço enorme para estabilizar e avançar", disse.

"O OGE de 2018 é para estabilizar, pagar dívidas e compromissos e por a máquina a funcionar. O de 2019 é para investimentos também. Acho que estamos no bom caminho, apesar das dificuldades", disse.

Taur Matan Ruak disse que continua "em diálogo" com o Presidente sobre o impasse na tomada de posse de nove membros do Governo, que foram indigitados, mas a quem o chefe de Estado ainda não deu posse.

"O senhor presidente continua a manter diálogo, o primeiro-ministro continua ao dispor do senhor Presidente para resolver este problema", disse.

"A nossa posição continua a ser de que não há argumentos políticos ou jurídicos para que haja substituição. Se o senhor Presidente continuar a manter a sua posição, continuamos disponíveis para dialogar e encontrar uma solução", sublinhou.

ASP // JMC

Mais de 50 detidos por apoiarem protesto por direitos sindicais na China


Pequim, 24 ago (Lusa) -- Mais de 50 estudantes foram detidos hoje por apoiarem trabalhadores que se manifestam pelo direito de formar um sindicato na cidade de Shenzhen, um dos centros tecnológicos da China, disse à agencia noticiosa espanhola EFE uma organização não-governamental.

A China Labour Bulletin (CLB), com sede em Hong Kong e que defende os direitos dos trabalhadores na China, assegurou que a maioria dos detidos são estudantes universitários que apoiam o movimento dos trabalhadores da empresa Jasic Technology.

Desde maio que os trabalhadores da Jasic Technology, com fábricas em Shenzhen e Chengdu com um total de 1.200 empregados, reivindicam os seus direitos, depois da empresa ter despedido os mais críticos.

Três funcionários da empresa também foram detidos hoje por algumas horas.

"O ataque policial contra os ativistas estudantis desta manhã mostra que as autoridades estão muito preocupadas com o crescente apoio que os trabalhadores da Jasic estão a receber em toda a China e que estão a tentar silenciar essas vozes através da censura na Internet e da ação policial", disse à EFE o diretor de comunicação da CLB, Geoffrey Crothall.

"A menos que as autoridades abordem realmente o problema real, que é a falta de um sindicato legítimo que possa representar os interesses dos trabalhadores, este tipo de protestos voltará a acontecer", alertou.

Os empregados da Jasic Technology também protestam contra os baixos salários e as más condições de trabalho.

PAL//PVJ

Macau | Ex-conselheiro confirma política da DSEJ de encaminhar alunos homossexuais para médicos


As orientações existem e são claras: se um conselheiro escolar precisar de avaliar se um aluno é homossexual, este terá que ser encaminhado para o hospital. Isto mesmo confirmou um ex-conselheiro escolar ao PONTO FINAL. A este jornal, o psicólogo Henrik Hoeg alertou para os danos que tais “exames” podem trazer, e classificou as afirmações da vice-directora da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude como “moralmente abomináveis”. 

Um ex-conselheiro escolar confirmou ao PONTO FINAL as directrizes da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) de encaminhamento dos alunos homossexuais para o hospital público. Ng (nome fictício), que actualmente é professor de Educação Moral e Cívica numa escola secundária de Macau, garantiu que as orientações assumidas na semana passada por Leong Vai Kei, vice-directora da DSEJ, existem, e explicou que se devem ao facto da maioria dos conselheiros escolares serem assistentes sociais, não tendo qualquer formação em aconselhamento ou psicologia. Henrik Hoeg, psicólogo em Hong Kong, afirmou, em declarações a este jornal, que estes “exames”, para além de não serem “clínicos, científicos ou válidos”, são uma “violação do direito à privacidade”.

Ainda que, segundo Ng, as orientações da DSEJ refiram que um conselheiro escolar deve ser especializado em psicologia, aconselhamento ou serviço social, a realidade é que a maioria destes profissionais são assistentes sociais. Como consequência, continua o professor, “se um conselheiro escolar precisar de uma avaliação oficial, a única forma de o fazer é no hospital e existem orientações claras para isso”. “A DSEJ tem um departamento para avaliar os estudantes com necessidades educativas especiais, contudo, no que diz respeito à homossexualidade, não existe nem um departamento nem psicólogos que possam escrever a avaliação oficial para classificar as preferências do estudante. Por isso é que a vice-directora disse que se um estudante está confuso quanto às suas preferências homossexuais, a única forma é enviá-lo para um médico no hospital”, explicou o ex-conselheiro, formado em Psicologia nos Estados Unidos da América.

Ainda que Ng considere que esta prática “não é a coisa correcta a fazer” e que “os conselheiros escolares podem fazer mais antes de enviar os alunos para o hospital”, o professor sublinha que “o sistema indica que o conselheiro escolar tem de enviar os alunos para lhes ser feita uma avaliação antes de lhes dar apoio”. “Estas são as direcções da DSEJ que nós temos de seguir. Se um conselheiro escolar suspeita que um aluno tem preferências homossexuais, a única forma deles terem uma avaliação é através de um médico no hospital. Muitos dos conselheiros não têm formação em psicologia e por isso é que, se um assistente social tem problemas em classificar um aluno como homossexual, apenas o pode encaminhar para o hospital”, explicou.

“OS DANOS PSICOLÓGICOS QUE TAIS IDEIAS CAUSARAM HISTORICAMENTE SÃO TÃO ESMAGADORES QUE SÃO QUASE IMENSURÁVEIS”

Questionado quanto aos efeitos que tais avaliações podem ter nos alunos, o psicólogo Henrik Hoeg começa por afirmar que “tais ‘exames’ não são, de forma alguma, clínicos, científicos ou válidos, são uma violação do direito à privacidade ao tentar excluí-los e os seus efeitos provavelmente serão psicologicamente nocivos”. “Tentar diagnosticar a homossexualidade nunca é um fim em si e invariavelmente leva à discriminação e perseguição. O ‘diagnóstico’ ou quaisquer tentativas de ‘conversão’ não só são ineficazes mas profundamente inumanos e prejudiciais”, declarou o também director-geral do Jadis Blurton Family Development Center.

Quanto às declaração de Leong Vai Kei, que se referiu à homossexualidade como uma doença que requere um “diagnóstico clínico”, Henrik Hoeg classificou-a de “moralmente abominável”. “Não só está o consenso científico e psicológico em completo desacordo com a afirmação da vice-directora, como a afirmação é moralmente abominável. Os danos psicológicos que tais ideias causaram historicamente são tão esmagadores que são quase imensuráveis. Recai não só nos profissionais médicos e psicólogos, mas também nos aliados LGBTQ+ e cidadãos, denunciar os dirigentes que fazem estas declarações danosas, discriminatórias e ultrapassadas”, afirmou.

Henrik Hoeg explicou ainda que o “livro de psicologia que tem algumas descrições sobre o homossexual”, a que se referiu Leong Vai Kei – o “DSM-5” (“Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders”) –, “não pode ser usado para diagnosticar a homossexualidade”. “A homossexualidade, como a vice-directora a entende, não aparece desde a versão de 1973 do ‘DSM-II’. O ‘DSM-V’ não pode ser usado para diagnosticar a homossexualidade, nem faz qualquer sentido usar a palavra ‘diagnóstico’ uma vez que a homossexualidade não é absolutamente uma doença”, explicou o psicólogo. “Tendo em conta os comentários, eu duvido muito que a vice-directora alguma vez tenha olhado para o ‘DSM-V’”, acrescentou Hoeg.

Numa resposta enviada ao PONTO FINAL, a Associação de Psicologia de Macau recorda que a Organização Mundial de Saúde desclassificou a homossexualidade como uma doença em 1990. “Por outras palavras, não existe qualquer associação inerente entre a orientação sexual e a psicopatologia”, indicou. Por outro lado, a associação aponta que o estigma social tem um impacto psicológico negativo nos indivíduos homossexuais. “O preconceito e a discriminação limitam o seu acesso a apoio social e aumentam os seus desafios com auto-aceitação, ansiedade, depressão e suicídio”, afirmou a associação.

“É UM PROBLEMA SEVERO PORQUE AFECTA MUITO A PRÓXIMA GERAÇÃO”

Para Ng, as declarações de Leong Vai Kei reflectem um problema mais generalizado e não apenas as opiniões pessoais da vice-directora. “O sistema de aconselhamento em Macau está muito atrasado. Eles não contratam os profissionais para serem conselheiros escolares. Os conselheiros escolares deviam ter algum treino em psicologia”, defendeu. Como exemplo, o professor aponta os quatro anos em que foi conselheiro escolar, durante os quais, apesar de ser formado em Psicologia, se um aluno precisasse de uma avaliação formal, tinha que ser encaminhado para o hospital público. “Ainda que a minha licenciatura me desse a autoridade de fazer o teste, eu não o podia fazer por causa do meu título”, explicou.

Por outro lado, o professor lamenta que a legitimidade dos psicólogos seja “minimizada” em Macau. “Muitas pessoas não percebem aquilo que fazemos e por isso é que os casos de homossexualidade são directamente enviados para os médicos. Muitos psiquiatras não têm formação em aconselhamento, mas os psicólogos têm. Por isso é que eu acho que alguns casos devem ser enviados para psicólogos, contudo, em Macau, são todos enviados para psiquiatras”, critica. “O sistema em Macau tem de ser actualizado. É um problema severo porque afecta muito a próxima geração. É um problema e a DSEJ tem de saber que é um problema”, declarou Ng.

Catarina Vilanova | Ponto Final | Foto: Eduardo Martins

Moçambique | Não pagamos


@Verdade |Editorial

O Governo da Frelimo não esconde a sua aversão mórbida aos órgãos de informação independentes. Uma das prova mais acabadas desse ódio desmedido contra os meios de Comunicação Social nacionais é o Decreto número 40/2018, aprovado pelo Conselho de Ministros no passado dia 12 de Junho. O referido decreto que estabelece taxas proibitivas para o exercício da actividade jornalística no país já entrou em vigor esta semana, embora o mesmo Governo tenha reconhecido que o documento não foi precedido por consultas aos principais intervenientes.

Além da criação de (mais) um órgão regulador da Comunicação Social em Moçambique, o Governo de Filipe Nyusi aumentou e criou diversas taxas de licenciamento e registo para serviços de rádio, televisão e imprensa escrita e ainda agravou “astronomicamente” o custo da acreditação de jornalistas estrangeiros. Trata-se de uma posição absurda, não somente pelas elevadas taxas, mas pelo facto de a medida violar três direitos fundamentais, nomeadamente a de liberdade de informação, de expressão e de imprensa.

É de conhecimento de todos que os cidadãos têm direito de se informarem e serem informados, para além da liberdade de expressarem as suas opiniões e inquietações. Os meios de Comunicação Social, sobretudo os independentes são um dos principais instrumentos para a materialização desses direitos fundamentais do cidadão. É, no entanto, repugnante quando um Governo toma decisões com vista a acabar com esses direitos, por não tolerar críticas.

Ao tomar a tal medida, o Governo de Nyusi não fez um estudo de mercado do sector de comunicação nacional. Na verdade, não é necessário um estudo profundo para perceber que os órgãos de informação independentes não lucram como outros sectores de actividades. Aliás, não se pode comparar com outras actividades comerciais, que chegam a ter investidores estrangeiros.

Basta um pequeno olhar para se aperceber que neste país, por exemplo, todos os jornais independentes juntos não vendem mais de 10 mil exemplares por semana. Aliado a essa situação, o mercado de anúncios ou publicidades continuam exíguo. Como consequência disso, os profissionais da Comunicação Social auferem salários míseros, mas, apesar disso, não deixam de cumprir o seu papel de informar e formar os cidadãos.

O decreto não passa de um documento cheio de asneiras produzidas por um bando de insensatos que não têm noção da realidade do mercado de comunicação no país. Portanto, os órgãos de informação independentes devem se unir e recusarem veementemente a pagar essas taxas absurdas e desfocadas da realidade.

"Votar Moçambique” preocupado com exclusão de candidatos a Maputo


"Votar Moçambique", um consórcio que luta por processos eleitorais transparentes, apela ao Conselho Constitucional para deliberar com ponderação, sublinhando que há um interesse público que deve ser salvaguardado.

A rejeição pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de dois concorrentes à eleição ao Conselho Autárquico na cidade de Maputo está a suscitar debates e interpretações em torno da avaliação das candidaturas.

A CNE excluiu a candidatura do cabeça de lista da RENAMO, Venâncio Mondlane, bem como do candidato da organização da sociedade civil, AJUDEM, Samora Machel Júnior, filho do primeiro Presidente de Moçambique independente. As duas organizações proponentes manifestaram-se inconformadas com a decisão, que afirmam ter um cariz político, e espera-se que interponham recurso ao Conselho Constitucional.

Esta sexta-feira (24.08), o programa "Votar Moçambique” considerou, numa conferência de imprensa, que esta matéria controversa pode ter possíveis implicações no alcance da paz, estabilidade social e participação dos cidadãos.

O consórcio, que agrupa seis organizações que atuam em prol de processos eleitorais participativos e transparentes, defende que o Conselho Constitucional deve deliberar sobre esta e outras matérias que eventualmente venham a constituir contencioso eleitoral, com a devida ponderação, salvaguardando os superiores interesses do país.

A coordenadora do programa "Votar Moçambique”, Aquílcia Joaquim, disse que o consórcio gostaria que, nas próximas eleições autárquicas, se reduzisse o nível de conflitos e que Moçambique deixasse de ser uma referência como um país onde há sempre conflitos pré e pós-eleitorais.

Segundo Aquílcia Joaquim, é importante que, ao analisar os recursos, o Conselho Constitucional olhe para a questão toda de justiça social, de um processo eleitoral íntegro, transparente e inclusivo.

"O cidadão tinha um leque de opções para poder exercer o seu poder de cidadania e quando começamos a restringir este poder de escolha, o processo começa a ficar menos competitivo, menos apetecível para o cidadão . O que vamos ver é muita abstenção”, disse a coordenadora do consórcio.

Dar o protagonismo aos partidos

Por seu turno, Baltazar Fael, do Centro de Integridade Pública (CIP), uma das organizações filiadas no consórcio, afirmou que ao analisar a decisão da CNE, o Conselho Constitucional deve ter em conta a necessidade de fazer intervir no processo eleitoral os principais atores, nomeadamente, os cidadãos e os partidos políticos.

"A verdade é que a CNE tem sido protagonista em todos os processos eleitorais em Moçambique, quando estes órgãos são criados exatamente para fazer a gestão de como este processo deve decorrer”, observou Baltaz Fael.

Baltaz Fael acrescentou esperar "que o Conselho não olhe só para os aspetos de legalidade”, mas que também procure contribuir para a "a paz social que todos nós pretendemos alcançar neste momento”, disse, referindo-se ao processo de paz que decorre entra a RENAMO e o Governo.

Baltazar Fael conta que já estão a surgir reclamações por parte do maior partido da oposição e de alguns cidadãos que discordam das decisões que foram tomadas pela CNE.

 Leonel Matias (Maputo) | Deutsche Welle

Moçambique | Terrorismo no norte, divulgados nomes dos cabecilhas


Ataque armado terá provocado duas mortes em Cabo Delgado

Grupo atacou na noite de quinta-feira (23.08) uma aldeia no distrito de Macomia, matou duas pessoas, queimou 12 casas e roubou alimentos, segundo relatos de residentes.

De acordo com as informações recolhidas pela agência de notícias Lusa junto a residentes locais, o ataque aconteceu pelas 22h na aldeia de Cobre, uma pequena povoação dependente do posto administrativo de Quiterajo, no distrito de Macomia, na província nortenha de Cabo Delgado.

Segundo relatos, os agressores usaram catanas e armas de fogo e entraram na povoação sem que a população se apercebesse, misturando-se com a plateia de um salão de exibição de filmes.

Pouco depois saíram do local e começaram o ataque à aldeia, referiu a mesma fonte. Uma das vítimas morreu com golpes de catana, enquanto outra foi abatida a tiro.

Ataques

Povoações remotas da província de Cabo Delgado, situada entre a quase dois mil quilómetros a norte de Maputo, têm sido saqueadas com violência por desconhecidos desde outubro de 2017, provocando um número indeterminado de mortos, na ordem das dezenas, e um número ainda maior de deslocados.

Os grupos que têm atacado as aldeias nunca fizeram nenhuma reivindicação nem deram a conhecer as suas intenções, mas investigadores sugerem que a violência está ligada a redes de tráfico de heroína, marfim, rubis e madeira.

Os ataques acontecem numa altura em que avançam os investimentos de companhias petrolíferas em gás natural na região, mas sem que até agora tenham entrado no perímetro reservado aos empreendimentos.

Em diversas declarações sobre a ação de grupos armados na província de Cabo Delgado, a polícia moçambicana garantiu que tem a situação "sob controlo".

Agência Lusa | em Deutsche Welle

Quem são os "cabecilhas" dos ataques no norte de Moçambique?

Polícia moçambicana divulgou os nomes dos seis homens que supostamente lideram os ataques armados na província de Cabo Delgado, no norte do país, e pediu à população colaboração para a captura dos alegados "cabecilhas".

O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Rafael Bernardino disse, em declarações reproduzidas segunda-feira (13.08) pela emissora pública Rádio Moçambique, que os grupos armados que protagonizam ataques em Cabo Delgado são dirigidos por Abdul Faizal, Abdul Remane, Abdul Raim, Nuno Remane, Ibn Omar e um sexto identificado apenas por Salimo.

"Consideramos esses como os cabecilhas", declarou Bernardino Rafael, falando numa parada policial na cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado.  

Rafael Bernardino exortou também as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas a "manterem o empenho" no combate aos grupos.

Apelo à população

O responsável exortou a população a colaborar na localização dos responsáveis pelos referidos grupos armados. "Apelamos à população para quem souber, quem tiver informações possíveis, que levem à captura desses nomes que nós indicamos, contacte a Polícia da República de Moçambique, para nós atuarmos", declarou o comandante-geral da polícia moçambicana.

Povoações remotas da província de Cabo Delgado, situada entre 1.500 a 2.000 quilómetros a norte de Maputo, têm sido saqueadas com violência por desconhecidos desde outubro de 2017, provocando um número indeterminado de mortos e deslocados.

Os grupos que têm atacado as aldeias nunca fizeram nenhuma reivindicação nem deram a conhecer as suas intenções, mas investigadores sugerem que a violência está ligada a redes de tráfico de heroína, marfim, rubis e madeira.  

Os ataques acontecem numa altura em que avançam os investimentos de companhias petrolíferas em gás natural na região, mas sem que até agora tenham entrado no perímetro reservado aos empreendimentos.

Agência Lusa | em Deutsche Welle

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