Díli, 11 jan (Lusa) - O Governo
timorense está a preparar regulamentos para controlar plástico de uso único,
com uma taxa especial de 30% sobre esses produtos, reforçando o controlo do
lixo na capital, disse à Lusa o secretário de Estado do Ambiente.
"No futuro quem importar
plástico de uso único, incluindo sacos plástico, precisa de ter uma licença
especial. E aplicaremos um custo adicional, uma taxa de reciclagem, de cerca de
30% sobre o valor desses produtos importados", disse à Lusa Demétrio de Amaral
de Carvalho.
O secretário de Estado explicou
que esta é uma de várias medidas que estão a ser tomadas para lidar com vários
problemas ambientais, especialmente o controlo do plástico e do restante lixo
em Timor-Leste.
Falta de educação ambiental, maus
hábitos no tratamento do lixo e deficientes sistemas de drenagem contribuem
para o problema que tem vindo a crescer exponencialmente com o desenvolvimento
económico e a crescente importação.
Timor-Leste não produz plástico,
mas os supermercados e lojas estão cheias de produtos que recorrem a plástico a
que se somam toneladas de garrafas de água vendidas diariamente na cidade.
É comum ver donos de lojas ou
restaurantes a deitar dejetos nos canais de irrigação ou ribeiras.
Apesar de haver cada vez mais
contentores de lixo -- são ainda insuficientes --, nos locais onde existem, os
cidadãos optam, na maior parte dos casos, por deitar o lixo no chão ao lado dos
contentores, que depois -- especialmente agora na época das chuvas -- é
arrastado para o mar.
Brigadas de lixo andavam hoje, em
vários pontos da cidade, a recolher lixo acumulado durante vários dias,
limpando praias, ruas e bairros onde, em alguns casos, não tinha havido recolha
nas últimas duas semanas.
Zonas de grande produção de lixo
-- como o mercado de Taibessi, no centro da cidade -- acumulavam esta semana
várias toneladas de lixo, deixando um cheiro nauseabundo em toda a zona.
O secretário de Estado explicou
que, por estes motivos, o Governo quer reforçar a implementação do regulamento
que vigora desde 2008 sobre o controlo da poluição e gestão de lixo, na
tentativa de "encorajar a sociedade a ter mais cuidado e gerir o seu lixo
de melhor forma.
Esse decreto-lei de "higiene
e ordem pública" já prevê multas de entre cinco e 500 dólares americanos
para quem poluir, que aumentam para o dobro em caso de empresas,
Demétrio de Carvalho falava à
Lusa à margem do lançamento pelo grupo de supermercados Kmanek de sacos
ecológicos, feitos de cassava, uma alternativa inventada em Bali, na Indonésia,
que são não-tóxicos, naturais e se dissolvem na água sem qualquer dano ao
ambiente.
"Cerca de 20% de todo o lixo
que recolhemos em Díli é plástico", explicou.
"Esta intervenção no mínimo
vai contribuir para uma sensibilização sobre o perigo do uso de plástico de uso
único. Os sacos plásticos são um dos itens que mais polui o nosso ambiente e
esta intervenção contribui para diminuir a quantidade de plástico no
lixo", disse.
Clarence Lim, responsável máximo
do grupo Kmanek, disse à Lusa que se trata da medida mais recente da empresa
para promover melhor gestão ambiental.
"Decidimos fazer isto como
contributo para a sociedade timorense. As pessoas compram coisas cá no
supermercado e quando lhes dou um saco plástico estou a dar-lhes uma coisa
tóxica, venenosa. E isso não quero", afirmou.
"Esta alternativa custa duas
ou três vezes mais, mas estamos a falar de um valor muito baixo ainda assim. E
penso que o que eles levam no saco justifica que gastemos esse valor mais. É
uma forma de evitar lixo", disse.
Várias outras iniciativas, de Governo,
setor privado e organizações não-governamentais estão a ser tomadas atualmente
em Timor-Leste para lidar com o problema.
O plástico é um dos maiores
problemas ambientais no sudeste asiático, com os oceanos da região a registarem
elevados níveis de poluição deste tipo de lixo, que continua a aumentar
significativamente.
Vietname, Filipinas e Indonésia
estão entre os maiores poluidores de plástico do mundo.
ASP // FST
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