segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O fascismo por ele mesmo: Francisco Franco


Em 1936, o futuro caudilho espanhol disse: 'Minha mão será firme, meu pulso não vacilará e eu procurarei alçar a Espanha ao posto que lhe corresponde conforme sua História e que ocupou em épocas passadas'

Opera Mundi publica, nesta semana, um especial sobre fascismo - contado pelos próprios fascistas. São discursos e entrevistas de Adolf Hitler (Alemanha), António Salazar (Portugal), Francisco Franco (Espanha), Rafael Videla (Argentina), Benito Mussolini (Itália), Emílio Garrastazu Médici (Brasil) e Philippe Pétain (França) que mostram como estas figuras pensavam as sociedades que governavam e justificavam os atos de seus regimes.

Francisco Franco (1892-1975) nasceu na cidade espanhola de Ferrol, região da Galícia. Desde cedo teve educação militar, estudando na Academia de Infantaria de Toledo. Durante sua jovem carreira como oficial, destacou-se em batalhas no Marrocos espanhol, onde atuou entre 1910 e 1927. Pelo prestígio conquistado nos conflitos na África, foi nomeado general de brigada.  Em 1931, começa o período republicano na Espanha, dando fim à era monárquica. Já integrante da alta cúpula do exército, Franco é imediatamente afastado, só retornando quando membros direitistas compõem um novo gabinete, em 1933. No ano seguinte, reprime violentamente operários mineiros de esquerda nas Astúrias, dando início ao que seria um período ditatorial violento. 

Já arquitetando um golpe de estado, desconhece a vitória do partido Frente Popular nas eleições. Em discurso proferido em junho de 1936, dias antes do golpe que liderou contra a República espanhola e levou o país à Guerra Civil (1936-1939), Franco busca colocar em descrédito as forças de esquerda e faz críticas ao marxismo e ao anarquismo. O ditador ainda exalta o partido Falange Espanhola Tradicionalista, que reunia partidos e movimentos que apoiavam o golpe contra a república e seria oficialmente fundado em 1937.

Pouco depois, é nomeado chefe do Estado Maior Central. A partir de 1936, estava instaurada a ditadura franquista na Espanha. Franco, que assume como chefe de estado e governo em 1938, conquista o apoio dos regimes fascistas na Alemanha e Itália, que foram essenciais para a permanência de seu regime. Outra base fundamental da ditadura espanhola foi o apoio da Igreja, que se aliou à classe militar e respaldou o discurso franquista. O regime dizimou milhares de pessoas durante os conflitos civis, torturando e perseguindo opositores, além de matar vários africanos e espanhóis resistentes nos conflitos em colônias espanholas.  Franco morre em 1975, aos 82 anos, já com as colônias em processo de independência na África e com a monarquia restaurada no país.

Amanhece na Espanha (01/06/1936)

Colocastes a Espanha em minhas mãos. Minha mão será firme, meu pulso não vacilará e eu procurarei alçar a Espanha ao posto que lhe corresponde conforme sua História e que ocupou em épocas passadas.

Uma revolução nacional transformou a fisionomia de nosso país e na Espanha Nacional foi estabelecido um novo regime que se baseia em princípios tradicionais e patriotas que são o nervo da nossa História, assim como nos princípios puros do direito, e há uma garantia efetiva para a sociedade e para as relações internacionais de todos os tipos, reinando com uma autoridade efetiva a tranquilidade e o bem-estar. Na Espanha vermelha não resta nada da legalidade pretendida; os estrangeiros mandam nos exércitos, a anarquia reina em seus campos e cidades, nenhuma das leis fundamentais da nação estão em vigor: não se respeitam nem a religião, nem a família, nem a propriedade, e as organizações anarquistas e marxistas assaltam, roubam, matam, muitas vezes com a cumplicidade do Governo.

Como o cavalo de Átila, o bolchevismo seca a erva e as cidades são somente ruínas, covardemente queimadas, e os campos são pilhagem e abandono. Mas nós saberemos reconstruir tudo. Se invocamos as grandezas da Espanha imperial é porque elas nos movem com seus ideais, seus empenhos de salvação e fundação.

Jovens

Sois a mais fiel expressão da nobreza espanhola. Vós que não possuís taras políticas, que estais totalmente limpos dos pecados que levaram a Espanha à situação caótica que sofremos, sereis os verdadeiros regeneradores da Pátria. Vós devolvereis à Espanha sua grandeza. Por isso, com toda a força de meus pulmões, grito convosco: Avante Espanha!
Não queremos uma Espanha velha e difamada. Queremos um Estado onde a pura tradição e substância daquele passado espanhol ideal se enquadre nas formas novas, vigorosas e heróicas que os jovens de hoje e de amanhã trazem nesta alvorada imperial de nosso povo.

Foram acolhidos os anseios da juventude espanhola e, assistidos pela organização da Falange Espanhola Tradicionalista e das J.O.N.S., corresponderemos aos sacrifícios de todos, formando a Espanha unida, grande e livre que levamos em nossos corações.

Reconstrução

A lei da História é que não se pode realizar nenhuma iniciativa cultural sem que se adiante a proeza das armas. Entretanto, a esta lei genérica, a Espanha soube dar uma nuance de beleza característica, pois nossos avanços nunca foram deixados ficar entre o triunfo da guerra e a ordem do trabalho na paz.

Quando, com seu exército vencedor da fadiga, Garay chega ao Río de la Plata, saca no ar a espada e planta uma árvore na terra conquistada para que, à sombra das armas, floresçam a primavera e a justiça. Movido por idênticos anseios ao ver que aqui, na terra natal, se destruía tudo o que nossos anciãos fundaram com esforço, e com a destruição material das cidades e a lei civil caída por terra, e tudo era desordem e anarquia, o Exército Espanhol, realizando prisões heroicas, sacou sua espada e, antes que termine esta guerra, ao acelerar as últimas etapas do triunfo, plantamos a árvore da justiça para o povo; para um povo que, apesar das custosas necessidades da guerra, sem o ouro roubado e esbanjado pelo inimigo, tem abundância de pão e certeza de justiça, porque o Estado, com armas, vela por ele.

Enquanto os soldados lutam e avançam na frente, o trabalhador trabalha na retaguarda, a ordem impera, a justiça atua, a cultura se estende e a produção, o comércio e a indústria se desenvolvem e prosperam. O comércio exterior prossegue, nossa moeda mantém seu crédito e o índice de vida não sofreu a menor alteração.

A Espanha se organiza dentro de um amplo conceito totalitário, mediante àquelas instituições nacionais que asseguram sua totalidade, sua unidade e sua continuidade. A implantação dos princípios mais severos de autoridade que este Movimento implica não possui justificativa de caráter militar, senão na necessidade de um funcionamento regular das energias complexas da Pátria. 

Na Espanha Nacional, vamos colocar em prática  essa política de redenção, de justiça, de engrandecimento que durante anos e anos os mais diversos programas vieram prometendo sem jamais cumprir suas promessas; as massas espanholas que se renderam à bajulação fácil do extremismo esquerdista, do socialismo e do comunismo para acabar explorados e enganados verão com clareza que é aqui, na Espanha Nacional, em nosso regime, em nosso sistema, onde a aplicação dos princípios e das normas autenticamente justas terão ampla realização. Eu quero que minha política tenha o profundo caráter popular que sempre teve na História da política da Grande Espanha. Nossa obra - minha e do meu governo - estará orientada com uma grande preocupação pelas classes populares, por essas que se têm chamado de "classes baixas", bem como pela tristeza da classe média. A vitória tem que abrir uma possibilidade de maior bem-estar e satisfação verdadeira a todos os espanhóis. Estamos lutando pelo povo da Espanha; isso não é somente uma frase, senão um propósito que levo no coração desde o primeiro dia de luta.

(*) Tradução: Lucas Estanislau

Sem comentários:

Mais lidas da semana