Em 1936, o futuro caudilho
espanhol disse: 'Minha mão será firme, meu pulso não vacilará e eu procurarei
alçar a Espanha ao posto que lhe corresponde conforme sua História e que ocupou
em épocas passadas'
Opera Mundi publica, nesta
semana, um especial sobre fascismo - contado pelos próprios fascistas. São
discursos e entrevistas de Adolf Hitler (Alemanha), António Salazar (Portugal),
Francisco Franco (Espanha), Rafael Videla (Argentina), Benito Mussolini
(Itália), Emílio Garrastazu Médici (Brasil) e Philippe Pétain (França) que
mostram como estas figuras pensavam as sociedades que governavam e justificavam
os atos de seus regimes.
Francisco Franco (1892-1975)
nasceu na cidade espanhola de Ferrol, região da Galícia. Desde cedo teve
educação militar, estudando na Academia de Infantaria de Toledo. Durante sua
jovem carreira como oficial, destacou-se em batalhas no Marrocos espanhol, onde
atuou entre 1910 e 1927. Pelo prestígio conquistado nos conflitos na África,
foi nomeado general de brigada. Em 1931, começa o período republicano na
Espanha, dando fim à era monárquica. Já integrante da alta cúpula do exército,
Franco é imediatamente afastado, só retornando quando membros direitistas
compõem um novo gabinete, em 1933. No ano seguinte, reprime violentamente
operários mineiros de esquerda nas Astúrias, dando início ao que seria um
período ditatorial violento.
Já arquitetando um golpe de
estado, desconhece a vitória do partido Frente Popular nas eleições. Em
discurso proferido em junho de 1936, dias antes do golpe que liderou contra a
República espanhola e levou o país à Guerra Civil (1936-1939), Franco busca
colocar em descrédito as forças de esquerda e faz críticas ao marxismo e ao
anarquismo. O ditador ainda exalta o partido Falange Espanhola Tradicionalista,
que reunia partidos e movimentos que apoiavam o golpe contra a república e
seria oficialmente fundado em 1937.
Pouco depois, é nomeado chefe do
Estado Maior Central. A partir de 1936, estava instaurada a ditadura franquista
na Espanha. Franco, que assume como chefe de estado e governo em 1938,
conquista o apoio dos regimes fascistas na Alemanha e Itália, que foram
essenciais para a permanência de seu regime. Outra base fundamental da ditadura
espanhola foi o apoio da Igreja, que se aliou à classe militar e respaldou o
discurso franquista. O regime dizimou milhares de pessoas durante os conflitos
civis, torturando e perseguindo opositores, além de matar vários africanos e
espanhóis resistentes nos conflitos em colônias espanholas. Franco morre
em 1975, aos 82 anos, já com as colônias em processo de independência na África
e com a monarquia restaurada no país.
Amanhece na Espanha (01/06/1936)
Colocastes a Espanha em minhas
mãos. Minha mão será firme, meu pulso não vacilará e eu procurarei alçar a
Espanha ao posto que lhe corresponde conforme sua História e que ocupou em
épocas passadas.
Uma revolução nacional
transformou a fisionomia de nosso país e na Espanha Nacional foi estabelecido
um novo regime que se baseia em princípios tradicionais e patriotas que são o
nervo da nossa História, assim como nos princípios puros do direito, e há uma
garantia efetiva para a sociedade e para as relações internacionais de todos os
tipos, reinando com uma autoridade efetiva a tranquilidade e o bem-estar. Na
Espanha vermelha não resta nada da legalidade pretendida; os estrangeiros
mandam nos exércitos, a anarquia reina em seus campos e cidades, nenhuma das
leis fundamentais da nação estão em vigor: não se respeitam nem a religião, nem
a família, nem a propriedade, e as organizações anarquistas e marxistas
assaltam, roubam, matam, muitas vezes com a cumplicidade do Governo.
Como o cavalo de Átila, o
bolchevismo seca a erva e as cidades são somente ruínas, covardemente
queimadas, e os campos são pilhagem e abandono. Mas nós saberemos reconstruir
tudo. Se invocamos as grandezas da Espanha imperial é porque elas nos movem com
seus ideais, seus empenhos de salvação e fundação.
Jovens
Sois a mais fiel expressão da
nobreza espanhola. Vós que não possuís taras políticas, que estais totalmente
limpos dos pecados que levaram a Espanha à situação caótica que sofremos,
sereis os verdadeiros regeneradores da Pátria. Vós devolvereis à Espanha sua
grandeza. Por isso, com toda a força de meus pulmões, grito convosco: Avante
Espanha!
Não queremos uma Espanha velha e
difamada. Queremos um Estado onde a pura tradição e substância daquele passado
espanhol ideal se enquadre nas formas novas, vigorosas e heróicas que os jovens
de hoje e de amanhã trazem nesta alvorada imperial de nosso povo.
Foram acolhidos os anseios da
juventude espanhola e, assistidos pela organização da Falange Espanhola
Tradicionalista e das J.O.N.S., corresponderemos aos sacrifícios de todos,
formando a Espanha unida, grande e livre que levamos em nossos corações.
Reconstrução
A lei da História é que não se
pode realizar nenhuma iniciativa cultural sem que se adiante a proeza das
armas. Entretanto, a esta lei genérica, a Espanha soube dar uma nuance de
beleza característica, pois nossos avanços nunca foram deixados ficar entre o
triunfo da guerra e a ordem do trabalho na paz.
Quando, com seu exército vencedor
da fadiga, Garay chega ao Río de la
Plata , saca no ar a espada e planta uma árvore na terra
conquistada para que, à sombra das armas, floresçam a primavera e a justiça.
Movido por idênticos anseios ao ver que aqui, na terra natal, se destruía tudo
o que nossos anciãos fundaram com esforço, e com a destruição material das cidades
e a lei civil caída por terra, e tudo era desordem e anarquia, o Exército
Espanhol, realizando prisões heroicas, sacou sua espada e, antes que termine
esta guerra, ao acelerar as últimas etapas do triunfo, plantamos a árvore da
justiça para o povo; para um povo que, apesar das custosas necessidades da
guerra, sem o ouro roubado e esbanjado pelo inimigo, tem abundância de pão e
certeza de justiça, porque o Estado, com armas, vela por ele.
Enquanto os soldados lutam e
avançam na frente, o trabalhador trabalha na retaguarda, a ordem impera, a
justiça atua, a cultura se estende e a produção, o comércio e a indústria se
desenvolvem e prosperam. O comércio exterior prossegue, nossa moeda mantém seu
crédito e o índice de vida não sofreu a menor alteração.
A Espanha se organiza dentro de
um amplo conceito totalitário, mediante àquelas instituições nacionais que
asseguram sua totalidade, sua unidade e sua continuidade. A implantação dos
princípios mais severos de autoridade que este Movimento implica não possui justificativa
de caráter militar, senão na necessidade de um funcionamento regular das
energias complexas da Pátria.
Na Espanha Nacional, vamos
colocar em prática essa política de redenção, de justiça, de
engrandecimento que durante anos e anos os mais diversos programas vieram
prometendo sem jamais cumprir suas promessas; as massas espanholas que se
renderam à bajulação fácil do extremismo esquerdista, do socialismo e do
comunismo para acabar explorados e enganados verão com clareza que é aqui, na
Espanha Nacional, em nosso regime, em nosso sistema, onde a aplicação dos
princípios e das normas autenticamente justas terão ampla realização. Eu quero
que minha política tenha o profundo caráter popular que sempre teve na História
da política da Grande Espanha. Nossa obra - minha e do meu governo - estará
orientada com uma grande preocupação pelas classes populares, por essas que se
têm chamado de "classes baixas", bem como pela tristeza da classe
média. A vitória tem que abrir uma possibilidade de maior bem-estar e
satisfação verdadeira a todos os espanhóis. Estamos lutando pelo povo da
Espanha; isso não é somente uma frase, senão um propósito que levo no coração
desde o primeiro dia de luta.
(*) Tradução: Lucas Estanislau
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