Jorge Rocha | opinião
Voltando a dar notícias depois da
vitória no Conselho Nacional, Rui Rio surgiu na Madeira a enunciar
um argumento tão desonesto, que devemo-nos questionar se saiu da sua cabeça, se
já dos publicitários contratados para lhe aprimorarem as mensagens aos eleitores.
Perante as câmara de televisão não teve pejo em dizer aos madeirenses que, nas
próximas eleições regionais, não deverão confiar em quem enfrenta tantas greves
no Continente, demonstração de enormíssimos dessagrados, como se eles não
fossem protagonizados por minoritários interesses corporativos, que a
globalidade do eleitorado não os condenasse.
Vai-se a virar o argumento do
direito e do avesso o que se pode concluir? Primeiro que tudo a atitude
defensiva de quem sabe iminente a derrota! Rio diz aos insulares que sabe-os
tentados a votarem nos socialistas, advertindo-os quanto aos riscos de ficarem
desagradados com a sua escolha. A expressão é própria de quem vê o eleitorado a
fugir-lhe e o procura desesperadamente agarrar.
Mas não só: Rio parece ter em
fraca conta a capacidade dos eleitores para avaliarem os benefícios conseguidos
com este governo graças ao fim dos cortes, que o anterior fizera nos salários e
nas pensões e na estabilidade política propiciadora de futuros investimentos,
que o segundo mandato comportará.
Esses mesmos eleitores têm ouvido
Miguel Albuquerque queixar-se continuamente do (falso) boicote do governo
central ao que ainda tem sede no Funchal e, ao contrário do que o sucessor de
Alberto João julga, esse «papão» só tende a virar-se contra si, porque o mais
natural é o eleitor local pensar que, já estando mais do que garantida a
reeleição de António Costa como primeiro-ministro, será estúpido apoiar quem
ali se lhe diz opor ? Não estará Albuquerque a facilitar a vitória de Cafôfo, cuja
empatia com o governo central poderá beneficiar mais a Madeira? Não acusam os
responsáveis do PSD que, por serem governados por socialistas, os açorianos têm
vindo a ser beneficiados?
Rui Rio venceu a batalha interna
no laranjal, mas continuará igual a si mesmo, somando desaires no confronto com
as esquerdas, que pretende derrubar.
jorge rocha | Ventos Semeados | Foto: Homem
Gouveia/Lusa
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