Deixem-me trabalhar. Rio ganha o
primeiro round a Montenegro e promete mudanças
O líder social-democrata venceu a
moção de confiança por 25 votos e começou a falar dos atos eleitorais que se
avizinham: "já é claro que o PS pode perder as próximas eleições, o que
ainda não é claro é que o PSD as possa ganhar."
Rui Rio pediu e o Conselho
Nacional decidiu. Estada dada a confiança política de que o líder precisava
para se manter como líder. Foram precisas mais de 10 horas de debate para Rio ver aprovada uma moção de confiança com
75 votos a favor, 50 contra e um voto nulo. Uma vitória que se traduz numa
percentagem de 59,5%.
Depois de duas semanas de grande
agitação para o PSD, o líder quer agora um pouco de "paz" para
"construir uma alternativa ao Governo do PS." Já com as eleições em
mira de vista, Rui Rio saiu do Conselho Nacional com o foco apontado ao PS. O
presidente do PSD já acredita que os socialistas podem perder as eleições mas
continua com dúvidas sobre a capacidade dos sociais-democratas de as vencerem:
"Costumo dizer isto e acho que é claro: quem está no poder tem de
primeiro perder para os outros poderem ganhar. Neste momento, já é claro que o
PS pode perder as próximas eleições, o que ainda não é claro é que o PSD as
possa ganhar. É isso que temos de fazer, é essa a tarefa que temos pela frente.
Metade está feita, o PS pode perder, disso não há dúvidas. Agora, temos de
construir a possibilidade de as ganhar."
À saída da reunião, e questionado sobre a legitimidade para continuar à frente do partido, Rio foi perentório: "legitimidade para liderar o partido tive sempre, porque ganhei as diretas. Naturalmente, face a todo este tumulto que houve muito recentemente, este é um resultado importante porque é um pouco superior ao que foram as diretas", que venceu com 54,37% dos votos, há um ano.
Agora que "arrumou"
Luís Montenegro a um canto (pelo menos para já), Rui Rio começa a ensaiar o
discurso de uma nova estratégia do PSD, para as eleições que se avizinham:
"A estratégia tem etapas e o que se faz a dois anos de umas eleições
é uma coisa, o que se faz a um ano é outra e o que se faz em cima de eleições é
ainda uma outra coisa diferente. Vamos ter eleições para o Parlamento
Europeu já em maio, naturalmente que a forma de fazer oposição e de a conduzir
é um pouco diferente em cima de eleições. Tudo isto tem uma lógica. Não pode
ser a política do bota-abaixo permanentemente, nem as pessoas aceitam isso, não
é o meu estilo."
A Luís Montenegro e a todos os
críticos, Rio pede apenas que o deixem "fazer o trabalho com alguma
tranquilidade" e que "não haja permanente ruído como tem
havido." O presidente do PSD lembra - e espera - que "este Conselho
Nacional e esta moção de confiança, para esse efeito, sejam
clarificadores."
Significa isso que a liderança de
Rui Rio sai reforçada? "Não é só evidente, é também la palisse." Num
conselho nacional que foi tudo menos pacífico, o homem que entrou líder, saiu
Presidente e..."agora com licença, que já não é cedo."
Gonçalo Teles | TSF | Foto: Pedro
Granadeiro/Global Imagens
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