Vários estados europeus,
entre os quais Portugal, anunciam esta segunda-feira o reconhecimento do
autoproclamado presidente interino da Venezuela, dando assim cobertura ao golpe
promovido pelos EUA.
De momento, a lista de países
europeus que já anunciaram o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente
interino da Venezuela engloba Portugal, França, Espanha, Reino Unido,
Áustria e a Suécia. Outros países, como a Alemanha e a Holanda, devem
também dar seguimento ao ultimato que lançaram.
A tentativa de um reconhecimento
oficial por parte da União Europeia (UE) foi bloqueada pela Itália, que usou o
seu poder de veto para bloquear a decisão. A interferência nos
assuntos internos da Venezuela não é de todo consensual, o que levou aos
reconhecimentos em separado.
A ingerência dá seguimento ao
ultimato lançado a 26 de Janeiro por vários estados da UE que, à revelia do
direito internacional e em desrespeito pela ordem constitucional vigente, deram
oito dias ao presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro,
para convocar o que chamam de «eleições livres e transparentes».
A UE ameaçou que, se tal não
acontecesse, reconheceria o autoproclamado Guaidó «como presidente da
Venezuela», obviando o facto de, em Maio, o povo venezuelano ter eleito Nicolás
Maduro com mais de 67% dos votos, num acto eleitoral em que participou uma
considerável parte da oposição.
O acto eleitoral, que se tratou
de uma antecipação das eleições presidenciais, no seguimento das negociações
com a oposição e do «acordo de convivência», ambos mediados pelo ex-primeiro
ministro espanhol José Luís Zapatero, não teve a participação do partido de extrema-direita de Juan
Guaidó.
Ultimato é da
«época dos impérios, das colónias»
Este domingo, o presidente
Nicolás Maduro, numa entrevista ao programa «Salvados» da estação
espanhola La Sexta ,
voltou a acusar a UE de ter uma postura colonialista e de estar em linha com a
intentona organizada pela administração de Donald Trump.
«Não
aceitamos um ultimato de ninguém. É como se eu dissesse à UE:
dou sete dias para reconhecer a República da Catalunha, ou se não vamos agir. A
política internacional não pode ser baseada em ultimatos. Essa é
a época dos impérios, das colónias», denunciou.
Para Nicolás Maduro,
a autoproclamação de Guaidó foi claramente orquestrada pela
administração de Donald Trump, dando continuidade ao plano de golpe, que
tem sido fomentado com sanções com vista a estrangular a
economia frágil da Venezuela. E deixou uma
mensagem clara ao presidente norte-americano.
«Querem voltar a um século
XX de golpes militares, de governos fantoches subordinados aos seus
comandos e de saque aos nossos recursos naturais. Esse tempo
acabou: o século XXI está avançando. A América Latina e o Caribe não
voltarão a ser o quintal dos Estados Unidos», reiterou.
AbrilAbril
Sem comentários:
Enviar um comentário