A menos de 7 dias para início da
campanha eleitoral na Guiné-Bissau, a 16 de fevereiro, guineenses preocupados
com a manutenção da ordem pública pedem ao Presidente da República a rápida
nomeação do ministro do Interior.
Nesta segunda-feira (11.02.),
quando faltam cinco dias para o início da campanha para as eleições
legislativas de 10 de março na Guiné-Bissau, a sociedade civil defende a
nomeação urgente do ministro do Interior como condição indispensável para
garantir a segurança ao processo eleitoral.
O próprio primeiro-ministro,
Aristides Gomes, veio a público pedir ao Presidente da República, José Mário
Vaz, par que proceda a rápida nomeação do ministro do Interior por forma evitar
situações que possam comprometer as próximas eleições legislativas.
"O Presidente da República
deve, em concertação comigo, resolver este problema o mais rapidamente
possível. Da minha parte não tenho objeção nenhuma para que haja um ministro do
Interior já, para que possamos criar as condições de segurança para que as
eleições decorram com tranquilidade. Se o ministro do Interior já estivesse
nomeado, penso que os incidentes ocorridos na última sexta-feira não teriam
lugar", destacou Aristides Gomes.
Na sexta-feira (08.02.), uma
manifestação de estudantes culminou em distúrbios e atos de vandalismos contra
viaturas e vários edifícios, que a polícia, o Governo e a sociedade civil
consideram terem sido feitos por infiltrados.
Botche Candé novo ministro do
Interior?
Várias fontes guineenses indicam
que o Presidente da República pretende colocar na tutela do Ministério do
Interior o seu homem de confiança, Botche Candé, que num passado recente foi
fortemente contestado pelos principais partidos e organizações juvenis. Aristides
Gomes informou também que há muito que o seu Governo "entregou ao
Presidente guineense a proposta de um nome para o cargo e que espera uma
resposta rapidamente".
Recentemente, o presidente da
Comissão Nacional de Eleições, José Pedro Sambú, manifestou também a sua
inquietação com a segurança do ato eleitoral devido à ausência do titular da
pasta do Interior.
Salários em atraso desde 2003
E, enquanto os partidos políticos
ultimam os preparativos para o início
da campanha eleitoral que decorre entre os dias 16 de fevereiro e oito
de março, os
três sindicatos de professores entregaram nesta segunda-feira (11.02.)
ao Governo, um novo pré-aviso de greve, a começar na quinta-feira, dia 14, com
a duração de 16 dias. Os professores das escolas públicas guineenses
exigem o pagamento de salários atrasados desde 2003 a esta data, refere uma
nota da classe.
Em reação, o primeiro-ministro
afirmou que tudo isso não passa de jogos para provocar o adiamento das eleições
legislativas:
"Em relação aos professores
efetivos nós temos os pagamentos em dia e mesmo esses atrasados foram pagos.
Não vejo razões para um novo pré-aviso de greve. Penso que toda essa situação
acontece porque há setores da nossa sociedade, sobretudo da classe política,
que não querem ir às eleições e que querem, simultaneamente, perturbar. Daí que
as populações devem assumir o destino do país nas suas próprias mãos".
No novo pré-aviso de greve, os
três sindicatos incluíram 19 pontos reinvidicativos que não constavam do
memorando assinado com o Governo em janeiro último alegando que a partir de
agora "todos os pontos devem ser cumpridos para que possam suspender a
greve". Por seu turno, os estudantes garantem que não haverá mais
manifestações para "evitar qualquer aproveitamento político que só
pretende criar o caos e perturbar o processo eleitoral".
Pacto será assinado na
quinta-feira
Entretanto, ficou adiada para a
próxima quinta-feira (14.02.) a assinatura, que esteve prevista para esta
segunda-feira, do Pacto de Estabilidade Política e Social e o Código de Conduta
e Ética. O adiamento
deve-se às reservas manifestadas por alguns partidos políticos em
relação a determinadas cláusulas do documento, disse o presidente da Liga
Guineense dos Direitos Humanos, Augusto Mário da Silva.
"Os partidos entendem que
têm estado a denunciar algumas irregularidades no processo de recenseamento,
portanto, seria contraditório neste momento, antes da correção dessas
irregularidades assinarem um documento no qual dizem que estão comprometidos
com os resultados eleitorais".
O pacto de estabilidade é uma
ação conjunta do Movimento Nacional da Sociedade Civil, da Comissão Nacional
Caminhos para o Desenvolvimento em articulação com a Assembleia Nacional
Popular e a Presidência da República, envolvendo várias entidades inclusive os
partidos políticos.
A Guiné-Bissau vive uma crise
política há cerca de três anos, que começou com a demissão de Domingos Simões
Pereira, presidente do PAIGC, partido que venceu as eleições legislativas em
2014, do cargo de primeiro-ministro. Desde então já foram nomeados sete
primeiros-ministros, um dos quais por duas vezes.
As eleições legislativas
estiveram inicialmente marcadas para 18 de novembro, mas dificuldades técnicas
e financeiras, principalmente ao nível do recenseamento eleitoral, levaram ao
adiamento do escrutínio para 10 de março.
Braima Darame (Bissau) | Deutsche
Welle
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