O líder do Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) alertou para riscos de uma eventual
visita do Chefe de Estado de Cabo Verde, na qualidade de Presidente da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a Bissau poder ser mal enquadrada
e interpretada.
“Quero assumir que há riscos de a
visita ser mal enquadrada e mal interpretada e, se for mal enquadrada e mal
interpretada, provocará relações”, afirmou Domingos Simões Pereira em respostas
aos jornalistas na cidade da Praia, Cabo Verde, depois de um encontro com o
Presidente Jorge Carlos Fonseca, nesta segunda-feira, 11.
Sobre de que quadrantes e de que
forma tal podia acontecer, ele afirmou não querer especular, mas advertiu para
os riscos existentes.
“Esse risco é que pode dar origem
a reacções que podem não ajudar e podem não ser uma boa propaganda para o que
são os laços de proximidade e fraternidade que existem entre a Guiné Bissau e
Cabo Verde”, acrescentou Simões Pereira, esclarecendo, no entanto, que “a
visita de qualquer Presidente da República de Cabo Verde à Guiné será sempre
uma grande festa e ainda mais Jorge Carlos Fonseca, por tudo o que o liga à
Guiné”.
Fonseca e a campanha
O antigo primeiro-ministro e
líder do partido mais votado na eleição de 2014 chamou a atenção para “o risco”
de Fonseca “ser envolvido numa campanha de que, certamente, ele não quer fazer
parte”.
A imprensa cabo-verdiana avançou
há semanas que Jorge Carlos Fonseca podia visitar a Guiné-Bissau de 19 a 21 de Fevereiro, tendo o
próprio Presidente cabo-verdiano admitido estar a pensar na viagem a Bissau,
sem, no entanto, precisar uma data.
Na altura, Fonseca, afirmou que
tal visita “só tem sentido se não houver objecções por parte dos principais
protagonistas políticos e eleitorais da Guiné-Bissau”.
O Presidente cabo-verdiano
refutou a ideia de que a ida dele a Bissau possa significar qualquer apoio ao
seu homólogo José Mário Vaz nas eleições presidenciais deste ano.
“Tenho relações normais e boas
com os principais protagonistas políticos da Guiné-Bissau”, assegurou Fonseca,
admitindo que num contexto de “competição política possam surgir alguns ruídos
e preocupações”.
Críticas a José Mário Vaz
Domingos Simões Pereira disse ter
transmitido ao Chefe de Estado cabo-verdiano que a alegada data da visita, de
terça a quinta-feira, ocorreria dois dias antes do início da campanha.
“Se nesta altura já é evidente e óbvia
a dificuldade do Presidente da República da Guiné Bissau em manter alguma
equidistância em relação ao jogo político, está mais que claro o risco
associado a uma visita nessa altura”, acrescentou o líder do PAIGC, segundo o
qual o Presidente guineense, José Mário Vaz, tem “uma dificuldade quase
estrutural” em “manter-se distante do jogo político partidário”.
Simões Pereira esclareceu, no
entanto que, “logo a seguir [ao processo eleitoral], todo o povo guineense
estaria muito satisfeito de ver na Guiné-Bissau uma visita do Presidente da
República” de Cabo Verde e aplaudiu essa intenção.
Domingos Simões Pereira
encontra-se desde o dia 8 em
Cabo Verde , onde tem realizado diversos encontros, desde com
o Presidente da República à comunidade guineense radicada no arquipélago,
passando pela presidente do PAICV, Janina Hopffer Almada, entre outros.
VOA – Voz da América
Sem comentários:
Enviar um comentário