terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Simões Pereira alerta para riscos de uma visita do PR de Cabo Verde à Guiné-Bissau


O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) alertou para riscos de uma eventual visita do Chefe de Estado de Cabo Verde, na qualidade de Presidente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a Bissau poder ser mal enquadrada e interpretada.

“Quero assumir que há riscos de a visita ser mal enquadrada e mal interpretada e, se for mal enquadrada e mal interpretada, provocará relações”, afirmou Domingos Simões Pereira em respostas aos jornalistas na cidade da Praia, Cabo Verde, depois de um encontro com o Presidente Jorge Carlos Fonseca, nesta segunda-feira, 11.

Sobre de que quadrantes e de que forma tal podia acontecer, ele afirmou não querer especular, mas advertiu para os riscos existentes.

“Esse risco é que pode dar origem a reacções que podem não ajudar e podem não ser uma boa propaganda para o que são os laços de proximidade e fraternidade que existem entre a Guiné Bissau e Cabo Verde”, acrescentou Simões Pereira, esclarecendo, no entanto, que “a visita de qualquer Presidente da República de Cabo Verde à Guiné será sempre uma grande festa e ainda mais Jorge Carlos Fonseca, por tudo o que o liga à Guiné”.


Fonseca e a campanha

O antigo primeiro-ministro e líder do partido mais votado na eleição de 2014 chamou a atenção para “o risco” de Fonseca “ser envolvido numa campanha de que, certamente, ele não quer fazer parte”.

A imprensa cabo-verdiana avançou há semanas que Jorge Carlos Fonseca podia visitar a Guiné-Bissau de 19 a 21 de Fevereiro, tendo o próprio Presidente cabo-verdiano admitido estar a pensar na viagem a Bissau, sem, no entanto, precisar uma data.

Na altura, Fonseca, afirmou que tal visita “só tem sentido se não houver objecções por parte dos principais protagonistas políticos e eleitorais da Guiné-Bissau”.

O Presidente cabo-verdiano refutou a ideia de que a ida dele a Bissau possa significar qualquer apoio ao seu homólogo José Mário Vaz nas eleições presidenciais deste ano.

“Tenho relações normais e boas com os principais protagonistas políticos da Guiné-Bissau”, assegurou Fonseca, admitindo que num contexto de “competição política possam surgir alguns ruídos e preocupações”.


Críticas a José Mário Vaz

Domingos Simões Pereira disse ter transmitido ao Chefe de Estado cabo-verdiano que a alegada data da visita, de terça a quinta-feira, ocorreria dois dias antes do início da campanha.

“Se nesta altura já é evidente e óbvia a dificuldade do Presidente da República da Guiné Bissau em manter alguma equidistância em relação ao jogo político, está mais que claro o risco associado a uma visita nessa altura”, acrescentou o líder do PAIGC, segundo o qual o Presidente guineense, José Mário Vaz, tem “uma dificuldade quase estrutural” em “manter-se distante do jogo político partidário”.

Simões Pereira esclareceu, no entanto que, “logo a seguir [ao processo eleitoral], todo o povo guineense estaria muito satisfeito de ver na Guiné-Bissau uma visita do Presidente da República” de Cabo Verde e aplaudiu essa intenção.

Domingos Simões Pereira encontra-se desde o dia 8 em Cabo Verde, onde tem realizado diversos encontros, desde com o Presidente da República à comunidade guineense radicada no arquipélago, passando pela presidente do PAICV, Janina Hopffer Almada, entre outros.

VOA – Voz da América

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