O transporte entre Inhambane e
Maxixe tem originado acidentes marítimos graves. O último ocorreu no domingo
(17.02), quando dez pessoas morreram num acidente com um barco de passageiros.
As autoridades governamentais têm
ignorado as péssimas condições que a população enfrenta na travessia da baía
entre as cidades de Inhambane e Maxixe ou vice-versa, uma situação que nos
últimos anos está na origem de frequentes problemas que se registam nos
barcos que transportam passageiros entre as duas localidades.
No último domingo (17.02.)
aconteceu o inesperado, quando uma embarcação com 80 pessoas a bordo se virou
no cais de Maxixe, no sul de Moçambique, quando se preparava para partir para
Inhambane, um percurso de cerca de três quilómetros.
10 pessoas morreram afogadas e
muitas outras foram levadas para o hospital rural de Chicuque.
Avaria no motor
Laurinda Ernesto, uma das
sobreviventes do acidente marítimo disse que o motor do barco pegou fogo e
muitos dos passageiros em pânico acabaram por se atirar à água.
"Saiu faísca do motor e
ficamos assustados...as pessoas começaram a afastar-se do local, houve uma
grande agitação e o barco virou".
Castro Luís, outro sobrevivente
do naufrágio na ponte cais na Maxixe, disse a DW África que saiu do barco
quando se apercebeu da explosão do motor, mas a embarcação já metia água
por todos os lados....
"O barco enquanto estava a
virar-se joguei-me para água porque não tinha como sair... estava perto
do motor quando o meu colega também se apercebeu e disse-me que o motor estava
arder. Foi uma grande confusão...todo mundo estava a sair em simultâneo e o
barco devido o peso de um dos lados acabou por se virar”.
24 pessoas deram entrada no
hospital
Arlindo Romão, porta-voz do
hospital rural de Chicuque, em Maxixe, disse a imprensa que deram entrada no
estabelecimento 24 pessoas. Alguns corpos sem vida continuam à espera que algum
familiar compareça nas instalações para recolher o seu ente-querido....
"Deram entrada neste
hospital 24 pacientes dos quais três em estado grave e duas outras vão ser
transferidos para o hospital provincial de Inhambane. Por outro lado, temos
ainda três corpos não reclamados e os restantes já foram contactados pelas
respetivas famílias. Um carro foi disponibilizado pela direção regional da
saúde e que está a providenciar o transporte dos corpos”.
Recorde-se, que em 2017 uma outra
embarcação que saía da cidade de Inhambane com destino a Maxixe também teve um
acidente do género no qual morreram mais de 9 pessoas. Na altura o Governo
prometeu melhorar a situação de segurança mas até ao momento nada foi feito
nesse sentido.
Ministro não promete nada
Carlos Mesquita, ministro dos
Transportes e Comunicações, visitou as vítimas do acidente que se encontram
internados no hospital de Chicuque, e num breve contacto com a imprensa não
avançou qualquer informação concernente à construção de uma ponte, reclamada
pelos residentes das cidades de Inhambane e Maxixe. O ministro reconheceu
contudo o esforço de todos que ajudaram as pessoas no momento do acidente.
"É de reconhecer o esforço
próprio das pessoas em tentar ultrapassar a situação, mas também a intervenção
imediata que houve por parte das autoridades locais e todos aqueles que estavam
no local do acidente”.
Luciano da Conceição (Inhambane)
! Deutsche Welle
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