Equador obediente aos EUA entrega Assange. Analistas consideram que o Equador e
a sua embaixada em Londres simplesmente estão a cumprir ordens dos EUA
relativamente ao asilo que anteriormente foi servido a Julian Assange e agora lhe foi retirado. O Reino
Unido, parceiro incondicional dos EUA, ordenou a prisão de Assange na própria
embaixada equatoriana depois de ter sido acordado superiormente, semanas atrás,
que seria retirado o estatuto de asilado que protegia Assange. Não restam dúvidas
de que Assange vai ser extraditado para os EUA e se arrisca a ser condenado a
prisão perpétua sob acusação de espionagem, por ter obtido informações secretas
que posteriormente tornou públicas e puseram a descoberto políticas e procedimentos
dos EUA que violam o direito internacional, o que é sobejamente comum nas atuações-operações
dos EUA. Da Deutsche Welle recolhemos para o PG o texto que apresentamos em
seguida.
Redação PG
Assange é preso em Londres
Fundador do Wikileaks, que estava
abrigado na embaixada equatoriana desde 2012 para evitar extradição, é detido
pela polícia. Ele esteve por trás de um dos maiores vazamentos de documentos
secretos da história dos EUA.
O fundador do Wikileaks, o
australiano Julian Assange, foi preso em Londres nesta quinta-feira (11/04),
após a polícia ter sua entrada permitida na embaixada equatoriana onde ele se
refugiava há quase sete anos.
A polícia confirmou a prisão de
Assange, de 47 anos. As autoridades afirmaram que foram convidadas pelo próprio
embaixador a entrar na embaixada após a remoção do asilo político concedido
pelo país sul-americano ao jornalista.
A presidência do Equador
confirmou a remoção do asilo, citando violações de convenções
internacionais. O presidente Lenín Moreno anunciou o que chamou de
"decisão soberana" em um comunicado nesta quinta-feira.
O fundador do Wikileaks, que
estava abrigado na embaixada equatoriana desde 2012 para evitar
extradição, esteve por trás de um dos maiores vazamentos de documentos
secretos da história dos EUA. Ele temia ser enviado pelos britânicos para os
EUA, onde enfrenta investigação.
O Departamento de Justiça
americano acusou Assange formalmente de conspirar com a ex-analista de
inteligência do Exército americano Chelsea Manning para ter acesso a um
computador confidencial do governo no Pentágono. A acusação de Washington foi
anunciada após a prisão do australiano nesta quinta-feira.
Se condenado, ele pode enfrentar
até cinco anos de prisão, e especialistas em direito afirmam que mais acusações
são possíveis. Um dos advogados de Assange afirmou que seu cliente vai lutar
contra uma extradição para os EUA.
"Eu requeri ao governo
britânico que garantisse que Assange não seria extraditado para um país
onde poderia sofrer tortura ou pena de morte", disse Lenín Moreno em
comunicado.
O presidente equatoriano reclamou
do comportamento do jornalista e o acusou de "interferir em questões de
outros Estados" enquanto estava na embaixada e disse que o asilo concedido
ao jornalista se tornou "insustentável e inviável". Assange teria
violado repetidas vezes as "provisões das convenções de um asilo
diplomático", segundo Moreno, citando como exemplo, documentos do Vaticano
vazados recentemente pelo Wikileaks.
Durante um ato público na cidade
equatoriana de Latacunga, Moreno afirmou que a decisão de retirar o asilo
diplomático concedido ao ativista australiano foi dele. "A paciência do
Equador tem limite. Tiramos o asilo desse malcriado e vantajosamente nos
livramos de uma pedra no sapato", desabafou.
"De agora em diante, teremos
muito cuidado em conceder asilo. Só o daremos para gente que realmente valha a
pena e não para um hacker miserável, cuja única intenção é desestabilizar
governos", afirmou o presidente, acusando ainda Assange de manchar as
paredes da embaixada com suas fezes.
A cidadania equatoriana de
Assange, concedida em 2017, foi suspensa nesta quarta-feira, afirmou o ministro
do Exterior do país sul-americano, José Valencia.
Assange buscou refúgio na
embaixada equatoriana após a promotoria sueca abrir uma investigação acusado-o
de assédio sexual. Em 2010, o Tribunal Superior de Londres deu luz verde para a
extradição de Assange para a Suécia, dando início a uma batalha judicial.
Em junho de 2012, o Equador
confirmou que Assange estava na embaixada do Equador em Londres e que pediu
asilo político. A polícia londrina advertiu que Assange violou as condições de
prisão domiciliar à qual estava submetido e poderia ser detido.
O caso se arrastou até 2017,
quando os promotores suecos arquivaram o inquérito contra o jornalista,
encerrando a investigação preliminar da acusação de estupro. A procuradoria
sueco afirmou que a permanência de Assange na embaixada do Equador impediu a
execução do pedido de extradição e não era mais possível realizar a
transferência em tempo "razoável".
Em dezembro do mesmo ano o
Equador concedeu a cidadania equatoriana a Assange. Mais tarde, com a mudança
de governo no Equador, o novo presidente, Lenín Moreno, disse que o caso se
Assange era uma "pedra no sapato" para seu país.
Em fevereiro de 2018, a Justiça
britânica rejeitou um recurso da defesa de Assange e manteve uma ordem de
prisão, ditada após ele violar as condições da sua liberdade condicional ao
entrar na embaixada equatoriana em Londres.
O governo do Equador iniciou
então uma série de medidas hostis a Assange, como restringir seu acesso à
internet na embaixada em Londres, por ele ter violado um acordo no qual se
comprometia a não opinar sobre questões de outros países.
Novas regras foram impostas ao
"hóspede indesejado", como limpar o próprio banheiro, cuidar de seu
gato e pagar pela eletricidade e internet que utilizava. No mesmo mês, um juiz
equatoriano rejeitou a queixa de Assange de que as novas regras estariam
violando seus direitos.
Em abril de 2019, Lenín Moreno
acusou Assange de violar repetidamente os termos de seu asilo. Em resposta, o
Wikileaks afirmou que as declarações de Moreno seriam uma retaliação após o
portal divulgar alegações de corrupção contra o presidente. No dia 4 de abril,
o Wikileaks alertou que Assange seria expulso da embaixada dentro de poucos
dias.
Deutsche Welle
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