Delegado provincial do maior
partido da oposição moçambicana, em Inhambane, diz que seus militantes estão a
ser impedidos de participar nas atividades políticas de massa. A RENAMO aponta
o dedo acusatório à FRELIMO.
A delegação da RENAMO, na
província moçambicana de Inhambane queixa-se da perseguição política e falta de
acesso aos locais públicos para trabalhos de base.
A reclamação foi tornada pública
pelo delegado daquela organização política, Carlos Maela. Em declarações à DW
África, o dirigente do maior partido na oposição em Moçambique, disse que os
seus membros estão a ser impedidos de realizarem atividades políticas nas
comunidades, e acusa os militantes e simpatizantes do partido no poder, a
FRELIMO, de protagonizarem tais atos naquela região.
Carlos Maela afirma que esta
atitude do partido que suporta o Governo faz parte de uma "política
selvagem" caraterizada por constantes perseguições, cujo objetivo é
criar obstáculos às ctividades da RENAMO que se encontra muito empenhada na
preparação das eleições gerais e legislativas marcadas para outubro do
corrente ano.
Mais intolerância em Morrumbene
Segundo o dirigente da RENAMO, as
supostas intolerâncias políticas estão a ser registadas com maior realce no
distrito de Morrumbene.
"Trata-se de uma política
selvagem com uma série de perseguições. Por exemplo, no passado dia 26 de
março, estávamos a realizar um trabalho no povoado de Panga e a
FRELIMO decidiu enviar um grupo de jovens com bandeiras para precisamente
criar problemas às nossas atividades”, acusou.
Segundo os observadores, em cada
ano eleitoral em Moçambique, os membros dos partidos da oposição sofrem
perseguições de vária ordem. Muitas vezes tem-se registado a destruição de
residências e delegações dos partidos.
FRELIMO não comenta
Carlos Maela afirma que as
alegadas intimidações visam inibir as pessoas de participarem nas atividades
políticas com mais liberdade.
"Eles, da FRELIMO, já
perceberam que perderam, e não têm espaço, população e apoio nos distritos.
Face a isto tudo, fazem com que as pessoas comecem a ter medo... Mas a
atividade política não é assim quando os partidos políticos trabalham
legalmente dentro do país”, sublinhou o político da RENAMO.
Confrontado com as acusações, o
primeiro secretário da FRELIMO em Inhambane, Diniz Vilankulo, preferiu não
comentar o assunto, mas avançou que os partidos políticos devem mobilizar as
pessoas para que possam adquirir o cartão do eleitor de modo a
participarem na tomada de decisões que visam o desenvolvimento do país.
"Participar nas eleições
significa também participar na tomada de decisões para desenvolvermos
Moçambique. Queremos que os jovens, as mulheres, os homens da nossa província
possam afluir em massa aos postos de recenseamento para que
possam adquirir o cartão do eleitor”, disse o Dinis Vilankulo, sem contudo
fazer qualquer referênci às acusações da RENAMO.
Recorde-se, que o recenseamento
eleitoral para as eleições gerais em Moçambique começa no próximo dia 15.
O arranque do senso tinha
sido inicialmente marcado para 1 de abril, mas foi adiado devido ao ciclone
Idai, que afetou o centro do país em março.
Pela primeira vez, além de
escolherem o Parlamento e o Presidente da República, os moçambicanos vão eleger
os governadores das 11 províncias, que deixam de ser nomeados pelo poder
central. A mudança faz parte do acordo entre o Governo e a RENAMO, principal
partido da oposição.
Luciano da Conceição (Inhambane)
| Deutsche Welle
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