Jorge Rocha* | opinião
Esta comemoração da Revolução de
Abril trouxe duas tricas, que não valem mais do que isso! , embora denunciem a
persistente tentativa de retrocesso por quem a rejeitam.
A primeira teve a ver com o
convite endereçado pelos organizadores do Fórum Jurídico de Lisboa a um
ministro brasileiro, tristemente mediatizado pelo inequívoco comportamento
fascista. Em vésperas da data mais querida dos portugueses por lhes constituir
sinonimo de Democracia, de Liberdade, essa presença só pode ser lida como
indesculpável provocação. E o biltre comportou-se como decerto pretendiam quem
o trouxe à festança.
Foi lamentável que só José
Sócrates tenha reagido, demonstrando ser filho de boa gente, e pior ainda, que
Augusto Santos Silva se tenha sentado e deixado fotografar ao lado do biltre.
Por muitas razões diplomáticas, que possa alegar em defesa do gesto, não pode
ignorar o quanto ele indignou uma significativa maioria de portugueses para
quem essa imagem constitui inesquecível agravo. Após ter secundado uma parte da
União Europeia no reconhecimento da marioneta de Trump como presidente de um
país, que tem um outro legitimado pelo voto do seu povo, pode-se considerar que
o ministro dos Negócios Estrangeiros já conheceu melhores dias.
Os noticiários não contemplam
apenas esse motivo de sobressalto. Também contam que os fascistoides lusos,
mascarados com coletes amarelos - porque não lhes sobra esperteza
para criarem outras simbologias, que não as imitadas além-Pirenéus
-, irão «manifestar-se» esta tarde no Terreiro do Paço, voltando a agitar o
papão dos cem mil aderentes que dizem ter nas redes sociais. É claro que
repetirão o flop de semanas atrás, quando arregimentaram à sua volta mais
jornalistas do que quantos latiam. Mas essa gente repelente continua a fazer
trabalho de sapa para vir a ser reconhecida como incómoda, garantindo o tal
quarto de hora de notoriedade a que se julgam com direito.
*jorge rocha | Ventos Semeados
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