Pesquisas indicam que comediante
Volodymyr Zelensky, astro de uma série cómica sobre um professor que vira
presidente, deve derrotar o atual mandatário do país, Petro Poroshenko, no
segundo turno.
Os colégios eleitorais abriram
neste domingo (21/04) na Ucrânia para o segundo turno do pleito presidencial
com o comediante Vladimir Zelenski aparecendo como favorito para conquistar o
cargo do atual presidente do país, Petro Poroshenko, que tenta a reeleição.
Três semanas depois do primeiro
turno, quase 31 milhões de ucranianos foram convocados às urnas em cerca de 30
mil seções eleitorais, que abriram às 8h (horário local, 2h em Brasília) e
serão encerradas às 20h (17h).
Zelenski venceu o primeiro turno do
dia 31 de março com 30,24% dos votos, quase o dobro dos obtidos pelo atual
chefe de Estado (15,95%).
Logo após os colégios eleitorais
fecharem começam a ser divulgados os primeiros resultados das pesquisas de boca
de urna. A apuração de votos começará às 23h local, e a essa hora já serão
públicas as percentagens de participação.
Neste domingo, Zelenski, disse
que votou com o "ânimo de vencedor". Cercado por uma multidão
de jornalistas e câmaras, o comediante compareceu ao colégio eleitoral da
Academia Naval acompanhado por sua esposa Elena e seus filhos. Em breves
declarações à imprensa, Zelenski disse que espera ganhar "eleições
honestas", mas declarou: "hoje necessariamente os ucranianos é que
vencerão; será a vitória da Ucrânia".
Uma ativista do grupo Femen
protestou na porta da seção eleitoral onde Zelenski votou, mas toda a atenção
foi atraída para o comediante, já que as pesquisas lhe dão entre 60% e 70% de
votos neste domingo, contra 25% a 30% de Poroshenko.
Às 11h (horário local, 5h em
Brasília) a participação nas eleições era de 17,66%, segundo a informação de
151 sessões de um total de 199 recebida pela Comissão Eleitoral Central (CEC)
do país.
Esta é a primeira eleição
presidencial da Ucrânia desde o pleito antecipado de maio de 2014, que foi motivado
pela fuga para a Rússia do então presidente Viktor Yanukovych, diante dos
protestos dos oposicionistas.
Na época, a surpreendente
vitória, já no primeiro turno, coube ao político e empresário Petro Poroshenko,
um magnata da indústria de chocolates. Agora, com a liderança de Zelensky já no
primeiro turno, Poroshenko tem motivos para duvidar de sua reeleição.
Zelensky, de 41 anos, é conhecido
por diversos shows satíricos e pela série cómica Sluha Narodu (Servidor do
povo), em que representa um professor secundário que se torna presidente do
país. A terceira temporada foi lançada poucos dias antes do pleito.
Durante a campanha, ele se
aproveitou da imagem de novato, cativando entre os eleitores jovens e
concentrando em si as expectativas por uma espécie de salvador que resolverá os
muitos problemas do país.
Em contrapartida, Poroshenko é
visto como um representante do velho sistema, percebido como ineficaz. O chefe
de Estado é de malquisto a odiado por muitos. Também devido às recentes
revelações de corrupção na indústria armamentista estatal, o político de 53
anos parece abatido. Suas vitórias na política externa, como a isenção de visto
para ucranianos na União Europeia, não anularam a decepção com os preços
crescentes e o nepotismo.
Além da guerra na região mineira
de Donbass e da consequente necessidade de modernização das Forças Armadas
nacionais, o vencedor da eleição se verá diante de numerosas tarefas hercúleas,
sobretudo a luta contra a corrupção.
São necessárias reformas em
praticamente todos os setores importantes, da Justiça e polícia à saúde. O
futuro presidente possivelmente se confrontará com as consequências de uma
eventual suspensão do transporte de gás para a Europa, a partir de 2020, o que
pode debilitar a Ucrânia e torná-la mais vulnerável à desestabilização pela
Rússia. Por fim, ainda não está claro que efeito terá sobre a sociedade a
fundação, no fim de 2018, de uma Igreja Ortodoxa nacional independente de
Moscovo.
JPS/efe/lusa/ots | Deutsche Welle
Foto: Zelenski venceu o primeiro
turno do dia 31 de março com 30,24% dos votos, quase o dobro da porcentagem de
Poroshenko (15,95%)
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