Zillah Branco* | opinião
O mundo vive um momento alto da
emancipação popular que coincide com o agravamento da crise sistémica e a
maior, e mais pérfida, agressão do imperialismo. São os polos opostos do
confronto entre os explorados e os exploradores.
As migrações forçadas em busca de
melhores condições de vida, que sempre existiram ao longo da história da
humanidade em função de catástrofes naturais que provocavam a fome e a morte,
ou de agressões de grupos mais fortes em busca de escravos ou de territórios
mais ricos. Com o surgimento de conceitos "civilizacionais" foram
sendo definidas as castas e classes dominantes dentro de impérios e Estados que
deram origem a instituições que atribuíam o poder (com alegações religiosas e
de superioridade cultural) imposto como uma fatalidade (garantida pela
violência armada) aos povos trabalhadores privados das condições de
desenvolvimento físico e cultural. Eram os nobres ricos que tinham o direito de
escravizar os que precisavam servi-los para sobreviver.
Para reforçar a distância que separavam ricos de pobres, foi afirmada como indiscutível a superioridade com que nasciam os nobres em relação aos seus subordinados. Foram milénios de imposição desta fraude que só pode ser contestada a partir do desenvolvimento científico. Vamos encontrar "descobertas", louváveis na época e "óbvias" hoje, nas primeiras décadas do século XX, de observadores europeus, portanto brancos, de que os povos negros da África, ou os "amarelos" do Oriente, ou os "escuros" da Índia, da Polinésia e os indígenas dos países do Terceiro Mundo eram tão humanos como os brancos. Lentamente a ciência foi comprovando que todos têm as mesmas aptidões e capacidades para o desenvolvimento mental e físico desde que respeitadas as suas condições de vida e compreendidas as suas respectivas culturas, que eram destruídas nos processos de colonização.
Para reforçar a distância que separavam ricos de pobres, foi afirmada como indiscutível a superioridade com que nasciam os nobres em relação aos seus subordinados. Foram milénios de imposição desta fraude que só pode ser contestada a partir do desenvolvimento científico. Vamos encontrar "descobertas", louváveis na época e "óbvias" hoje, nas primeiras décadas do século XX, de observadores europeus, portanto brancos, de que os povos negros da África, ou os "amarelos" do Oriente, ou os "escuros" da Índia, da Polinésia e os indígenas dos países do Terceiro Mundo eram tão humanos como os brancos. Lentamente a ciência foi comprovando que todos têm as mesmas aptidões e capacidades para o desenvolvimento mental e físico desde que respeitadas as suas condições de vida e compreendidas as suas respectivas culturas, que eram destruídas nos processos de colonização.
As ciências foram multiplicando as provas da igualdade entre os seres humanos,
mas os preconceitos raciais, de gênero, de opção sexual, e de opinião
contestatária, foram cristalizados pelos "donos" do poder assegurado
pela estrutura de propriedade e de acumulação das riquezas do sistema
capitalista. Foi a partir da Revolução Soviética - que levou à criação de uma
potência mundial a partir de sociedades que adotaram o sistema socialista de
vida para os seus povos - que ficou patente a fraude dos preconceitos que são
usados pelo capitalismo como armas segregacionistas. Surgiram os movimentos
feministas e anti-racistas, fortaleceu-se o sindicalismo operário, inspirando o
associativismo estudantil, de artistas, de profissões liberais, de moradores,
para a defesa dos seus direitos usurpados pelo corporativismo de elite colado
ao poder.
A história do colonialismo transformou a escravização (de africanos, asiáticos
e os povos nativos do continente americano, da Austrália e outras regiões
isoladas) em uma forma mercantil, assim como as injustiças inerentes do sistema
desenvolveram a mercantilização do sexo pela prostituição imposta às jovens de
origem pobre, e outros comércios de jovens competidores em lutas consideradas desportivas, ou tornados criminosos a serviço de patrões (jagunços, seguranças
pessoais e gangues criminosas até chegar aos "terroristas" que são
utilizados nas guerras modernas como mercenários que substituem exércitos
regulares de países invasores).
Emigrantes ou fugitivos do caos social?
Com o surgimento do neo-liberalismo a migração interna nos países mais pobres
foi dinamizada pela rápida projeção de alguns centros urbanos em sociedades
mais ricas tornadas polos de um desenvolvimento de serviços onde proliferam
pequenas indústrias têxteis e a valorização de imagens exóticas integradas nas
artes populares. Grande número de jovens nativos de regiões onde a população
indígena não encontra trabalhos fora da agricultura, emigra para zonas
urbanizadas mais modernas dos países vizinhos onde enfrentam duras condições de
trabalho sem regulamentação (que se assemelham à escravidão) e procuram evoluir
com a apresentação das formas de arte dos seus ancestrais que, além de
enriquecerem e diversificarem os núcleos artísticos populares, fortalecem uma
identidade nacional que os ajuda no processo de identidade a suportarem os
preconceitos que os obriga à submissão nas relações de trabalho e no confronto
com os demais trabalhadores de origens nacionais diversas concorrentes no
mercado de mão de obra barata.
Os estudos antropológicos nas universidades promovem um elo entre os estudiosos
com os trabalhadores de origens étnicas variadas, promovendo a valorização da
consciência nacional e étnica desses trabalhadores e suas famílias e combatendo
o preconceito que é a arma maior da exploração patronal.
As contradições do sistema capitalista, agravadas com a sobre-exploração dos
trabalhadores pela não aplicação da legislação trabalhista que destrói a
segurança contratual, são o grande incentivo para que as forças partidárias de
esquerda, os sindicatos e as associações solidárias com os setores
marginalizados, divulguem os protestos contra todos os preconceito tornados
ferramentas discriminatórias para o exercício da exploração patronal.
Ameaça global
O agravamento da expansão imperialista com o uso da OTAN para invadir países
com reservas de petróleo e outros minerais de alto valor, para derrubar
governos que aplicam os princípios democráticos de tipo socialista visando um
maior equilíbrio da renda nacional e o desenvolvimento das alavancas sociais
para tirar o povo do atraso herdado da exploração centenária do colonialismo e
do neo-liberalismo (dando-lhe um sistema universal de saúde, ensino em todos os
níveis, emprego e previdência social, transporte e habitação condigna), ao
provocar genocídios e destruição de cidades que horrorizam o mundo, destrói as
instituições jurídicas em defesa dos Direitos Humanos criadas a nível nacional e
internacional, tem despertado um panorama favorável ao desenvolvimento da
consciência cidadã de esquerda. As pessoas que não sucumbem ao desespero da
aparente impotência diante do poder nefasto descobrem caminhos de união para
salvar a civilização.
A eleição de uma figura grotesca e pre-potente como Trump nos Estados Unidos e
outra como Bolsonaro (que não tem as condições mínimas para ser dirigente de
coisa nenhuma e foi feito Presidente do Brasil), provocam o despertar até mesmo
de uma burguesia que não foi totalmente engolida pelo egoísmo desumano para a
necessidade de impedir que o planeta seja destruído pela ganância diabólica de
uma elite criminosa.
O exemplo dado por Lula - que estoicamente aguentou uma perseguição sem tréguas
e sem justiça, estando há um ano em prisão política por ter colocado o Brasil
ao lado dos grandes países por sua grandeza económica e capacidade de superar o
atraso herdado historicamente, que introduziu serviços sociais que salvaram 40
milhões de brasileiros da fome e criaram universidades e instituições técnicas
e científicas para formar os profissionais capazes de aproveitar as jazidas de
petróleo do Pré-sal, a Amazónia, as bases científicas de Alcântara e toda a
inteligência brasileira para afirmar a soberania nacional e as melhores
condições de vida para mais de 200 milhões de cidadãos - há de semear a unidade
de todo o povo com o apoio mundial para reverter o desastre que o imperialismo
norte-americano introduziu pelas mãos dos traidores da pátria que forjaram uma
eleição graças ao desespero em que os eleitores se viram afundados iludidos por
fake news veiculados pela mídia hegemónica e uma falsa igreja pentecostal.
É um novo caminho a ser construído a partir da realidade em que vivem os 220
milhões de brasileiros, com 40 milhões de volta à fome, 46 milhões de
desempregados, estudantes sem escola, doentes sem médicos, o rico património nacional entregue ao usurpador imperial, o crime e a violência incentivados por
um governo submisso e vendido ao capital estrangeiro, um Estado com os serviços
institucionais destroçados e a Justiça violada por profissionais acovardados.
Lula Livre! Um comité de luta em cada município, uma célula familiar em cada
casa para unir as gerações! O povo unido jamais será vencido!
* Cientista Social, consultora do
Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Chile, Portugal e Cabo Verde.
Fonte: Vermelho
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