A Rússia espera que os países
europeus que assinaram o acordo nuclear com o Irão cumpram as suas obrigações,
apesar das pressões dos EUA para o pacto ser rejeitado, avisou hoje o chefe da
diplomacia russa, Sergei Lavrov.
Também hoje, ao lado do
governante russo, o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, disse
que o seu país não está interessado em negociar um tratado de controlo de armas
nucleares com os EUA e com a Rússia, aumentando ainda mais a tensão à volta da
corrida ao armamento entre as grandes potências militares mundiais.
No dia em que o secretário de
Estado norte-americano, Mike Pompeo, se desloca a Bruxelas, para reunir com
diplomatas da União Europeia, com a questão iraniana na agenda, a Rússia
lembrou que o Conselho de Segurança da ONU adotou o acordo nuclear com o Irão,
a que muitos países europeus estão associados.
O ministro dos Negócios
Estrangeiros russo anunciou que quando se reunir terça-feira com Mike Pompeo,
em Sochi, no sul da Rússia, espera esclarecer de que forma os norte-americanos
"pretendem sair da crise que eles próprios criaram por causa das suas
decisões unilaterais".
Lavrov referia-se ao facto de, em
2018, os EUA terem abandonado o acordo nuclear com o Irão, por considerarem que
aquele país não cumpria os seus compromissos.
Em resposta, na passada semana,
quando se cumpria um ano do abandono dos EUA do acordo, o Irão anunciou que
retomaria o seu programa nuclear e voltaria a produzir urânio enriquecido.
A Rússia insiste em que a crise
iraniana deve ser resolvida em diálogo, no plano diplomático.
"Temos um diálogo franco com
os nossos parceiros americanos", assegurou Sergei Lavrov, explicando que o
acordo nuclear inclui disposições a que o Irão não está vinculado, explicando
que tentará perceber o posicionamento norte-americano nesta questão.
Ao mesmo tempo, o ministro russo
recordou que os países europeus também fazer parte deste pacto e devem cumprir
as suas obrigações, numa declaração feita no dia em que Mike Pompeo se encontra
em Bruxelas para falar, entre outros temas, da crise iraniana.
A chefe da diplomacia da União
Europeia, Federica Mogherini, já disse que "o diálogo é o único e melhor
caminho" para abordar as divergências com o Irão e "evitar uma
escalada de tensões na região".
Mas na reunião entre Mike Pompeo
e Sergei Lavrov, terça-feira, na Rússia, a crise iraniana será enquadrada pela
complexa teia de relações diplomáticas à volta dos tratados nucleares,
nomeadamente a extensão do tratado de redução de armas nucleares, START III,
que expira em 2021.
Numa conferência de Imprensa em
Sochi, ao lado do chefe da diplomacia chinesa, Lavrov salientou que a Rússia
"manifestou-se a favor da prorrogação do acordo por um período de cinco
anos" e que continua aberto a negociações com os EUA.
O ministro chinês, Wang Yi, disse
que não via utilidade em juntar-se a estas negociações entre os EUA e a Rússia
sobre os tratados nucleares, referindo que "o arsenal nuclear da China
está constantemente mantido em mínimos".
O acordo, bilateral, START III
foi assinado em 2010, pelos então presidentes norte-americano, Barack Obama, e
russo, Dmitri Medvedev, determinando uma redução em 30% do número de ogivas
nucleares, para 1550 por país.
O tratado também limitava em 700
o número de mísseis intercontinentais para cada país subscritor.
Com a saída dos EUA do Tratado de
Mísseis de Curto e Médio Alcance (IMF), em 2018, a prorrogação por
mais cinco anos do START II ficou em dúvida, com os dois países a acusarem-se
mutuamente de falta de interesse na contenção na corrida ao armamento nuclear.
Notícias ao Minuto | Lusa | Foto:
Reuters
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