HOJE JÁ É TARDE DEMAIS
Martinho Júnior, Luanda
EM SAUDAÇÃO AO 25 DE MAIO, DIA DE
ÁFRICA, QUANDO HÁ 56 ANOS, EM GRANDE PARTE EM FUNÇÃO DA LUTA DE LIBERTAÇÃO, SE
CRIOU A ENTÃO “OUA”, ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE AFRICANA (https://www.officeholidays.com/countries/africa/african_unity_day.php)!
No Cunene, de há pouco mais de
100 anos a esta parte, estão-se jogando algumas das sagas mais decisivas do
povo angolano e da África Austral.
Forçosamente os povos que
habitavam além Cunene teriam de oferecer resistência ao colonialismo português,
aos prussianos e por fim aos ingleses (provenientes do Cabo na África do Sul,
os ocupantes do Sudoeste Africano até praticamente ao fim do “apartheid”),
pois as leis da expansão e domínio colonial punham em causa o seu modo de vida
de pastores seminómadas, que tinham no gado os motivos culturais para a sua
própria sobrevivência e com eles o habitat do seu espaço vital centrado no
acesso á água e ao pasto.
No seu espaço vital, esses povos
dominavam os circuitos de água, ao longo da bacia do Cuvelai e Sudoeste
Africano adentro até ao lago Etosha.
Assim o expansionismo colonial
ameaçou sua sobrevivência e compeliu-os à resistência contra uns e outros, ou
jogando com as contradições entre os invasores redundantes da Conferência de
Berlim, apesar de sua desestruturação, pois comércio algum era suficientemente
aliciante para os poder convencer e moldar, até por que souberam jogar com
muitos dos contraditórios coloniais em regiões transfronteiriças!
O rei Mandume haveria de ser o
chefe emblemático dessa resistência e as campanhas do expansionismo colonial
não foram fáceis, só conseguindo avançar pouco apouco e com muitos reveses pelo
meio…
Essa situação agravou-se com a Iª
Guerra Mundial, consequência da competição entre os império colonial britânico
e o alemão, que levou o subalterno colonialismo português a aliar-se uma vez
mais aos britânicos.
O colonialismo português a sofrer
reveses como o de Naulila, em finais de 1914, face a uma incursão prussiana…
Essa incursão acabou por ser um
antecedente remoto à “border war” que o “apartheid” levaria
a cabo na 2ª metade do século XX já com Angola independente, precisamente no
mesmo espaço territorial de alguns dos episódios finais da batalha do Cuito
Cuanavale.
O próprio expansionismo foi um
revés para Angola em relação ao acesso à água e à determinação da necessidade
duma geoestratégia (servindo como alienação, inibição e um travão propício à
formação da mentalidade de feição) e seria determinante nos atrasos que advêm
até hoje, em relação às possibilidades de desenvolvimento sustentável
respeitando e em função do controlo e gestão da água interior!
Hoje já é tarde demais, por que o
possível esforço de luta contemporânea, o esforço angolano de hoje, só pôde ser
realizado depois de vencido o colonialismo, depois de vencido o “apartheid”,
depois de vencidas algumas de suas sequelas e ganhando consciência crítica e de
vanguarda face ao capitalismo neoliberal que tem sido inculcado em África
formatando mentalidades nas elites servis, quando tudo se deveria ter iniciado
em tempo oportuno precisamente há pouco mais de 100 anos!
Também por esta razão tenho considerado
que Angola tem apenas (sobre)vivido (?) em “séculos de solidão”!
05- De meados do século XIX até
ao início da Iª Guerra Mundial, o colonialismo português e o prussiano (https://www.youtube.com/watch?v=gX8itgI9s80&feature=youtu.be),
cada um em seu território, desenrolaram com geometrias muito similares a
respectiva expansão em Angola e no Sudoeste Africano, para entrar em combate
entre si no período da Iª Guerra Mundial, facto que não foi alheio à entrada
dos sul-africanos provenientes do território inglês do Cabo (África do Sul).
Em Naulila manifestou-se a
fragilidade da tentativa de ocupação colonial portuguesa a leste do rio Cunene (http://www.momentosdehistoria.com/MH_05_01_01_Exercito.htm),
o que espevitou ainda mais a resistência dos humbes, cuamatos e cuanhamas (https://pt.wikipedia.org/wiki/Combate_de_Naulila).
No espaço do sudoeste e sul
angolano essa expansão sendo difícil para o colonialismo português, havia sido
sustido desde logo no passo do rio Cunene, nos Gambos (de 1855 a 1866) e
intermitentemente no Humbe (de 1867
a 1898).
Os então Governadores de Angola,
Francisco Joaquim Ferreira do Amaral (1882 a 1886) e Guilherme Augusto de Brito
Capelo (1886 a
1892), foram os reorganizadores da expansão para leste do colonialismo
português no espaço angolano, conjuntamente, na frente sul-sudeste, com o mando
militar de Artur de Paiva Couceiro que em 1889 haveria de chegar e ultrapassar
o Cubango, consolidando as posições a partir da região central das grandes
nascentes (Bié) e em direcção ao Cuando Cubango (o que deu azo ao imenso “distrito” do
Bué e Cuando Cubango).
O Governador Brito Godins teve no
entanto pela frente uma das sucessivas revoltas do Humbe, junto ao rio
Caculuvar afluente ocidental do Cunene (reforçados pelos cuamatos e pelos
cuanhamas): a primeira entre 1885 e 1886, a segunda em 1891 e a terceira entre 1897
e 1898.
No Cunene os cuamatos e os
cuanhamas percebiam que a tentativa de expansão do colonialismo português para
leste do rio Cunene iria pôr em causa o seu modo de vida de criadores
seminómadas de gado e o domínio sobre a água interior…
Os portugueses além do mais, não
haviam definido as fronteiras com o Sudoeste Africano ocupado primeiro pelos
prussianos (https://www.revistamilitar.pt/artigo/921),
depois pelos ingleses provenientes do Cabo (África do Sul).
No planalto a Huila, um paraíso
para a migração dos boeres, estes tornaram-se aliados incondicionais
importantes, por que eram dos poucos a saberem movimentar-se nos ambientes do
sul de Angola e Sudoeste Africano (http://tudosobreangola.blogspot.com/2018/12/a-colonizacao-das-terras-altas-da-huila.html).
Na primeira tentativa de vencer
os humbes, a conclusão de René Pélissier não deixa margem para dúvidas: “a
chaga fechou-se de novo, mas em falso e tudo leva a crer que certos oficiais ou
certas ajutoridades tentaram escamotear esta guerra que nem foi gloriosa, nem
rendosa, nem sequer marcial. Fixaremos que os portugueses não só não puderam
atravessar o Cunene contra os cuamatos, mas ainda que os humbes se revelaram
uns difíceis vassalos. A missão foi encerrada. O sul de Angola entrava na
história como o quebra-cabeças da administração portuguesa” (História das
campanhas de Angola – IIº volume, página 159 – https://www.amazon.com/Hist%C3%B3ria-Campanhas-Angola-1845-1941-Portuguese/dp/9723326965).
As resistências que se sucederam
foram as dos Gambos, as do Humbe, as do Cuamato e por fim as do Cuanhama/Ovambo
em 1915 cujo colapso ocorreu em Môngua (Omongwa), entre 12 e 24 de Agosto.
A heroicidade do rei dos
cuanhamas, Mandume ya Ndemufayo (https://mandumekwanhama.wordpress.com/historia-de-mandume-o-rei-dos-kwanhamas/ - http://cdn1.portalangop.co.ao/angola/pt_pt/noticias/educacao/2017/1/6/Huila-Rei-Mandume-considerado-simbolo-resistencia-colonial,5d2b2407-d410-4210-8f26-805a6dfce9f1.html),
representou um climax de resistência à penetração colonial portuguesa e inglesa
(esta proveniente do Cabo, África do Sul, sucedendo ao poder prussiano
derrotado)… o seu colapso influenciou desde então no atraso das medidas que
deveriam ter sido tomadas evitando a expansão dos desertos do Namibe e do
Kalahári, território da Província do Cunene adentro.
A própria batalha de Môngua (https://www.revistamilitar.pt/artigo/1243)
foi uma disputa de espaço vital que integrou o controlo das chimpacas
(cacimbas) de toda a região onde ocorreu o embate e os cuanhamas não foram só
militarmente derrotados, como sua cultura foi severamente atingida e desestruturada,
apesar do heroísmo das hostes do Rei Mandume ya Ndemufayo, acossadas em Angola
e no norte do Sudoeste Africano.
No Sudoeste Africano (https://wacka.fandom.com/pt-br/wiki/Partilha_da_%C3%81frica)
o poder prussiano foi também pelo menos uma vez derrotado na batalha de
Namutoni a 28 de Janeiro de 1904, pelos ondongas, próximos dos cuanhamas; nessa
altura o forte de Namutoni, situado a leste junto ao lago Etosha, foi destruído
(https://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_Namutoni)!
Também aí era uma luta de
resistência, pela sobrevivência cultural, pelo espaço vital e pela escassa água
do interior àquela latitude, que iria inspirar as sagas que foram ocorrendo
durante o século XX, mas atrasaram as respostas face aos desafios da seca que
se foram acumulando até aos nossos dias, agravadas agora com os fenómenos
globais do aquecimento.
É evidente que a ocupação
colonial, impondo parâmetros de domínio próprios, iria trazer consequências de
atraso em relação ao espaço vital e à água, inibindo qualquer processo de
desenvolvimento sustentável para os povos africanos, no Cunene para o povo angolano
(http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/01/o-deserto-do-namibe-tende.html).
06- Os historiadores mais atentos
evidenciam desde logo as questões históricas e antropológicas nas disputas pelo
espaço vital e pela água interior, em especial quando o colonialismo português
começou as guerras de expansão a leste do rio Cunene.
No seu IIº volume sobre a
História das campanhas de Angola e referindo-se à conquista do cuanhama (página
245), René Pélissier considera assim:
“No cuanhama, Mandume reunira a
hoste e batera com tal violência que Pereira de Eça, pregado ao chão, chamou em
seu socorro a coluna do cuamato.
Que se passara?
Mandume como bom ovambo,
preparara a sua cilada no fundo-do-saco, deixando avançar o general com os seus
2.700 homens e a sua coluna de carros ao longo da linha das chanas.
Mas estas estavam secas e foi
necessário abastecer de água o pessoal com camiões que iam andando numa roda
viva entre a coluna e o Cunene.
Mandume deixou estender o cordão
umbilical fazendo o vazio à sua frente.
Em 1915, no sul de Angola, quem
tivesse a água tinha a vida e, naquele momento, tinha nas mãos a sorte do
cuanhama”…
No artigo “Os portugueses no
mundo cuanhama”, da autoria de José Carlos de Oliveira, publicado na Revista
Militar (https://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=601&fbclid=IwAR0JoQxDPhOV0oFEANK5mDi6Idf9qFavlgWcMBq2Fpsf72wudCoL0sy9kNU),
o autor considerou a propósito de Môngua:
“Pereira D´Eça estava
absolutamente consciente da situação aflitiva da falta de água, os cuanhamas
ainda mais.
Quem se apoderasse
das Mulolas (poços de água) sairia vencedor.
As mulheres cuanhamas ajudavam
freneticamente, mesmo em fúria, os seus homens municiando-os com constantes
idas e voltas aos Ehumbo e este aspecto da batalha desorientava as tropas da
expedição portuguesa que, em desespero de causa, famintas e extenuadas terão
ouvido a ordem de carregar do comandante: Se querem matar a sede, então avancem
para as cacimbas.
Soldados e marinheiros
embrenham-se pelo mato em direcção às cacimbas novas, perseguidos de perto pelo
tiroteio dos inimigos que, rastejando, pelos mutiatis atingiam as tropas.
Os cuanhamas surpresos com o
ataque, apesar de circunstancialmente disporem de superioridade em homens e
armamento, obedeceram à ordem final de Mandume de incendiarem a Embala e
partirem para o Ihole a dez quilómetros de Namakunde, na zona considerada
neutra.
A 5 de Setembro a expedição de
Pereira D’Eça avistava os restos da embala ainda a arder, bem como o que sobrou
da missão alemã que havia educado Mandume, que usufruía das maiores honrarias e
conforto, porque o destinavam a seu vassalo instalando-o no trono do cuanhamas”...
No Sudoeste Africano, com o
advento da Iª Guerra Mundial, foram os sul-africanos a conquistar o território,
algo que desde logo agradou ao colonialismo português, também ele envolvido.
Os cenários africanos da Iª
Guerra Mundial confluíram para que o colonialismo português se viesse aliar
ao “apartheid” dado o papel de conquista do Sudoeste Africano por
parte da África do Sul (https://www.revistamilitar.pt/artigo/1234).
Eis como a Prússia perdeu o
Sudoeste Africano (https://www.revistamilitar.pt/artigo/921):
“A rendição no Sudoeste Africano.
A campanha no Sudoeste Africano
foi uma questão de brancos, pois nem os sul-africanos nem os alemães queriam
fazer participar os negros nos combates.
Em agosto de 1914, o
primeiro-ministro sul-africano Louis Botha, ex-general boer que
emergira como líder político dos africâneres moderados, assegurou a Londres que
a África do Sul tinha meios para se defender, permitindo que a guarnição
britânica partisse para a França, e também se comprometeu-se a invadir o
Sudoeste Africano Alemão.
Uma vez que, em setembro, a
esquadra alemã do almirante Maximilian von Spee ainda navegava com liberdade, a
Marinha Real Britânica bombardeou e destruiu as estações de rádio alemãs em
Swakopmund e na baia de Luderitz.
No terreno, esta ação teve o
apoio da Força de Defesa da União, liderada por Botha, porque, entre os
oficiais sul-africanos, os “velhos boer” viram na iniciativa britânica uma
oportunidade para reafirmar a sua independência. No entanto, as forças sul-africanas,
que iniciaram as hostilidades, em 13 de setembro de 1914, com um ataque ao
posto policial de Ramansdrift, na fronteira sul, ainda tiveram o contratempo de
debelar a revolta «afrikander», liderada pelo general Manie Maritz, que teve o
apoio de forças alemãs, entre 15 de setembro de 1914 e 4 de fevereiro de 1915.
Continuando a progressão para
norte, os sul-africanos, com esmagadora superioridade, foram ganhando terreno
aos alemães que apenas ofereciam resistência, como retardamento tático, pois
não estavam em condições de complementar as suas unidades europeias nem
mobilizar soldados africanos, dado que a população indígena tinha sido
significativamente reduzida, uma década antes, com o genocídio dos «herero».
Depois dos sul-africanos terem tomado WindhoeK, em 12 de maio de 1915, Erich
Victor Carl August Franke, o último comandante da «kaiserliche schutztruppe»,
rendeu-se perto de Knorab, a 9 de julho seguinte48, tendo os prisioneiros
alemães sido transportados para campos de concentração perto de Pretória e,
depois, transferidos para Pietermaritzburg, na região oriental, a 80 km de Durban.
Até outubro de 1914, dadas as
boas relações entre as guarnições dos postos de Angola e da Damaralândia,
embora os alemães receassem que os portugueses os poderiam atacar por causa da
aliança luso-britânica, não existiam medidas especiais de segurança na
fronteira, o que facilitou o episódio de Naulila (19 de outubro), o massacre em
Cuangar (31 de outubro) e o ataque alemão a Naulila (18 de dezembro).
A 19 de dezembro, perante a
ameaça vinda do território alemão, as forças portuguesas abandonaram o Humbe,
depois do paiol do Forte Roçadas ter explodido, e retiraram para norte, para
Gambos, com intenção de defender Lubango. Motivados pelos combates entre forças
europeias, as populações africanas da Huila, tinham-se revoltado, chefiadas
pelo soba Mandume, do povo cuanhama.
A chegada a Angola das expedições
militares portuguesas, no final de 1915 e em março seguinte, tinha por missão
fazer frente ao ataque alemão vindo do sul da colónia.
Em face dos desenvolvimentos na
Damaralândia, a missão das forças portuguesas foi reformulada, pelas
necessidades de acabar com a revolta das populações da Huíla e reocupar o Forte
do Cuamato.
Foi neste contexto que se deu o
Combate da Mongua (18, 19 e 20 de agosto de 1915) e a consequente ocupação da
embala de Mandume, em 4 de setembro”...
A partir das campanhas além
Cunene o colonialismo português valorizou a água interior como nunca, apesar de
ocultarem os conceitos lógicos sobre o fulcro da região central das grandes
nascentes no que diz respeito ao seu valor geoestratégico, começando aliás por
votar ao ostracismo a leitura de Silva Porto, instalado na sua embala no que é
hoje a cidade do Cuito, capital do Bié.
As lutas que se iriam seguir ao
longo de todo o século XX (http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/05/os-punhais-sangrentos-de-trotta-e.html)
confirmariam essa regra e o atraso provocado pela conquista expansionista do
colonialismo português, começou por impôr ausência de geoestratégia em função
da rosa-dos-rios angolana por que manteve a visão da colonização, conforme um
povo de marinheiros que deu à costa a partir do mar onde semeou os padrões de
sinalização.
Essa mentalidade foi a que foi
absorvida até hoje pelas próprias elites angolanas, mais agora no momento da
formatação mental dessas elites nos processos do corrente capitalismo
neoliberal que impacta sobre Angola!
Lembra-se o exemplo de Mandume (http://info-angola.ao/index.php?option=com_content&view=article&id=2650:popula-do-cunene-recorda-rei-mandume&catid=687&Itemid=1727),
que aliás serviu de inspiração na luta contra o “apartheid” entre
1975 e 1991, mas sua resistência interior não foi devidamente digerida sob os
pontos de vista antropológico e histórico e a prova está no pouco relevo que os
angolanos têm dado ao papel decisivo sob o ponto de vista de lógica com sentido
de vida, à região central das grandes nascentes até ao momento, contrariando as
minhas abordagens nesse sentido de há cerca de 10 anos a esta parte, em
particular a necessidade da luta contra o subdesenvolvimento seguindo a
perspectiva duma geoestratégia para um desenvolvimento sustentável (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/08/luanda-em-desastre-ambiental.html)!
Martinho Júnior | Luanda, 17 de Maio de 2019
Ilustrações:
01- Foto atribuída ao Rei Mandume
ya Ndemufayo e suas tropas;
02- O túmulo do Rei Mandume
ya Ndemufayo no Cunene;
03- Mapa étnico do sudoeste e sul
de Angola, segundo o colonialismo português;
04- Foto de guerreiros cuanhamas;
05- Uma embala cuanhama vista do
ar.
VER VÍDEO - Alberto Oliveira Pinto - Angola na Grande Guerra
VER VÍDEO - Alberto Oliveira Pinto - Angola na Grande Guerra
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