O economista guineense e
ex-candidato à Presidência da República, Paulo Gomes, antevê dificuldades para
a Guiné-Bissau, que pode conduzir a uma recessão, se persistir o impasse político
no Parlamento.
A Guiné-Bissau ainda aguarda por
um novo Governo, mais de dois meses após as eleições legislativas. Entretanto,
o Presidente José Mário Vaz já anunciou que só vai nomear um novo
primeiro-ministro depois que terminar
o impasse para a eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular.
Mas o antigo administrador do
Banco Mundial para 24 países africanos, Paulo Gomes, que foi candidato às
ultimas eleições presidenciais guineenses, disse, em entrevista à Lusa, que não
se percebe a demora do líder do país, José Mário Vaz, na indicação do novo
Governo, e alerta: as consequências serão sentidas brevemente.
"Neste momento já acumulamos
muitos atrasados externos, em termos de pagar os nossos compromissos, temos
muitos atrasados internos com salários (...) acredito que temos o risco de
entrar em recessão com consequências sociais enormes", observou Paulo
Gomes.
Dinamizador de uma fundação que
atua na área da conservação do meio ambiente e conselheiro de vários lideres
africanos, Gomes não tem dúvidas de que se José Mário Vaz não nomear um novo
Governo o Estado guineense terá dificuldades enormes para atender aos pedidos da
população em relação à educação, saúde e energia.
Retirada de apoios
O mais grave ainda, alertou o
economista, é a retirada de apoios para tapar o buraco no orçamento e para
financiar reformas, prometidos ao país pelos parceiros internacionais.
"Os parceiros podem retirar
promessas de apoios, agora que estamos a chegar ao mês de junho, os parceiros
podem alocar esses recursos para outros países mais estáveis. Estamos num ciclo
em que há muitos pretextos para que os parceiros virem as costas à Guiné-Bissau",
sublinhou Paulo Gomes.
Sobre o seu futuro político,
Gomes disse não ser importante neste momento saber se é ou não candidato às
próximas eleições presidenciais que, de acordo com o calendário eleitoral e as
exigências da comunidade internacional, devem ter lugar ainda este ano.
"Estou preocupado com o
futuro do país, mas neste momento o mais importante é fazer tudo para que haja
um Governo que possa estabilizar o país e fazer eleições (presidenciais)",
disse Gomes.
Ameaças na sub-região
Segundo Gomes, há ameaças que
pairam sobre o país devido às vulnerabilidades decorrentes da persistência da
crise política, tensões sociais internas e dinâmicas terroristas na sub-região.
O economista disse ter
informações "muito fortes de certos grupos que estão com planos para
desestabilizar vários países no Sahel" entre os quais os da África
Ocidental, onde se inclui a Guiné-Bissau, alertou.
"Há ameaças na sub-região.
Há centros de vulnerabilidade. A Guiné-Bissau é um dos centros de
vulnerabilidade. O Presidente deve entender, precisamente, que a Guiné-Bissau é
um dos centros de vulnerabilidade, os outros dirigentes da sub-região não vão
deixar que se instale o caos na Guiné-Bissau", sublinhou Paulo Gomes.
Instado a clarificar de que
ameaças fala, Paulo Gomes disse tratar-se de "muitos casamentos",
nomeadamente o tráfico de droga, crime organizado, fundamentalismo religioso e
grupos de bandidos, que, notou, consideram rentável a atividade de
desestabilização de países vulneráveis.
Agência Lusa | Deutsche Welle
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