Pequim, 10 jun 2019 (Lusa) - A
imprensa chinesa culpou hoje a "interferência estrangeira" pelos
protestos deste fim de semana, em Hong Kong, contra a proposta de lei que
permite extradições para a China, acusando os organizadores de "conluio
com o Ocidente".
Os organizadores da manifestação
de domingo afirmaram que mais de um milhão de pessoas desfilaram pelas ruas da
cidade, enquanto a polícia da antiga colónia britânica indicou que o protesto
juntou 240 mil participantes.
O Governo considerou esta
proposta um instrumento vital para combater o crime transnacional e manter o
Estado de direito, enquanto os críticos afirmaram temer que a população fique à
mercê de um sistema judicial chinês opaco e politizado.
A controversa proposta vai
começar a ser debatida na quarta-feira no hemiciclo.
Em editorial, o jornal oficial
Global Times minimizou, na segunda-feira, o protesto de domingo, um dos maiores
da região semiautónoma, desde o retorno à China, em 1997.
"Deve-se ter atenção que
algumas forças internacionais fortaleceram significativamente as suas relações
com a oposição de Hong Kong recentemente", afirmou o jornal, acusando os
opositores de "conluio com o Ocidente".
O jornal refere reuniões entre
membros da oposição de Hong Kong com o secretário de Estado dos EUA, Mike
Pompeo, e com a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy
Pelosi.
O jornal chinês China Daily
afirma ainda que 700 mil pessoas assinaram uma petição online em apoio ao
projeto de lei, e que acredita que muitos manifestantes "foram enganados
pela oposição e os seus aliados estrangeiros".
Imagens aéreas das ruas de Hong
Kong, cheias de manifestantes, percorreram o mundo neste fim de semana.
Na China continental, porém, os
acontecimentos não foram noticiados.
A transferência de Hong Kong e
Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente,
decorreu sob o princípio 'um país, dois sistemas'.
Para as duas regiões
administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com
elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o
Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
JPI // ZO
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