domingo, 28 de julho de 2019

Na Ucrânia, viveiro NATO de neonazis


Manlio Dinucci*

Para os que duvidem da persistência da rede italiana stay behind da NATO, a Gladio, a apreensão de um arsenal de armas de guerra em Turim fornece uma resposta categórica. A rede neonazi que trabalha com a Aliança Atlântica contra a Rússia, está operacional na Ucrânia.

Prosseguem as investigações sobre os arsenais modernos, descobertos no Piemonte, na Lombardia e na Toscana, de clara origem neonazi, como demonstram as suásticas e as citações de Hitler encontradas juntamente com as armas. Mas permanece sem resposta, a pergunta: trata-se de algum nostalgico do nazismo, de um coleccionador de armas, ou estamos perante algo muito mais perigoso?

Os investigadores – refere o ‘Corriere della Sera’ – indagaram sobre “extremistas da direita, familiarizados com o batalhão Azov”, mas não descobriram “nada de útil”. No entanto, tem havido, há anos provas, amplas e documentadas sobre o papel desta e de outras formações armadas ucranianas, compostas de neonazis treinados e utilizados no putsch da Praça Maidan, em 2014, sob a direcção USA/NATO e no ataque aos russos da Ucrânia, em Donbass. Deve esclarecer-se, antes de tudo, que o Azov não é mais um batalhão de tipoparamilitar (como o define o ‘Corriere della Sera’), mas foi transformado num regimento, ou seja, numa unidade militar regular de nível superior.


O batalhão Azov foi fundado em Maio de 2014, por Andriy Biletsky, conhecido como o “Führer branco”, na qualidade de defensor da “pureza racial da nação ucraniana, impedindo que seus genes se misturem com os de raças inferiores”, realizando assim “a sua missão histórica da Raça Branca global na sua cruzada final pela sobrevivência”. Para o batalhão Azov, Biletsky recrutou militantes neonazis já sob o seu comando como chefe de operações especiais de Pravy Sektor. O Azov distingue-se imediatamente pela sua ferocidade nos ataques às populações russas da Ucrânia, em particular em Mariupol.

Em Outubro de 2014, o batalhão foi integrado na Guarda Nacional, dependente do Ministério do Interior e Biletsky foi promovido a coronel e recebeu a “Ordem da Coragem”. Retirado do Donbass, o Azov foi transformado num regimento de forças especiais, equipado com tanques e com artilharia da 30ª Brigada mecanizada. O que conservou nessa transformação foi o emblema, copiado segundo o da SS Das Reich, e a formação ideológica dos recrutas modelada de acordo com a formação nazi. Na qualidade de unidade da Guarda Nacional, o regimento Azov foi treinado por instrutores USA e da NATO.

“Em Outubro de 2018 – lê-se num texto oficial - representantes dos Carabinieri italianos visitaram a Guarda Nacional Ucraniana para discutir a expansão da cooperação em diferentes direcções e assinar um acordo de cooperação bilateral entre as instituições”.

Em Fevereiro de 2019, o regimento Azov foi enviado para a linha de frente do Donbass. O Azov não é apenas uma unidade militar, mas um movimento ideológico e político. Biletsky - que criou o seu próprio partido em Outubro de 2016, «Corpo Nacional» - continua a ser o dirigente carismático em particular para a organização juvenil que é educada, com o seu livro «As palavras do Führer branco», no ódio contra os russos e treinada militarmente. Simultaneamente, Azov, Pravy Sektor e outras organizações ucranianas recrutam neonazis de toda a Europa (incluindo da Itália) e dos EUA.

Depois de serem treinados e testados em acções militares contra os russos do Donbass, regressam aos seus países, mantendo, evidentemente, vínculos com os centros de recrutamento e treino. Isto acontece na Ucrânia, país parceiro da NATO, já membro de facto, sob comando rígido dos EUA.

Portanto, compreende-se por que é que a investigação sobre os arsenais neonazis, em Itália, não será capaz de ir até ao fim. 

Também se percebe por que é que os que enchem a boca com antifascismo, permanecem mudos perante o nazismo, que renasce no coração da Europa.

Manlio Dinucci* | Voltaire.net.org | Tradução Maria Luísa de Vasconcellos | Fonte Il Manifesto (Itália)

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