O comício do Bloco juntou esta
terça-feira mais de uma centena de pessoas em Armação de Pêra. Catarina Martins
defendeu que é preciso proteger o país de uma “elite económica que tem sido
completamente irresponsável e impune”. A iniciativa contou também com
intervenções de Pedro Filipe Soares e João Vasconcelos.
Durante a sua intervenção,
Catarina Martins fez referência aos “quatro anos intensos” da legislatura que
agora termina, durante os quais “não se discutiu se se cortava mais ou menos
nas pensões e nos salários, se se cortava na Educação ou na Saúde”. Pelo contrário,
“discutiu-se como é que se resolvem os problemas do país”, o que é preciso
fazer, “o caminho que fazemos e o tanto que há por fazer”. Isso foi possível
com a força que o Bloco alcançou em 2015.
“O medo das notícias do que vem
por aí” foi substituído pela “expectativa do que se pode construir para o
futuro. E isso faz toda a diferença. E é essa a diferença que faz o Bloco”,
sublinhou a coordenadora bloquista.
Catarina Martins lembrou algumas
das conquistas alcançadas durante a legislatura, nomeadamente no que respeita
ao aumento do salário mínimo, à atualização das pensões e à subida das pensões
mais baixas, ao PREVPAP - programa de regularização extraordinária dos vínculos
precários na Administração Pública, à atribuição de manuais escolares gratuitos,
à diminuição das propinas, à redução do valor dos passes dos transportes, que
“tem de ser extensível a todo o país”, e à tarifa social da energia para as 800
mil famílias mais pobres do país a quem a EDP negava esse direito.
Por outro lado, a dirigente do
Bloco frisou que “há tanto mais para fazer” neste país de “salários baixos,
pensões baixas e muitas desigualdades”. “Temos tanto orgulho de termos feito
uma Lei de Bases da Saúde que diz que a obrigação do Estado é dar cuidados de
Saúde a toda a gente, e não como dizia a lei que vinha da direita e de Cavaco
que a obrigação do Estado era alimentar o negócio privado da doença. Fizemos
esse caminho. Mas não podemos parar. Precisamos agora do investimento para que
o acesso à Saúde seja uma realidade. Precisamos ainda de fazer muito por este
país”, acrescentou.
“A lista dos grandes devedores à
banca anda escondida”
“Num país em que se vive com
tantas dificuldades, em que falta o investimento para tudo o que é essencial”,
foram entregues mais de 20 mil milhões de euros à banca na última década,
assinalou Catarina Martins. “E nem sequer podemos saber quem são os maiores
devedores. O Bloco conseguiu aprovar a necessidade de se saber quem são os
devedores à banca, mas não se deixa que os seus nomes sejam públicos para
esconder os negócios que trouxeram a desgraça económica ao nosso país”,
lamentou a coordenadora bloquista.
“Precisamos de ter a coragem para
mudar o nosso país (…), vamos proteger Portugal de uma elite económica que tem
sido completamente irresponsável e impune e que tira recursos a quem trabalhou
toda uma vida, a quem aqui trabalha, a quem constrói este país”, defendeu
Catarina Martins.
Conforme recordou a dirigente do
Bloco, “Oliveira e Costa, Ricardo Salgado, Jardim Gonçalves, Berardo, Manuel
Fino, Bataglia passearam-se em negócios de milhares de milhões de euros com
dívidas gigantescas aos bancos que depois os contribuintes foram obrigados a
pagar”.
Catarina Martins salientou que,
nestes jogos, empresas e empregos foram destruídos. E que este esquema
continua. O Bloco tem defendido “regras de transparência, regras de controlo
público daquilo que tem o dinheiro que é de todos” e “uma estratégia para o
sistema financeiro que garanta uma economia mais forte”, avançou a dirigente
bloquista.
De acordo com Catarina Martins,
“podemos acabar com esta elite irresponsável e impune que tem vindo a destruir
o país. Mas, para isso, é preciso mais força”.
“A maioria absoluta serve à elite
económica que vive da desigualdade e do abuso. Os que fazem da saúde um
negócio. Aqueles que querem continuar com os negócios pagos com o dinheiro de
todos. Os patrões dos patrões que nunca quiseram o aumento do salário mínimo
nacional e que não querem uma esquerda que tenha força para fazer um Código do
Trabalho que respeite quem vive do seu trabalho e quem constrói este país”,
vincou a coordenadora do Bloco.
Foto: Catarina Martins no comício
de Verão do Bloco em Armação de Pêra. Foto de Paula Nunes.
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