quarta-feira, 24 de julho de 2019

Portugal | “Quem pede a maioria absoluta é a elite económica que vive da desigualdade”


O comício do Bloco juntou esta terça-feira mais de uma centena de pessoas em Armação de Pêra. Catarina Martins defendeu que é preciso proteger o país de uma “elite económica que tem sido completamente irresponsável e impune”. A iniciativa contou também com intervenções de Pedro Filipe Soares e João Vasconcelos.

Durante a sua intervenção, Catarina Martins fez referência aos “quatro anos intensos” da legislatura que agora termina, durante os quais “não se discutiu se se cortava mais ou menos nas pensões e nos salários, se se cortava na Educação ou na Saúde”. Pelo contrário, “discutiu-se como é que se resolvem os problemas do país”, o que é preciso fazer, “o caminho que fazemos e o tanto que há por fazer”. Isso foi possível com a força que o Bloco alcançou em 2015.

“O medo das notícias do que vem por aí” foi substituído pela “expectativa do que se pode construir para o futuro. E isso faz toda a diferença. E é essa a diferença que faz o Bloco”, sublinhou a coordenadora bloquista.

Catarina Martins lembrou algumas das conquistas alcançadas durante a legislatura, nomeadamente no que respeita ao aumento do salário mínimo, à atualização das pensões e à subida das pensões mais baixas, ao PREVPAP - programa de regularização extraordinária dos vínculos precários na Administração Pública, à atribuição de manuais escolares gratuitos, à diminuição das propinas, à redução do valor dos passes dos transportes, que “tem de ser extensível a todo o país”, e à tarifa social da energia para as 800 mil famílias mais pobres do país a quem a EDP negava esse direito.


Por outro lado, a dirigente do Bloco frisou que “há tanto mais para fazer” neste país de “salários baixos, pensões baixas e muitas desigualdades”. “Temos tanto orgulho de termos feito uma Lei de Bases da Saúde que diz que a obrigação do Estado é dar cuidados de Saúde a toda a gente, e não como dizia a lei que vinha da direita e de Cavaco que a obrigação do Estado era alimentar o negócio privado da doença. Fizemos esse caminho. Mas não podemos parar. Precisamos agora do investimento para que o acesso à Saúde seja uma realidade. Precisamos ainda de fazer muito por este país”, acrescentou.

“A lista dos grandes devedores à banca anda escondida”

“Num país em que se vive com tantas dificuldades, em que falta o investimento para tudo o que é essencial”, foram entregues mais de 20 mil milhões de euros à banca na última década, assinalou Catarina Martins. “E nem sequer podemos saber quem são os maiores devedores. O Bloco conseguiu aprovar a necessidade de se saber quem são os devedores à banca, mas não se deixa que os seus nomes sejam públicos para esconder os negócios que trouxeram a desgraça económica ao nosso país”, lamentou a coordenadora bloquista.

“Precisamos de ter a coragem para mudar o nosso país (…), vamos proteger Portugal de uma elite económica que tem sido completamente irresponsável e impune e que tira recursos a quem trabalhou toda uma vida, a quem aqui trabalha, a quem constrói este país”, defendeu Catarina Martins.

Conforme recordou a dirigente do Bloco, “Oliveira e Costa, Ricardo Salgado, Jardim Gonçalves, Berardo, Manuel Fino, Bataglia passearam-se em negócios de milhares de milhões de euros com dívidas gigantescas aos bancos que depois os contribuintes foram obrigados a pagar”.

Catarina Martins salientou que, nestes jogos, empresas e empregos foram destruídos. E que este esquema continua. O Bloco tem defendido “regras de transparência, regras de controlo público daquilo que tem o dinheiro que é de todos” e “uma estratégia para o sistema financeiro que garanta uma economia mais forte”, avançou a dirigente bloquista.

De acordo com Catarina Martins, “podemos acabar com esta elite irresponsável e impune que tem vindo a destruir o país. Mas, para isso, é preciso mais força”.

“A maioria absoluta serve à elite económica que vive da desigualdade e do abuso. Os que fazem da saúde um negócio. Aqueles que querem continuar com os negócios pagos com o dinheiro de todos. Os patrões dos patrões que nunca quiseram o aumento do salário mínimo nacional e que não querem uma esquerda que tenha força para fazer um Código do Trabalho que respeite quem vive do seu trabalho e quem constrói este país”, vincou a coordenadora do Bloco.


Foto: Catarina Martins no comício de Verão do Bloco em Armação de Pêra. Foto de Paula Nunes.

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