domingo, 25 de agosto de 2019

Moçambique | Fim do prazo para desativação das bases da RENAMO. O que falhou?


Estava prevista para o dia 21 de agosto (quarta-feira), a desativação das bases militares da RENAMO, no quadro da implementação do DDR. Mas não aconteceu devido a "complexidade do processo”, segundo a RENAMO.

O prazo para a desativação das bases militares da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), no processo de implementação do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens residuais do maior partido da oposição moçambicana, expirou na última quarta-feira (21.08.). No entanto, as bases não foram desmanteladas como previsto.

A DW África ouviu o porta-voz da RENAMO, José Manteigas que justifica esse não foi cumprimento devido a "complexidade do processo”. Mas garantiu que nada está comprometido, porque a sua formação política quer a conclusão deste processo o mais cedo possível.

Manteigas que se encontra neste momento em Montepuez, distrito da província de Cabo Delgado, a acompanhar o líder do RENAMO, Ossufo Momade, num périplo de pré-campanha eleitoral que está a fazer à zona norte do país, reafirmou que o seu partido está em conversações com a autoproclamada "Junta Militar da RENAMO”, para que nada comprometa a paz no país.



DW África: O dia 21 de agosto era a data prevista para a desativação das bases militares da RENAMO no âmbito do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR). Mas isso não se verificou. Há alguma razão que fez com que o prazo não fosse cumprido do vosso lado?

José Manteigas (JM): O processo está a decorrer. Como sabe os guerrilheiros da RENAMO estavam pelo país todo nas bases. E o processo não é fácil ser concluído em menos de 10 ou 20 dias. Devo garantir que ambas as partes [Governo e a RENAMO] estão a trabalhar para que este processo termine o mais rápido possível. Portanto, não falhou nada, simplesmente é a dinâmica e a complexidade do trabalho que está a provocar esta morosidade.

DW África: Há reajustamento do cronograma de implementação do processo?

JM: Não sei dizer porque não faço parte do grupo de monitoramento e verificação da implementação da cessão das hostilidades, mas devo dizer que é um processo complexo, por isso leva algum tempo e não há nada que esteja a impedir o seu desfecho. O trabalho está a correr normalmente e nós [RENAMO], somos os mais interessados. Queremos que este processo termine o mais rápido possível.

DW-África: Há indicações de que ainda não há dinheiro suficiente para implementação do DDR. Será esta uma das razões para esta morosidade?

JM: Não sei, mas o que tenho como facto é que quer o Governo moçambicano, assim como a comunidade internacional comprometeram-se a dar todo apoio para que o DDR seja concluído dentro dos prazos previstos. 

DW África: Face as recentes ameaças da autoproclamada "Junta Militar da RENAMO” a chefe da vossa bancada no Parlamento, Ivone Soares, disse que o partido iria resolver o assunto interinamente por considera-lo "familiar”. De que forma o mesmo está a ser tratado dentro da RENAMO, para que não comprometa os prazos de implementação do DDR?

JM: Os meios ou métodos de resolução não vamos revelá-los publicamente. Eles são membros da RENAMO, até que provem o contrário, e acredito que também lhes interessa que tenhamos este problema resolvido. Interinamente vão ser encontrados métodos para que esta situação seja ultrapassada.     

DW África: Sem comprometer os prazos do DDR?

M: Acho que não vai comprometer. Eles também estão interessados no DDR.

DW África: O périplo que o senhor Ossufo Momade está a fazer pelas províncias é fruto do Acordo de Paz Definitiva e Reconciliação Nacional, assinado a 06 de agosto. Como é que está ser garantida a segurança dele?

JM: Temos a nossa segurança. Devo confessar que também nos beneficiamos da proteção da Polícia da República de Moçambique (PRM). O acordo prevê o respeito pela convivência pacífica entre os partidos políticos. Pelo menos neste périplo que iniciou agora isso está a ser concretizado, porque não tivemos perturbações desde Nampula até aqui em Cabo Delgado. E queremos confiar que este ambiente prevaleça para sempre. 

DW África: Quais são as províncias que vão ser escaladas nesta visita do sr. Ossufo Momade?

JM: Depois de Cabo Delgado vamos à província do Niassa. E só depois disso é que iremos ver qual será o próximo passo, até porque já estaremos a entrar em período de campanha eleitoral.

Amós Zacarias | Deutsche Welle

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