Estava prevista para o dia 21 de
agosto (quarta-feira), a desativação das bases militares da RENAMO, no quadro
da implementação do DDR. Mas não aconteceu devido a "complexidade do
processo”, segundo a RENAMO.
O prazo para a desativação
das bases militares da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), no processo
de implementação do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos
homens residuais do maior partido da oposição moçambicana, expirou na última quarta-feira
(21.08.). No entanto, as bases não foram desmanteladas como previsto.
A DW África ouviu o porta-voz da
RENAMO, José Manteigas que justifica esse não foi cumprimento devido
a "complexidade do processo”. Mas garantiu que nada está comprometido, porque
a sua formação política quer a conclusão deste processo o mais cedo possível.
Manteigas que se encontra neste
momento em Montepuez, distrito da província de Cabo Delgado, a acompanhar
o líder do RENAMO, Ossufo Momade, num périplo de pré-campanha eleitoral que
está a fazer à zona norte do país, reafirmou que o seu partido está em
conversações com a autoproclamada "Junta Militar da RENAMO”, para que
nada comprometa a paz no país.
DW África: O dia 21 de agosto era
a data prevista para a desativação das bases militares da RENAMO no âmbito
do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR). Mas isso não se
verificou. Há alguma razão que fez com que o prazo não fosse cumprido do vosso
lado?
José Manteigas (JM): O
processo está a decorrer. Como sabe os guerrilheiros da RENAMO estavam pelo
país todo nas bases. E o processo não é fácil ser concluído em menos de 10 ou
20 dias. Devo garantir que ambas as partes [Governo e a RENAMO] estão a
trabalhar para que este processo termine o mais rápido possível. Portanto, não
falhou nada, simplesmente é a dinâmica e a complexidade do trabalho que está a
provocar esta morosidade.
DW África: Há reajustamento do
cronograma de implementação do processo?
JM: Não sei dizer porque não
faço parte do grupo de monitoramento e verificação da implementação da cessão
das hostilidades, mas devo dizer que é um processo complexo, por isso leva
algum tempo e não há nada que esteja a impedir o seu desfecho. O trabalho
está a correr normalmente e nós [RENAMO], somos os mais interessados. Queremos
que este processo termine o mais rápido possível.
DW-África: Há indicações de que
ainda não há dinheiro suficiente para implementação do DDR. Será esta uma das
razões para esta morosidade?
JM: Não sei, mas o que tenho
como facto é que quer o Governo moçambicano, assim como a comunidade
internacional comprometeram-se a dar todo apoio para que o DDR seja concluído
dentro dos prazos previstos.
DW África: Face as recentes
ameaças da autoproclamada "Junta Militar da RENAMO” a chefe da vossa
bancada no Parlamento, Ivone Soares, disse que o partido iria resolver o
assunto interinamente por considera-lo "familiar”. De que forma o mesmo
está a ser tratado dentro da RENAMO, para que não comprometa os prazos de
implementação do DDR?
JM: Os meios ou métodos de
resolução não vamos revelá-los publicamente. Eles são membros da RENAMO, até
que provem o contrário, e acredito que também lhes interessa que tenhamos este
problema resolvido. Interinamente vão ser encontrados métodos para que esta
situação seja ultrapassada.
DW África: Sem comprometer os
prazos do DDR?
M: Acho que não vai
comprometer. Eles também estão interessados no DDR.
DW África: O périplo que o senhor
Ossufo Momade está a fazer pelas províncias é fruto do Acordo de Paz Definitiva
e Reconciliação Nacional, assinado a 06 de agosto. Como é que está ser
garantida a segurança dele?
JM: Temos a nossa segurança.
Devo confessar que também nos beneficiamos da proteção da Polícia da República
de Moçambique (PRM). O acordo prevê o respeito pela convivência pacífica entre
os partidos políticos. Pelo menos neste périplo que iniciou agora isso está a
ser concretizado, porque não tivemos perturbações desde Nampula até aqui em
Cabo Delgado. E queremos confiar que este ambiente prevaleça para
sempre.
DW África: Quais são as
províncias que vão ser escaladas nesta visita do sr. Ossufo Momade?
JM: Depois de Cabo Delgado
vamos à província do Niassa. E só depois disso é que iremos ver qual será o
próximo passo, até porque já estaremos a entrar em período de campanha
eleitoral.
Amós Zacarias | Deutsche Welle
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