Consultora Eurasia prevê que o
Governo de Moçambique só vai voltar à mesa de negociações em março do próximo
ano, quando o Parlamento retomar as atividades oficiais. Imbróglio jurídico
atrasa eventual programa do FMI.
A consultora Eurasia considera
que o Governo de Moçambique só vai voltar à mesa das negociações sobre as
dívidas ocultas em março de 2020. O embróglio jurídico pode atrasar um
eventual programa do Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Só quando o Parlamento
moçambicano retomar a atividade oficial, em março de 2020, é que os debates
sobre as propostas de reestruturação deverão começar", escrevem os
analistas numa nota sobre a evolução de várias economias africanas.
Os analistas acreditam que
"o imbróglio jurídico sobre o escândalo da dívida vai provavelmente adiar
a reestruturação da dívida", que está em curso e já mereceu um acordo por
parte dos credores da dívida soberana.
"Isso, por seu turno, vai
adiar um programa do FMI e prejudicar a estabilidade macroeconómica a médio
prazo", acrescentam, notando que "os procedimentos legais simultâneos
na África do Sul, em Moçambique, nos Estados Unidos e no Reino Unido evidenciam
a complexidade da situação e a resposta confusa do Governo moçambicano".
Caso Chang
Os analistas esperam que o antigo
ministro das Finanças Manuel Chang, atualmente detido na África do Sul,
permaneça no país "nos próximos 12 a 18 meses enquanto os Estados Unidos e
Moçambique continuam com os seus pedidos individuais de extradição".
As revelações e a troca de
acusações entre alguns dos envolvidos no processo "fortalecem o argumento
de que os títulos de dívida soberana e os dois empréstimos comerciais são
corruptos e não devem ser honrados pelo Governo moçambicano, mas as autoridades
ainda estão dispostas a cumprir o pagamento dos títulos soberanos e de um dos
empréstimos comerciais" feito às duas empresas públicas que contraíram
empréstimos sem os reportarem oficialmente.
A descoberta de empréstimos
contraídos com aval do Estado, no valor de mais de 2,2 mil milhões de dólares
(2 mil milhões de euros), mas sem registo nas contas públicas e sem divulgação
aos parceiros internacionais levou os doadores a cortarem a assistência
internacional e as agências de rating a descerem a opinião sobre o crédito
soberano.
Em consequência, aumentou o rácio
da dívida pública sobre o PIB, o que arredou o país do financiamento
internacional, atirando Moçambique para 'default' e para uma crise económica e
financeira que ainda persiste.
Deutsche Welle | Agência Lusa, kg
Sem comentários:
Enviar um comentário