quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Portugal | Há falta de combustível porque motoristas não trabalharam por dois -- sindicato


Os motoristas estão a cumprir as oito horas diárias de trabalho. Ainda que se dividissem os 800 motoristas de matérias perigosas por dois turnos - um que se inicia de manhã cedo, outro ao início da tarde -, as situações de carência manter-se-iam, afirmou Pedro Pardal Henriques. (ontem)

O advogado do sindicato de motoristas de matérias perigosas, Pardal Henriques, considera uma "vergonha nacional", e "um ataque violentíssimo à lei da greve", o Governo substituir motoristas que já cumpriram oito horas diárias de trabalho por militares.

Em declarações à agência Lusa, Pedro Pardal Henriques defendeu que "substituir estas pessoas, que já garantiram o trabalho delas, e colocar militares a trabalhar da parte da tarde é uma vergonha nacional, é um ataque violentíssimo à lei da greve", acrescentando que "praticamente 100%" dos motoristas de matérias perigosas estão a ser escalados pelas empresas, "sem o conhecimento do sindicato", para começarem a trabalhar às 06h00.

"Aberração", chegou mesmo a dizer, indignado com a possibilidade de colocar militares a cobrir o resto das horas.

"Eu estou expectante para saber se o primeiro-ministro vai colocar o exército numa tentativa de furar o direito à greve", disse o representante do SNMMP.

"Depois não venham o senhor ministro ou o responsável da ANTRAM [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] dizer que não existem pessoas para trabalhar da parte da tarde, porque elas já trabalharam de manhã, já esgotaram as oito horas de trabalho", acrescentou o assessor jurídico do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP).

Pedro Pardal Henriques voltou a sublinhar que a requisição civil parcial não se justifica "de maneira nenhuma", já que, no decorrer do primeiro dia de greve, "os serviços mínimos foram assegurados integralmente".

No entanto, o advogado frisou que os motoristas estiveram ao serviço durante oito horas, as quais, argumenta, não são suficientes, tendo isso mesmo ficado provado, para todas as tarefas requeridas aos motoristas. "Habitualmente fazem 14 ou 15 horas, e recebem muito próximo daquilo que é o salário mínimo nacional. Como cada pessoa não fez o trabalho de duas pessoas, houve postos sem combustíveis", apontou.

Deixou também críticas à ANTRAM, associação que acusa de ter requisitado os serviços diretamente aos trabalhadores, em vez de ter feito os pedidos ao sindicato.

"A desorganização é total", acrescentou Pardal Henriques que afirma também que o Governo quer demonstrar que tudo está a correr bem. "Por isso, escalam motoristas para as seis da manhã", referiu, "para além de todo o aparato policial".

O sindicalista também assinalou que, por serem chamados para as seis da manhã, ao início da tarde, os motoristas entram nas horas de descanso, visto que só estão a apresentar serviço das oito horas diárias.

Pardal Henriques referiu que os motoristas têm cumprido e que têm coberto os seus horários de oito horas diárias.

No entanto, afirmou o representante sindicalista, ainda que se dividissem os 800 motoristas de matérias perigosas por dois turnos - um que se inicia de manhã cedo, outro ao início da tarde -, as situações de carência manter-se-iam.

TSF, com Lusa - ACOMPANHE TODOS OS DESENVOLVIMENTOS – em TSF

Foto: Rui Duarte Silva/Expresso

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