Motoristas não gostaram que mais
de uma dezena de colegas tivessem sido notificados e possam ser detidos por não
cumprir a requisição civil. Em protesto, o sindicato anunciou que mais nenhum
trabalhador irá cumprir os serviços mínimos.
O porta-voz do Sindicato Nacional
dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, anunciou
esta manhã que os motoristas vão deixar de cumprir a requisição civil e os
serviços mínimos.
A decisão surge depois de o
Governo ter revelado, na última noite, que 14 trabalhadores estariam a ser
notificados por não terem cumprido a requisição civil decretada durante a greve.
"Foi-nos comunicado [pelas
empresas] o não-cumprimento da requisição civil por parte de 14
trabalhadores", disse o ministro do Ambiente e da Transição Energética,
João Pedro Matos Fernandes, em conferência de imprensa.
O ministro informou que a 11
desses trabalhadores "já foi feita a devida notificação", referindo
que primeiro é feita a "notificação do incumprimento e depois é que há a
notificação de estarem a cometer um crime de desobediência". Em relação
aos restantes três trabalhadores, estão ainda "por encontrar e
notificar", acrescentou João Pedro Matos Fernandes.
Em solidariedade com os colegas -
que podem vir a enfrentar uma pena de até dois anos de prisão pelo crime de
desobediência -, os motoristas vão, esta quarta-feira, parar todos os serviços.
"O sr. ministro veio dizer
que há 11 pessoas que vão ser detidas e três pessoas que estão foragidas. Nós
não aceitamos", declarou o porta-voz do sindicato dos motoristas.
"Ver representantes do nosso país ameaçar trabalhadores com pena de prisão
é uma vergonha."
"Estes homens, em
solidariedade com os seus colegas, não vão sair daqui hoje. Ninguém vai cumprir
nem serviços mínimos nem requisição civil. Não vão fazer absolutamente
nada", assegurou Pardal Henriques.
O representante dos motoristas
afirmou que "é um por todos e todos por um" e que se um motorista for
detido, terão todos de o ser.
"Se um motorista vai ser
preso, então o sr. ministro tem de trazer grandes autocarros para levar os 800
motoristas do país", atirou Pardal Henriques.
Portugal está, desde sábado e até
às 23:59 de 21 de agosto, em situação de crise energética, decretada pelo
Governo devido a esta paralisação, o que permitiu a constituição de uma Rede de
Emergência de Postos de Abastecimento (REPA), com 54 postos prioritários e 320
de acesso público.
A greve que começou na
segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional
dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos
Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da
Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias
(Antram) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão
salarial.
Ao fim do primeiro dia de
paralisação, o Governo decretou a requisição civil, alegando o incumprimento
dos serviços mínimos.
Rita Carvalho Pereira | TSF
Foto: Motoristas estão
concentrados na Companhia Logística de Combustíveis, em Aveiras de Cima / © Pedro
Rocha/Global Imagens
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