quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Portugal | Militares da GNR "aliciados" com ajudas de custo para conduzirem camiões


Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG/GNR) mostra-se preocupada com o facto de militares sem experiência estarem a conduzir camiões com produtos inflamáveis.

Nos dois primeiros dias da greve dos motoristas de matérias perigosas e de mercadorias, o transporte de combustível foi assegurado por 28 veículos pesados de mercadorias perigosas, numa operação que envolveu 49 elementos da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana.


Nesta senda, fonte da GNR denunciou ainda ao Notícias ao Minuto que os militares que estão a fazer o transporte dos combustíveis, desde que foi decretada a requisição civil, foram “aliciados” com o valor das ajudas de custo que vão ser pagas.


Sem querer identificar-se com medo de represálias, a mesma fonte garantiu que estes militares aceitaram fazer parte do contingente destacado para a condução dos veículos porque as “ajudas de custo vão ser pagas a 100%”.

“É como se estivessem no estrangeiro. Constam da escala da GNR como diligência e como não é servido almoço e jantar estão com ajudas de custo a 100%”, garantiu a mesma fonte que sublinhou ainda que estes militares não tiveram “propriamente uma formação”.

“Foram a uma aula em que lhes disseram como funcionava o camião e pronto”, acrescentou. Esta informação já tinha sido denunciada por César Nogueira, da APG, em declarações à agência Lusa.

O Notícias ao Minuto entrou em contacto com a Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda que, na pessoa do seu presidente da Assembleia, José Alho, confirmou ter recebido as mesmas denúncias. “Fizeram-nos chegar essas denúncias. Prometeram ajudas de custo a 100% a esses militares e eu só espero é que não haja nenhum acidente com vítimas, porque quem vai ter problemas serão os militares. Mas espero que corra tudo pelo melhor”, frisou.

O antigo presidente da ASPIG disse ainda que tem conversado com esses militares a quem tem “alertado para o facto de os camaradas não terem a formação ADR - certificado para motoristas de matérias perigosas – já para não falar que têm excesso de horas de serviço”.

Em jeito de conclusão, José Alho lamentou também que “desde que acabou a brigada de trânsito em 2009 tem-se notado um decréscimo nesta área da fiscalização de veículos de transporte de matérias perigosas”.

O Notícias ao Minuto confrontou o Comando-Geral da Guarda Nacional Republicana que, até à hora de publicação desta notícia, não havia respondido às questões colocadas por email.

Já fonte do Ministério da Administração Interna reiterou que os militares que foram mobilizados para garantir o transporte de combustíveis “receberam formação para executar esta tarefa” e que “não têm qualquer intervenção no carregamento ou descarregamento do combustível, apenas fazem o transporte”.

Polícia suspenso por furtar no Pingo Doce ao volante dos camiões

Sabe o Notícias ao Minuto que um dos agentes da PSP mobilizados para o transporte de combustível foi suspenso por 240 dias depois de ter sido apanhado a furtar produtos no Pingo Doce da Amadora onde fazia serviço de gratificado.

O período de suspensão foi, entretanto, cumprido e já voltou ao serviço. O que está a gerar desconforto no seio da PSP por tratar-se de um caso que mancha o bom nome da instituição e os seus membros.

Patrícia Martins Carvalho | Notícias ao Minuto | Foto: Global Imagens

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