Associação Sócio-Profissional
Independente da Guarda (ASPIG/GNR) mostra-se preocupada com o facto de
militares sem experiência estarem a conduzir camiões com produtos inflamáveis.
Nos dois primeiros dias da greve
dos motoristas de matérias perigosas e de mercadorias, o transporte de combustível foi assegurado por 28 veículos
pesados de mercadorias perigosas, numa operação que envolveu 49 elementos
da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana.
Esta situação deixou descontentes
vários militares da GNR, inclusivamente, o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR)
que já fez saber que irá enviar um “ofício” ao Governo por este estar a
utilizar guardas “para fazer uma coisa que não devem fazer” e porque estes “não
estão aptos para manusear” matérias perigosas.
Nesta senda, fonte da GNR denunciou
ainda ao Notícias ao Minuto que os militares que estão a fazer o transporte
dos combustíveis, desde que foi decretada a requisição civil, foram “aliciados” com o
valor das ajudas de custo que vão ser pagas.
Sem querer identificar-se com
medo de represálias, a mesma fonte garantiu que estes militares aceitaram
fazer parte do contingente destacado para a condução dos veículos porque as
“ajudas de custo vão ser pagas a 100%”.
“É como se estivessem no
estrangeiro. Constam da escala da GNR como diligência e como não é
servido almoço e jantar estão com ajudas de custo a 100%”, garantiu a mesma
fonte que sublinhou ainda que estes militares não tiveram “propriamente uma
formação”.
“Foram a uma aula em que lhes
disseram como funcionava o camião e pronto”, acrescentou. Esta informação já
tinha sido denunciada por César Nogueira, da APG, em declarações
à agência Lusa.
O Notícias ao Minuto entrou
em contacto com a Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda que, na
pessoa do seu presidente da Assembleia, José Alho, confirmou ter recebido as
mesmas denúncias. “Fizeram-nos chegar essas denúncias. Prometeram ajudas
de custo a 100% a esses militares e eu só espero é que não haja nenhum acidente
com vítimas, porque quem vai ter problemas serão os militares. Mas espero que
corra tudo pelo melhor”, frisou.
O antigo presidente da ASPIG disse
ainda que tem conversado com esses militares a quem tem “alertado para o
facto de os camaradas não terem a formação ADR - certificado para
motoristas de matérias perigosas – já para não falar que têm excesso de horas
de serviço”.
Em jeito de conclusão, José Alho
lamentou também que “desde que acabou a brigada de trânsito em 2009 tem-se
notado um decréscimo nesta área da fiscalização de veículos de
transporte de matérias perigosas”.
O Notícias ao Minuto confrontou
o Comando-Geral da Guarda Nacional Republicana que, até à hora de
publicação desta notícia, não havia respondido às questões colocadas por email.
Já fonte do Ministério da
Administração Interna reiterou que os militares que foram mobilizados para
garantir o transporte de combustíveis “receberam formação para executar
esta tarefa” e que “não têm qualquer intervenção no carregamento ou
descarregamento do combustível, apenas fazem o transporte”.
Polícia suspenso por furtar no
Pingo Doce ao volante dos camiões
Sabe o Notícias ao Minuto que
um dos agentes da PSP mobilizados para o transporte de combustível
foi suspenso por 240 dias depois de ter sido apanhado a furtar produtos no
Pingo Doce da Amadora onde fazia serviço de gratificado.
O período de suspensão foi,
entretanto, cumprido e já voltou ao serviço. O que está a gerar desconforto no
seio da PSP por tratar-se de um caso que mancha o bom nome da
instituição e os seus membros.
Patrícia Martins Carvalho | Notícias
ao Minuto | Foto: Global Imagens
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