quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Sindicato acusa Ryanair de substituir grevistas por trabalhadores de bases estrangeiras


Operação "ilegal" já foi denunciada à Autoridade para as Condições do Trabalho.

A presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNVPAC), Luciana Passo, afirmou esta quarta-feira à entrada para uma reunião com o Governo que a Ryanair está a substituir os grevistas por trabalhadores de bases estrangeiras.

"A Ryanair levou ontem [terça-feira] aviões de bases portuguesas para fora, levou-os vazios, trouxe-os com tripulantes de outras bases estrangeiras, e hoje fez os voos como sendo da base Porto, Faro, Ponta Delgada, o que seja, para outro destino da Europa, operando normalmente, mas substituindo os tripulantes que fizeram greve mas não se apresentaram ao serviço", denunciou a sindicalista à entrada do Ministério das Infraestruturas e Habitação, em Lisboa, onde terá uma reunião com o ministro Pedro Nuno Santos.

Os tripulantes da Ryanair começaram esta quarta-feira uma greve de cinco dias, até domingo, convocada pelo SNPVAC e que conta com serviços mínimos decretados pelo Governo.


Luciana Passo referiu que se trata de uma operação "ilegal", já denunciada à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e à Direção-Geral do Emprego e Relações do Trabalho (DGERT).

A presidente do SNPVAC referiu que o sindicato iria "cumprir sempre os serviços mínimos", apesar de os considerar "excessivos".

"Substituir trabalhadores grevistas é outra coisa. É ilegal, e é aquilo que a Ryanair faz reiteradamente e que espera que nada lhe aconteça. Isso não se pode fazer", afirmou.

Luciana Passo reiterou que "os trabalhadores têm direito à greve", mas "todos os que a quiseram fazer nem sequer puderam".

"Imagine até que não queriam fazer greve e se queriam apresentar ao trabalho? Não podiam, já lá estavam tripulantes de outras bases. Isto tem que ser averiguado pelo Governo", mencionou.

Sobre a Reunião com o ministro Pedro Nuno Santos, a responsável disse que o sindicato irá dar nota "de todas as ilegalidades que a Ryanair tem cometido, vem cometendo e está a cometer ao dia de hoje, ao substituir os tripulantes em greve".

O sindicato quer saber qual a posição do Governo "em relação à aplicação da lei laboral portuguesa aos tripulantes da Ryanair e também o que vai acontecer à base de Faro".

Num comunicado do dia 1 de agosto, o SNPVAC adiantou que o pré-aviso de greve abrange todos os voos da Ryanair cujas horas de apresentação ocorram entre as 00h00 e as 23h59 dos dias previstos para a paralisação (tendo por referência as horas locais) e os serviços de assistência ou qualquer outra tarefa no solo.

Entretanto, tendo em conta que não houve acordo entre a Ryanair e o sindicato, o Governo decretou serviços mínimos a cumprir durante a paralisação, que abrangem não só os Açores e Madeira, mas também as cidades europeias de Berlim, Colónia, Londres e Paris.

O SNPVAC criticou esta decisão e "repudiou veementemente" os serviços mínimos e a fundamentação do Governo para os impor.

Renascença | Lusa | Foto: Stephanie Lecocq/EPA

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