Díli, 27 ago 2019 (Lusa) -- O
Nobel da Paz José Ramos-Horta disse hoje que Timor-Leste continua no topo dos
casos de sucesso das Nações Unidas, com um ambiente de paz e tolerância, ainda
que continue a haver grandes desafios em áreas como saúde, educação e
agricultura.
"Num mundo conturbado, de
tanta instabilidade e tanta insegurança, violência, intolerância, Timor
continuar a ser um caso de sucesso para a ONU", afirmou o ex-Presidente da
República e Nobel da Paz.
"O país está em paz, há zero
violência política, total tolerância e inclusão em relação a religiões, etnias,
nacionalidades que vivem aqui. Não há a mais pequena onda de violência como
acontece em muitos países", sublinhou.
Ramos-Horta falava à margem da cerimónia
de abertura do novo Centro de Direitos Humanos da Universidade Nacional Timor
Lorosa'e (UNTL), projeto financiado pela União Europeia e quando o país se
prepara para as celebrações dos 20 anos do referendo em que Timor-Leste
escolheu a independência.
As comemorações terão em
Timor-Leste várias delegações internacionais, com o país a ser visitado por
individualidades de todo o mundo que estiveram, no passado, ligados à questão
de Timor-Leste.
Ramos-Horta disse que quem chega
vê os progressos, inclusive na parte física, com mais estradas, eletricidade e
comércio, ainda que admita que há setores que podem ser melhorados.
"Poderíamos ter feito
melhor? Sim. Sem dúvida. A agricultura foi um falhanço, a segurança alimentar
foi um falhanço. É inaceitável que tenhamos tão grande subnutrição
infantil", disse.
"O primeiro-ministro
prometeu mais alocação orçamental em 20202 para saúde, educação e agricultura.
Mas isso não basta e os responsáveis dessas partes têm que ser altamente
pressionados, monitorados cada três meses para saber o que estão a fazer",
afirmou.
Igualmente preocupante, disse, é
o facto do "dinheiro continuar a ser altamente tentador" pelo que
Timor-Leste não foge à região em termos de corrupção".
Sobre o momento político,
Ramos-Horta rejeita que haja instabilidade política, afirmando que há um
Governo a funcionar e o orçamento a ser executado, considerando normais os
diferendos entre órgãos de soberania.
"Há tensões, diferendos
entre parlamento e Presidente, entre o Presidente e o Governo. Mas cada um nas
suas responsabilidades, como entende a interpretação da constituição. Não me
preocupa rigorosamente nada", disse.
"O Governo terá que ser é
mais ágil na execução do orçamento e executar com critérios rigorosos",
afirmou.
ASP // PJA
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