Autoridades moçambicanas e
analistas consideraram no passado que envolvimento daquele grupo terrorista na
violência armada no Norte de Moçambique era pouco credível. Novo ataque no
início desta semana fez 10 mortos.
O grupo 'jihadista' Estado
Islâmico (EI) reivindicou mais um ataque armado a um posto militar no Norte de
Moçambique, ocorrido no início da semana e em que morreram
pelo menos 10 pessoas, segundo mensagem difundida através da aplicação
Telegram. Autoridades consideraram no passado envolvimento daquele grupo
terrorista pouco credível.
A mensagem, que não integra o
canal oficial do movimento terrorista, foi divulgada na quinta-feira (26.09) e
é a segunda reivindicação de um ataque contra posições militares na província
de Cabo Delgado que o grupo faz em cerca de uma semana.
Até ao momento, analistas e
fontes no terreno contactadas pela Lusa, mas não identificadas pela agência de
notícias, rejeitaram a ligação destes ataques no norte do país a movimentos
terroristas internacionais de extremismo islâmico, apontando tensões locais nas
comunidades como causa dos casos de violência. A mensagem fala dos agressores
como "soldados do califado" que atacaram o "posto do exército
cruzado moçambicano em Mbabu, há dois dias".
Apesar da grafia, o anúncio alinha-se
com os confrontos entre homens armados e as forças de segurança, em Mbau,
Mocímboa da Praia, que ocorreram na noite de segunda (23.09) para terça-feira
(24.09) e em que além das vítimas, várias casas, incluindo a sede da Frente de
Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, foram incendiadas.
A reivindicação é acompanhada por
uma foto de diversas metralhadoras AK alinhadas, juntamente com munições e
outras armas que o grupo diz ter apreendido na sequência do ataque.
"Confrontaram-se com uma variedade de armas" e a violência levou
"à morte e ferimento de vários elementos", além de serem incendiadas
"algumas casas de cruzados cristãos na vizinha do posto" do exército
moçambicano, refere a mensagem.
As autoridades moçambicanas
têm-se mantido em silêncio sobre os ataques em Cabo Delgado.
Outros ataques
O grupo
EI reivindicou pela primeira vez a 04 de junho uma ação no Norte de Moçambique,
região afetada desde outubro de 2017 por ataques armados levados a cabo por
grupos criados em mesquitas da região e que eclodiram em Mocímboa da Praia.
Como consequência já terão
morrido, pelo menos, 200 pessoas, quase todas em aldeias isoladas e durante
confrontos no mato, mas, nalgumas ocasiões, a violência já atingiu transportes
na principal estrada asfaltada da região, bem como a área dos megaprojetos de
exploração de gás - em que há várias empresas subempreiteiras são
portuguesas.
Autoridades e analistas ouvidos
pela Lusa têm considerado pouco credível que haja um envolvimento genuíno do
grupo terrorista nos ataques, que vá além de algum contacto com movimentos no
terreno.
Deutsche Welle | Agência Lusa
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