domingo, 29 de setembro de 2019

Estado Islâmico reivindica ataque que fez 10 mortos em Moçambique


Autoridades moçambicanas e analistas consideraram no passado que envolvimento daquele grupo terrorista na violência armada no Norte de Moçambique era pouco credível. Novo ataque no início desta semana fez 10 mortos.

O grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) reivindicou mais um ataque armado a um posto militar no Norte de Moçambique, ocorrido no início da semana e em que morreram pelo menos 10 pessoas, segundo mensagem difundida através da aplicação Telegram. Autoridades consideraram no passado envolvimento daquele grupo terrorista pouco credível.

A mensagem, que não integra o canal oficial do movimento terrorista, foi divulgada na quinta-feira (26.09) e é a segunda reivindicação de um ataque contra posições militares na província de Cabo Delgado que o grupo faz em cerca de uma semana.

Até ao momento, analistas e fontes no terreno contactadas pela Lusa, mas não identificadas pela agência de notícias, rejeitaram a ligação destes ataques no norte do país a movimentos terroristas internacionais de extremismo islâmico, apontando tensões locais nas comunidades como causa dos casos de violência. A mensagem fala dos agressores como "soldados do califado" que atacaram o "posto do exército cruzado moçambicano em Mbabu, há dois dias".


Apesar da grafia, o anúncio alinha-se com os confrontos entre homens armados e as forças de segurança, em Mbau, Mocímboa da Praia, que ocorreram na noite de segunda (23.09) para terça-feira (24.09) e em que além das vítimas, várias casas, incluindo a sede da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, foram incendiadas.

A reivindicação é acompanhada por uma foto de diversas metralhadoras AK alinhadas, juntamente com munições e outras armas que o grupo diz ter apreendido na sequência do ataque. "Confrontaram-se com uma variedade de armas" e a violência levou "à morte e ferimento de vários elementos", além de serem incendiadas "algumas casas de cruzados cristãos na vizinha do posto" do exército moçambicano, refere a mensagem.

As autoridades moçambicanas têm-se mantido em silêncio sobre os ataques em Cabo Delgado.

Outros ataques

grupo EI reivindicou pela primeira vez a 04 de junho uma ação no Norte de Moçambique, região afetada desde outubro de 2017 por ataques armados levados a cabo por grupos criados em mesquitas da região e que eclodiram em Mocímboa da Praia.

Como consequência já terão morrido, pelo menos, 200 pessoas, quase todas em aldeias isoladas e durante confrontos no mato, mas, nalgumas ocasiões, a violência já atingiu transportes na principal estrada asfaltada da região, bem como a área dos megaprojetos de exploração de gás - em que há várias empresas subempreiteiras são portuguesas.

Autoridades e analistas ouvidos pela Lusa têm considerado pouco credível que haja um envolvimento genuíno do grupo terrorista nos ataques, que vá além de algum contacto com movimentos no terreno.

Deutsche Welle | Agência Lusa

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