Foi uma semana de intensos
contatos em várias cidades alemãs para pedir apoios que possam ajudar na
formação do Homem guineense. Educação e saúde são duas prioridades para a
igreja católica na Guiné-Bissau.
Os bispos da Igreja católica da
Guiné-Bissau que terminaram, nesta terça-feira (01.10) uma visita pastoral à
Alemanha com apelo aos guineenses para que preservem a sua maior riqueza, que é
a identidade de um povo unido, apesar das diferenças étnica e religiosas.
Durante as reuniões com as várias
instituições alemãs, a delegação religiosa defendeu uma aposta na
melhoria da qualidade do ensino na Guiné-Bissau e mais garantias para o
bem-estar dos guineenses. Os clérigos creditam que com mais investimento no setor
da educação será possível melhorar a vida da população do país.
Em entrevista à DW África, os
bispos de Bissau, Dom José Camnaté Nabissign e de Bafatá, Dom Pedro Zilli,
também pediram aos políticos guineenses para evitarem discursos que possam
pôr em causa a coesão nacional.
Numa altura em que vários
analistas apontam para o surgimento de discursos que apelam para a divisão
étnica e religiosa nas vésperas das eleições presidenciais marcadas para 24 de
novembro, o bispo de Bissau, José Camnaté Na Bissign, lembrou aos
guineenses que as contradições políticas não podem pôr em causa a coesão
nacional.
"Achamos que a maior força
do nosso povo, apesar das crises, o guineense continua a sentir-se irmão
de outro, apesar da diferença étnica e religiosa. Até pelo contrário, o cimento
social, cultural que mantém a nossa identidade é a fé em Deus”, disse no final
de encontro com a comunidade guineense em Bona.
O objetivo da visita de uma
semana era de reatar laços de cooperação com as instituições religiosas alemãs
e manter contactos com os guineenses da diáspora nas cidades de Colónia, Bona,
Hamburgo, Frankfurt e Freiburg.
Reforçar a formação dos guineenses
O bispo da diocese de Bissau, e
Dom Pedro Zilli da diocese de Bafatá solicitaram durante a sua estadia na
Alemanha apoios das dioceses e instituições alemãs no fortalecimento da
educação dos guineenses com vista a transmitir valores para que a sociedade possa
construir o seu futuro na base da pertença de que "são membros da mesma
família”, um povo.
"Devemos reconhecer que no
passado houve erros, crimes económicos e crimes de sangue na Guiné-Bissau, mas
acreditamos que a capacidade de perdoar pode fortalecer o tecido social. Na
nossa tradição africana, se uma pessoa adulta tiver a humildade de pedir perdão,
toda a gente acolhe o seu pedido”, disse.
Por outro lado, Dom Camnaté na
Bissign destacou como sinal positivo o fato do seu país estar a viver
sucessivas crises nos últimos cinco anos sem recurso a violência. O bispo de
Bissau aproveitou a ocasião para lançar um apelo a um diálogo profundo
entre os guineense com vista encontrar uma solução para viabilizar o país,
prestes a entrar num novo ciclo eleitoral.
São os mesmos de sempre
Com efeito, os guineenses vão a
votos para eleger o próximo Presidente da República em novembro próximo, após
quatro anos de profunda instabilidade política, que esteve na origem da
nomeação de sete primeiro-ministros. E muitos jovens guineenses residentes aqui
na Alemanha e não só, não acreditam que o próximo pleito eleitoral mude o atual
cenário político em Bissau.
O escritor e analista político
guineense, Lourenço da Silva, que participou no evento dos guineenses em
Colónia, não acredita que o país possa alcançar a estabilidade depois do pleito
de novembro.
"Eu considero as
presidenciais como a fase transitória para que as próximas eleições, daqui a
cinco anos, seja uma verdadeira eleição para a estabilização e o arranque do
desenvolvimento do país. São os responsáveis da crise que estão a frente arena.
Então, vê-se que essa camada que infelizmente não conseguiu dar volta situação
estará a frente do país nos próximos cinco anos”.
Recorde-se, que a Guiné-Bissau
realizou as eleições legislativas em março e seis meses depois, já se fala numa
eventual queda do Governo que deverá organizar as eleições presidenciais de 24 de
novembro. A crise gera uma troca de acusações entre os atores políticos sobre o
apelo ao voto tribal, étnico e religioso.
Braima Darame | Deutsche Welle
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