Primeiro-ministro guineense
acusou Umaro Sissoco Embaló de estar envolvido numa suposta tentativa de golpe
de Estado. Mas candidato do MADEM-15 nega e acusa o PM de querer desviar a
atenção dos guineenses.
O Governo da Guiné-Bissau mandou
reforçar as medidas de segurança nas principais ruas e avenidas de Bissau e nas
instituições do Estado, sobretudo nos órgãos eleitorais.
A ordem segue-se a uma mensagem
do primeiro-ministro Aristides Gomes, no Facebook, onde acusa Umaro
Sissoco Embaló, candidato presidencial do Movimento para a Alternância
Democrática (MADEM-G15), de tentar realizar um golpe de Estado para impedir a
realização das eleições presidenciais a 24 de novembro.
Em entrevista à DW África,
Aristides Gomes garante que "a situação está controlada" e
sublinha que o Governo está a cumprir o dever de "proteger as
populações e os bens". Afirma ainda que Umaro Sissoco Embaló
"tem muita coisa a dizer".
Sissoco: Acusações "falsas
e caluniosas"
Contactado pela DW, Umaro Sissoco
Embaló refuta as acusações do chefe do Governo guineense.
"São falsas e
caluniosas. Sabem que eu sou o próximo vencedor das presidenciais. Por
isso, concentraram as baterias sobre o general Umaro Sissoco Embaló",
comenta.
O político diz que
o primeiro-ministro quer desviar a atenção dos guineenses sobre o tráfico
de droga e outros casos em que o atual Governo estaria alegadamente envolvido. "Sou uma pessoa de paz. Não sou general no ativo e não tenho tropas para
fazer um golpe de Estado", acrescenta o candidato do MADEM-G15.
A partir da capital senegalesa,
Dakar, Sissoco garantiu que não está em Bissau há cerca de um mês. Disse ainda
que o chefe do Governo, Aristides Gomes, e o candidato do Partido Africano
para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder), Domingos Simões
Pereira, também estão em Dakar nesta terça-feira (22.10).
Sobre um áudio que circula nas
redes sociais com a alegada voz de Sissoco a instigar vandalismos nas sedes da
Comissão Nacional de Eleições, a detenção do primeiro-ministro e o afastamento
de poder do ainda Presidente guineense, o político diz que se trata de uma
montagem. E desafia os que o acusam de encomendar a agitação a fazer uma
peritagem de voz "para verem se, de facto, é a voz do Embaló".
"Nem sequer tenho contactos
com os militares neste momento. Com quem estava eu a falar? Podem dizer se é um
militar? Não sei, sinceramente, apanhou-me de surpresa", lamenta.
MADEM-G15 pede afastamento de PM
A partir de Dakar, Aristides
Gomes refere que acusou Sissoco com base no áudio que circula nas
redes sociais.
Nesse áudio,
"ele [Sissoco] de facto instiga alguém para passar ao ato. Esse é um
elemento que permite desencadear um processo de investigação nessa matéria e
acusá-lo de tentativa de golpe de Estado. Se ele disser que foi uma montagem,
então a investigação vai provar".
Sissoco refere, porém, que está
focado na sua pré-campanha eleitoral e que o Governo lhe tem criado inúmeros
bloqueios na entrada dos seus materiais para a campanha eleitoral.
O líder do MADEM-G15, Braima
Camará, considera "vergonhosa" a atitude do primeiro-ministro, que
acusa de violar a lei. Pede, por isso, o afastamento de Aristides Gomes da
chefia do Governo, pois "foi este primeiro-ministro que não respeitou
a Constituição, que não respeitou o prazo legal para a apresentação do programa
do Governo, do Orçamento Geral do Estado."
"Portanto, nós estamos
tranquilos. Ninguém vai distrair-nos", sublinhou. Para Camará, o atual
primeiro-ministro não tem condições para organizar as eleições de 24 novembro,
por estar comprometido com o candidato do PAIGC às presidenciais, Domingos
Simões Pereira.
Camará refere que não se pode ser
juiz na causa própria, nem jogador e árbitro ao mesmo tempo. "Não é
segredo para ninguém que este primeiro-ministro não tem condições para
organizar o pleito, porque está comprometido e viciado", acusou.
Esta terça-feira, o Presidente
José Mário Vaz cancelou a sua agenda devido à situação política em Bissau.
As Nações Unidas e a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental
(CEDEAO) garantiram estar atentas ao desenvolvimentos no país.
Braima Darame | Deutsche Welle | em 22.10.2019
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