sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Guiné-Bissau | Umaro Sissoco Embaló nega tentativa de golpe de Estado


Primeiro-ministro guineense acusou Umaro Sissoco Embaló de estar envolvido numa suposta tentativa de golpe de Estado. Mas candidato do MADEM-15 nega e acusa o PM de querer desviar a atenção dos guineenses.

O Governo da Guiné-Bissau mandou reforçar as medidas de segurança nas principais ruas e avenidas de Bissau e nas instituições do Estado, sobretudo nos órgãos eleitorais.

A ordem segue-se a uma mensagem do primeiro-ministro Aristides Gomes, no Facebook, onde acusa Umaro Sissoco Embaló, candidato presidencial do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), de tentar realizar um golpe de Estado para impedir a realização das eleições presidenciais a 24 de novembro.

Em entrevista à DW África, Aristides Gomes garante que "a situação está controlada" e sublinha que o Governo está a cumprir o dever de "proteger as populações e os bens". Afirma ainda que Umaro Sissoco Embaló "tem muita coisa a dizer".


Sissoco: Acusações "falsas e caluniosas"

Contactado pela DW, Umaro Sissoco Embaló refuta as acusações do chefe do Governo guineense.

"São falsas e caluniosas. Sabem que eu sou o próximo vencedor das presidenciais. Por isso, concentraram as baterias sobre o general Umaro Sissoco Embaló", comenta.

O político diz que o primeiro-ministro quer desviar a atenção dos guineenses sobre o tráfico de droga e outros casos em que o atual Governo estaria alegadamente envolvido. "Sou uma pessoa de paz. Não sou general no ativo e não tenho tropas para fazer um golpe de Estado", acrescenta o candidato do MADEM-G15.

A partir da capital senegalesa, Dakar, Sissoco garantiu que não está em Bissau há cerca de um mês. Disse ainda que o chefe do Governo, Aristides Gomes, e o candidato do  Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder), Domingos Simões Pereira, também estão em Dakar nesta terça-feira (22.10).

Sobre um áudio que circula nas redes sociais com a alegada voz de Sissoco a instigar vandalismos nas sedes da Comissão Nacional de Eleições, a detenção do primeiro-ministro e o afastamento de poder do ainda Presidente guineense, o político diz que se trata de uma montagem. E desafia os que o acusam de encomendar a agitação a fazer uma peritagem de voz "para verem se, de facto, é a voz do Embaló".

"Nem sequer tenho contactos com os militares neste momento. Com quem estava eu a falar? Podem dizer se é um militar? Não sei, sinceramente, apanhou-me de surpresa", lamenta.

MADEM-G15 pede afastamento de PM

A partir de Dakar, Aristides Gomes refere que acusou Sissoco com base no áudio que circula nas redes sociais.

Nesse áudio, "ele [Sissoco] de facto instiga alguém para passar ao ato. Esse é um elemento que permite desencadear um processo de investigação nessa matéria e acusá-lo de tentativa de golpe de Estado. Se ele disser que foi uma montagem, então a investigação vai provar".

Sissoco refere, porém, que está focado na sua pré-campanha eleitoral e que o Governo lhe tem criado inúmeros bloqueios na entrada dos seus materiais para a campanha eleitoral.

O líder do MADEM-G15, Braima Camará, considera "vergonhosa" a atitude do primeiro-ministro, que acusa de violar a lei. Pede, por isso, o afastamento de Aristides Gomes da chefia do Governo, pois "foi este primeiro-ministro que não respeitou a Constituição, que não respeitou o prazo legal para a apresentação do programa do Governo, do Orçamento Geral do Estado."

"Portanto, nós estamos tranquilos. Ninguém vai distrair-nos", sublinhou. Para Camará, o atual primeiro-ministro não tem condições para organizar as eleições de 24 novembro, por estar comprometido com o candidato do PAIGC às presidenciais, Domingos Simões Pereira.

Camará refere que não se pode ser juiz na causa própria, nem jogador e árbitro ao mesmo tempo. "Não é segredo para ninguém que este primeiro-ministro não tem condições para organizar o pleito, porque está comprometido e viciado", acusou.

Esta terça-feira, o Presidente José Mário Vaz cancelou a sua agenda devido à situação política em Bissau. As Nações Unidas e a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) garantiram estar atentas ao desenvolvimentos no país.

Braima Darame | Deutsche Welle | em 22.10.2019

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