O Presidente russo abre hoje a
primeira "Cimeira Rússia-África", um sinal de uma ambição crescente
da Rússia no continente africano, num encontro em que participam cerca de 30
líderes africanos, incluindo os de Angola, Moçambique e Cabo Verde.
Vladimir Putin recebe
em Sochi, uma estância balnear no Mar Negro, onde Moscovo gosta
de organizar as suas grandes incursões políticas, cerca de 30 líderes africanos
e milhares de oradores a quem tentará deixar claro que a Rússia "tem muito
a oferecer aos Estados africanos", na expressão divulgada pelo Kremlin
"Estamos a preparar e em
vias de implementar projetos de investimento com participações russas
na ordem dos milhares de milhões de dólares", afirmou Vladimir Putin,
numa entrevista divulgada hoje pela agência de notícias estatal russa Tass.
O homólogo egípcio de Putin, Abdel Fattah al-Sisi,
presidente em exercício da União Africana, foi o aliado estratégico escolhido
pelo Presidente russo para coliderar a cimeira, numa fórmula
diplomática que reproduz os "Fóruns de Cooperação Sino-Africana" que,
desde 2000, têm permitido a Pequim tornar-se o principal parceiro do
continente.
Em 20 anos no poder, Vladimir Putin apenas
fez três viagens à região da África subsariana, sempre com a África do
Sul no centro de cada um dos roteiros, mas chegou a altura de demonstrar que os
interesses africanos ocupam uma parte importante das preocupações do Kremlin.
O chefe de Estado russo, numa
entrevista divulgada no início da semana, cita como prova do compromisso de
Moscovo com a região a "cooperação militar e de segurança", a ajuda
no combate ao vírus Ébola, a formação de "quadros africanos"
pelas universidades russas, garantindo que os projetos russos em África são
caracterizados pela ausência de ingerência "política ou outra".
África é um "continente
importante", com o qual Moscovo mantém "relações tradicionais,
históricas e íntimas", sublinhou hoje, à comunicação social, Dmitry Peskov,
porta-voz de Putin, numa referência à antiga União Soviética.
Entre os participantes, estão os
presidentes de Angola, João Lourenço, de Moçambique, Filipe Nyusi, e Cabo
Verde, Jorge Carlos Fonseca, enquanto São Tomé e Príncipe se faz representar
pela ministra dos Negócios Estrangeiros, Elsa Pinto.
João Lourenço viaja pela segunda
vez este ano para a Rússia, mais uma vez com vários acordos previstos na
agenda. "Constam da missão presidencial em território russo a assinatura
de acordos bilaterais em diversos domínios, como o da formação de quadros e a
implementação de uma indústria de fertilizantes em Angola", adianta uma
nota da Casa Civil do Presidente angolano.
Na Cimeira Rússia-África que
vai decorrer em Sochi, João Lourenço vai intervir na sessão reservada às
alocuções dos líderes convidados, na quarta-feira e, no dia seguinte, terá um
encontro formal com Putin para avaliar "o estado das relações
bilaterais" e debater "temas contemporâneos".
O chefe do executivo angolano vai
ter também audiências com personalidades do universo político, social e
económico da Rússia, incluindo dirigentes de bancos, de empresas industriais e
agrícolas e produtoras de minérios preciosos como diamantes.
Em abril, João Lourenço
deslocou-se a Moscovo para uma visita oficial de quatro dias, a convite do
homólogo russo, com o objetivo de alargar a cooperação bilateral.
A acompanhar João Lourenço
estarão os ministros da Economia e Planeamento; Relações Exteriores;
Agricultura e Florestas; do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação e
dos Recursos Minerais e Petróleos.
Filipe Nyusi fez-se
também acompanhar pelo chefe da diplomacia moçambicana, José Pacheco, assim
como pelo ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, pelo
vice-ministro dos Recursos Minerais e Energia, Augusto Fernando e por vários
quadros da Casa Civil do Presidente e de outras instituições do Estado, de
acordo com um comunicado da Presidência moçambicana.
Nyusi participará no Fórum
de Negócios Rússia-África, que se realiza à margem da cimeira, e receberá em
audiência vários empresários russos.
A Lusa tentou confirmar quem
representa a Guiné-Bissau, mas não foi possível até ao momento.
O país está a viver um novo clima
de instabilidade depois de o primeiro-ministro, Aristides Gomes, ter denunciado
na segunda-feira uma alegada tentativa de golpe de Estado e ter acusado diretamente Umaro Sissoco Embaló,
candidato às eleições presidenciais marcadas para 24 de novembro apoiado
pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem G15).
O Presidente guineense, José
Mário Vaz, cancelou a agenda prevista para esta terça-feira.
Notícias ao Minuto | Lusa
Leia em Notícias ao Minuto:
Sem comentários:
Enviar um comentário